Santuário de Athena
A brisa quente, incomum aquela época do ano, pouco balançava a veste pesada da deusa, sentada solitária, perto do 13º templo.
Aquele local estava realmente diferente do que se lembrava. Mas havia algo que não poderia ter sido modificado: aquela imagem da deusa responsável pelo local: armada ? Athena Prómachos(1).
Não que gostasse da imagem em si, apenas achava, que mais do que a imagem Athena Crisoelephantina(2), combinava com aquele local.
Suspirou ao pensar que tempos dificeis viriam.
Temia não apenas pelos deuses olimpicos, mas também pelos mortais. E ao pensar neles seu olhar voltou-se para além dos Propileus(3), para as escadas que levavam até os templos guardiãos.
Dali, teve a visão privilegiada dos Cavaleiros de Athena, que subiam desordenados. Com certeza a mando do homem que sentava no belo trono do Parthenón.
Mais uma vez a brisa quente soprou, brincando com seus cachos escuros e, fazendo-a fechar os olhos de leve. Quando voltou a abri-los vira aquele que defendia a primeira casa se separar do grupo e vir em sua direcção.
Mu, que desde a chegada das duas deusas sentia um forte aperto no peito e uma angustia que lhe tirava o sono, vira aquela que representava a Paz sentada sozinha perto da estátua de Athena, decidindo averiguar.
Sabia que mal saira de perto dos companheiros, havia sido notado. Não se incomodou. Eirene, sempre de rosto tranquilo, sorriu com a chegada do rapaz.
- Não sabia que as Horas se separavam por tanto tempo ? Mu disse após a devida reverencia.
A mulher continuou sorrindo.
- O que lhe faz pensar, que na solidão me encontro, por tanto tempo?
Mu corou. Estaria ela pensando que era vigiada?
A verdade é que já se passara uma semana desde o comunicado de Athena, mas mais nada fora dito. Apenas sabiam que algo grande estava por vir, mas não sabiam com o que contar.
- Não deixe que a vergonha cale o que te vai na alma, Cavaleiro ? Eirene disse com sua voz melodiosa, chamando a atenção de Mu ? O que me queres perguntar, é o que povoa o pensamento de todos. Acompanhai-me ? Disse levantando, ainda com o rosto sereno ? Veremos se o que Athena Glauca diz, voz satisfaz, aquietando por agora seu coração.
Mu nada disse. Apenas se ergueu e escoltou a deusa para dentro do templo.
Saori ficara satisfeita por ver Mu com Eirene. Uma semana na presença das deusas para os ânimos se acalmarem. Tanto Eirene como Eunomia estavam fazendo bem para o Santuário.
Suspirou. Era chegada a hora de dizer a verdade.
Hades ? Castelo
No ponto mais alto, sentado no único trono que imperava no recinto, estava Hades, que com os olhos fixos na entrada via a figura que caminhava em sua direcção, com desagrado.
Ao seu lado, de pé, Perséfone, Ninfa de Demeter, se encontrava.
- É chegada a hora ? Uma voz estridente e alegre tomou conta do recinto.
- Em má hora vens Eurídano, Filho do Grande Titã. Recordo, ora, grande guerra que se deu contra os teus, no qual com a Grande Caçadora lutaste e, na qual ao Tartaro Obscuro o fez baixar, sem clemencia. Por tal, grande ódio as filhas de Zeus Cronida tens guardado na alma.
Eurídano, que nos labios finos trazia um sorriso, uma expressão seria na face faz aparecer.
- De que se trata tal agressividade, Grande Hades? ? Disse parando ante as escadas que antecediam o belo trono ? A caso ao pacto quer por fim e contra os titãs se por contra? De longe vim e, mui me desagrada voltar de mãos abanando. A prenda de batalha nos avisaram que já a tinha, para o grande castelo de Oceano, o Velho do Mar eu levar. Agora falharás, Imperador do Submundo?
Ergue-se indignada, Perséfone Vistosa:
- Não se revolte, Eurídano Funésto, que não voltara atrás a palavra, Hades, O Grande Imperador dos Mortos. Ao que vieste buscar, no quarto cativa se encontra, esperando a hora em que as portas se abram, para uma falsa liberdade lhe dar. De desagrado, nosso coração é tomado, se enchendo de remorso que nos atormenta a alma. ? E com um gesto altivo se voltou para Aiacos, que estava ao lado da grande porta lateral ? Juíz, vá buscar a prenda de guerra.
Aiacos ao ouvir tal ordem, o coração pesa, mas obedece, entrando no recinto obscuro. Seus passos ecoaram pelo enorme corredor tanto na ida como na volta, quando apareceu com a Deusa de Belas feições desacordada nos braços.
Euridano ao avistar aquela que enfeitiçara Alfeo, sorriu de forma clara.
- Não perdeis vosso tempo preocupando com a veracidade da palavra dos titãs, Nobre Imperador ? Disse isso tirando a deusa de mal jeito dos braços do moreno, que hesitara em lhe dar a mulher em seus braços. Eurídano lhe fitou com o olhar estreito antes de voltar a fitar o Deus dos Mortos ? O reino dos Mortos em nada será atingido, pois que todos saberão da bela colaboração prestada.
Hades nada disse. Fitou o outro que lhe reverenciou de forma desleixada e se retirou pela grande porta de saída.
O silencio tortuoso tomou conta do local, até se ouvir o soluçar baixo e Persefone.
Hades estreitou os olhos se erguendo, fazendo com que os espectros presentes se reunissem diante deste, a espera das ordens.
- Não há tempo para lamentações. De nada nos serve o remorso. ? Virou-se então para Persefone Chorosa ? De todas as que são nascidas da Titã Valorosa, Dike foi escolhida por Eros Insano, que com suas setas enfeitiçou Alfeu Obscuro. E para a morte funesta, as Moiras decidem que esta é merecedora. Sigamos os planos, pois que assim que da morte da deusa Justiça souberem, virão ao meu encontro.
Santuário de Athena
No salão do Grande Mestre, Athena falava em voz alta e clara, relatando alguns acontecimentos dos últimos tempos, que ficara sabendo pela boca de Hermes, Mensageiro dos deuses. Vez em quando Eunomia se pronunciava com seu tom técnico.
De comum acordo e, com tudo esclarecido, já estavam prontos a se retirar, quando uma luz forte entrou no recinto, vindo da lateral esquerda do belo trono , mostrando que uma presença divina se fazia presente.
Afrodite sentiu um arrepio na pele, que subiu e desceu suas costas em uma velocidade estrondosa.
A deusa que acabara de aparecer, causou um certo desconforto entre o cavaleiro e o Grande Mestre que estreitou os olhos ao deslumbra-la. Mas a deusa se quer prestou atenção nos mortais. De forma gracioso caminhou para o lado de Athena e lhe disse algo de modo a que só esta pudesse ouvir, em uma língua incompreensível aos mortais.
Apenas puderam perceber que a Deusa da Sabedoria não ficara satisfeita, mas resignou-se. Contrariada, saiu do salão, sob a curiosidade de todos, voltando com um objecto já conhecido, que surpreendera a todos.
Castelo de Oceano
No centro do enorme salão, no chão: figuras estranhas em mosaico. No teto: correntes se estendiam, com grilhões nas pontas. Fazendo um barulho irritante, moviam-se de forma frenética, pelo cosmo que emanava da outra divisão, onde o clima tenso aumentava a cada minuto de espera.
Aqueloo, sentado no trono pertencente ao seu pai, estava inquieto, olhando vez sim, vez não para o pequeno grupo do outro lado do salão.
Cochichavam entre eles, provavelmente tramando algo. Mas não era isso que irritava o Deus-Rio. Mais a direita, um tanto a frente, em um grupo menor: Alfeo e Asia se mostravam impacientes.
- Não sei se Euridano, fora de todo, a melhor escolha ? Asia disse olhando com desdem para Alfeo, que estreitou os olhos ? Pois contigo ela viria de bom grado, estou certa? ? Provocou.
- Guarde sua língua venenosa, Asia Maldizente ? Disse Alfeu, que a mão levou a espada negra ? Ou um triste fim, ainda lhe espera.
- Não cure de ameaças, Enamorado Sandeu ? A mulher riu ? Em nada me assusta com esta espada desfeita.
Em um gesto rápido, a espada, Alfeo tirou da cintura, passando no local onde Asia se encontrava. Mas esta fora mais rápida, aparecendo diante do Deus-Rio, onde, com um soco no estômago, fez Alfeo se curvar para frente, com um pequeno gemido. Rolou pelas costas do irmão e do outro lado deste, dera uma joelhada em seu rosto, jogando-o alguns passos para trás.
Na sala todos que viam a discusão, se surpreenderam. Estaria Ele deixando-se levar?
"O que está acontecendo com Alfeo?" ? Prometeu estava prestes a intervir, porem assustou-se com o corpo de Asia, que passara rapidamente na sua frente, indo atingir uma das pilastras do outro lado da sala, caindo pesadamente, de bruços, no chão.
Alfeo havia lhe jogado longe apenas com um simples levantar de cosmo. A risada deste tomou conta do recindo, chamando a atenção de todos, que não se atreviam a se meter.
- Grande desonra aos gerados por Thetis acometes, ao verem que são comparados com seres insignificantes. No Tartaro Obscuro, deve remoer-se Oceano Grandioso, por haver como filha tal ser.
Ao ouvir tais palavras Asia ergue o rosto com dificuldade, fazendo Aqueloo, que via tudo calado, sorrir.
Alfeo, em posição de superioridade, ainda parado no mesmo lugar, coloca as mãos para frente com as palmas viradas para cima, acendendo novamente seu cosmo.
Asia não teve tempo de se recompor, seu corpo fora jogado violentamente contra o teto, fazendo-a soltar um gemido.
- Basta, Alfeo! ? Epimeteu falou imperioso, mas o moreno não lhe deu ouvidos.
Com um passo, prosseguiu olhando Asia.
- De agua fomos gerados, de agua somos feitos. Quanta imprudência e ignorância, Asia Degenerada da raça, ao baixar a guarda ao me ver no chão ? Fez seu cosmo aumentar, espremendo o corpo da Oceanide sobre a pedra fria, causando uma dor insuportável.
Alfeu deu mais uma passo, chamando com o cosmo a espada que estava no chão. Agarrou-a com força e suspirou sonoramente.
- O que pretende? ? Prometeu não estava gostando da forma com era conduzida a disputa.
Alfeu sorriu.
- Vou lhe mostrar porque deve temer esta espada ? Disse. E rapidamente o corpo de Asia foi tragado para junto de Alfeo, que saltou em direcção a irmã, de espada em punho.
- ALFEO!
O grito de Dione fora abafado pelo enorme cosmo que se apoderou do local. Alfeo apenas teve tempo de parar o ataque. Alguns fios negros de seu cabelo cairam de mancinho para o chão, enquanto o corpo de Asia era atirado contra outro pilar.
Segundos depois, a porta principal era destruída meio a uma enorme explosão.
Alguns momentos de perplexidade se passaram, até que os olhos se moveram ao homem loiro sentado tranquilo no Grande Trono.
Aqueloo fitava sem emoção a porta destruída. Na mão direita Cieńnaduszy, que acabava de ser infincada no chão, diante de seu dono.
Alfeo estreitou os olhos, enquanto Asia tentava se erguer.
- Porque me fazem isso ? O loiro disse em tom cansado, causando estranheza nos demais ? Simierc Torna-se penosa ao não conseguir seguir seu instinto, de ir ao encontro a carne inimiga. ? Disse isso levando a mão ao cabo da espada menor.
Alfeo resignou-se, fitando o irmão, ainda com raiva a peleja interrompida.
- Guarde sua fúria, Obscuro filho de Oceano ? Iniciou parecendo recomposto ? De nada lhe servirá acabar com os teus. ? Ouvindo tais palavras, Alfeo levou a espada a cintura, parecendo descontrair.
- A ti, Asia, Filha detestável de Thetis ? Reiniciou olhando a irmã já recomposta ? Guardai seu veneno para os inimigos. De certeza, assim, será mais útil.
Ergueu a cabeça e estufou o peito, Asia, que a resposta estava pronta a dar, mas a risada penetrante e incomoda do recém-chegado que passava pelos escombros, a fez desistir.
- Encontrai diversão destruindo o castelo, Nobre Alfeo ? Eurídano que carregava Astrea desacordada no braços se voltou ao irmão ? Impaciente pela prenda de Guerra...
- Não tombes de gracinhas ? Aqueloo que o olhar estreitou ao ver a deusa desacordada sobre a atenção de Alfeo, disse ? Levai tu, ao recinto que é dela. Que o filho Obscuro do Velho do Mar tome as honras na hora certa ? Disse fitando os olhos escuros do irmão que nada disse ? Para que desforra encontrai no sangue de Virgo!
Continua...