Estava deitada em uma cama grande, com lençóis dourados. A cabeceira de ferro, bem trabalhada, com gravuras estranhas e véu de renda que, pendurado no teto, cobria toda a cama, não lhe deixava ver com boa definição o resto do quarto.
A frente desta, à alguns passos, tinha uma pesada porta dupla, prateada, com gravuras de homens trabalhando na agricultora. A direita, cómoda baixa de algumas gavetas, também prateada e, a esquerda, uma janela que estava aberta, mostrando a vista para um pequeno lago de águas cristalinas. A cortina, fina, de cor branca, esvoaçava com a brisa que entrava de mansinho.
Astrea olhava para o teto, pegando, quase, no sono. De coração inquieto, movia-se de um lado para o outro, tentando se concentrar. Não conseguia. Abrindo os olhos para fitar a escuruão que lhe rodeava.
Olhou para o lado da janela, ainda, aberta. Um raio iluminou o quarto, mostrando a silhueta de um homem. Astrea arregalou os olhos, sentando, rapidamente, na cama.
"Não pode ser" ? Pensou.
Mais um raio iluminou o quarto e, a silhueta que vira a poucos segundos, já não estava lá. Astrea suspirou aliviada.
Levantou e foi fechar a janela.
Quando ouviu o "clic" da trinca, sentiu alguém atrás de si. Virou de imediato, arregalando os olhos enquanto puxando o ar pela boca.
Sibéria
"Verão" ? O rapaz loiro lembrou, diante do local onde jazia, afundado, o navio com o corpo de sua mãe.
Seu corpo, já acostumado com baixas temperaturas, não sentia diferença com o vento violento que soprava, bagunçando seus cabelos loiros.
Seus pensamentos estavam em Camus. Não em seu mestre de agora que, com alegria, estava novamente entre os seus. Mas naquele Camus que tentara lhe impedir de chegar no 13º templo do Santuário de Athena. Naquele Camus que afundara, ainda mais, o navio que contem o corpo de sua mãe.
Fitou o gelo debaixo de seus pés. Não fazia mal em não mais ver sua mãe. Sua imagem estava gravada em sua mente.
Sorriu, prestando maior atenção na superficie gelada. Algo prendeu sua atenção.
Embaixo de seus pés o gelo começava a trincar.
Estreitou os olhos azuis.
- Hyoga! ? Um menino de pele clara, vinha correndo, enquanto acenava.
- NÃO! ? Gritou fazendo sinal para este parar.
A criança parou bruscamente, ao mesmo tempo que o gelo sobre seus pés se quebrava, fazendo Hyoga ouvir o grito e, ver o menino desaparecer.
Desesperado se preparou para correr, sendo barrado pelo gelo que quebrou debaixo de seus pés. Fechou os olhos por segundos e, quando os abriu, estava embaixo d'água. O guelo, em blocos grandes, passavam por si, se perdendo no fundo obscuro.
Logo começou a procurar a criança com frenetismo. Caira antes e, provavelmente, fora mais para o fundo.
Ali estava ele. Inconciente, prestes a ser arrastado mais para a escuridão, por um grande bloco de gelo.
Hyoga, rapidamente acendeu seu cosmo e, lançou seu poder contra o gelo, que se desfez em varios pedaços calculou o quão distânte estava. Sem demora nadou até o menino, o segurando com firmeza.
Estava pronto para voltar a superficie, quando se deu conta que não havia passagem. O gelo, outrora quebrado, parecia ter se regenerado.
Apalpou o gelo, incredulo. Como poderia isso ser? Por mais frio que estivesse, o gelo não se formaria tão rapido.
Olhou para o menino desacordado em seu braço. Tinha que tira-lo dali, antes que fosse tarde.
Como se a duvida se aquilo fosse real tivesse dado lugar a preocupação, voltou a apalpar o gelo sobre si, se sentindo desconfortavel. Também, à ele, que caira de repente na agua, começava a faltar o ar.
Sem demora, voltou um pouco para o fundo e, com a mão que se encontrava livre, serrou os punhos e, acendeu novamente seu cosmo.
Jogando o braço para cima, disparou seu poder sobre a camada que cobria o local, destruindo-a e, desta forma, abrindo passagem para a superficie. Rapido, Hyoga levou o menino para a superficie, colocando-o sobre o o gelo, saindo em seguida. Segundos depois de puxar seus pés, a camada de gelo voltava a se fechar.
Hyoga se surpreendera.
- "O que está acontecendo?" ? pensou, olhando para onde estava seu pé. ? O gelo!
O som do gelo trincando o acordou. Rapidamente se levantou, agarrando na criança desacordada, começando a correr. Atrás de si, o gelo rompia, caindo na agua gélida.
- Droga! ? Gritou, jogando o rapaz em lugar seguro, sendo, em seguida, tragado pela água, embaixo de seus pés.
Novamente olhou para cima, tentando encontrar a superficie que, novamente, entava coberta com gelo. A luz, um tanto fraca, penetrava pelo gelo grosso, reflectindo no rosto tenso de Hyoga.
"Não pode ser" ? Se aproximou do gelo, dando um soco.
"Mas como...?"
Não conseguiu completar seu raciocínio. Sentiu a perna ser agarrada, carregando-o para o fundo. Com reflexo, olhou para baixo, no escuro. Uma mão lhe segurava na perna esqueda. Prestou mais atenção. Alí, envolto em trevas, um rosto azulado, de olhos sem brilhos, lhe fitava.
Se debateu, tentando se libertar, mas parecia que aquilo lher tirava energia. Ouviu uma risada, na qual não conseguia definir se estava em sua cabeça.
Ela gritava...não, gargalhava.
- Adeus, Cavaleiro de Athena! ? Ouvira, mas não conseguia mais. Tinha sono.
- HYOGA!
O loiro abriu os olhos com rapidez.
- Saori!
- O que está fazendo? Não se deixe levar!
"Não!" ? Pensou ? "Não posso...!"
Olhou para baixo, mais uma vez. Não iria se deixar levar.
Ergueu a mão, concentrando sua energia, atirando-a em seguida. Aquilo que o segurava desviou com facilidade, surpreendendo o Cisne, que sentia cada vez mais as suas palpebras pesarem.
- "Não pode ser"
- Hyoga! ? Novamente a voz de Athena fizera o Cavaleiro de Cisne abrir os olhos.
Se surpreendeu: Ali, na sua frente, a imagem de Saori, lhe fitava.
- Você precisa voltar para o Santuário. ? Disse.
O cosmo de Athena iluminou o local. Aos poucos Hyoga foi voltando a si. Abriu os olhos e voltou a fitar o escuro. Mais nada lhe segurava alí. Com o punho fechado, voltou a investir contra o gelo, conseguindo abrir passagem para sair da água.
Correu para ver como estava o menino, encontrando-o sentado, com frio.
- Você está bem? ? Perguntou, se abaixando de frente a criança, que lhe fitou, ainda, tremento.
- Tenho frio!
- Vamos para a cabana ? Disse pegando-o no colo. Vou cuidar de você primeiro.
- Onde vai?
- Vou para a Grécia.
Santuário de Athena.
A Casa de Peixes etava já escura, quando retornou. O corpo dolorido pelo intenso dia de treino o fazia sentir vivo e, isso, era bom
Suspirou, pensando que no dia seguinte, era com Miro que iria treinar.
Era estranho a forma de realcionamento com seus companheiros, actualmente. Parecia que não haviam combatido uns com os outros, quando...
Balançou a cabeça negativamente, tentando não pensar naquela época.
Decidira que o melhor era tomar um banho, para relaxar, antes de dormir.
O cheiro das suas rosas o faziam sentir cada vez melhor. O cheiro de suor não combinava com sua beleza, inigualavel. Sorriu, enquanto entrava na água, bem preparada para lhe receber e, fechou os olhos em seguida.
Quando finalmente conseguiu relaxar, sentiu um movimento na água, que o fez abrir os olhos, ficando boquiaberto com a imagem a sua frente.
[b][b][b][b][b][b]Continua?[/b][/b][/b][/b][/b][/b]