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Quando passou pelo alpendre da porta, não levou o mesmo baque, que as vezes anteriores. Já estava se acostumando com aquilo.
Olhou a volta e, reparou que estava de volta na sala do Supremo do Mosteiro.
Pensou por momentos, ter voltado no mesmo tempo que a primeira visão, quando viu o mesmo monge sentado de costas para a janela, olhando distraído para uma papelada que estava em cima da mesa.
Mas se deu conta que não era, quando viu Shion passar pela porta acompanhado por um monge, que não sabia quem era. O homem sentado na mesa, dirigiu sua atenção para o Mestre do Santuário e com a mão direita acenou para que este se sentasse.
A deusa estava do lado da mesa olhando Shion sentar na cadeira do lado direito, diante do Supremo do Mosteiro.
- Ele chegou ? Falou sério o supremo dos monges.
- Quero vê-lo ? Disse Shion, calmamente.
O monge assentiu com a cabeça e acenou para o outro, que fez um sinal para Shion em direção a porta.
Shion se levantou e acompanhou o monge para fora da sala.
A deusa passou do lado de Shaka e o segurou pelo braço, também o conduzindo para fora.
Ao passar pela porta se encontraram em um quarto pequeno, com um berço feito de madeira escura e, coberto por um véu branco, no centro, velas estavam em castiçais dourados, pendurados por todas as paredes.
Shion estava do lado do berço, observando a criança que se movia dentro do berço. Sorria.
Shaka se dirigiu para o lado do Grande Mestre e, olhou também para a criança.
Shion em um gesto cuidado agarrou na mão do bebe com os dedos.
- Eu volto para te buscar. ? Disse sussurrando ? Shaka?
O monge olhou para Shion sem entender.
- O nome dele vai ser Shaka ? Disse Shion, ainda segurando a mão do bebe, para o monge, que assentiu com um sorriso.
Dito isso Shion se dirigiu para a porta, seguido do tal monge.
Shaka olhou a mulher loira que apenas sorria vendo sua reação de espanto. Estranhava o fato de ter sido Shion a lhe dar o nome, não fazia a menor ideia disso.
- Venho busca-lo daqui 4 anos ? ouviu Shion dizer antes de sair da sala.
- Porque esta me mostrando isso? ? Perguntou Shaka, confuso, para a mulher loira.
- Porque é preciso. ? Ela respondeu se aproximando de Shaka.
- Porque? ? Disse sentindo a face ficar corada. A Deusa já estava demasiado próxima, com o corpo quase colado no dele.
- Demasiadas perguntas? - ela disse passando a mão na frente do rosto de Shaka. O tocando de leve, fez este fechar os olhos por segundos.
Estava em uma grande sala, que se dividia em dois ambientes. No centro da parede entre esses dois ambientes estava a porta de madeira clara, que tinha gravura de deusas hindus. Dois tapetes vermelhos, desenhados com gravuras estranhas estendiam-se nos dois ambientes, uma na parte direita da sala, onde tinha um sofá de três lugares, cor vermelho sangue, de frente para o centro da sala e, duas poltronas nas laterais, uma de cada lado da mesma cor. Do outro lado da sala estava uma grande escrivaninha de madeira clara. Em cima dela, uma pilha de papel. Uma cadeira de madeira clara no apoio de braços e na borda do encosto. No centro deste, um estofado vermelho, dava um toque luxuoso. Uma janela enorme, se estendia pela parede, de frente para a porta de entrada.
Shaka e a Deusa estavam bem no centro da sala, entre os dois ambientes, virados para a porta.
Ouviram alguém falando atrás da porta, que logo abriu. Desta surgiu um homem loiro e de pele muito branca, vestido de terno e gravata, azul claro, combinando com a cor de seus olhos. Atrás destes, entrara o mesmo homem que Shaka tinha visto na sua última "visão". Ainda vestido com sua roupa vermelha, entrava sem os companheiros.
O homem de terno se dirigiu para trás da escrivaninha e sentou calmamente na cadeira luxuosa, com o olhar perdido na pilha de papel sobre a mesa, deixando o outro homem de pé apenas fitando sua reação.
- Kabih ? Suspirou finalmente, com expressão de ódio.
- Foi o que o mercenário disse ? falou o capanga de vermelho.
- Eu quero-o morto ? Disse olhando o moreno com ódio no olhar ? Eu quero essa cidade em chamas?
- Isso é fácil ? Disse o moreno sorrindo maldosamente.
- Eu quero a minha filha vingada ? Ainda dizia o homem loiro ? Eu quero que ele sofra junto com os homens que mataram minha filha.
- Os cinco já estão pagando por isso ? Respondeu o homem de vermelho ainda sorrindo - Quanto a Kabih, nós daremos um jeito.
O homem sentado atrás da escrivaninha, assentiu e acenou para a porta. O moreno apenas o cumprimentou com a cabeça e se dirigiu para a saída rapidamente.
Shaka observou o homem sentado atrás da escrivaninha com curiosidade. Este agora olhava pela janela com o olhar distante.
- Este homem é?? ? Shaka ia perguntar para a Deusa, que continuava do seu lado.
- Pai da moça que te salvou ? Ela completou.
Shaka voltou seu olhar para a deusa.
- Vamos! ? Ela disse andando para a saída.
Shaka a acompanhou, mas não chegou a passar na porta, já estava em outro local.
Em uma sala parecida com aquela que tinha acabado de sair, dois ambientes, com móveis em tom pastel, Um sofá de três lugares com uma poltrona de cada lado e, uma mesa de centro pintada de branco. Um tapete, cor creme. Do outro lado um tapete idêntico ao do outro ambiente, com almofadas de cores leves em cada ponta e, uma mesa também idêntica à outra, no centro.
Viu o avô da criança entrar correndo e tentar trancar a porta. Mas levou um empurrão e caiu sentado no chão. Os cinco homens que estavam no armazém torturando o mercenário, entraram com espadas nas mãos, e sem hesitar foram na direção do homem caído.
O primeiro ergueu a espada, e um grito pode se ouvir. Esse grito ecoou por toda a parte da sala. Shaka serrou os olhos, sabia que não valia a pena olhar.
O grito parou, e Shaka percebeu que podia abrir os olhos, mas já preparado para ver um cenário macabro.
Abriu os olhos com receio, mas ao invés de ver sangue para todos os lados, viu o brilho do chão limpo da Casa de Virgem.
A deusa se aproximou, pelo lado direito, dele, sorrindo. Saka não virou, olhava para um pilar a alguns passos a sua frente.
- O que foi aquilo? ? Perguntou confuso e, com a respiração ofegante.
- O começo de uma guerra ? Ela respondeu.
- Os dois grupos na rua? - Shaka disse pensativo.
- Uma pequena escolha pode mudar o rumo da vida de muitas pessoas, Shaka ? A Deusa falou, chamando de imediato a atenção do Cavaleiro de Virgem ? Raisa, escolheu salvar a criança, e recebeu a morte como recompensa, os mercenários por sua ganância, receberam a tortura e, Kabih perdeu dinheiro e a chance de conhecer alguém que lhe daria orgulho no futuro, por medo de perder o que tinha. O resto escolheu o lado de quem lhe convinha ficar. Dois grupos se defrontaram e deram morte a muita gente, através de uma guerra que nem sabiam como tinha começado.
- Eu fui o culpado ? Shaka disse arqueando as sobrancelhas.
- Não ? A Deusa disse colocando a mão, de leve, no ombro de Shaka ? O seu salvamento só serviu para empurrar algo que a muito estava para acontecer. Velhos ódios vieram a tona, para uma guerra civil começar.
- Fizeram a escolha errada ? constatou Shaka com grande pesar.
- Não existe escolhas erradas ? Disse a Deusa, seria, se colocando na frente de Shaka ? Apenas existe a escolha e, mais nada. Um pai de família, quando não tem mais chance de sustentar os que dele dependem, tem a escolha de deixa-los para trás, de forma procurar uma chance de dar alimentos para os filhos, abdicando de vê-los crescer ou deixando-os a sorte com pessoas estranhas, ou então, estar ali e aguentar com o que está por vir. Qual a escolha certa?
- Ficar? - Responde Shaka convicto.
- Será? ? Perguntou a deusa, olhando de lado para o Cavaleiro. ? Morrer de fome junto com eles não ia ajudar muito e, ir embora deixando-os com qualquer um, também não é uma escolha muito sábia. Mas uma escolha tem que ser tomada.
- Porque esta me falando isso? ? O Cavaleiro de Virgem perguntou, olhando com grande interece os grandes olhos cinzentos da Deusa.
- Vim te dar uma escolha ? Respondeu calmamente.
- Porque?
A loira estreitou os olhos
- Eu sei o que você tem sonhado nesses últimos tempos.
Shaka ainda fitando a mulher loira, também estreita os olhos com a dúvida estampada no rosto.
- Quem é você?
Continua?