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Rodou em si mesmo, olhando para todos os lados, para tentar identificar onde estava. Era um lugar muito amplo, pouco iluminado. Ao seu redor, em toda a parte, tinha enormes caixotes de madeira empilhados.
"Um armazém?" ? Se perguntou.
Imaginou que estivesse ainda em Varanasi, perto do rio Ganges. Havia muitos armazéns, para guardar mercadoria que chegavam das cidades vizinhas ou da própria capital.
Estava pensando sobre isso, quando ouviu um grito vindo do fim de um corredor que os caixotes formavam.
Seguiu o som do grito e, parou estático no meio do corredor, não se preocupou por estar a vista. Já tinha consciência de que não seria visto.
Viu um homem de joelhos e, cheio de sangue, no meio deste corredor. Estava amarrado. Apesar de todo o inchaço e sangue no rosto, Shaka, identificou-o logo como o chefe dos mercenários.
A volta deste, estavam cinco homens morenos, com túnicas vermelhas e, varas nas mãos. Tudo indicava que já tinham batido muito no mercenário, que já nem abria os olhos, devido aos ferimentos.
- Quem te contratou? ? Perguntou uma dos cinco homens, puxando a cabeça do mercenário para trás, pelos cabelos.
- K?Kabih Bharata ? Disse sussurrando antes de desmaiar.
Shaka estreitou os olhos.
- Deixe-o ai ? Disse um dos homens ? Os ratos que se alimentem?
Rapidamente caminhou, seguido dos outros, na direção onde Shaka estava. Este percebendo que vinham na sua direção, deu alguns passos para trás, para evitar a suposta colisão. Mas não deu tempo. Uma sensação estranha percorreu-lhe o corpo quando, o homem atravessou seu corpo, como se fosse um fantasma.
Quando a estranha sensação passou, se deu conta que estava em uma rua.
Olhando para um dos extremos da rua, viu um grande grupo de homens virar a esquina, com facas, objectos cortantes e, garrafas com líquido dentro e um pano que saia pela boca da mesma.
Ouviu grande rumor atrás de si e, quando virou, viu um outro grupo, também armado.
Ambos os grupos vinham em sua direção, o cercando.
Começou a alternar o olhar ente os lados, olhando um pouco desesperado para os dois grupos.
Viu garrafas pegando fogo passar sobre sua cabeça, fazendo-o abaixar, para se proteger. Estas garrafas estouravam, atingindo as pessoas de ambos os lados. Uma correria e gritaria começou. Começou a sentir tontura, meio a tanto sangue e gritos que o cercava, e quando começou a cair quase inconsciente, sentiu algo lhe amparar a queda.
"É macio" ? pensou estranhando, de olhos fechados.
Abriu calmamente os grandes olhos e logo reconheceu o local.
Estava deitado em sua cama com os olhos vidrados no teto. Sentia a brisa, que entrava pela porta aberta, ainda balançando de mansinho as finas cortinas.
Sentou um pouco atordoado na cama, vendo a leve movimentação que se fazia na porta que dava para a varanda.
Levantou rapidamente, ao perceber que foi olhando para ali que tudo começou.
Fechou de vagar a porta de vidro e olhou o relógio. Três horas, era o que marcava.
Suspirou cansado.
"Acabei dormindo, e não descansei nada" ? Pensou.
Saiu do quarto e se dirigiu para a cozinha com o intuito de buscar um copo de água. Passou pelo corredor e pela sala, sem dificuldade, no meio da escuridão. Estava habituado a conviver sem a visão.
Quando chegou na porta da cozinha, ligou a luz em um movimento rápido, mas parou ali ao sentiu um poderoso cosmo atrás de si. De imediato virou.
Arregalou os olhos ao ver a figura que estava diante si.
Tinha cabelos encaracolados, compridos até o meio das costas, loiros e, a pele muito branca. Os olhos eram grandes, cinzentos e penetrantes. Shaka, não pode deixar de reparar em cada detalhe do corpo. Ela vestia um vestido branco, de tecido leve, bem justo ao corpo.
E aquele cosmo?
"Igual ao de Athena" ? Pensou surpreso.
Percebeu logo que estava diante de uma deusa.
- Você parece cansado ? Disse a deusa.
- Essa voz? - Disse surpreso, arregalando os olhos.
A mulher sorriu.
- Aquilo não foi um sonho? ? Perguntou estreitando os olhos.
- Eu te disse que não era ? A deusa respondeu.
- Então?o que era??
- Vem ? A moça estendeu a delicada mão para o cavaleiro.
Shaka, mesmo sem entender, pegou nas mãos dela, e de imediato sentiu aquele vento passar por si, e fechou os olhos.
Ainda de mãos dadas com a loira, voltou a abrir os olhos lentamente.
Aqueles véus coloridos, pendurados na parede.
"Esse corredor?" ? Não completou o pensamento.
Viu o mesmo homem moreno, de roupas típicas da alta casta indiana, sair por uma porta, e a mulher de véu vermelho sair atrás
- Dèjá? - Ia dizer olhando para a Deusa, mas parou ao ver a sua própria imagem atrás de um véu cor de vinho, observando o casal discutir.
Olhou sem entender para a moça loira que o fitava intensamente.
- Não se assuste ? Disse com um voz calma, percebendo a duvida do Cavaleiro de Virgem - Tudo depende do tempo?
- Do tempo? ? Indagou surpreso.
- O Senhor do tempo está as escuras ? A deusa continuou ? Até um deus enlouquece, nas profundezas da escuridão.
- Chronos ? Shaka sussurra
- A isso se chama a quarta dimensão. Incontrolável. Você não pode ver, mas tudo o que foi feito e dito, contínua se repetindo vezes e vezes na cabeça do Senhor do tempo. E as vezes em um momento de fúria ou loucura, ele faz com que a pessoa reviva certos momentos. Momentos que os humanos intitularam de Dèjá vu.
Ela olhou para Shaka, que mirava sua própria imagem, que agora olhava para o lado, como se não conseguisse ver de onde vinha o som.
A sim?lembrava. Foi no momento que ouvira a voz.
- Assim como antes ? A loira começou ? Ele também não nos pode ver. Vamos!
A deusa soltou de leve as mãos de Shaka e, começou a caminhar na direção do casal, que agora estavam rodeados por cinco homens de preto. Shaka seguia os passos da mulher, que não se deteve com as figuras que, ouviam a ordem do homem moreno.
Passaram por estes e entraram na terceira porta a contar das 7 pessoas no corredor.
Era um quarto amplo, com muitos véus também pendurados no teto, mas todos com cores leves. Uma grande janela estendia-se na parede diante da porta de entrada. No centro, uma cama de casal de madeira escura, bem trabalhada, jazia. E volta desta, muitos véus vermelhos. Um vulto estava deitado na cama "dormindo" - pensou Shaka. Nas paredes laterais tinha portas duplas, vermelhas e, também bem trabalhadas, com figura de manadas de elefantes caminhando na direção do sol que se punha.
Do lado da cama estava a mesma deusa que o guiava agora, segurando um bebe.
Shaka parado de costas para a porta de entrada, olhou para o lado e viu a Deusa lhe observando com seus grandes olhos cinzentos. Quando esta desviou o olhar, Shaka seguiu com os olhos para a mesma direção.
Olhou para a porta lateral direita e, viu uma moça de cabelos lisos, compridos até a cintura, loira, vestida com uma túnica típica indiana, preta, sair em direção a Deusa, ajeitando a túnica.
- Você tem certeza disto? ? Perguntou, seria a mulher de pele branca. ? é perigoso.
- Tenho ? Respondeu a moça recém-chegada.
A Deusa entregou a criança para os braços da moça, Esta, com a criança no colo, correu na direção da porta lateral, à esquerda, da porta de entrada.
Quando Shaka voltou a olhar para o lado da cama, a imagem da deusa já não estava ali.
Segundos depois a porta de entrada, atrás de Shaka, se abre violentamente e os cinco homens de negro que empunhando espadas, entram. Afobados vão até a cama e, arrancam os véus que cobriam esta.
- Está morta ? Disse um alto, olhando para a mulher deitada.
- E a criança? ? Perguntou o que parecia ser o chefe, que olhava para fora da janela.
- Não esta aqui ? Respondeu o mesmo homem.
- Vamos! ? Ordenou o chefe, se dirigindo rapidamente para a porta de saída, acompanhado dos outros quatro.
Shaka olhou a mulher sem entender.
- Aquela moça é médica ? Explicou a deusa ? Foi ela que fez o parto. Mas a mãe não aguentou...
- O que você estava fazendo aqui? ? Shaka perguntou intrigado.
- Vim dar a escolha a ela ? Respondeu caminhando para a mesma porta lateral, que saiu a moça loira.
Shaka a seguiu?
Continua?