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Hoje acordei cedo, eu ia sair. Ia sair com ela à menina que sempre fez meus olhos brilharem. Seu nome era Hanako, uma menina da minha escola. Ela era graciosa, tinha os cabelos pretos e longos e sua pele era bem branca. O estranho era que ela nunca deixava ninguém ir até sua casa, parecia até que ela estava escondendo alguma coisa. Mas para mim, não importa o que ela esconde. Combinamos de nos encontrar na estação de trem. Íamos ao parque, nunca vi muita graça nisso, mas ela quis ir lá.
Cheguei alguns minutos antes dela, não queria fazê-la esperar. Logo depois ela veio, estava linda. Trajava um vestido preto com babados brancos, seus cabelos estavam soltos e seus sapatos eram vermelhos. Fomos andar por uma trilha distante do centro do parque. Achei estranho, pensei que ela queria ver movimento e não se isolar. Fomos andando um do lado do outro, eu queria pegar na sua mão, mas não tive coragem suficiente.
Já estava tarde, quase para escurecer quando ela me beijou, ela parou e sorriu. Sussurrou que era para voltarmos lá, amanhã. E então foi embora, fiquei sem palavras. Nunca imaginei isso dela, mas mesmo assim eu a amava, e ia continuar amando do jeito que ela é. No dia seguinte nos encontramos no mesmo lugar. Ela estava com o cabelo preso, um vestido roxo e sapatos pretos, seu olhar parecia diferente, malicioso.
Depois de andarmos por uma hora, ela parou e ficou na minha frente. ?Quer ir lá em casa?? aquela pergunta foi inédita. Concordei e fomos. Eu devia ter avisado pros meus pais. Fomos de mãos dadas até a parada de ônibus, sim fomos de ônibus. No caminho, falei pra ela que a amava, e ela falou que me amava também. Foi bem estranho, dizer que ama alguém dentro do ônibus.
Quando ? acho eu- que estávamos chegando, ela me falou que eu não poderia ir a casa dela naquele dia, era para marcarmos outra data. Não reclamei afinal, foi ela que me chamou e não eu que me convidei. Dei sinal e descemos do ônibus, já estava tarde. Não queria deixá-la ir só para casa, podia ser perigoso porem não insisti na idéia, ela foi só. Linda e graciosa, ela virou a esquina e desapareceu da minha vista. Voltei pro ponto a fim de pegar outro ônibus, para voltar pra casa. Já dentro do ônibus, comecei a lembrar que logo as aulas iam voltar. Como eu e Hanako não éramos da mesma classe, não daria para nos vermos muito acho que só aos domingos, isso se não tivéssemos aulas.
Quando cheguei em casa, rumei para meu quarto eu queria deitar e dormir. Porem quando passei pela sala, meus pais estavam vendo jornal. O noticiário mostrava que houve um assassinato, uma menina. Oh Hanako! Aquela era a rua que estávamos, fui para perto da TV assustado. O repórter soltou a informação que era uma menina loira, loira?! Ainda bem, não era minha Hana-chan. Fiquei mais tranqüilo, depois de ver que não era ela e depois do susto, perdi completamente o sono. Acabei que não sai da sala, vi o jornal com meus pais, deram mais detalhes do assassinato da menina. Ela tinha sido arrastada e torturada, arrancaram as pontas de seus dedos da mão e também as unhas. Foi espancada logo em seguida e arrastada de volta para onde foi capturada. Senti um frio na barriga, era algo realmente horrível aquilo. Não imaginei ninguém na hora que fosse capaz de fazer tal coisa.
Depois daquele dia, não combinei mais nada com ela, pois não tinha seu telefone ? eu tinha que lembrar de pega-lo. Passou alguns dias e as aulas voltaram. Vi ela assim que cheguei à escola, eu queria muito abraçá-la, mas acho que ela não queria que ninguém da escola ficasse sabendo de nosso romance. Eu apenas queria saber por que, sou ótimo aluno. Tenho boas notas, sou bom nos esportes. Realmente não sei, enfim se é coisa dela vou respeitar. Apesar de ela me evitar na escola, nunca vi ela com qualquer outro menino, isso era algo bom.
Aquilo estava realmente perigoso. Passamos a nos encontrar atrás no ginásio da escola, não eram encontros demorados. Mesmo assim, era bom poder abraçá-la e beijá-la. Quando trombávamos nos corredores da escola, nos olhávamos com afeto e tocávamos um na mão do outro, sem ninguém notar. Finalmente combinamos de nos encontrar de novo. Iríamos ao mesmo lugar dos outros encontros, ela devia realmente gostar de lá.
Novamente acordei cedo, eu estava feliz em ter um encontro com ela de novo. Cheguei alguns minutos antes dela, como sempre. Ela vestia um vestido azul escuro, seus cabelos estavam soltos e nos pés, sapatos estilo aqueles de boneca, também azuis. Enquanto eu, sempre de preto. Fomos de mãos dadas até o local do nosso primeiro beijo, novamente depois de algumas horas sentados em um banco, ela veio me chamar para ir até a casa dela. Eu claro, não neguei.
Ainda não era noite quando ela de novo, no meio do caminho falou que eu não poderia ir até lá. Mas que coisa, me chama e depois fala que não posso ir? Enfim, de novo respeitei e a vi dobrar aquela mesma esquina de antes. Fui a pé para casa, eu queria andar. Minha casa não era muito longe na verdade, era sim eu que gostava de andar. Cheguei em casa e de novo a noticia de outro assassinato. Dessa vez, foi um homem que foi morto, seus olhos foram arrancados e sua boca, parecia ter sido queimada com acido. Não dei muita atenção, fui para meu quarto e me joguei na minha cama, fechei meus olhos e dormi.