Na escuridão do meu quarto

  • Finalizada
  • Dandap
  • Capitulos 3
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 15 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Solidão

    Nudez

    Estava em um campo amplo, com flores rasteiras que se estendiam por toda parte. Atrás de si uma árvore de castanheira imperava solitária.

    Os longos cabelos encaracolados negros, dançavam ao som do vento, enquanto seus olhos, cinzentos, procuravam algo que ainda não sabia o que era.

    O vento soprou mais forte, fazendo com que estreitasse os olhos e tentasse proteger o rosto de traços delicados e pele pálida de alguns grãos de areia que eram carregados com violência em sua direcção.

    Uma enorme vontade de fugir tomou seu peito. O pânico tomou seus membros que agora tremelicavam contra sua vontade.

    - O que você fez? ? Ouviu uma voz suave, acompanhada com um cheiro de jasmim ? Porque?

    - QUEM ESTÁ AI? ? Gritou assustado olhando para todos os lados.

    ? O QUE QUER?

    - Estou decepcionado com você ? Ouviu a voz se alterar um pouco.

    Mas uma rajada de vento, desta vez mais forte, forçando-o a inclinar um pouco o corpo para frente, tencionando não ser arrastado.

    O vento parou de soprar de repente, fazendo desequilibrar por segundos.

    Virou rapidamente quando ouviu o barulho de passos atrás de si, encontrando uma figura que não conseguia ver, direito, o rosto.

    Apenas viu que era alto, magro e de cabelos encaracolados loiro.

    Estava envolto em luz e, nas mãos, trazia um objecto cortante.

    Sentiu o coração pulsar forte quando olhou aquela arma.

    O sujeito em sua frente não se identificou. Em um gesto rápido levantou aquela arma e avançou ao seu encontro.

    Com o reflexo deu um salto para trás?mas perdeu o equilíbrio e sentiu o chão lhe escapar, sentindo o corpo cair de vagar?

    Saltou desesperado, acordando a moça loira que dormia ao seu lado.

    - O que houve? ? Perguntou assustada, vendo o rapaz sentado na cama muito transpirado e com respiração ofegante. ? Você está bem?

    Não respondeu, apenas voltou o olhar para a moça.

    - Está sentindo alguma coisa?

    - Não ? Respondeu, finalmente, já se acalmando.

    Mentira. Sentia medo, como a muito tempo não sentia. Não conseguia lembrar quando foi a ultima vez que se sentiu assim. Talvez foi quando perdeu seus pais. Mas nem sabia ao certo quem eram e como partiram. Não lembrava de seus rostos. Assim como de nenhum amigo ou irmão.

    Sabia que estava sozinho, só não percebia porque.

    Fitou a moça que permanecia ao seu lado, parecia preocupada.

    Sim, estava sozinho. Sabia que outras estiveram no lugar dela, mas não conseguia lembrar dos seus rostos e nem de como tinham chegado ali?na verdade não se lembrava nem de como elas haviam partido. Apenas sabia que haviam partido, assim como aquela moça de cabelos compridos loiros e olhos claros e pele branca, também, partiria.

    Sim ela partiria. E agora olhando para ela, lembrava que tinha algo parecido entre todos que passaram em sua vida. Todos eram loiros.

    "Porque essa fixação por loiros" ? Se perguntou.

    - Eu vou trazer um copo de água para você ? Ela disse tranquila se levantando rapidamente e saindo do quarto.

    O primeiro pensamento que lhe perturbou ao vê-la passar pela porta, foi que ela não voltaria mais e, novamente, o pânico voltou, e uma sensação de vazio aflorou no coração, fazendo-o sentir vontade de chorar.

    Olhou o relógio digital sobre a mesinha de cabeceira do outro lado da cama e viu os números se modificarem rapidamente.

    Ela não voltava?ela não voltaria mais.

    Dobrou a perna e abraçou-a e começou a chorar baixinho. A medida que sentia as lágrimas se formarem e rolarem por sua face, abraçava com mais força a sua perna.

    Só poderia ser castigo. Mas o que fizera para merecer a solidão.

    Ele tinha tudo o que um homem deveria ter para ser feliz. Era belo?muito belo. Não havia por onde passasse que não chamasse atenção de todos. Tinha dinheiro e, até onde sabia, era inteligente. Sabia, varias línguas, nas quais não se lembrava de como aprendera. Era como se já tivesse nascido sabendo?e era bom de conversa. O que o ajudava para que não fosse dormir sozinho todas as noites.

    Muitas disseram que o amavam. Mas não conseguia retribuir tal sentimento, por mais que tentasse, seu coração permanecia sozinho?vazio.

    E no entanto, mesmo lhe amando, elas partiam e ele voltava para seu mundo de pesadelos estranhos e solitários.

    Agora, pensando nisso, não conseguia parar de chorar?soluçava escondendo o rosto, apoiando a testa nos joelhos.

    - Porque você está chorando? ? Ouviu uma voz tranquila, fazendo-o levantar o rosto, encontrando uma luz forte envolvendo todo quarto.

    Estreitou os olhos incomodado com a claridade repentina. O coração voltava a pular no peito, descontrolado.

    Continua...


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