Anjo Caído

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    Capítulos:

    Capítulo 2

    Capítulo 01

    Heterossexualidade

    Disclaimer: Naruto e seus personagens pertencem à Masashi Kishimoto. Fanfiction de minha autoria e sem fins lucrativos. Plágio é crime.

    Sinopse: ?Às vezes acho que estou sonhando. Você mudou a minha vida!?

    Anjo Caído

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    Capítulo 01

    ? A Epopéia dos Anjos! Leiam! ? gritava a professora de literatura na esperança de que seus alunos ouvissem. Toda turma do ensino médio passeava pelos corredores, mexendo em seus armários, conversando, zoando, ou simplesmente procurando a saída naquele aglomerado de pessoas.

    Dentre esses alunos destacava-se Uchiha Sasuke. Ele caminhava calmo, contradizendo seus passos ágeis. Carregava dois livros e um caderno com a mão direita, enquanto a esquerda estava livre, bagunçando seus cabelos negros vez ou outra. O semblante em seu rosto, sempre apático, mostrava a todos o quanto era inalcançável, principalmente para as várias garotas da escola que lotavam diariamente seu armário com cartas de declarações, coisa que odiava e fazia questão de colocá-las no lixo sem ao menos ler uma. Os rapazes perguntavam-se como alguém que trata a todos de maneira tão desprezível consegue ter qualquer garota com um simples estalar de dedos.

    Mas Sasuke nem sempre fora uma pessoa rude. Na infância, era um garoto sorridente, brincalhão, cheio de energia e vitalidade, igual ao seu melhor ? e único ? amigo, Uzumaki Naruto. Mas deixou o lado negro se apoderar de si após uma tragédia, que engolira todos os sonhos e alegrias de uma criança de dez anos. Mesmo passado sete anos, o Uchiha não superara o trauma de perder todos os seus familiares.

    Passou pelas portas de vidro e foi recebido por uma forte lufada de ar gelado, fazendo com que seus pelos eriçarem. Desviou o olhar demoradamente em direção ao céu, observando as nuvens brancas e o céu de um azul claríssimo. Bufou. Em poucos dias a cidade estaria completamente coberta por uma espessa e fofa massa de neve. Haveria crianças na rua brincando de guerra de neve, pessoas saboreando um delicioso chocolate quente ou em frente a uma lareira em suas confortáveis casas e, nos dias em que o inverno estava mais rigoroso, não haveria aulas. Todos vivendo em uma pacata cidade pequena como Konoha, enganados por uma falsa sensação de felicidade e harmonia. Era assim que ele definia o inverno.

    Sasuke odiava o inverno.

    ? Sasuke, idiota, me espera! ? gritou Naruto também passando pelas portas de vidro. Sasuke virou-se para olhar o amigo e quase ficou cego ao observar o suéter laranja-neon que o Uzumaki vestia. Perguntava-se internamente o porquê dessa obsessão de Naruto por laranja, principalmente em tons berrantes.

    ? Isso é uma camisa ou um outdoor? ? implicou o Uchiha, voltando a caminhar quando Naruto colocou-se ao seu lado.

    ? Rá, rá ? ele riu sem humor, mas achando graça em sua risada seca ? Muito engraçado. Vamos logo que hoje eu vou voltar com você? O padrinho bateu meu carro ontem à noite e... ? o loiro calou-se imediatamente, sabendo que aquele se prosseguisse com aquele assunto magoaria Sasuke.

    O Uchiha desativou o alarme de seu carro e eles entraram, atirando o material no banco traseiro. Colocaram o cinto e enquanto o moreno ligava o carro, Naruto estava mais preocupado em mexer no novo DVD que Sasuke havia instalado no automóvel na semana retrasada. Escolheu uma música de AC/DC, sua banda preferida, colocando no volume no máximo e fingindo um solo de bateria com baquetas imaginárias. Sasuke olhou para o amigo e revirou os olhos, achando a cena patética. Voltou o olhar para frente e no instante em que tocou o pé no acelerador, algo caiu em cima do capô do carro e rolou para o chão.

    ? Meu Deus! ? gritou Naruto apavorado ? Sasuke, você matou uma pessoa!

    ? Idiota! ? Sasuke tentou manter a frieza de sempre, mas estava tão apavorado quanto o amigo loiro ? Vamos ver como ele está ? falou, já destravando o cinto e saindo do carro com pressa.

    Viram uma jovem caída de bruços no asfalto áspero e gelado. Sangue escorria de suas costas e embebiam seus compridos fios negro-azulados e o vestido branco que ela usava, aumentando ainda mais o pânico dos dois.

    ? Ei, você está bem? ? perguntou Naruto.

    ? Idiota, ela está inconsciente ? o Uchiha falou, chegando perto dela e verificando sua pulsação ? Está fraca, mas está viva.

    O moreno pegou a jovem nos braços e a entregou para Naruto, pedindo para ele tomar cuidado com ela, pois do jeito que era desastrado, era capaz de largá-la no chão. Entrou no carro e deu a partida, observando vez ou outra, pelo retrovisor, Naruto tentando reanimá-la, em vão. Não conseguiu evitar olhar o sangue escorrendo e sujando todo o estofado que havia trocado no mês passado.

    "Droga, Sasuke!" ? ele se repreendeu, não era de seu feitio esse tipo de pensamento egoísta, mas realmente não conseguiu evitar e agora se sentia o pior dos homens.

    Olhou também para o capô amassado de seu carro, dessa vez não preocupado com o quanto iria gastar para repará-lo ? dinheiro não lhe era problema ?, mas sim o que havia acontecido com ela. Pelo tamanho do estrago, deduziu uma queda de mais de dois mil pés de altitude. Mal sabe ele o quão errôneo são seus cálculos, no entanto, surpreendia o fato dela ainda estar viva.

    XxX

    O chefe dos anjos, o arcanjo Hiruzen, estava checando pela terceira vez o número de anjos. Havia liberado dez anjos para brincarem nas nuvens, aos arredores do Reino Celestial, no entanto, apenas a volta de oito foi registrada. Após um tempo, o anjo cupido Hanabi apareceu, mas ainda faltava alguém. Como iria explicar a Ele que uma de suas criaturas simplesmente havia desaparecido debaixo de seu nariz?

    ? Por favor, chame o anjo Hiashi ? pediu a um dos anjos que o servia naquele momento. E, como pedido, Hiashi cruzou voando as portas de sua sala em tempo recorde.

    ? O que aconteceu, arcanjo? ? perguntou o anjo, observando seu superior com os olhos brancos. Sua testa levemente enrugada mostrava sua preocupação diante do semblante desesperado de Hiruzen.

    ? Por favor, faça a contagem dos cupidos. Temo que esteja faltando alguém.

    ? Sim, senhor ? disse Hiashi, saindo da sala imediatamente.

    O sistema de organização dos anjos é feito por castas. Os anjos que possuíam as íris completamente azuis, sem pupila, eram os anjos da guarda. Já aqueles que tinham os olhos verdes eram os chamados anjos defensores. Àqueles possuidores de orbes negros eram os chamados anjos guerreiros. E ainda há aqueles de íris amarelas, conhecidos como os anjos traidores, que caíram nas garras das trevas e sucumbiram ao inferno.

    Porém, dentre todas as classes de anjos, destacavam-se os mais belos olhos de todos: os apaixonantes brancos, que com suas lágrimas curam corações partidos e feridas que estão muito além de nossa capacidade ocular, além, é claro, de sua atividade principal: fazermo-nos encontrar nossa cara metade, proporcionando-nos um intenso e contagiante estado de felicidade.

    Cada um desses anjos tem um medalhão de ouro celestial, onde está gravado seu nome e a que casta pertence. Toda essa variedade de anjos está sob o comando e responsabilidade do arcanjo Hiruzen.

    ? Arcanjo? ? chamou o cupido Hiashi.

    ? Descobriu quem está faltando? ? perguntou ansioso, querendo ter errado todas as suas contas e que todos os anjos que receberam autorização para sair tenham voltado.

    ? Sim ? disse Hiashi, lamentando a perda de um anjo tão bondoso e especial ? O anjo cupido Hinata está desaparecido.

    XxX

    Os olhos negros de Sasuke e os azuis de Naruto encaminharam-se para a porta no instante em que ela foi aberta e de lá surgiu a figura da namorada do padrinho de Naruto, Senju Tsunade, a principal médica do Hospital de Konoha. Os orbes cor de mel da mulher de cinquenta e dois anos e aparência de trinta ? graças às plásticas que fez ? estavam preocupados e, ao mesmo tempo, aliviados.

    ? Ela está bem, porém ainda permanece inconsciente. Dois ossos de sua costela estão fraturados, mas não apresenta risco.

    ? Só duas costelas? ? Naruto verbalizou o pensamento de Sasuke escandalizado. Pelas contas do moreno Uchiha e pelo amassado que havia em seu carro, somente duas costelas fraturadas era quase um milagre.

    ? As costelas estão fraturadas como se algo houvesse sido arrancado dela, e não da queda. Isso explicaria as feridas horrendas ? Tsunade conclui mais para si mesma do que para os rapazes.

    ? Está me dizendo que ela tinha... Asas? ? ele riu, achando graça em suas palavras ? Uma mulher-pássaro?

    Tsunade apenas revirou os olhos, parecia que Naruto nunca seria uma pessoa madura. Já estava indo quando se lembrou de algo. Pôs a mão no bolso do jaleco impecavelmente branco e de lá retirou um colar de ouro, o mais puro e reluzente que já tinha visto.

    ? Isso pertencia a ela. Têm certeza de que não se lembram dela? ? a mulher também forçava a memória. A pequena Konoha possuía 726 habitantes e todos se conheciam. Com certeza nunca havia visto alguém com características tão marcantes quanto as da garota-pássaro. Ela colocou o cordão na mão de Sasuke ? Já vou indo ? e desapareceu da vista de ambos pela mesma porta que a tinha trazido.

    O Uchiha estudou o cordão e viu duas palavras talhadas em uma impecável caligrafia na medalha. Hinata. Cupido.

    ? Conhece alguma Hinata? ? perguntou Naruto também observando a inscrição. Sasuke balançou a cabeça negativamente, forçando ao máximo sua mente. Conhecia uma Hanako, uma das milhões de fãs que ele tinha, mas não Hinata.

    ? Acho melhor você mudar sua teoria sobre ela ser uma mulher-pássaro ? disse Sasuke, entregando o cordão a Naruto, que rapidamente olhou a segunda inscrição que não estava conseguindo ler e riu.

    ? Um anjo! ? exclamou, pensando em como realmente ela lembrava um.

    XxX

    Os olhos brancos de Hinata fitaram o escuro. Levantou o tronco, apoiando-se nos cotovelos. Sentia-se fraca, debilitada, e muitas coisas em sua mente estavam escuras, lembrava vagamente de algo. Conseguiu sentar-se com dificuldade sobre o colchão macio, e olhou para uma agulha fina que penetrava sua mão, o soro. Puxou a agulha com brusquidão. Devido os movimentos feitos para tentar se levantar, acabara "perdendo" a veia e uma dorzinha incomoda assolou a mão espetada. Colocou os pés descalços no chão gelado, arrepiando-se. Estranhamente gostava dessa sensação e pisou mais algumas vezes no piso gelado, até seus pés se acostumarem com a temperatura e não causarem mais a gostosa sensação.

    Andou em direção a porta e girou a maçaneta da mesma. Colocou lentamente a cabeça pela fresta da porta, observando o longo corredor deserto do hospital. Saiu do quarto, deixando para trás a porta aberta. Percorreu o labirinto que eram os enormes corredores, tendo a sorte de não encontrar nenhuma enfermeira. Parou subitamente, diante de um quarto. 63. O cômodo era envolvido por uma densa camada de tristeza. Por algum motivo, seus pés passaram a levá-la em direção ao quarto. Segurou a maçaneta com firmeza antes de abri-la e mergulhar na melancólica escuridão.

    Continua...


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