Kōkō Yume

Tempo estimado de leitura: 24 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 4

    Fidelidade

    Heterossexualidade

    Y's vision

    -Yuko... Yuko... Yuko, acorde!

    -Hã? - Levanto-me sem conseguir abrir os olhos - Que horas... Que horas são??

    -Tarde! Anda, levanta logo!

    Levanto-me apressada e, enquanto procuro o uniforme, meu pai sai e fecha a porta do meu quarto.

    Ao sair, me despeço de minha mãe e vou embora, correndo pela praça. Dessa vez, não reparei nas sakuras, nos casais, nas crianças... Nem em um menino de bicicleta que passava a toda velocidade.

    O menino freou de ultima hora, fazendo a lateral da bicicleta me jogar para o chão. Após isso, ele fugiu, deixando para trás seu boné vermelho escuro com um simbolo indecifravel na frente.

    Com meu braço esquerdo ralado e sangrando, tive de ir a uma farmácia fazer um curativo, o que me custou a primeira aula... Ao perceber que as pessoas podiam ficar fazendo perguntas sobre o curativo, resolvi voltar para casa e pegar uma blusa que cobrisse todo o braço. Ja tinha perdido a primeira aula mesmo...

    ~~PIIIIIIIIIII~~~~ - Hora do intervalo, vou com Nomî-kun ao pátio. No caminho, ele encosta de leve no machucado, forçando-me a soltar um baixo gemido. Não queria, mas como ele insistiu, contei-lhe sobre o acidente.

    - Ei! O menino da bicicleta tinha um boné vermelho?

    - Sim! Como sabe? - "Oh, meu Deus! Ele está me seguindo!", pensei brincando.

    - Então foi ele quem passou por mim quando vinha pra cá. Ei, onde foi que ele te atropelou? - Perguntou ele. Ja havia entendido onde queria chegar.

    - Foi numa pracinha lá perto de casa.

    Quando ele respondeu, mal pude acreditar. "Será que nós realmente moramos assim tão perto? Mas nós nunca nos vimos no caminho!" Para confirmar, Nomiru resolveu me acompanhar até minha casa - que, para nossa grande surpresa, ficava exatamente atrás da dele.

    - Ahh, acho que não devo pôr mais em pratica meu plano maléfico de invadir essa casa e ver como ela é por dentro... Ou será que devo? - Aquela frase nonsense realmente me fez soltar algumas risadas.

    - Olha, se quiser invadir, pelo menos ligue ou toque a campainha antes, ok?

    Nos despedimos e cada um foi para sua casa.

    Eu aproveitei o fim de semana para dormir e desenhar, sendo que nem saí para isso (eu já não sairia de qualquer jeito).

    A semana seguinte foi um verdadeiro tormento. Meus pais não paravam de brigar enquanto eu estava no meu quarto; quando ia para onde eles estavam, paravam de brigar mas ficavam se fuzilando com os olhos.

    Na terça-feira, fiquei chocada ao ver a figura de meu imponente pai derrubando algumas lágrimas escondidas.

    O único momento bom dos meus dias era ir para o colégio.

    Na sexta foi quando aconteceu o que eu inconscientemente desejava. Com o silencio medonho que se instalou na casa, decidi ir para o quarto de hóspedes, onde havia uma janela muito boa para sentar e olhar o céu - era disso que precisava, acreditava eu. Ao virar-me um pouco vejo Nomiru na janela segurando um lápiz ("será que ele também desenha?"). Esboço um pequeno sorriso, mas logo ouço minha mãe me chamando, falando "É importante" em seguida.

    Desço da janela e vou até ela, que estava com meu pai sentada no sofá e com a televisão desligada. Senti um aperto no coração e um frio na barriga enquanto descia as escadas. "É agora..."

    - Yuko... Sei que vai ser dificil, sei que vai ser doloroso, mas... - ela parecia não conseguir falar mais nada, mesmo não deixando transparecer qualquer coisa que pudesse fazer-me perceber sua tristeza.

    - Filha, eu te amo muito, você sabe. Mas ultimamente a situação aqui em casa anda meio complicada... Eu e sua mãe, nós... - Ele não precisava dizer mais nada e sabia disso.

    Joguei-me para frente e mergulhei minha cabeça sobre o peito de meu pai, abraçando-o. Em seguida, minha mãe se juntou no abraço mais doloroso de nossas vidas. Podia ouví-los sussurrando coisas quase inaudíveis, mas tenho certeza de ouví-lo dizer varias vezes...

    "Eu amo vocês".


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