Sonho

Fechada. Escura. Ali dentro era um tanto assustador, quaisquer pessoas normais que se perdessem ali ficariam aterrorizadas. Mas Ichigo e Rukia não eram pessoas normais.

Rukia, que fazia os preparativos para a abertura do portal, era observada por um Ichigo fora da realidade e com um sorriso bobo estampado na cara. Mesmo não percebendo.

Rukia por vezes dava uma espiada pra trás, pra ver o que Ichigo estava fazendo. Porém, ele nada fazia além de vislumbrá-la tão intensamente, porém talvez também de uma forma... Não. Afirmou ela pra si mesma.

Mas, o que era aquilo então? Por que ela, não ele, estava daquele jeito desde a noite passada? Desconcentrou-se pensando.

Com uma de cabeça repentina e aguda, ela desequilibrou-se e caiu no chão.

- Ai...

Ichigo foi até ela. E a levou para onde estava.

- O que houve Rukia?

- N-nada Ichigo, eu posso continuar. ? respondeu ela com a voz fraca.

- Não seja idiota. Você não está bem. Nós não podemos ir amanhã pra Soul Society?

- Não precisa Ichigo, eu estou bem, sério ? mentiu ela, levantando-se de um salto, porém cambaleou com a dor intensa. Como sou idiota, pensou ela.

- Vou te levar pra casa ? ouviu aquela voz rouca, e sentiu os fortes braços do ruivo pegando-a no colo.

Estava tonta, sentia que ia desmaiar. Mas Ichigo não podia levá-la pra casa dele de novo, causaria mais confusão com o pai dele.

- Ichigo, onde estamos indo?

- Não vamos pra casa ? acalmou-a ele.

O que teve efeito, pois logo ao ouvir isso Rukia não viu mais nada. E sonhou.

Ela andava, aliás, corria junto com ele pelos bairros de Rukongai. Aquilo era bom, a deixava alegre. Tinha mais alguém, mais um garoto, ela pode ver sua silhueta. Mas ela estava escura.

De um lado cabelos arrepiados, do outro, cabelos longos. O de cabelos arrepiados aproximou-se dela e a abraçou. Isso a pegou de surpresa, o de cabelos longos sentou-se, observando os dois à sua frente.

Aqueles olhos castanhos a fitaram tão profundamente, que ela sentiu o desejo neles. Agora estavam sozinhos no escuro, só era possível ver os olhos um dos outros. Ichigo aproximou o rosto ao dela. Ela nada fez, além de aceitar. Estavam a poucos centímetros um do outro quando ela acordou.

- Finalmente, meu filho virou um homem ? disse, mais pra si mesmo do que pra Ichigo, com os olhos brilhando.

Ichigo desviou o olhar do pai, tentando ignorá-lo. Mas não sabia se aquilo era possível... o que era aquele aperto no peito que estava tendo toda vez que via Rukia nas últimas semanas? Nunca tivera aquilo. Nunca sentira aquilo.

- Era isso? ? perguntou Ichigo se levantando, impaciente e nervoso ? então já to saindo velho.

- Espere meu caro filho rebelde ? disse Isshin, fazendo sinal para que sentasse novamente.

Ichigo obedeceu.

- Deixe-me dar-lhe um conselho paterno ? começou ele ? seja sincero.

Ichigo atordoado ao ouvir aquilo.

- Ahn, não entendi ? respondeu.

Mas, seu pai lhe deu às costas, voltando pra seu quarto. Ichigo ficou perplexo. Mas que diabos ele está pensando? Pensou o ruivo.

Suspirou e foi até à porta novamente, e saiu de casa com os pensamentos ainda afetados pela frase do pai.

Rukia esperou Ichigo sair, pra irem juntos.

- É melhor abrir o Senkaimon mais longe ? disse ela.

- Ok.

Ambos deixaram seus Gigais com Urahara, e foram à um lugar de Karakura que dificilmente as pessoas entravam. A Floresta.