Além do infinito...

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    Capítulo 3

    Nem sempre promessa é dívida.

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Violência

    Nem sempre promessa é dívida...

    -Você é Lance? O filho do rei Benjamin?

    -Exato.- (Minha nossa digo eu agora!)-Mas não se preocupe!!Vim em missão de paz!- disse ele fazendo um ?V?,dividindo os dedos da mão.- Nossos pais podem viver brigando,mas pode acreditar,não estou aqui pra isso.

    -Okay...Qual é a proposta?

    - Bem,queria saber se você poderia apoiar um trabalho meu. Vamos construir um orfanato,ou melhor,ele já foi construído,mas gostaria que a futura rainha deste reino pudesse ir no dia da inauguração. Me entende,não é?

    -Sim,claro. Quando é a inauguração?

    -Sábado.

    -Vou pensar a respeito.

    -Vai ir,não é?

    -Já disse que vou pensar.

    -Você tem que ir. Muitas garotinhas gostariam de te conhecer.

    -Okay,você venceu. Eu vou então.

    -Ótimo. Então,nos vemos no sábado.

    Eu concordo e então ele pisca pra mim. Fico ali parada até o ver desaparecer no horizonte. Depois,percorrendo a margem do rio,volto até onde deixei meu vestido e o coloco por cima da roupa que ainda está encharcada. Escondo meu cabelo e rosto e só então percebo que Lance o viu. Se eu o denunciasse,ele teria sérios problemas.

    O caminho todo que faço de volta pra casa fico o tempo todo pensando na inauguração do orfanato. Meu coração dói só de pensar quantas criancinhas sem família irão lá morar.

    É triste saber que mesmo com a evolução que temos em nosso planeta,ainda exista casos de abandono ou até mesmo mortes em acidentes de trânsito. A verdade é que eu não vejo a hora de me casar e ter muitos filhos,pois pra eles sim,o meu amor nunca vai faltar.

    Ainda perdida em devaneios,só paro quando esbarro em alguém.

    -Oi Ane,está tudo bem com você?- perguntou-me Lawrence,segurando meus ombros.

    -Agora está- digo,depois sorrio e ele retribui,mas ...Que horas são?

    -Dez e quinze,acho.

    -Errado.

    -Errado?

    -A-hã. É hora de fazer uma confissão.

    -Fique à vontade.

    Sentamos abraçados na sombra de uma árvore que ficava a uns doze metros do portão de entrada da minha casa(leia-se meu castelo).

    -Agora,pode falar.

    -Acho que estou apaixonada.- digo,Lawrence me encara.

    -Sabe,minha confissão é parecida.-Ele diz. Nós sorrimos e lentamente aproximamos nossos rostos. Antes de nossos lábios se encontrarem, Lawrence coloca uma mão em meu rosto,então ele me beija. Mas estranhamente,não sinto nada. Não nada de nada,mas nada de como eu já ouvi falar que acontece. Meu coração não acelerou. Não senti ?borboletas no estômago?,apenas senti os lábios dele nos meus. Então me afasto.

    -O que houve?-Ele me pergunta,confuso,mas aposto que eu estou mais.

    -Não sei.-De repente,sinto uma sensação estranha,como se estar ali com ele fosse uma hora errada,no lugar errado,acompanhada da pessoa errada. Nesse mesmo instante,ouvimos um som estridente que ecoa por todo lugar. Santo Deus. Um tiro.

    No mesmo momento,corro até o portão que dá à entrada de meu castelo,sendo seguida por Lawrence,que parece agora estar mais apavorado do que eu.O som tinha vindo da minha casa.Posso jurar isso.

    ...

    Ao entrarmos,nossa empregada,Margaret aparece com os olhos cheios de lágrimas.

    -Foi horrível...-ouço ela murmurar.

    -O que aconteceu,Margaret?-Eu estava ficando cada vez mais preocupada.

    -Horrível...Ele está morto...

    -Q-quem?Onde?

    -Seu avô chegou um tempo depois de você sair. Disse-me que vinha passar uma temporada de férias aqui...Mas acabou...

    -Meu...avô?-Meus olhos embaçam por causa das lágrimas. Vovô Carl?Morto?-Onde ele está?-Pergunto. Lawrence me abraça.

    -No quarto de hóspedes.

    -Ane,receio que não seja uma boa ideia ir vê-lo.-Eu o abraço mais forte. Chorando muito,mesmo assim,insisto.

    Quando abro a porta, vejo vovô deitado no chão. O corpo jazia sem vida, e mais lágrimas afloraram em meus olhos.

    -Não... Vovô... ? Eu me abraço a Lawrence, meu único porto seguro no momento.

    -Precisa ser forte, Ane. Como você sempre foi. ?Ele sussurrou em meu ouvido.

    -Não consigo -sussurrei como resposta. Novamente, lágrimas escorreram em meu rosto.

    -Então vamos sair daqui; eu avisei que não seria uma boa ideia. ?Ele disse, enquanto saíamos do quarto. ?Margaret, traga um copo d?água para a senhorita Ane.

    -Como quiser. ?Diz ela, depois se retira, indo em direção a cozinha.

    Nós dois vamos até a sala, e sentamos no sofá. Lawrence fica o tempo todo lá, secando minhas lágrimas, passando a mão em meu rosto e dizendo palavras para tentar;de certa forma, diminuir minha dor. Segundos depois, Margaret chega com o copo e me entrega.

    Minhas mãos estão muito trêmulas, quase não consigo segurar o copo. Tomo alguns goles, mas depois o largo na mesinha do centro da sala.

    -Acionou a polícia, Margaret? ?Perguntou Lawrence, ela confirma e fala:

    -E também já liguei para Jack, Ton e para a realeza.

    ...

    Segundos se passaram e todos já estavam lá em casa.Meus pais, Jack, Ton, Denise, o pessoal do IML ,alguns outros policiais peritos e Gary, que não estava entendendo nada.

    Olhei pela janela, e a imprensa estava sendo barrada por alguns policiais. Estavam todos em silêncio, apenas Gary às vezes olhava para os pais e como Ton deixava as lágrimas rolarem pelo rosto, assim como eu e os demais, ele perguntava o que estava acontecendo, mas mesmo assim, ninguém respondia. Afinal, o que se pode dizer a uma criança de quatro anos sobre a morte? Ele é capaz de ainda nem saber o que é isto, o que só iria complicar ainda mais a situação.

    Em meia hora, a polícia procurou na casa inteira em busca de possíveis vestígios deixados por seja lá quem foi o desgraçado que cometeu o crime. Depois, os policiais do IML levaram o corpo de meu avô para também detectarem se houve algum tipo de violência física, além do tiro que acertou o ponto em que meu avô, diferentemente de quem o matou, tinha de muito puro: o coração.

    Margaret ainda estava bastante aturdida, mas mesmo assim preparou um almoço leve, o qual ninguém tocou, nem sequer o pequeno Gary.

    O dia passou o mais tristemente possível. Era difícil entender a ideia de que vovô Carl tinha ido embora para sempre. Só de pensar isso, mais lágrimas se formam em meus olhos.

    No dia seguinte, sexta-feira, aconteceu o enterro de meu avô. Papai estava praticamente inconsolável, afinal, ele era seu pai.

    -Adeus vovô ? disse eu, passando minha mão pelo rosto dele, pela última vez- Sentirei sua falta. Todos sentiremos - deixo uma rosa vermelha no peito dele e me retiro, ainda rolam algumas lágrimas em meu rosto.

    Naquela noite, fui dormir bem cedo. Quando acordei na manhã de sábado, lembrei-me que teria de ir à inauguração do orfanato, como Lance insistiu e eu disse que estaria lá, não poderia agora descumprir com minha palavra.

    -Lance pediu-me para que eu compareça na inauguração do novo orfanato- disse eu a minha família, enquanto tomávamos o café. Todos ainda estão muito abatidos, assim como eu, com a morte de vovô, mas era preciso seguir em frente... Infelizmente agora sem termos ele.

    -Lance? Este nome me é estranhamente familiar- fala meu pai.

    -Sim papai. Ele é filho do rei Benjamin. ?Logo depois que fiz este comentário, meu pai quase se afogou com o café.

    -O QUÊ?- Perguntou meu pai, incrédulo. ?Quando foi que falou com ele??

    -Bem... Ele me encontrou há dois dias; quando fiz um passeio até um riacho no meio da floresta, ele estava lá- disse, não revelando maiores fatos. Meu pai ficou em silêncio, mas então mamãe resolveu entrar na conversa.

    -Acho ótimo ele ter te convidado, filha. Além do mais, as crianças devem estar ansiosas em conhece-la.

    -Será mesmo que ele só quer isso de você, mana?- perguntou-me Jack, brincalhão.

    -Ora, não pergunte bobagem- eu disse, pensando a respeito.

    -Além do mais filho, o príncipe Lance está noivo. Não haveria o porquê ele querer alguma coisa com Ane, e não podemos deixar de citar também que vocês nem se conhecem realmente, não é mesmo filha?- Concordo e então meu pai retoma a palavra.

    -E também Ádria querida, Lance deve saber do tratado que Benjamin e eu assinamos. Nunca haverá apenas um reinado em um planeta cujo número sagrado é dois.

    -Nunca entendi o porquê disso- digo eu.

    -Veja bem, Ane: existem dois anéis no contorno de nosso planeta. Dois continentes; temos duas luas , consequentemente, dois reinados, e neles dois reis. Somando, temos duas filhas...

    -Isso é apenas coincidência- interrompo.

    -... Tenho dois filhos, e Benjamin também. Não acha que é coincidência demais?- Insiste meu pai.

    -Ah!-Minha mãe diz, parecendo lembrar-se de algo. ? E também em nossas vidas, nos apaixonamos duas vezes.

    [i]Senti um arrepio quando minha mãe disse isso. Tive um pensamento totalmente maluco: será que foi por isso que... que o beijo de Lawrence não teve efeito nenhum sobre mim? Será que me apaixonei pela segunda vez? Não precisei pensar muito pra saber qual foi o último homem que conheci...

    Lance.

    Continua...[/i]


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