Em um simples passeio.

Em um simples passeio.

Logo quando o sol invade meu quarto pela janela,batendo diretamente em meu rosto,sou obrigada a levantar,por mais que ainda com relutância e muita,muita preguiça.

Tomo um banho demorado,a fim de afastar o sono,depois, visto-me com minha roupa de ginástica e por cima coloco um vestido longo que disfarça totalmente a outra roupa.

Amarro meu cabelo como um rabo de cavalo alto,em seguida desço as escadas,chegando até a cozinha,onde tomo meu café da manhã.Ninguém está lá para me acompanhar.Com certeza Jack já foi para o treino bem cedo,e meus pais devem estar preparando a festa beneficente ,com o intuito de arrecadar uma grana para abrir mais um hospital público;e Ton...bem,ele mora do outro lado do mundo,sinto falta dele,mas acontece que eu gostei da ideia de ser tia,afinal,quem não amolece o coração ao ver Gary de apenas quatro aninhos?Ele é muito fofo.

Denise,minha cunhada,vive feliz com meu irmão,afinal,os dois estão apaixonados um pelo outro já há sete anos,desde o dia que Ton esqueceu seu primeiro amor,que nem eu não lembro mais quem foi.

Depois do café,descanso um pouco no sofá,e após meia hora,quando estou logo de saída para mais um de meus passeios matinais,Margaret,nossa empregada lembra-me que para sair,preciso seguir aquela regra bobinha:esconder o rosto e meu lindo e precioso cabelo,que inclusive faz dois dias que está com um corte novo,pois aquele estilo de antes já estava meio brega.Meu pai que ficou uma ?fera? quando viu meu novo corte.Disse que eu já não tinha mais estilo de princesa,mas isso não importa.

Após esconder minhas duas preciosidades,saio de casa e vou até a floresta,percorrendo o mesmo caminho que faço todas os dias.

Quando chego à margem do rio,olho em volta e em seguida tiro o tecido que esconde a minha beleza(viu como sou modesta?),e o largo no chão.Dou mais uma olhada em volta(porque tenho a estranha sensação de estar sendo observada),e começo a desabotoar meu vestido.

Deixo ele deslizar em meu corpo até por fim encontrar o chão;e então,estou pronta para fazer alguns exercícios.Confesso que minha roupa de ginástica é bem mais confortável do que qualquer vestido.

Ultimamente ando treinando muito o que na Terra chamam de Artes Marciais.Adoro essa luta,e me proporciona uma paz incrível(okay,eu sou a única maluca que com um estilo de luta consegue algum tipo de paz).

Depois de um tempo de treinamento,ainda tenho aquela sensação que não quer me deixar,mas mesmo assim,sento na grama e observo o rio.A água calma e transparente reflete os raios do sol.Tiro os meus calçados e desamarro meu cabelo,em seguida resolvo dar um mergulho.

Nadar é ótimo.Passo um tempo assim,nadando e ouvindo o canto dos pássaros que vêm da floresta.Porém percebo que,como fiquei um tempo deixando a correnteza me levar,ela acabou levando-me um pouco demais.

No final do rio,olho no horizonte e sinto a correnteza cada vez mais forte.No horizonte não existe nada.E é isso que me preocupa.Assisti a uma série de filmes terráqueos em que no final do rio sempre tem que existir uma catarata,mas nunca pensei que um dia passaria por esta situação.

Durante um período de tempo em que acabo ficando submersa na água,acabo respirando e sinto a água entrar em meus pulmões.O desespero toma conta de mim,e depois de alguns segundos eu já não sinto nada.Desmaio sem poder nem mesmo me salvar.É o fim,sem nem mesmo haver um começo.

...

Sinto um gosto desconhecido nos lábios e quando abro os olhos,me deparo com o par de olhos mais lindos que já vi(depois dos olhos de Lawrence,claro).O homem desconhecido se afasta rapidamente.O cabelo dele está molhado e a franja colada no rosto.As roupas dele também estão molhadas.A regata , colada ao corpo e ... uau,será que ele malha?...Pare Ane!Pare sua besta!!

Mas espera um momento...volta a fita...o gosto que eu senti...era dos lábios dele???-O que você está fazendo?-Pergunto eu,levantando-me rapidamente e totalmente incrédula.

-Salvando sua vida,acredito eu.-Ele diz,com um meio sorriso.

-Não pedi para você fazer isso.-Digo,cruzando os braços.

-Desculpe,esqueci que você nem estava em condições,não é mesmo?-Ele me pergunta,ironicamente.Eu reviro os olhos.Mas esse homem me parece estranhamente familiar,onde foi que eu o vi?-Vamos,perguntei seu nome,me diga.

-E por que quer saber?-Pergunto,desconfiada.É a vez dele revirar os olhos.

-É o mínimo que você pode fazer por mim,já que salvei sua vida e nem agradecer não agradeceu.

-Então,obrigada.-Digo já irritada,virando-me e começando a caminhar.

-Minha nossa...-o ouço murmurar-,você é Ane,não é?A filha do rei daqui.-Paro no mesmo momento de caminhar.Penso por um instante e meu coração começa a bater em um ritmo diferente após ouvi-lo dizer meu nome.Suspiro,e ainda posso sentir os lábios dele nos meus.Ele salvou minha vida,qual é?

Viro-me novamente para ele,que está a alguns metros de distância.

-Desculpe por ser tão indelicada.Você salvou minha vida.Obrigada.Estou muito grata pelo que fez.-(acontece que eu sonhei tantas vezes que o meu primeiro beijo seria com Lawrence,que fiquei irritada-eu queria poder ter dito isso a ele,mas acontece também que ele não me beijou,ele apenas salvou minha vida).

-Era o mínimo que eu podia ter feito,já que te vi lá desde que começou um treinamento.- O QUE???

-Então era você?Gosta de espionar as pessoas,é?

-Não,só quando são do meu interesse.

-E por acaso eu sou de seu interesse?

-Bem,eu estava procurando por você,Ane.Meu nome é Lance,e eu vim fazer uma proposta.