Sentei-me em meu lugar, próxima da janela, cadeira número 4, a sala, porém continuava em silêncio. Que povo estranho, nem pra disfarçar. Revirei o olhar, em seguida mandei um olhar fitando todos os que me olhavam. Logo a sala foi se normalizando aos poucos.
Afinal, o que seria a tal coisa que a professora combinara comigo agora pouco? Bem que poderia ser uma ida ao shopping ou uma raspagem geral no cabelo dela, por que afinal, eu daria o mundo por ver aquele cabelo da professora arrumado.
Uma hora ou outra ela ia me cobrar e eu ia saber, então estou decidida, irei aguardar ordens da poderosa chefona da sala para seguir minha missão. Nossa como eu sou grosseira, a professora parece tão... Olhei para a professora para ver o tão de diferente nela que podia ser salvo. Ainda sentada em sua mesa, de fez enquanto ajeitando seu óculo e organizando papeis e canetas espalhadas. Pode notar que seu cabelo estava num coque, aliás, o momento mais engraçado de todos os dias de escola, o único motivo hilário de continuar vindo, era seu cabelo que se destaca muito em respeito à estilo. A professora soltou seu cabelo negro como à noite, sim eu achava lindo de frente. Liso até o ombro e meio ondulado nas pontas. Deixava seu rosto branco como a lua destacad-a, suas mãos eram arosadas e sua boca sempre com um batom discreto meio marron. Ela sempre jogava o cabelo que escorria pelo rosto, deixando ela mais feminina e sedutora. O problema no cabelo dela era a rajada de salsicha atrás em sua cabeça, uma linha perfeitamente reta, dividindo sua cabeça da cor, obviamente laranja, mais não aquele laranja legal. Tcs, era engraçado e minha vontade era de rir escandalosamente.
- Háha, que tosco. - sussurrei, enquanto sorria baixo. Coloquei minhas mãos em minha boca, tampando, minha vontade escandalosa de rir.
A professora levantou da mesa e começou a escrever no quadro de lições, foi quando escutei vários sussurros se alastrarem pela sala, desde o fundo até o começo das fileiras.
- Posso saber o motivo de tanto cochicho? ? perguntou a professora, ainda de costas pra sala.
A sala se aquietou. Foi quando um aluno do 3ºano D entrou rapidamente. Era Ishida, ele chegou próximo a professora e houve um pequeno dialogo entre os dois.
- Rukia... Hei Rukia! ? disse Orihime, baixinho, chamando minha atenção.
- Sim, Orihime!
Orihime saiu de sua mesa e foi encolhida até a minha mesa, se escondendo.
- Você vai mesmo? - perguntou, colocando a mão perto da bochecha como se fosse um reta.
- Ahn? Ir aonde? - perguntei, abaixando minha cabeça.
- ORIHIME! - disse a professora, ajeitando seus óculos, levantada próxima de Orihime.
- Ahhh... - Orihime procurava uma desculpa, enquanto a professora a observava severamente.
Antes mesmo que Orihime pode-se se explicar, joguei discretamente minha caneta para longe.
- Professora, Ori-chan está me ajudando, minha caneta caiu e eu não consigo encontrar...
Percebi que Orihime havia captado o esquema. Orihime era tão ótima em disfarce que piscou o olho, meio que balançou a cabeça ao piscar.
- Achei, Rukia-chan. - disse Orihime, fingindo ter encontrado minha caneta.
- Obrigada Ori-chan, desculpe professora, eu sou desleixada e... - agradeci e logo fiz cara de inocente.
- Não se desculpe Rukia, Orihime, peço desculpas pela minha petulância ao te julgar tão inesperadamente. - disse a professora, virando-se para voltar ao quadro.
Orihime voltou para seu lugar, e Ishida já não estava mais na sala, e a professora, como quem não quer nada, aparece do nada. Esse povo da escola é ninja, só pode, aparece e some. Ou podem ser mágicos de Oz. Quem sabe né?
Assim passou o tempo em sala de aula, continuei distraída, pensando em Ichigo.
Aquilo poderia ser só tolice, acho que as vezes o coração engana a gente, é isso mesmo engano, erro, arquivo não existente, 0,00% de amor. Coisa de louco, né?
Depois de um tempo toca o sinal, a sala toda começa a sair da sala. Eu recolhia minhas coisas quando Orihime chegou que nem ninja; não falei, esse povo é ninja, só pode mesmo.
- Rukia-chan! Que legal, você vai ser a Julieta, mesmo? Nossa, que legal, você vai ficar incrivelmente linda com...
- Que Julieta? - interrompi Orihime, mesmo antes de terminar, logo levantei de minha mesa, meio confusa.
Orihime esbanjava um sorriso de cabo a rabo, enquanto ia para o quadro escrever alguma coisa. Ela escrevia com giz amarelo William Shakespeare. Romeo e Julieta. Logo depois corações e carinhas fofas.
- Quem disse isso? Eu nada...
- ...isso mesmo, você prestou atenção no que a professora Akane havia comentado com você no início da aula? - perguntou Orihime, fazendo bico.
A sala estava quase fazia, foi quando Sado-kun aproximou-se sorrateiramente pelas minhas costas me dando um susto.
- Parabéns Rukia, o papel de Julieta se encaixa perfeitamente em você. - disse ele, passando por mim e indo embora da sala.
Que medo eu tenho desses amigos meus. Fui para frente junto de Orihime, peguei um giz branco e risquei o nome. Consegui lembrar do final da conversa da professora Akane ?Muito bem, isso vai ser ótimo para sua nota? e logo veio a mente Orihime comentado ?Rukia que legal, você vai participar da peça?. É, eu concordei sem mesmo saber do que se tratava.
- Ori-chan! Explica melhor, como assim do nada decidiram que eu seria a Julieta? - fiquei zangada, peguei novamente o giz e risquei com mais força no quadro.
- Bem, um pouco antes de você faltar, a professora Akane já tinha comentado há respeito da peça, ela até passou que cargos teriam, pois a sala toda terá que participar. - Orihime parecia uma professora explicando, seu dedo indicador estava levantado para cima, próximo a boca. - A semana que você faltou foi a escolha e votação para cargos, eu e Ishida iremos cuidar das vestes, ah é, o 3ºD iria se unir conosco, por isso de Ishida participar da montagem de vestes comigo....
- ...Sim, mais aonde que eu assinei para ser a Julieta? - perguntei a Orihime, enquanto flexionei meus ombros para cima, balançando a cabeça.
- Bem, suas notas dos 3 primeiro bimestres estão realmente baixas, então a professora decidiu colocar você de Julieta para recuperar sua nota, e também por que houve uma votação, e a maioria votou em você. - Orihime estava de costas, continuava desenhando no quadro figuras fofinhas.
- Quem votou?? Irei massacrar até a 10ª geração desses indivíduos! - com um sorriso meio sádico, tive um Tic nervoso no olho direito e em seguida um sorriso meio assustador.
Orihime soltou o giz e me olhou meio cabisbaixa. Será que fora grosseiro da minha parte?
- Orihime, eu...
- Não, tudo bem, todos estamos ansiosos com a apresentação no final do mês, então estamos correndo contra o tempo. - Interrompeu, forçou a inicio um sorriso, mais logo seus olhos voltaram a ficarem tristes.
O que se passava em sua cabeça Orihime, será que magoei ela? Mais eu foi tão gentil aceitando o fato.
- Bem, já que decidiram, tudo bem pra mim. - dando ombros, como tanto faz.
Orihime abriu um sorriso e correu em minha direção para um abraço, quando Tatsuki Arisawa apareceu na porta. Seu cabelo negro sempre no mesmo estilo, rebelde e sua face sempre séria e meio cabisbaixa.
- Tatsuki? - disse Orihime, com a mão sob seu peito, meio preocupada com sua amiga.
- Vamos Orihime, o intervalo começou. - forçando um sorriso
- Mas... - disse Orihime, meio repreendida pelo olhar agora gélido de Tatsuki.
- Tudo bem, Orihime, nos vemos logo após o intervalo. - coloquei minha mão na cabeça, entrelaçando meus dedos em meu cabelo curto e os bagunçando um pouco.
Orihime correu até a porta e tatsuki sorriu mais convincente desta vez.
- Tchau Rukia-cha. - Sempre se despedindo com um sorriso vivo e contagiante
Balancei minha mão me despedindo. A sala agora estava fazia, bufei ao voltar meu olhar para o quadro. Romeo e Julieta.
Saí da sala. O corredor estava vazio, enquanto passava pelo corredor olhei pela janela. Como o dia estava bonito, nuvens bonitas e arredondadas, fofas e branquinhas, deu vontade de mordê-las. O céu azul como nunca e as árvores e plantas mais coloridas que um quadro pintado.
Foi até as escadas que tavam direto ao terraço, no caminho encontrei Ichigo sentado sozinho nos últimos degraus.
- Ah! Oi. - disse Ichigo, meio distraído, olhando para mim.
- Oi.
Continuei subindo, quando passei por Ichigo senti aquela sensação de desejo que tivera sentido 3 longas noites de minha vida. Aquilo não é, e não seria amor.
Passei por Ichigo rapidamente, quando percebi Ichigo estava se levantando, pensei que o baka iria me dar um tapa na cabeça, devido por hoje mais cedo.
- Rukia....
- Sim...?
Minhas mãos estavam suando frio, enquanto segurava a maçaneta da porta do terraço. Não virei, pois tinha medo de encarar Ichigo e descobrir que aquele homem, era o que eu mais queria. Aquele sentimento era inaceitável para mim. Houve uma pausa tensa entre ambos. E minha vontade era de abrir logo a porta e evitar para sempre de falar com ichigo.
- Rukia, eu serei seu Romeo. - disse Ichigo, perto de meu ouvido, sussurrando lentamente. Senti meu corpo se arrepiar, e naquele momento ficou claro que eu e Ichigo Kurosaki seriamos Romeo e Juleita. Encolhi seco, senti a aproximação de Ichigo se distanciar. Como assim, meu Romeo?
Quando virei, ichigo estava descendo as escadas, como sempre com as mão enviadas pelos bolsos de seu uniforme cinza.
- Hoje depois da aula, iremos ensaiar no terraço, parte da peça Rukia. Não se atrase. - disse Ichigo, sumindo da escadaria pelo terraço.
Hoje mais tarde, somente eu e Ichigo? Não posso vir, mais também não quero faltar.
Continua...