Fiquei uma semana na agonia. Toda noite parava em frente à porta do quarto dela, apenas questionando-me se entrava ou não. Nunca entrei, mas uma noite, tudo mudou. Ela não havia aparecido na pousada naquela noite. Quando bateu doze horas e meu turno acabou, saí. Não sabia onde procurá-la, mas o primeiro lugar onde fui foi o parque.
Não sei dizer porque, mas aquele parque tinha algo de especial com os casais.
Achei-a lá. Estava caída, chorando no meio da ponte. Andei até lá e deixei-me cair ao lado dela.
- Aceito teu convite?
- Não sei, aceitas?
- Aceito.
Voltamos à pousada, entramos em meu quarto e tive a melhor noite de minha vida. Eu, simplesmente, estava feliz como nunca estive antes. O melhor momento aconteceu no dia seguinte. Já eram doze horas da manhã e eu não havia levantado da cama. O melhor: Leticia ainda estava ao meu lado.
Meu pai entrou no quarto a minha procura e viu eu Leticia nos beijando. Ele começou a gritar comigo e, para finalizar, demitiu-me. Eu e Leticia caímos no riso de tão felizes que estavámos.
No mês seguinte, casamo-nos. No ano seguinte, tivemos nosso primeiro filho, Eduardo.
Vivemos felizes pelo resto de nossas vidas. Ainda não sei quando morrerei, mas posso dizer que tive uma vida muito feliz.
Este foi meu testamento.