Reino de Phabricia's II: A Reconstrução do Passado

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    Capítulos:

    Capítulo 1

    Recanto das Flores

    Em algum lugar pelo mapa ? Há muito tempo atrás

    Sem bolsa, malas, ou qualquer outro bem em mãos, adentrei uma pequena cidade no meio do nada para o tamanho, o movimento era bem elevado, já na entrada vários comércios, pousadas, bares e outras coisas, a cidade seguia por uma única rua, que sem espanto era o centro de todo movimento, à noite caindo, e muitas luzes se acendendo.

    Como já era de se esperar, minha chegada repentina, aguçou as línguas e ouvidos dos moradores e, o que para mim parecia ser algo normal, para eles, um viajante era raridade. Alguns velhos nas varandas de suas casas, bêbados nas portas de bares, crianças que por ali corriam brincando, todos pareciam ter parado brevemente para me observar.

    Senti-me em um filme futurístico de Faroeste, com um pequeno toque da sobrevivência Feudal. Enfim, não havia muito que se ver, ou com que me surpreender, não havia nada muito diferente de outras cidades que antes passei. Ao fim da rua uma pequena pousada, a que me pareceu mais aconchegante e calma por ali, meu breve lar.

    Na primeira noite, pude ouvir toda festança pela cidade, as paredes da pousada estavam meio precárias, e as janelas que me serviriam para impedir qualquer interferência sonora em meu sono, ampliavam os gritos e berros de todos próximos.

    Dois dias depois, ainda me sentia observado por todos, que deveriam estar achando muito estranho alguém passar tanto tempo por aquela região. Mas, eu tinha meus motivos.

    Somente no terceiro dia, pude começar a ver o que tinha naquela cidade, depois de tempos vagando por ai, perde-se a noção do tempo, dos dias, mas nesse dia muitos comércios diurnos começaram a abrir. Entre vários, de uma cidadela nada grande, uma pequena loja se destacou, não posso afirmar se pela bela faixa em sua entrada, se pelo estande que coloria sua frente, se pelas flores coloridas expostas, ou se pela bela moça que conduzia os arranjos e borrifava os vasos, e acariciava as flores como a uma criança recém nascida, com todo carinho e compreensão que talvez mais ninguém por ali tivesse, e seus olhos, como conseguiria esquecer esses olhos, negros e brilhantes como pedras preciosas, profundo como o mais antigo e bonito sentimento de amor, a moça dos olhos escuros.

    Mesmo que me escorçasse, não resistia passar algumas horas em um pequeno bar à frente da loja, para poder apreciá-la, e dentro de pouquíssimo tempo, me tornei um fiel freguês da floricultura, e nada mais me satisfazia do que escuta-la dizer: - Bom dia, em que posso ajudá-lo?

    Aos fundos da pousada, encontrei um beco abandonado, gastei três horas para limpa-lo, e me livrar de todos os livros sem que ninguém percebesse, ali montei um mural, usando as paredes, pregas e arranjos pré-montados, arquitetei e construí uma nova floricultura, não como concorrência, mas simplesmente para guardar todas as minhas compras.

    Os dias passavam e minhas compras por mais que parecessem poucas, estavam lotando completamente meu novo canto florido. Fui obrigado a gradear o alto para arrumar espaço. A freqüência na loja aumentava, e a amizade também, cada dia que passava por lá, gastava mais tempo conversando do que comprando. Ainda não entendia o que me prendia a ela, mas dormia especulando: seria o sorriso, o olhar, o jeito como conversava, a leveza e gentileza como agia..., não sei dizer, mas havia de serem todas essas coisas e tantas outras mais, fui a conhecendo, a admirando, me apaixonando, me apaixonando mais do que imaginei estar, mais do que imaginei que estaria, mais do que esperei no dia que a vi abrir os olhos pela primeira vez ainda em seu berço.

    Por menor que a cidade fosse, não a encontrava em outro lugar se não na floricultura. Tentei varias vezes vê-la nas noites movimentadas, nas festanças, comemorações da cidade, e nada, então não havia outro jeito, seria lá mesmo. No dia seguinte, com aquele belo sorriso e simpatia para doar e vender, me recebeu como se não me conhecesse. O dia ensolarado, quente, e com uma brisa perfeita, leve e refrescante, a poeira nas ruas subia sem muito efeito, e como as outras vezes, como nos outros dias, foram horas conversando e rindo, de nossas histórias, de minhas besteiras, foi quando lhe perguntei, e o vento fraco assoviou...

    -Phabricia, me daria à honra de sua companhia esta noite?


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