Acordei quase 9 horas da manhã. Tomei banho, me vesti e saí. Queria encontrar o Ichigo.
Por sorte ele estava no corredor.
- Harumi-chan! Ohayou! - Ele disse, sorrindo para mim.
- Ohayou, Ichigo-kun! - Falei. Decidi chegar ao ponto. - Ichigo-kun... Sobre ontem à noite...
- Fica tranquila. Não contarei a ninguém.
- Não é isso... É que... - Para evitar que alguém escutasse, peguei sua mão e o levei pro pátio. - Você é um vampiro, não é?
Ele me olhou com surpresa, mas desviou o olhar do meu.
- Me responde.
- Sou... Você me odiaria por isso?
- Claro que não... Mas já que você o disse... - Como não havia ninguém, mostrei meu pescoço à ele. - Gostaria de beber um pouco?
- Harumi! Você enlouqueceu?! - Ele se levantou e evitou olhar meu pescoço. - Me recuso a beber seu sangue!
- Eu sei o que acontece com um vampiro quando ele não bebe sangue, Ichigo... Não quero que isso aconteca com você!
- Mas é pra isso mesmo que existem as pílulas! Pra não precisar de sangue humano! Além disso, sou um sangue-puro... Não tem com o que se preocupar.
- M-Mas...
Ele colocou uma mão no meu rosto.
- Tá tudo bem.
Mas de repente ele vê o meu selo no meu pescoço.
- O que é isso, Harumi? - Tirei a mão dele e coloquei a minha encima do meu selo.
- Nada...
- Não minta para mim.
- Ah, olha só! Desse jeito nós nos atrasaremos, não é? Vamos logo pra a sala de aula!
Me sentei do lado da Kimi-chan, que estava com uma cara de interesseira...
- Outro apaixonado? Quem diria!
- Kimi-chan!
- Não esquenta com o Mizuki. Ele não vem mais.
- Hã?
- Acho eu, né? Não vá me dizer que isso vai te deixar triste!
Triste? Antes, até deixaria. Mas agora... Agora ele é um borrão na minha vida. Não tenho porquê ficar triste com isso, não é?
- Claro que não Kimi-chan! Ele agora é um borrão. Não tenho que me preocupar por ele. E sim, pelo Ichigo-kun.
- É assim que se fala! Mas tinha que ser logo o Ichigo-kun?! Ele é tããão feio!
- Eu ouvi isso, Kimi! - Nossa, esses dois se odiando são tão engraçados!
- Ah, vai Kimi-chan... Até que ele não é tão feio... - Brinquei. Nós três rimos, como sempre.
A aula passou despercebida diante de mim. Estava tão feliz com meu novo mundo que tudo me parecia agradável.
À noite, fui ver o Diretor Yoshida. Queria esclarecer minha situação.
- Diretor? Posso entrar? - Perguntei, abrindo a porta da diretoria.
- Ah, Harumi! Claro, entre!
Fechei a porta e me sentei.
- O que a traz aqui, Srta. Saito?
- Meu selo.
Ele, que estava bebendo água, tossiu e me olhou estranho. Colocou o copo na mesa e me fitou profundamente.
- Como assim seu "selo"?
- Eu já sei de tudo, Diretor. Por favor me conte.
Ele suspirou fundo, fechou as cortinas e se sentou novamente.
- A família Saito é conhecida como a mais poderosa família de vampiros existente até agora. Você é uma sangue-pura. Seus pais trancaram seu poder em um selo para que você crescesse como uma garota normal e se livrasse desse terrível destino. Eles queriam que você sempre sorrise.
- Eu posso muito bem sorrir, mesmo sendo vampira. Meu selo se abriu, Diretor.
- Como?!
- Eu sei conviver entre humanos e vampiros. Por favor, não me impessa de continuar o meu destino...
- Ainda há outra coisa que precisa saber.
- O que é?
Ele tirou os óculos e suspirou novamente.
- O líder da divisão vampira é seu primo. Você e ele estão destinados a se casarem.
- O queeeeeeeeeeeee?!?!?!? Aiko-senpai é meu... Primo?
Nesse momento, eu queria correr e bater numa parede. Não é possível! Sou muito jovem pra me casar!
- NÃO vou me casar! Nem vem que não tem! Sou muito jovem! E ainda mais com meu primo!
- Não é agora, é só quando você for maior. Seus pais me pediram para te contar isso tudo na hora certa.
- E por que eles mesmos não me contaram?!
- Porque eles saberiam que você estaria na Academia Yoshida.
Depois de um tempinho...
- Aiko-senpai é 6 anos mais velho que eu... Ele tem 22 anos! E eu tenho 16!
Saí daquela sala com a mesma vontade de socar uma parede. Fui para o pátio. Lá, eu sempre me sentia tranquila.
- Oi, Harumi-chan. - Era Ichigo.
O cumprimentei e ficamos sentados na grama um tempo, até que eu lhe disse:
- Beba meu sangue, Ichigo-kun! Por favor!
Ele ficou assustado com meu pedido. Mas eu sabia que ele iria morrer sem sangue. E ele odiava aquelas pílulas.
- Por favor... Não quero que você morra... Sei que você odeia aquelas pílulas... Então, por favor...
- Não Harumi! Por que você insiste? Você precisa de sangue! Eu não posso depender do seu sangue!
Sem querer, eu me cortei com um galho pequeno que estava no chão. Mostrei minha mão que estava com sangue para ele.
- Pelo menos a mão... Desse jeito sinto que estou te ajudando...
Senti seu coração bater forte. Ele estava resistindo. Mas não conseguiu e acabou bebendo o sangue da minha mão.
Depois me abraçou.
- Gomen nassai, Harumi-chan... - Ele mordeu meu pescoço. Desta vez, eu senti a mordida. Parecia com uma picada de cobra com dentes afiados. Ele ficou assustado com o que fez e saiu correndo. E eu fiquei lá, com a mão no local da mordida.
De repente, o meu selo começou a se abrir.