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-Agora vá, siga pelo tunel, e não olhe para trás.
-Nós vamos nos ver denovo não vamos?
-Mas é claro!- Respondeu apertando as mãos delicadas da garota com ternura.
-Você promete?
-Prometo.- Respondeu com um sorriso - Agora vá.
-E meus pais?-Perguntou a garota
-Ja foram na frente.
Então,eu fui. Chegando na entrada do templo, olhei para trás. E então, eu acordei.
-O mesmo sonho toda noite- Disse mentalmente-Talvez eu deva voltar lá...
-Lá a onde Chihiro? -Ouvi a porta do meu quarto se abrir.Acho que dessa vez não falei só em pensamento.
-Lugar nenhum mamãe. Que horas são?
-06:30. Você tem aula hoje ?- Ela me perguntou com uma sombrancelha levantada.
-Tenho.E estou atrasada.- Disse eu levantando em um pulo,não muito apressada.Eu sempre me atrasava.
-Ah é? E deixa eu adivinhar...Não vai tomar café hoje novamente?
Eu a encarei com um leve sorriso.
-Que prêmio eu ganho dessa vez? Um fogão novo? E que tal uma geladeira nova? Esta casa está caindo aos pedaços.
-Muito engraçada mamãe.Muito engraçada- Disse eu enquanto atravessava a porta guardando meu casaco na mochila .
Enquanto eu descia as escadas, pensava em meu sonho repetitivo e sempre interrompido. Sera que eu devo mesmo voltar lá? Sim. Eu devo e vou. É claro,depois do colégio.
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Na portaria do colégio, a Sra. Ai abriu os portões para mim com a mesma falta de vontade de sempre.
-Já vi que o canto do galo não funcionou hoje denovo Chihiro. -Disse a velha com uma expressão carrancuda.
-Quem sabe amanhã. -Respondi sem vontade e sem olhar para aquela senhora com a pele fina e enrrugada, com o mesmo vestido verde desbotado e cabelos alvos. Sempre senti que já a conhecera de algum lugar.
No caminho da sala, senti minha barriga roncar. Tirei a maçã que mamãe colocou em minha bolsa e mordi. Parei em frente á sala e olhei no relógio. 07:20. Descidi não entrar e continuei andando, em direção ao jardim sem vida do meu colégio.
Sentei no banco que fica embaixo da unica arvore do jardim. Tirei minha mochila das costas e deitei minha cabeça sobre ela. Olhando para os galhos, ainda com minha maçã na mão, vi um homem de costas em um dos galhos. O homem usava uma capa preta. Me sentei novamente, e o homem virou. Passei as mãos nos olhos, não pude acredidar no que estava vendo. Sem rosto. É ele. Ele veio me buscar.