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Sinto muito por estar viva, é algo que eu costumo dizer. Eu sempre estive simplesmente reclamando, uma existência insignificante. Todos do meu vilarejo têm belos cabelos verdes, eu sou a única estranha, com esse cabelo branco.
Dentro da floresta fica uma árvore velha, eu sempre venho aqui sozinha, e rezo para Deus. Vivendo sempre sozinha, eu apenas quero alguém, qualquer um, para ser meu amigo.
(...)
Eu a encontrei perto da velha árvore. Isso começou quando eu a ajudei, quando ela estava desmaiada no chão. Pouco tempo depois viramos amigas, mas, aquela garota e eu, somos muito diferentes.
Ela tem o mais belo cabelo verde do vilarejo, ela é amada por todos, com sua voz gentil e seu sorriso.
- Por que você está sendo tão gentil comigo? Você está apenas com pena de mim porque eu sou tão inferior a você? ? questione-ia num dia em que estávamos perto da árvore onde eu a encontrara.
Ela gentilmente me abraçou e me disse enquanto eu chorava:
- Você é a pessoa mais maravilhosa que já conheci ? suas palavras soaram como uma brisa gentil sobre mim.
Eu chorei nos seus braços.
Mesmo que o mundo inteiro tenha rido e me desprezado eu tenho uma pessoa que precisou de mim. Isso é tudo o que eu preciso para ser feliz.
(...)
Nós fugimos do vilarejo e passamos a viver em uma cidade, embora tudo pareça estranho, está tudo bem, estamos juntas. Nós nos tornamos empregadas, de uma família rica. Foi o trabalho que conseguimos para sobreviver.
Um dia, um homem de cabelo azul veio ao palácio, o seu encontro distorceu tudo. Um príncipe, do outro lado do oceano. Quando a viu no jardim trabalhando, ele se apaixonou profundamente por ela, tanto que rejeitou a proposta de casamento de uma rainha de um país vizinho.
A nação foi tragada por uma guerra, a rainha deu a ordem:
??Encontre todas as mulheres de cabelo verde, e acabe com elas??.
Todas, todas se foram, exceto eu, por meu cabelo branco. Eu queria ter morrido em seu lugar... Por que, por que...?
(...)
Eu sinto muito por estar viva, algo que eu costumo dizer. Eu sempre estive simplesmente reclamando, uma existência insignificante. Eu comecei a viver em uma pequena capela perto de um porto. Ouvi rumores, de que a rainha morreu na revolução. Eu a encontrei perto da capela, isso começou, quando eu a ajudei enquanto ela estava desmaiada no chão. Pouco tempo depois, nos tornamos amigas. Mas, aquela garota e eu éramos muito diferentes.
(...)
No confessionário vazio a noite, eu ouvi toda a confissão dela. Há, como pode ser... Ela é realmente, a filha do mal. Nesse momento todos os acontecimentos surgiram em minha mente, e quatro palavras ecoavam em minha mente:
?? A culpa é dela??.
Em um porto fora da cidade, está uma garota imóvel. Eu fui por detrás dela, peguei uma faca no meu bolso, apontei para suas costas, e ergui.
Há algo que eu preciso me desculpar com você... Eu não pude te vingar. Ela é a garota que eu era, uma garota muito, muito solitária, vivendo sempre sozinha, é muito triste.
Aquela garota que não sabia fazer nada,está aprendendo a cozinhar e fez um brioche delicioso hoje. Naquele momento, no porto, eu tive uma alucinação. Eu queria saber, quem era aquele garoto?