Sora Lusting

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    Capítulo 5

    A BATALHA INESPERADA.

    Violência

    Sora foi até a faculdade acompanhada de seus novos escudeiros. Ela andava totalmente calada, sem dizer uma sequer palavra. Apenas olhava as vezes para um e para outro. Começou a falar-lhes como apesar de tudo era bom ter companhia para ir até a faculdade. Foi quando uma senhora passou olhando-a estranhamente.

    - Vocês sabem o porquê dela ter olhado tão assustada assim pra mim?

    - Deve ser porque você está falando sozinha ? Kuro falou calmamente com um sorriso irônico no rosto como o de costume, levando as duas mãos para trás da cabeça enquanto andava olhando para frente sem dar muita atenção à Sora.

    - Resolveu admitir que você é fruto da minha imaginação foi? ? Ela falou irritada com aquele jeito absurdo de deboche dele.

    - Esquecemo-nos de lhe avisar que só podemos ser vistos por você, já que é a guardiã do equilíbrio. Só seremos vistos por outras pessoas em casos de extrema necessidade ? Shiro explicou pedindo desculpas.

    - Podiam ter avisado antes, aí eu não daria uma de louca em praça pública.

    - Desculpe, eu não dei atenção à esse detalhe.

    - Vamos logo... Eu estou quase atrasada.

    Ela sai correndo para entrar na faculdade, mas bate de cara num tipo de barreira invisível que a faz cair no chão bruscamente. Ela olha para a faculdade e o céu começa a escurecer levando as sombras até a faculdade e ao redor dela, até que não conseguisse mais enxergar o prédio. Estranhamente as pessoas que passavam por ali pareciam não notar tal fato.

    - O que está acontecendo aqui?! Mas que droga é essa?! - Fica muito espantada com a situação.

    - Parece que a princesinha vai ter que aprender na marra a controlar seus poderes hoje.

    - Prepare-se Sora, você terá que lutar.

    - Mas, mas...

    Antes que ela pudesse queixar-se, do pico das trevas surgiu um grande demônio. Ele era tão desfigurado e feio que ela nem conseguia defini-lo como um ser vivo, mais parecia uma montanha de gosma petrificada pelo tempo que vinha em sua direção num ataque feroz e corriqueiro. Ela estava gélida e não conseguia pensar em nada. Ele era realmente grande e dava pra sentir sua fome por sangue mesmo de longe. Era diferente de qualquer coisa que ela já havia visto ou imaginado. Enquanto ela olhava horrorizada para aquilo quase foi morta por um de seus ataques explosivos que arrancou uma profunda parte do chão abaixo do lugar em que estava caída pelo susto que havia tomado.

    - Você está louca ficando parada daquele jeito?! Se eu não tivesse tirado você dali, teria morrido! Se concentre, não sinta medo! Apenas concentre-se em derrotar aquele inimigo! ? Kuro estava sério dessa vez e não poupou Sora daquele sermão.

    - Mas eu não posso dar conta daquele monstro, você viu o tamanho dele? E você percebeu que eu não tenho nem metade do tamanho daquele bicho?!

    Enquanto discutiam, Shiro tentava segurar o demônio com ataques à distância, emanando uma misteriosa energia ao redor do corpo. Foi quando ela ouviu gritos horripilantes vindos de dentro da esfera negra que cobria todo o campus da faculdade.

    - Está ouvindo esses gritos? São os gritos das pessoas presas dentro daquela esfera negra! Esse demônio é um Ocrin. Ocrins prendem pessoas num determinado lugar e se alimentam do medo e força vital delas. Quanto mais medo sentem, mais perdem suas vidas e mais poder dão ao demônio até que todos morrem e o demônio some indo para outro lugar onde haja uma nova aglomeração de pessoas para servirem de vítimas!

    - O quê?! Isso não é possível!

    - Pare de querer entender as coisas pela lógica deste mundo e concentre-se no que seu coração diz! Você precisa salvar aquelas pessoas! Ou você vai deixá-las morrer?

    - Certo, o que eu preciso fazer?

    - Eu não posso ensinar outra coisa se não isso: Sinta raiva. Sinta muita raiva por ele fazer algo tão cruel. Sinta raiva pelas pessoas que ele já matou. Sinta raiva o suficiente para ela tornar-se viva!

    Sora já estava com raiva por causa de toda a situação, mas a confusão enorme e o medo dentro dela haviam paralisado seus pensamentos. Porém, ela ouviu a voz de Jun vindo de dentro da esfera e após o que os dois falaram, ela não podia simplesmente ignorar tudo. Ela começou a odiar aquela situação. Odiou o demônio que subitamente apareceu e que estava querendo matar as pessoas, odiou o fato de que Jun estava sendo morto e ela não conseguia fazer nada para ajudar. Ela odiou tanto tudo aquilo que sem nem perceber já havia se transformado. A raiva era tanta que as asas em suas costas pareciam estar pegando fogo e o sangue dela parecia queimá-la por dentro. Aquela raiva parecia possui-la. Foi então que ela andando em direção ao monstro disse ?SEIGI? e em sua mão surgiu uma arma. Ela tinha uma forma estranha. Parecia ser uma junção de arma e espada. Mas sora nem ao menos hesitou. Ela apontou a arma para o monstro desejando que ele voltasse para o buraco imundo de onde havia saído. Uma enorme energia foi atirada em direção ao demônio e ele foi consumido nela. A esfera negra ao redor da faculdade havia sumido e Sora estava feliz e aliviada quando caiu desmaiada novamente, sem força alguma.

    - Isso foi rápido ? Ela disse quase sem consciência.

    - As pessoas não podem vê-la assim! ? Shiro gritou para Kuro.

    - Certo! Eu a levo e você faz a conspiração!

    Shiro fez um sinal positivo com o rosto. Kuro segurou a garota em seus braços sumindo como se nunca estivessem estado ali. Shiro estendeu as mãos para cima recitando algumas palavras parecidas com um mantra. Uma luz tomou todo o lugar deixando-o sem nenhum rastro de batalhas. Ele parecia até mais bonito do que antes. Tudo estava em ordem e ele foi embora para onde sua protegida estava. Sora acordou novamente em seu quarto, faminta. Veio-lhe um relance de memória como num flash e ela lembrou com grande aflição tudo o que aconteceu na faculdade. Estava preocupada.

    - Shiro! Shiro!

    - Você é sempre tão cheia de energia assim quando acorda?

    Ela levou um susto, como sempre levava, aliás. As lágrimas caíram de seus olhos ao pensar em tudo o que havia acontecido. Sua mente estava confusa e ela não tinha ideia de como tudo havia ficado.

    - Diga-me como estão todos. Diga-me que Jun está bem e que a faculdade está exatamente como era antes, por favor, me diga que aquele monstro morreu.

    - Eu tenho que te carregar, sentar aqui e observá-la durante uma semana inteira e ao acordar você nem ao menos agradece e ainda exige explicações?

    - Por favor, me diga o que aconteceu...

    Ela chorava incontrolavelmente pensando na possibilidade de seus colegas estarem mortos ou feridos. Ela estava realmente atormentada com a situação, mas Kuro parecia divertir-se com aquele episódio de inconsolável aflição da garota. O desespero dela parecia tão doce pra ele que lhe punha até um sorriso traiçoeiro no rosto. Ele estava, inclusive, pensando se deveria contar que tudo estava em ordem ou se poderia vê-la agonizando um pouco mais. Mas, não houve tempo. Ela levantou-se rapidamente. E quando quase caiu no chão foi apanhada por ele que entendeu que não deveria continuar com a brincadeira de mau gosto. Enquanto a colocava de volta na cama disse:

    - Está tudo bem. Todos estão bem. Pare de agir como uma criança desesperada. Mesmo que você não tivesse conseguido derrotar aquele monstro naquele dia eu e Shiro teríamos feito. Apenas achamos que era a oportunidade perfeita para você aprender um pouco mais sobre seus poderes.

    - Vocês estavam apenas me testando?

    - Testando não. Treinando.

    - Aquelas pessoas poderiam ter morrido!

    - Nós não deixaríamos. Não podemos deixar. Esse mundo, por ser o lugar escolhido para o ponto de equilíbrio, deve permanecer em paz, harmonia e equilíbrio assim como a portadora de Lusting. Porém a fenda que liga a luz e as trevas está localizada aqui. Vários outros demônios e até mesmo anjos aparecerão tentando mata-la para que o equilíbrio não seja restaurado. Eles querem tomar o poder para si e fazer do universo um lugar de caos sem ordem alguma.

    - Mais monstros e até mesmo anjos?! Mas eles não deveriam ajudar a proteger o equilíbrio?

    - Eu adoro uma bagunça. Todo demônio adora uma bagunça. Mas você sabe que muitos demônios são na verdade anjos que caíram. Anjos que se revoltaram contra a vontade da luz. Eu sou um deles. Um anjo das trevas. Um anjo destinado à escuridão que eu mesmo busquei. Minha natureza é essa. Digamos que existam outros anjos caídos, mas existem anjos revoltados esperando apenas uma abertura na fenda para destruir o ponto de equilíbrio que é você para que haja uma desordem tão grande que nem mesmo os mais poderosos da luz ou das trevas poderiam controlar. E não haveria ?mundo da luz?, não haveria ?mundo das trevas? e seu mundo deixaria de existir. Tudo seria apenas um aglomerado de criaturas sedentas por sangue, sedentas por poder, sedentas por violência, sedentas por uma justiça torta entre várias outras coisas. Eu não sou um ser feito apenas de ódio só porque fui denominado demônio. Eu já fui um ser de luz. E ela não se extinguiu em mim, só que o lado escuro em mim é mais forte. Porém, eu sou de certa forma, fiel às autoridades destinadas à escuridão. Outros demônios simplesmente querem o poder total. São diferentes de mim.

    - Eu vou ter que viver lutando para sempre?

    - Não. Apenas até conseguir controlar-se por completo. Você possui dons que nenhum outro ser possui e por causa disso tem muitas responsabilidades. Shiro deve estar chegando com sua comida. Eu não sei cozinhar nada, por isso não posso fazer nada para que você coma. Apenas posso tomar conta de você enquanto dorme ou ajudar em outras coisas. Mas Shiro sabe muito bem sobre a culinária humana. Parece que ele foi dotado de conhecimentos apenas para poder te servir. A partir de agora sua vida nunca mais será a mesma. Conforme-se com isso e aceite o seu destino. Será melhor assim. A partir de agora, você treinará para proteger as pessoas que ama.

    Continua...


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