Marcada Pela Dor

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    Capítulo 2

    O Parto...

    CAPITULO 02 - O Parto.

    O homem não sabia o que fazer, mesmo seguindo as instruções que sua mulher dizia, ele se sentia incapaz de fazer aquilo, mas era preciso... Sua esposa esgotara todas as suas forças; se isso continuasse, com certeza não só ela, mas seu filho também, poderia morrer, e se isso o acontecesse ele não suportaria tamanha dor, e mesmo com o medo e a dúvida surgindo dentro si, ele não podia deixar de seguir em frente.

    - Maya! Fique comigo, não feche os olhos. - falava o homem, desesperado.

    Ás forças da mulher já estavam chegando ao seu fim, sua face demonstrava que suas energias haviam se exaurido por completo.

    - Não se preocupe não vou fechar os olhos, estou apenas reunindo as forças.

    - Que bom! Pois se você dormir não sei como farei isso tudo aqui!

    Os olhos do homem eram de alguém que suplicava por ajuda, e que não importava de onde viesse, mas que o ajudasse neste momento de provação. Ele começou a fazer uma oração silenciosa. Apesar de viver na Itália alguns membros de sua família eram da Grécia, onde eles eram devotos dos deuses, e ele se recordou disso.

    - Não sei como fazer isso, mas rogo a todos os deuses que possam me escutar... ajude-me e guiem minhas mãos neste momento difícil, me ajude trazer meu filho a este mundo e que minha mulher fique bem... - fechando os olhos ele rezou no que pareceu segundos, mais com toda fé de seu coração.

    A chuva agora caia fina do lado de fora, uma leve garoa batia em seu telhado, o céu começava a ser clareado pela a luz da lua e das estrelas, que ainda eram encobertas pelas grossas nuvens. O homem estava sem fôlego, como se o ar lhe faltasse nos pulmões, sua pulsação estava acelerada, suas mãos calejadas de manejar aço e ferro estavam tremendo e suando...

    - Querido, não agüento mais! Se não for agora, não sei se conseguirei... - falou a mulher, quase aos sussurros e gemidos.

    - Está certo amor... vamos nos esforçar para trazer nosso filho a esta terra. - falou o homem, angustiado.

    - Certo... - respondeu a mulher, fracamente.

    O homem, seguindo as instruções da mulher, trouxe água para próximo da cama e varias toalhas para a mulher; deu-lhe uma para que ela mordesse firmemente para abafar os gritos, e as outras usou para limpar o corpo suado da mulher que suava e reservou algumas para limpar a criança assim que nascesse.

    - Vamos amor.. força... empurre! - falava o homem, eufórico.

    A mulher se esforçava, gemendo e mordendo a toalha, o homem segurava a mão da mulher e a incentivava para ela continuar.

    - Vai amor, esta saindo! Já consigo ver a cabeça...! Mais força, que vai dar! - o homem olhava a mulher dar tudo de si e se sentia incapaz de ajudar mais do que estava fazendo. A mulher segurava forte a mão do homem, lágrimas se misturavam ao suor que escorrida de sua face, o céu estava ficando claro e as estrelas começando a brilhar ainda mais no céu negro da Itália, o rosto da mulher estava vermelho agora, pelo esforço tremendo que ela fazia... O homem não estava conseguindo lidar bem com aquilo, mas não poderia demonstrar para sua mulher esta fraqueza, pois ele era o porto seguro dela, e sendo assim ele teria que passar esta sensação fosse como fosse, alguns minutos se passaram de esforço.

    - Vai amor, já está vindo! - o homem falava com lágrimas nos olhos e sorrindo para sua mulher, mostrando que faltava pouco para acabar.

    A mulher não agüentava mais tanto esforço, seria agora ou nunca, ela reuniou o que restava de suas forças e empurrou o mais forte que pôde em uma só contração, nem mesmo a toalha em sua boca foi capaz de conter o grito que saiu de seus pulmões que rasgam a noite silenciosa, regada pelo o assovio da coruja ao pé da árvore da casa do casal.

    - AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! - gritou a mulher, mais uma vez, e se fez silêncio.

    De repente um choro começava a se escutar ecoar no pequeno quarto, e nos braços do homem havia um pequeno e lindo bebê que estava enrolado em uma toalha branca, mas agora estava manchando com sangue e fluidos da placenta da mulher. O homem carregava gentilmente o frágil e delicado corpo da criança para próximo da mulher, que chorava de alegria e emoção por ver seu filho, nos braços de seu marido.

    - Veja Maya! Nosso filho... Ou melhor, nossa filha, pois é uma linda menininha... - falava o homem, chorando e sorrindo, olhando nos olhos cansados de sua mulher que sorria fracamente.

    - Ela é linda... - disse a mulher, chorando e beijando a testa da menina.

    - Mais é claro que é! Puxou a mãe. - disse o homem, sorrindo e se aproximando de sua mulher para abraçá-la, enquanto passava o bebê para os braços dela.

    - Ela é linda mesmo. Mais ela tem muito de você, veja os cabelos dela. - a mulher brincava levemente com o pouco cabelo do bebê.

    - De fato, mais os olhos dela e o esmeralda dos seus, sua jóia, agora reside em nossa filha, uma parte de você estará sempre com ela. Mais como iremos chamá-la amor? - perguntou o homem á mulher, que agora segurava a menina nos braços.

    - Vamos chamá-la de Shina! - falou, sorrindo para a menininha que brincava com seu dedo e parecia gostar do nome.

    - Porque Shina amor? - perguntou o homem, confuso e olhando para sua esposa, que brincava com o bebê.

    - Bem querido, Shina vem do Hebraico, e quer dizer ?Música ou melodia?, e foi o que ela nos presenteou hoje com seu choro, que parecia mais uma linda melodia do que de fato um choro, pois ao chorar mostrou estar viva e saudável, e que tudo acabou bem.

    - É verdade... Você esta certa amor, então assim ela se chamará: Shina, a doce melodia... - pegando a menina nos braços e a erguendo. - Você é filha de Maya e Listel, e que os deuses olhem e abençõe você e a proteja, minha querida.

    E como se o céu ouvisse, a lua, que se escondia nas nuvens, se abriu para iluminar a criança que era erguida aos céus pelo pai, e assim nasce a criança que terá um destino difícil e doloroso no mundo, que poderá fazer a diferença de uma forma única.

    Continua...


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