Os dias foram passando quase normalmente. Sirius Black era visto em todos os cantos, qualquer sombra que se movia era o próprio braço direito do Você-sabe-quem, se esquivando, tentando agarra todos. O único que não estava nem ai para isso era Solom, ele tinha problemas demais para se ligar a um louco fugitivo. Cada dia tinha mais sonho... já estava começando a atrapalhar seus estudos. Um dia, após uma aula, ele resolveu ir conversar com o pai, e ouviu uma pequena discussão dele com Lupin.
- Severus, você não está sendo justo. ? Lupin parecia ofendido, pensou Solom.
- Você fala como se eu me importasse com o que pensa Lupin.
?Boa pai!?
- Eu nunca o traí, você é e sempre foi importante pra mim.
- Percebe-se!
?Dá nele coroa!?
- Confesso que tive medo naquela época, mas agora eu seria capaz de qualquer coisa por você. ? Solom sorriu aliviado ao ouvir isso.
- Essa é a diferença entre nós Lupin, você é um Gryffindor com a coragem de um leão se escondendo em baixo da cama feito um gatinho covarde, mas eu não tive essa opção. Eu tive que enfrentar sozinho tudo o que a vida me jogou, com um Slytherin que sou.
?Oh, oh!?
- Não estou entendendo! ? Lupin se levantou e chegou mais perto dele.
- Esse é o seu maior problema Lupin. ? Severus estava de pé e muito tenso. ? Você não entende que eu tenho outras prioridades em minha vida.
?Nossa! Essa vai fica roxa!?
- E por um acaso, uma dessas novas prioridades seria o jovem McCloskey?
?Na mosca?
- Isso não lhe interessa Lobo.
?Ui!?
- Você me chama do mesmo jeito que ele. Você o ama Severus? ? Lupin ficou preocupado com a resposta.
- Isso não é da sua conta. Você nunca se importou antes com o que sinto ou passei, por que isso agora?
- Severus, você fala como se o que aconteceu entre nós tivesse tido conseqüências mais sérias! Aconteceu algo mais Severus? ? Lupin falou, e Solom pôde ver seu pai tentando fugir, ele falou demais, estava sem resposta. ? Me responda Severus, o que aconteceu?
- Sim, eu! ? Solom entrou pela porta para socorrer o pai. Severus ficou totalmente sem cor, achando que Solom fosse falar de mais. ? Aconteceu que eu entrei na vida dele, e agora Lobo, ele não precisa mais de você.
- O que pensa que faz aqui Sr. McCloskey? ? Lupin queria matar aquele garoto.
- Estou defendendo o que é meu. O que está pensando Lupin? Que você pode entrar na vida dele, revirá-la do avesso e depois sair a seu bel prazer? Está equivocado. ? Solom falava, se aproximando de Lupin. ? Severus não é mais o adolescente que você e seus amiguinhos infernizavam a vida, ele agora tem quem o defenda. Eu estou aqui pra isso, LOBO...
Severus estava atônico vendo a postura de filho. Olhou para Lupin e viu ódio no olhar dele, mas Solom também tinha o olhar assustador. Severus teve a impressão de ver a si mesmo quando estava furioso. A mão de Lupin foi para dentro do casaco, a de Solom também.
?Céus! Eles vão se enfrentar! Isso não pode acontecer?.
- Não admito este tipo de atitude em minha sala. ? Severus teve que tomar uma postura mais energética para evitar o pior. ? Lupin, retire-se, por favor.
- O que, você está me expulsando?! ? Lupin estava incrédulo.
- Eu preciso fala com o Sr. McCloskey.
- Eu não acredito Severus! Você quer ficar com ele???
- Parabéns! Lobo, você não é tão lesado quanto parece. ? Solom não resistiu.
- Ora, seu...
- Profº Lupin, Sr. McCloskey, parem imediatamente com isso. Lupin, saia agora. ? Severus ficou entre os dois de frente para Lupin, que lhe olhou atordoado.
- Severus, eu te amo! ? os olhos de Lupin ficaram molhados. Severus estremeceu ao ouvir isso, e Solom sorriu de lado, ele realmente acreditava nos sentimentos dele.
- Fora Lupin. ? aquilo doeu em Severus. Lupin olhou para o garoto e saiu derrotado.
- Ele falou a verdade, quando disse que te ama. ? Solom falou baixo, se sentando em uma poltrona.
Severus ainda olhava para a porta por onde Lupin havia saído.
- Seu garoto estúpido! ? Severus se virou furioso para o filho. ? Sabe que pode ser expulso por essa sua atitude?
Solom apenas deu os ombros.
- Se Lupin levar isso a Dumbledore, ele não vai poder simplesmente relevar, você desacatou um professor de Hogwarts, será punido.
- Eu apenas defender o meu pai. ? Solom foi se levantar, mas perdeu o equilíbrio e Severus o amparou.
- Solom! Que esta acontecendo?! ? Severus o ajudou a sentar-se, toda a raiva que sentia se transformou em preocupação.
- Eu... Droga pai! Acho que já começou. ? Solom estava triste. ? Perdi a primeira aula de hoje, dormir demais. Certo que se eu tivesse ido a aula provavelmente teria dormido também. Era História da Magia.
- Solom! ? Severus sentiu uma dor no peito, ele não queria perder o filho.
- Pai, eu sei a resposta, mas tem como inverter o processo? ? Severus negou com a cabeça. ? Certo. Pai eu gostaria de lhe pedir uma coisa.
- Qualquer coisa filho. ? Severus faria qualquer coisa por ele.
- Gostaria que o Sr. contasse pra ele. Antes que eu me transforme. ? Solom olhou para o pai que parecia engolir uma melancia. - Pai, eu não vou esquecer você, mais também quero lembrar dele.
- Vou tentar filho, vou tentar. ? Severus sabia que a vida de Solom seria difícil, e não seria justo privá-lo do outro pai nessa fase.
Os dias não foram mais fáceis. Severus agradeceu aos céus por Lupin não ter levado o incidente ao diretor, mas Solom estava cada dia mais sonolento. Alguns professores se queixavam da ?preguiça? do rapaz. Severus tinha que se controlar para não esganar um. O diretor apenas pedia paciência a todos. Lupin não tentou mais falar com Severus, que ficou intimamente triste com isso.
Um dia, Solom ao perceber a tristeza do pai, resolveu intervir. Quando Lupin terminou uma aula, Solom ficou esperando para lhe falar.
- O que deseja Sr.McCloskey? ? Lupin falou, serio.
- Apenas ter uma palavra com o Sr. É possível? ? Solom sabia que essa conversa não seria fácil.
- Estou ocupado agora. O Sr. poderia vim outra hora? ?Lupin não queria falar com ele, era doloroso saber que aquele moleque havia lhe roubado o amor de Severus.
- Não professor. O que tenho para lhe falar é rápido.
- Tudo bem Sr. McCloskey. Seja breve.
- O Sr. Disse que ama Severus...
- Isso não lhe diz respeito Sr. McC...
- Está enganado Profº. ? Solom também o interrompeu. ? Tudo que se refere a ele me diz respeito, Severus é muito importante pra mim.
- Escute aqui garoto, você se aproveitou da fraqueza dele. Tenho certeza que sabe da situação dele e se aproveitou disso. ? Lupin ficou de frente pra ele. ? Tudo bem rapaz, fique com ele, ele deixou bem claro pra mim que prefere você.
- Você é um idiota! Ele é um hermafrodita, apavorado com o que é, mas você o fez pensar que ele era importante, o fez se sentir feliz e normal, mas quando ele mais precisou de você, do seu apoio, e o que você fez??? O abandonou como um covarde que você é, por isso que o perdeu! ? Lupin veio pra cima dele e o agarrou pelo colarinho, Solom se desequilibrou como o avanço dele e sentiu uma certa vertigem e segurou a ele para não cair, Lupin percebeu.
- McCloskey? ? ele ficou realmente preocupado, o rapaz estava muito pálido.
- Ele te ama. ? Solom falou a queima roupa. ? Ele sofreu muito quando você o deixou.
- McC...
- Por favor, me deixe terminar... ? Solom respirou fundo. ? Ele vai precisar de você muito em breve.
- Do que está falando? ? Lupin percebeu que ele estava frio e tremulo. ? É melhor leva-lo a enfermaria.
- Se o fizer sofrer novamente... ? Solom se desviou dele e completou. ? ... Eu juro que vou fazê-lo se arrepender muito Lobisomem. ? Solom saiu rápido da sala, Lupin ficou sem entender o que havia acontecido.
No outro dia as coisas ficaram piores... todos estavam sentados almoçando, Lupin olhava para Solom curioso, pois o rapaz não comia nada, estava totalmente apático. Ele olhou para Severus que também parecera perceber isso. Solom então se levantou da mesa e veio andando devagar em direção a mesa dos professores, mas no meio do caminho ele parou e caiu de joelhos no chão. Severus viu Solom se levantar e se arrastar até a mesa, mas caiu antes de chegar. Ele se levantou rápido e correu até ele, seguido por Dumbledore. Isso chamou a atenção de todos que viram Solom caindo de frente, e Severus correu para ampará-lo. Houve muita algazarra com aquela cena, alguns alunos da Sonserina se levantaram, assim como de outras casas. Solom caído nos braços do pai falou totalmente alheio a situação.
- Começou. ? e flechou os olhos, acomodando-se no peito do pai.
Severus o carregou para a enfermaria, Dumbledore o acompanhou. Chegando lá, madame Pomfrey praticamente o expulsou de lá para poder examinar o rapaz. Severus ficou junto com Dumbledore do lado de fora, andando de um lado para o outro.
- Acalme-se Severus. ? o Diretor falou. ? Ele está bem.
- Como bem Albus? ? Severus parecia que iria ter um enfarte.
- Ele só está dormindo Severus, pare de agir como...
- Como o que Albus? Como uma mulher entérica? ? Severus estava perdendo o controle, mas Albus sabia que era medo de perder o menino.
- Eu ia dizer que como se ele fosse morrer. ? Albus se aproximou dele. ? Sei o quanto está sendo difícil Severus, mas Solom é forte, exatamente como você, não vai perdê-lo assim tão fácil meu amigo.
- E se for outra coisa? Se ele não acordar mais...?
- Severus! Estamos falando de Solomon, acha mesmo que ele vai deixá-lo assim? ? Dumbledore sorriu para ele. Madame Pomfrey apareceu na porta e Severus foi o primeiro a falar. ? Como ele está Madame?
- Me desculpe Profº., mas essa informação só compete ao diretor.
- Ora sua...
- Papoula. ? Dumbledore intervêm. ? O Profº. Snape é parte interessada no assunto.
- Tudo bem! Ele só está dormindo, mas há uma grande oscilação da energia mágica dele.
- E o que isso quer dizer? ? Severus estava ancioso.
- Na verdade, parece que ele está armazenando magia, para usá-la depois.
- Isso é normal Madame? ? Dumbledore perguntou.
- Sim, quando um bruxo está se preparando para evoluir para algo mais. ? Severus perdeu o resto de cor que ainda tinha.
- Mas o resto está normal Madame? Quanto tempo ele irá dormir? ? Albus fingiu não ver a reação de Severus.
- Sim Diretor, ele está bem, e deverá dormir por alguns dias. ? Severus passou a mão pelos cabelos.
- Eu não lhe falei que ele estava bem? ? Albus colocou a mão sobre o ombro de Severus.
- Há um problema Diretor... ? Pomfrey fez os dois a olharem. ? A enfermaria da escola está interligada a St. Mungo?s, se um aluno ficar inconsciente por mais de quatro dias eles saberão e mandaram um medibruxo para examiná-lo, e se caso precise o paciente será transferido por uma via especial para lá. ? ela explicou a eles.
- Levar Solom daqui? ? Severus quis matar um. ? Eu não vou deixar leva-lo!
- Tudo bem Severus, vamos resolver isso depois. ? Dumbledore sorriu dele e perguntou. ? Podemos vê-lo Madame?
- Sim, mas ele provavelmente não terá reação alguma.
Os dois entraram e ficaram um tempo com ele, e depois voaram aos seus afazeres. Quando Severus chegou nas masmorras, viu Lupin lhe aguardando. Ele quis passar direto, mas Lupin o segurou pelo braço.
- Severus, como ele está?
- Como se você se importasse! ? Severus não queria falar com ele agora.
- Por favor Severus, só quero saber como ele está.
- Ele está bem. ? Severus ficou derrotado.
- Ele é tão importante assim pra você?
- Sim.
- Mas do que nós?
?Idiota, ele é um pedaço de nós?.
- Lupin, agora eu preciso me preparar para a próxima aula. ? Severus entrou em sua sala sem falar mais nada, e fechou a porta deixando Lupin do lado de fora.
Três dias se passaram e Solom continuava dormindo. Severus foi chamado a sala do diretor. Madame Pomfrey estava lá também.
- Severus, você se recorda o que Madame Pomfrey falou? ? Severus concordou. ? Amanhã uma equipe de St. Mungo?s virá para ver Solom.
- Sei Diretor. ? Severus estava um pouco ansioso.
- É por isso que Solomon McCloskey deve morrer.
Continua...