Depois que se sentiu melhor, ela pegou suas coisas e tomou o rumo de casa. Ao chegar numa certa rua, ela começou a ouvir as batidas do próprio coração, como se ele estivesse batendo tão forte que até mesmo as outras pessoas pudessem escutar de longe. Derrepente, toda a paisagem ficou cinza e uma fenda abriu-se em sua frente, saindo um demônio de dentro. O susto dela foi tão grande que ela caiu no chão, e por um momento pensou estar louca, e que aquilo só poderia ser uma brincadeira do destino que queria lhe pregar uma peça.
- O que... Mas o que... Mas que droga é essa?! - falou aos berros, enquanto olhava estaticamente aquela figura horrenda em sua frente.
O demônio começou a andar lentamente de encontro a Sora, e foi então que ela levantou-se bruscamente e começou a correr. Ele gritava com uma voz horripilante, que parecia o som de todos os trovões de uma só tempestade:
- Não corra, eu só quero matar você. Não vai doer, prometo que serei rápido!
- Mas que M**** está acontecendo?! Eu ainda devo estar sonhando, eu devo mesmo estar sonhando! Não é possível, isso não pode estar acontecendo!
Ela correu até onde pôde, mas se encurralou num beco sem saída. Tudo o que ela havia passado até aquele dia passou diante de seus olhos num só segundo, e ela admitiu que aquilo era real e que aqueles poderiam ser os últimos momentos de sua vida.
- Que droga! - ela olhou para trás, mas o demônio não estava lá e ela pensou que aquilo foi apenas um devaneio de sua mente - Isso só pode ter sido um sonho, eu estou perturbada, é o que está acontecendo! Eu só posso estar louca.
Ela falou aquilo com firmeza, tentando convencer a si mesma de que era apenas uma ilusão. Mas um raio vermelho veio do alto e atingiu de raspão o seu braço esquerdo.
- Aiiii!!! ? ela colocou a mão no ferimento que estava sangrando e olhou para cima, assustada - Só pode ser brincadeira... isso doeu, não é um sonho! O que eu faço? O que eu faço?! Eu não quero morrer assim, definitivamente não quero! Eu não sofri minha vida toda para morrer assim tão fácil! - então ela fechou os olhos e gritou com toda força de sua alma - EU NÃO QUERO MORRER!!!
E então no meio do seu grito de desespero apareceu uma marca brilhante na palma de sua mão direita, escrito ?Luz?. Ela não sabia como e estava confusa ao ver aquilo, mas ainda assim sentiu uma enorme paz dentro do seu coração. A luz na palma de sua mão espalhou-se por seu corpo e quando ela se foi Sora estava transformada num anjo, de asas brancas, com seu cabelo acinzentado, incrivelmente liso e curto. Seus olhos estavam azuis como o céu. E então sua voz ficou muito séria e não havia mais ferimento. Ela não entendia nada daquilo, mas era como se algo tomasse seu corpo com uma justiça sem fim. Era como se uma outra pessoa estivesse ali e ela sentiu como se observasse aquela cena ao invés de vivenciá-la. Agora ela estava ainda mais confusa, mas ao olhar o demônio ela simplesmente disse com uma voz voraz:
- Você não devia estar aqui. Perseguindo pessoas inocentes, procurando por sangue em meu mundo... Vai voltar para onde nunca devia ter saído. E vai voltar Agora!
O demônio olhou para ela agora com uma expressão de terror enorme. Era quase como se a situação tivesse se invertido. Ela voou até onde o demônio estava, sem nem ao menos saber como fez isso. O demônio tentou atacá-la e era como se ela pudesse prever todos os seus movimentos desviando-se de todos eles e então tomou distância e pronunciou: ?SEIGI?. Foi aí que surgiu um brilho em sua mão direita e então uma espada. Ela voou até o demônio e num só golpe cortou-o em dois pedaços que sumiram instantaneamente num vulto de sombras. Ao recobrar o comando de seu corpo e da situação ela descontrolou-se, entrando num colapso nervoso.
- Eu... Eu... Matei... - ela começou a pensar em várias coisas nesse momento e assim caiu no chão com o sumiço repentino de suas asas. - Eu não entendo! O que está acontecendo? O que foi isso agora? ? ela olha a espada fixamente - Mas o que eu to fazendo, aliás, como eu fiz... - a espada some e ela fica totalmente confusa - É melhor eu ir pra casa e tentar me acalmar um pouco.
Ela se levanta e começa a caminhar, quando percebe que ainda estava na forma de um anjo, mas sem as asas. Tudo fica incompreensível. Seu corpo pesa, sua cabeça roda e enquanto ela tenta entender e absorver um pouco daquilo tudo, ela desmaia como se todas as forças de seu corpo tivessem se esvaído.
Continua...