Sede da Passione ? 03h38
O quarto estava em silêncio, exceto pelo som suave das respirações se acalmando.
A luz do abajur havia sido apagada; apenas o luar que entrava pela janela desenhava faixas prateadas nos lençóis brancos, agora bagunçados.
Mista estava deitado de costas, o braço esquerdo sob a cabeça, o direito envolvendo Giorno, que descansava sobre seu peito.
O loiro tinha os olhos fechados, o rosto ainda corado, o cabelo dourado espalhado como uma auréola.
A pele dele brilhava com um leve suor; a camisola preta continuava no chão, esquecida.
Mista beijou a testa de Giorno, devagar.
? Ei... você tá bem? ? perguntou, a voz baixa, quase um sussurro.
Ele passou os dedos suavemente pelas costas do loiro, traçando linhas invisíveis, como se quisesse memorizar cada centímetro.
Giorno abriu os olhos devagar, ainda meio perdido no torpor.
? Sim... ? respondeu, a voz rouca, doce. ? Só... nunca senti isso antes.
Ele se aconchegou mais, a bochecha contra o peito de Mista, ouvindo o coração dele bater.
Mista sorriu, um sorriso cansado, mas cheio de ternura.
? Vem cá. ?
Com cuidado, ele se sentou, puxando Giorno junto.
? Vou pegar água. E um pano. Fica aí.
Ele saiu da cama, nu, sem vergonha agora.
No banheiro, encheu um copo d?água e umedecia um pano macio com água morna.
Voltou em menos de um minuto.
Giorno estava sentado, os lençóis cobrindo a cintura, os joelhos dobrados.
Mista se ajoelhou na cama, entregando o copo.
? Bebe devagar.
Giorno obedeceu, tomando pequenos goles.
Mista passou o pano úmido pelas costas dele, depois pelo peito, limpando com cuidado, como se estivesse lidando com algo precioso.
? Aqui... e aqui... ? murmurava, beijando cada ponto que limpava.
Quando terminou, jogou o pano de lado e se deitou novamente, puxando Giorno para si.
? Agora deita. De lado. Vai ser mais confortável.
Giorno se aninhou de costas para o peito de Mista, que o envolveu por trás, o braço forte ao redor da cintura.
Mista beijou a nuca dele, depois o ombro.
? Tá doendo?
? Um pouco ? admitiu Giorno, a voz baixa. ? Mas... de um jeito bom.
Ele entrelaçou os dedos nos de Mista. ? Fica assim.
? Não vou a lugar nenhum ? respondeu Mista, a voz firme, protetora.
Ele puxou o cobertor leve, cobrindo os dois.
? Se precisar de qualquer coisa, é só falar. Água, analgésico, abraço... tô aqui.
Giorno virou o rosto o suficiente para beijar o braço de Mista.
? Só quero você.
Mista sorriu contra o cabelo dele.
? Então você tem.
Eles ficaram em silêncio por um tempo.
Mista acariciava o braço de Giorno, devagar, ritmado.
Giorno, aos poucos, relaxava completamente, o corpo pesado de sono e segurança.
Antes de dormir, Mista sussurrou:
? Você foi incrível.
? E você... foi perfeito ? respondeu Giorno, já com a voz sonolenta.
A última coisa que Giorno sentiu foi um beijo suave na nuca.
A última coisa que Mista fez foi apertar o abraço, como se quisesse proteger o loiro do mundo inteiro.
A seda preta ficou no chão.
O luar se foi.
E a noite, enfim, foi paz.