Missão Secreta em Rosa

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    Capítulos:

    Capítulo 10

    Parte 10: Noite na Sede

    Homossexualidade, Nudez, Sexo

    Sede da Passione, Nápoles ? 02h47

    O corredor estava em silêncio absoluto. Apenas o zumbido distante do ar-condicionado e o eco de passos leves de Mista, ainda de camiseta preta e calça cargo, o chapéu laranja pendurado na mão. Ele havia passado a última hora no refeitório, tentando dormir, mas o gosto de pistache, o vestido rosa, o olhar de Giorno na gala, tudo rodava na cabeça como um filme em loop.

    Parou diante da porta de mogno maciço.

    Bate. Ou vai embora.

    Bateu. Três toques leves.

    Do outro lado, Giorno acabara de sair do banho. O cabelo úmido caía em mechas douradas sobre os ombros, e ele vestia sua camisola de seda preta, curta, de alças finas, que terminava no meio da coxa. Era um hábito que adotara havia meses: leve, fresca, discreta, perfeita para noites quentes. Ele não esperava visitas.

    Abriu a porta devagar.

    E congelou.

    Mista também congelou.

    Por três segundos, nenhum dos dois respirou.

    A luz suave do abajur do quarto desenhava o contorno do corpo de Giorno sob a seda fina: ombros delicados, cintura estreita, pernas longas e pálidas. O tecido brilhava levemente, colando-se à pele ainda úmida.

    Mista engoliu em seco, os olhos arregalados.

    ? Eu... eu vim... ? A voz saiu rouca, falhando. ? ...só pra... devolver seu brinco. Caiu na moto.

    Ele estendeu a mão. O brinco de ouro (o comunicador da gala) brilhava na palma aberta.

    Giorno baixou o olhar para o brinco, depois para Mista.

    O rosto do loiro corou, mas a seda preta e a penumbra esconderam o rubor.

    Ele pegou o brinco com dedos trêmulos, sem desviar os olhos.

    ? Obrigado ? disse, a voz baixa, quase um sussurro.

    A camisola escorregou um centímetro no ombro quando ele se inclinou. Mista viu. E não conseguiu desviar.

    Outro silêncio.

    Dessa vez, mais pesado.

    Mista deu um passo à frente, sem pensar.

    ? Giorno... ? começou, mas parou.

    Os olhos dele desciam, subiam, desciam de novo.

    ? Você... sempre dorme assim?

    Giorno ergueu uma sobrancelha, recuperando um pouco do controle.

    ? É confortável. E é o meu quarto. ? Um leve sorriso. ? Quer entrar ou vai ficar parado aí me encarando a noite toda?

    Mista entrou.

    A porta se fechou com um clic suave.

    O quarto era minimalista: cama king, lençóis brancos, uma poltrona de couro, uma cômoda com fotos antigas. O cheiro de sabonete cítrico pairava no ar.

    Mista parou no centro, virando-se para Giorno.

    ? Eu não consegui dormir. ? Admitiu, a voz mais baixa. ? Desde a gala. Desde o porto. Desde... tudo.

    Giorno cruzou os braços sob o peito, a seda esticando-se levemente.

    ? Eu também não.

    Outro passo.

    Mista agora estava a um metro.

    ? Aquela conversa na varanda... ? Ele engoliu em seco. ? Você disse ?completamente?. Eu não consigo tirar isso da cabeça.

    Giorno respirou fundo.

    ? Eu sei.

    Silêncio.

    Mas dessa vez, nenhum dos dois recuou.

    Mista estendeu a mão, hesitante.

    Os dedos roçaram a alça fina da camisola, no ombro de Giorno.

    ? Posso...?

    Giorno não respondeu com palavras.

    Apenas assentiu, quase imperceptível.

    A mão de Mista deslizou para o pescoço do loiro, polegar roçando a linha da mandíbula.

    Giorno fechou os olhos por um segundo.

    Quando abriu, estavam mais próximos.

    ? Guido... ? sussurrou Giorno, a voz tremendo pela primeira vez em muito tempo.

    Mista se inclinou.

    Devagar.

    Como se tivesse medo de quebrar algo.

    Os lábios se encontraram.

    Suave.

    Quase tímido.

    Mas o suficiente para fazer o mundo parar.

    Quando se afastaram, ambos respiravam rápido.

    Mista sorriu, nervoso.

    ? Primeiro beijo?

    Giorno assentiu, o rosto agora visivelmente corado, mesmo na penumbra.

    ? Primeiro.

    Mista riu baixo, encostando a testa na de Giorno.

    ? Então a gente tá quites. Você me deve um sorvete. Eu te devo... isso.

    Giorno sorriu, os dedos entrelaçando-se nos de Mista.

    ? Fica.

    Mista ficou.

    A porta permaneceu fechada.

    A camisola de seda preta caiu no chão em algum momento.

    E a noite, finalmente, foi deles.


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