Não levo desaforos

 ☾ Flowers For You ☽

{Não levo desaforos}

Passou uma semana desde que Rin começou a trabalhar no palácio do prateado Sesshoumaru no Taisho. Ele avisou o pai sobre o negócio fechado entre ele e Rin e do quanto de lucros a empresa dela trouxe para a dele, o pai ficou satisfeito e feliz com o que o filho lhe contou; Toga achou que o filho estivesse amadurecendo deixando de lado o preconceito com os humanos, era isso que ele pensava, mas não era bem assim.  Sesshoumaru na parte da tarde trabalhava na empresa para ajudar o pai e na parte da manhã ficava em casa tomando seu café como de costume no jardim observando Rin cuidar das flores. Era mais uma manhã que saia da cama e ia direto no banheiro fazer suas necessidades fisiológicas e tomar um belo banho de banheira para relaxar, descia as escadas indo direto na cozinha fazer o seu chá com algumas torradas levando a bandeja para mesa do jardim esperando sua jardineira contratada chegar. 

Algum tempo depois já dava para ver Rin na entrada da porta do castelo, ela nunca se atrasa, era sempre pontual. Como sempre Jaken foi abrir a porta para ele a mando do seu patrão, ela entrou dando um leve aceno de cabeça para Jaken e um para Sesshoumaru indo direto para o jardim para fazer o seu lindo trabalho. Sesshoumaru com o passar dos dias, cada vez mais gostava do cheiro dela, porém se mantinha afastado. Não desceria tão baixo para se deitar com a humana por causa do cheiro e ceder a essa tentação seria ferir o seu orgulho que era maior do que qualquer coisa. A manhã estava tranquila se não fosse por uma visita indesejada de um dos tantos casos de Sesshoumaru.

Kagura nem esperou que Jaken fosse abrir a porta do castelo, sabia que ele nunca deixava a porta trancada. “Quem seria louco de entrar na casa de um youkai? Só se fosse um humano desavisado” — pensava ela enquanto abria a porta com violência e ia adentrando a residência a passos rápidos até onde o youkai prateado estava, ao chegar perto dele sentou-se na cadeira a frente dele observando-o. Sesshoumaru ao olhá-la friamente soltou um rosnado em desaprovação, deixando claro que não tinha gostado da visita, pois ela não o avisou. Sesshoumaru odeia quem aparece em seu castelo sem a sua permissão, podia matá-la ali mesmo se ele quisesse.

 — Não vai falar nada Sesshoumaru?  — disse Kagura nervosa.

Sesshoumaru nada respondeu, continuou apreciando o seu desjejum matinal olhando a humana podando o seu perfeito e imenso jardim. Kagura seguiu o olhar de Sesshoumaru para a pequena humana que estava trabalhando no jardim.

 — Era por isso então? Se rebaixando a uma humana, Sesshoumaru  — disse ela debochando dele com ironia.

 — Não diga tolices, Kagura  — foi só o que ele respondeu.

Kagura não gostou de vê-la ali na casa do Sesshoumaru cuidando do jardim, ela sabia que ele tinha um grande apreço pelas flores, mas precisava tirar aquela mulher do seu caminho caso quisesse ser a dona daquele lugar algum dia. Sabia que Sesshoumaru não se rebaixaria para pegar meras humanas, conhecia muito bem o orgulho dele, mas mesmo assim Kagura achava que deveria ter cuidado com ela e com qualquer uma que atravessasse o seu caminho e no de Sesshoumaru. Como Kagura era curiosa queria saber como aquela mulher foi parar na casa dele, tentou sondá-lo de maneira desinteressada possível.

 — O que aconteceu com o outro jardineiro?  — falou ela como se não quisesse nada.

 — Porque quer saber?  — respondeu ele ignorando a pergunta feita pela youkai.

 — Por nada, só sei que você não gosta de humanos e por isso perguntei  — disse ela dando de ombros.

 — Ela é a melhor do ramo  — foi o que Sesshoumaru respondeu.

Kagura não gostou nada do que ouviu, mas também não deixou a mostra o seu descontentamento pela humana. Achou que por ter um caso mais longo com o prateado, poderia interferir em sua casa e nos seus negócios. Sesshoumaru teve que se ausentar por alguns instantes indo para o escritório para fazer algumas ligações. Enquanto isso, Kagura estava tentando obter informações de Jaken de como a humana apareceu na casa dele e quem era ela. Mas Jaken não disse nada e isso irritou Kagura que foi lá interromper o trabalho da menina fazendo intimidações e querendo humilhá-la. Mas mal sabia Kagura que Rin não era de levar desaforos para casa, a baixinha tinha uma personalidade forte e uma língua muito afiada dentro da boca, pronta para metralhar qualquer um que a tirasse do sério.

 — Olha se não é a nova empregada do Sesshoumaru  — disse Kagura com desdém.

Rin tentou ignorá-la não respondendo a afronta que recebeu da youkai e continuou trabalhando, fingindo que não era com ela. Kagura bufou de ódio pela menina não ter respondido, ao longe Sesshoumaru voltava para o jardim observando a cena. Mesmo ela tendo ignorado Kagura, ela continuou a perturbá-la.

 — Você é muda por acaso? Não vai dizer nada? Tem medo de nós youkais né?! Imaginei  — falou Kagura ainda intimidando-a dando um passo e encostando na menina.

 — Só não quero encrenca no meu trabalho  — só foi o que ela respondeu dando de ombros.

 — Que humana atrevida  — brandou Kagura.

Sesshoumaru de longe via tudo o que acontecia e ficava surpreso com a audácia que a humana tinha em “peitar” uma youkai do vento como Kagura. Ele estava atento também caso Kagura fizesse algo contra a humana, ele não sabia o porquê, mas o incomodava profundamente a aproximação da youkai com a humana; “ só estou ficando maluco, só pode, o que essa humana tem? Que feitiço é esse?”  — disse ele em pensamento assistindo o “show” que Kagura estava fazendo em seu jardim atrapalhando o trabalho de Rin que faltava pouco tempo para terminar e para ir embora.

 — Escuta aqui huma…  — disse Kagura quando tentava pôr as mãos em Rin, porém teve a sua fala cortada por ela.

 — Não, escuta aqui você! Não vê que você está atrapalhando o meu trabalho? Tá com medo de perder seu posto de dona da casa? Pode ficar tranquila que eu não quero nenhum youkai não  — disse Rin soltando fogos pelas ventas segurando a mão que Kagura iria usar nela. Rin tirou sua mão com violência desferindo um forte tapa nela.

Sesshoumaru ria por dentro pelas falas da humana para com Kagura, mas por fora transparecia serenidade e frieza.

 — Kagura  — disse Sesshoumaru um tom frio com o youki descontrolado.

 — Com sua licença, mas já terminei. Que casa de youkais loucos — Rin murmurou indo em direção da porta para fora do castelo.

Kagura estava possessa com a humana, virou-se para Sesshoumaru encarando a sua frieza e distância. Não ousou dar nenhuma palavra por ter feito uma cena na casa do prateado. 

 — Saia  — disse Sesshoumaru para ela, deixando-a sozinha, adentrando a sua própria casa.

Sesshoumaru estava cada vez mais confuso devido a presença da humana em sua casa, adorou sua personalidade forte e gostou do jeito que a humana tratou Kagura sendo superior a ela. Sua fera interior quer escolher a humana para domá-lo mesmo Sesshoumaru não gostando da ideia. A fera dele estava se agitando cada vez mais pela humana, pelo cheiro, por tudo, tudo na humana atraia a fera e a fazia despertar. Sesshoumaru estava se controlando o máximo possível para fazê-la adormecer novamente. Não obteve o sucesso desejado, pois desde criança já controlava seu youki e sua fera com maestria mesmo sendo um puro inudaiyoukai de sangue. “Afinal, será que essa é a sina dos Taisho se apaixonar por humanas?”  — Sesshoumaru se indagava não querendo acreditar nisso. Não poderia, nem queria, mas as coisas se mostravam ao contrário. Toda hora sua mente insistia pensar em Rin.