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Tempo estimado de leitura: 19 minutos
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Oi!
Obrigada a todos que comentaram no capítulo anterior e os 15 favoritos deixados ao longo da fanfic.
Fiquei muito feliz por saber que gostaram. Aqui está mais o ultimo capítulo.
Espero ansiosa vossas opiniões.
Bjs
Severus terminou seu jantar. Não era apreciador de pratos muito cheios, nem doces. Não tinha sido educado com tanto. Observou o ambiente tenso na mesa, os olhares de ódio que seus colegas de Casa mandavam para os nascidos Muggle.
Como mestiço - embora quase ninguém de sua Casa soubesse seu estatuto de sangue - tinha a vantagem de conhecer o bom e o mau dos dois mundos. Odiava Muggles como Tobias, que não protegiam sua família. Mas conhecia Muggles bons, como o pai de Lily, que amava suas mulheres com paixão e faria de tudo para vê-las bem. Se levantou, saindo da mesa. Avançou até à porta, onde decidiu ir para o jardim tomar um ar. Em passos relaxados, saiu para o exterior, ignorando do que iria acontecer a seguir.
Escutou um restolhar atrás de si e conseguiu se esquivar ao ouvir o grito "impedimenta", que Black tinha soltado. Se virou, vendo Potter e Black, ambos com sorrisos maliciosos.
- Ora, ora, ora. - Começou James, enquanto brincava com a varinha - Que a gente tem aqui?
- Alguém estava pensando em ser um mau garoto. - Continuou Sirius, seus olhos cinza brilhando com uma leve pontada de loucura. Era nesses momentos que se deveria temer verdadeiramente um Black.
- Que vocês querem? - Perguntou Severus, com o coração acelerado, olhando em redor. Não estava muito longe da entrada do castelo. Tentou pensar em uma forma de escapar mas, antes mesmo de poder formular um plano, voaram os primeiros feitiços.
Só teve tempo de levantar a varinha para se proteger e uma luta se iniciou. Lançou alguns encantamentos que pudessem atrasá-los, mas soltou um silvo de dor ao ser atingido no braço. Viu um corte um pouco fundo e sangue escorrendo pela manga rasgada das vestes. Automaticamente, pousou a outra mão, tentando tapar o ferimento, ficando exposto ao perigo.
- James! Sirius! - Exclamou uma voz poderosa, que Severus reconheceria de imediato em qualquer lugar - Parem imediatamente!
- Mas, Moony! - Exclamou Sirius, tentando se justificar - A gente só estava brincando um pouco. Não aconteceu nada de mal.
- Eu discordo. - Respondeu Remus, avançando em direção ao Slytherin e tocando de leve em seu braço. Severus estremeceu com o contato, o toque quente de Remus contra sua pele fria - Severus está ferido e é por vossa culpa.
- É só um arranhão. - James tratou do assunto como se não tivesse importância - Não é como se ele estivesse morrendo.
- Tal como daquela vez em que Sirius quase o enviou para a morte? - Recordou-lhe Remus e Severus sentiu o sangue fugindo de seu rosto. Como poderia esquecer que, em seu quarto ano, poderia ter sido atacado e se transformado em um lobisomem, destruindo sua vida para sempre, se não tivesse sido Potter a salvá-lo, criando entre eles uma dívida de vida.
- Não sei porque está tão preocupado com ele. - Resmungou Sirius - Até parece que ele é importante para você.
Houve um silêncio constrangedor, antes de Remus responder, seus olhos adquirindo um tom âmbar:
- Todas as vidas são importantes, Sirius. - Ao escutarem o tom de voz ameaçador, deram uns passos vacilantes para trás - Principalmente a de meu companheiro predestinado.
O choque percorreu os rostos de seus amigos, que ficaram sem palavras. Severus, que continuava pálido, sentiu que suas pernas vacilavam, mas não caiu. Não sabia o que pensar ou o que dizer. De fato, Lupin o tratava de forma diferente, o respeitava, mas nunca tinha passado por sua mente que pudesse ter um elo de ligação tão forte.
Já tinha lido sobre companheiros predestinados. Bastava um lobo observar uma pessoa para escolhê-la como sua companheira. E, se essa pessoa aceitasse, ficariam juntos para sempre.
- Não pode ser. - Balbuciou Sirius, não acreditando que Moony tinha escolhido o ranhoso, um maldito Slytherin, para seu companheiro. Ele, que tinha sido seu braço direito, que o amava. Faria de tudo por ele, até abandonar sua família, para que ficassem juntos. Mas não havia nada a fazer. No momento em que o lobo escolhia seu companheiro ou companheira, nada nem ninguém poderia mudar esse acontecimento. - Como pode ter feito isso com a gente!? Comigo!?
- Padfoot... - Balbuciou James, tentando controlar seu amigo. Sabia que Sirius tinha sentimentos românticos por Remus, mas havia sempre a chance de não ser correspondido. Viu, alarmado, como oa olhos cinza se enchiam de lágrimas e como ele se afastava do grupo, indo em direção às portas do castelo.
Voltou sua atenção para a dupla, vendo o modo protetor com que Remus se inclinava na direção de Severus. Abanando a cabeça, se afastou deles, indo atrás de seu amigo. Nem queria imaginar o sofrimento que estava sentindo, a dor da rejeição.
Entrou no castelo, escutando a animação vinda do Salão Principal. Pegou no Mapa do Maroto, murmurando: "Juro solenemente que minhas intenções não são boas" e procurou o nome de Padfoot, vendo que ele tinha se escondido em uma das salas de aula abandonadas do terceiro andar.
Galgou escadas e avançou pelos corredores vazios, temendo que Sirius cometesse alguma loucura, que planejasse algo semelhante ao acontecimento da Casa dos Gritos, que quase tinha culminado na morte de Snape e no fim da amizade dos Marotos.
Parou em frente a uma porta e, tendo a certeza de que Sirius estava no interior, bateu de leve na madeira e colocou a cabeça dentro da sala. Viu a postura derrotada de seu amigo e entrou, fechando a porta atrás de si. Sirius ergueu o rosto vermelho e inchado e James sentiu seu coração se partindo com o sofrimento visível nele.
- Padfoot. - Falou, se aproximando dele e abrindo os braços. Sirius aceitou o abraço e chorou, encostado ao peito de James. - Lamento tanto...
- Eu pensei...pensei que a gente poderia ter um futuro... - Balbuciou seu amigo, não conseguindo parar de chorar.
James acariciava as costas de Sirius, o apoiando naquele momento difícil. Durante muito tempo também tinha pensado que seus amigos seriam ótimos um para o outro, que Remus daria estabilidade que Sirius necessitava e Sirius seria um romântico apaixonado, que faria tudo por ele, mas agora sabia que nunca seria possível. Só esperava que a amizade deles não acabasse.
No entanto, Severus continuava no jardim com Remus. Ver Black fugir daquele jeito o fez perceber que ele também amava Remus. Mas o Gryffindors já tinha feito sua escolha. Remus se aproximou dele, tocando de leve em sua ferida, o fazendo se encolher com a dor que sentiu.
- Posso tratar? - Perguntou, pegando na varinha.
- Sim. - Respondeu Severus, removendo sua mão cheia de sangue, quente e espesso. Sabia que ele não lhe iria fazer mal. A luz que provinha do castelo ajudava a ver o corte ensanguentado, mas não tão profundo, como tinha imaginado. Remus limpou a ferida e enfaixou o braço, com toques suaves. Ficaram se observando por uns momentos, antes do Gryffindor se desculpar:
- Perdoe meus amigos. - Severus arqueou uma sobrancelha. Não era Remus que tinha de pedir perdão, mas Black e Potter. Eram eles os causadores de todos seus problemas.
- Não deveria ser você a se desculpar. - Falou Severus, tocando de leve na bandagem branca - E sim seus amigos, mas agradeço a consideração.
- Obrigado. - Agradeceu Remus e olhou para o céu límpido, comentando - Está uma noite muito bonita. Não quer dar um passeio comigo?
Severus hesitou, uma coisa era aceitar sua ajuda, outra era passear com ele. E se o lobo quisesse algo mais que um simples passeio? Não sabia se estava preparado para algo mais. Seu coração acelerou com o pensamento e sentiu seu rosto esquentar. Nunca tinha ficado com alguém. Nunca tinha sentido como era ser beijado, de beijar.
Remus, percebendo seu desconforto e o motivo, lhe assegurou:
- Não farei nada que você não queira.
- Promete? - Perguntou Severus, se sentindo inseguro. Odiava se sentir assim, vulnerável.
- Prometo. - Garantiu Remus e avançaram para o jardim iluminado pelo luar, se afastando da luminosidade do castelo. Caminharam em direção ao Lago Negro, que tinha espelhado na água o reflexo da lua. O Gryffindor comentava sobre a redação de Poções, que teriam de entregar na aula seguinte. Severus relaxou, Poções era uma de suas matérias preferidas.
Abordaram os tópicos que tinham sido dados para o trabalho, comentando o que já tinham escrito. Severus observava o rosto de Remus, iluminado pelo luar, que revelava leves cicatrizes, o tornando ainda mais atraente.
Remus deixou escapar um sorriso tímido, seu lobo interior ronronando como um gatinho manso. Era um momento perfeito. Nunca tinha imaginado nada parecido com seu companheiro. Sempre tinha pensado que nunca teria coragem de lhe revelar a verdade, que tomariam caminhos diferentes quando saíssem de Hogwarts. Que ficaria sozinho para o resto da vida, se sobrevivesse à guerra.
Mas, ao ver Severus à sua frente, soube que tal poderia não acontecer. Talvez Severus o aceitasse como seu companheiro e pudessem viver felizes para sempre, como nos contos de fadas.
Testando, tocou de leve na mão fria, vendo o Slytherin se surpreendendo com o toque. Seus dedos se entrelaçaram nos dele, suas mãos se encaixando na perfeição. Seus olhares nunca abandonando a expressão da face do outro.
Aos poucos, seus rostos se aproximaram e fecharam os olhos quando seus lábios se tocaram. Remus sentiu como seu lobo interior se endireitava e uivava para a lua, orgulhoso por ter seu companheiro a seu lado, o aceitando.
Severus estava feliz, como nunca se tinha sentido. Se sentia acarinhado, aceite como era. Não o estorvo de Tobias, o motivo de burla de seus colegas.
As mãos do Gryffindor acariciavam os cabelos negros, aprofundando o beijo e Severus soltou um gemido abafado devido ao toque mais rude, excitante. Remus sentiu como seu corpo reagia aos sons emitidos por seu companheiro e, aos poucos, se afastou dele.
Observou a respiração alterada, o rubor no rosto e os lábios inchados. Era uma das imagens que guardaria para o resto de seus dias. Ergueu a mão e tocou no rosto do Slytherin, que se inclinou sob o toque, fechando os olhos. Mais nada precisava de ser dito, o beijo tinha confirmado que Severus aceitava ser seu companheiro.
Sentia pena por Sirius, ser rejeitado doía muito, mas sabia que não poderia amá-lo. Nunca poderia fazê-lo feliz. Seu lobo nunca aceitaria. Olhando no fundo dos olhos ônix, que o observavam com carinho, o abraçou, seu nariz absorvendo seu odor a ervas e escutando o bater acelerado de seu coração. Faria de tudo para fazer seu companheiro feliz. Para o resto de suas vidas.
FIM