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Oi! Primeiro agradeço os comentários, os favoritos, os pedidos de atualização e todo o carinho recebido no capítulo anterior. Muito obrigada. Aqui está o novo, ele contém cenas de violência. Se não gosta, por favor, não leia. Bjs
Depois de longos beijos trocados e delicadas carícias, Severus e James observavam os flocos de neve caindo pelo céu acinzentado, se misturando com a que se encontrava no solo. A tarde continuava bela, embora fria, e alguns casais de namorados, e amigos, passeavam pelas margens do lago, protegidos dos pés à cabeça com roupas grossas e quentes.
James queria perguntar a seu namorado sobre seus pais, sua vida antes de ir para Hogwarts, mas não tinha coragem. Tinha receio de entristecê-lo, ou de lhe trazer recordações ruins.
– Eu nunca tive amigos antes de conhecer Lily. - Começou o Slytherin, com a cabeça deitada no peito de Potter, sua voz saindo baixa e tensa. - Ela foi minha primeira amiga.
– Nunca? - Perguntou seu namorado, espantado, não conseguindo acreditar - Com quem brincava?
– Sozinho. - Respondeu Snape, tristemente, e James pensou em sua infância, rodeado de amigos e familiares, com pais amorosos e dedicados, que realizavam todos seus pedidos, que lhe liam estórias de embalar - Os pais sabiam tudo sobre mim: quem eu era, onde morava, quem eram meus pais e não queriam que seus filhos brincassem comigo. O que eu compreendo perfeitamente. Quem iria querer que um garoto maltrapilho e imundo brincasse com eles.
– Oh, Sev. - Murmurou ele, o abraçando com força - E eu ainda prejudiquei mais você com minhas brincadeiras infantis. - Se eu soubesse...
– Não tem problema. - Disse Severus, olhando para os olhos angustiados de seu namorado - É passado.
James acenou em resposta, sua postura ainda tensa. As palavras de Severus ecoando em sua cabeça. Queria dizer que ele não era imundo, que desejaria tê-lo conhecido quando criança, mas um ruído os distraiu.
Olharam para o lado, vendo quatro garotas caminhando, enquanto conversavam entre elas. Dorcas estava abraçada a ,ary, soltand uma gargalhada estridente. Ambas usavam longas capas de çã, para se protegerem do frio intenso.
Lily usava um longo casaco branco e um gorro da mesma cor, se misturando com a neve. A seu lado se encontrava Marlene, que usava um belo casaco vermelho e um gorro negro. Seus rostos estavam ruborizados pelo frio e conversavam animadamente, suas mãos entrelaçadas uma na outra.
Severus se ergueu, olhando atentamente para a garota ruiva, e James viu o arrependimento nas feições de seu rosto pálido. Se recordava do dia em que o tinha machucado de tal maneira que, quando Lily o tentou proteger, ele a tinha chamado aquele nome horrível, por sua culpa.
Era o final dos NIEMS, depois de semanas de estudo intensivo, por obrigação de Moony, estavam livres das horas seguidas metidos na biblioteca, com a cabeça nos livros e, em vez de descansar e conversar com seus amigos, decidira importunar seu colega, o que desencadeara todo aquele mal entendido. Lily tinha aparecido para ajudar Severus, mas ele a desrespeitara de tal maneira, que eles nunca mais se falaram. James ficara furioso e, quando sua colega se tinha ido embora, machucada com as palavras do Slytherin, descarregara nele toda sua raiva.
Depois de muitos risos por parte de seus colegas, o tinha deixado debaixo da árvore, humilhado, machucado e abandonado como um vira lata. Não o vira durante o resto do dia. Remus tinha lhe dado um sermão, horrorizado com o que ele tinha feito.
James sabia que seu amigo só não se intrometera também por receio de que ele e Sirius ficassem aborrecidos com ele e lhe deixassem de falar. Mas também sabia que ele nunca concordara com as brincadeiras maldosas. Talvez Remus soubesse há muito que ele gostava de Severus.
Observaram as garotas se afastando, o corpo do Slytherin ainda continuava tenso.
– Eu sinto saudades dela. - Revelou Snape, se encolhendo em seus braços - Sinto saudades de nossas conversas, dos abraços calorosos, quando meu pai me maltratava...
– Ele te machucava muito? - Perguntou o Gryffindor, acariciando os longos cabelos negros. Severus suspirou com o toque, acenando afirmativamente com a cabeça, não conseguindo responder. Ficaram em silêncio por um longo momento, o Gryffindor sentindo o sofrimento de seu namorado. Snape virou o rosto, o escondendo no peito largo.
– Tobias nunca gostou de magia - Começou, com voz inexpressiva - Minha mãe não lhe tinha revelado que era uma bruxa e ele só descobriu quanto tive meu primeiro descontrole de magia. Ficou possesso de raiva. Ele... - Hesitou, respirou fundo para ganhar coragem, e continuou - Me espancou antes de me trancar no quarto. Fui atirado com tanta violência que bati com o rosto no chão e parti o nariz. Minha mãe também sofreu em suas mãos. Eu me recordo dos gritos, implorando para que ele parasse. Nunca tinha sentido tanto medo em toda a minha vida como naquele momento. Pensei...pensei que iria perdê-la.
James não conseguia esconder seu horror. Não entendia como um pai podia ser tão cruel com um filho, sangue de seu sangue.
– Ele sempre me dizia que "abominações não podiam viver". - Citou - Que bruxos eram "criaturas do diabo"...
– Absurdo. - Interrompeu o Gryffindor, sem se conseguir controlar - E...e sua mãe?
– Ah... - Disse, olhando para seu namorado - Ela tentava sempre me proteger, se colocando entre eu e meu pai, tentando impedi-lo….E ele se virava para ela.
– Lamento tanto... - Disse James com sinceridade, o abraçando com força. Severus sentiu seus olhos marejados de lágrimas, e tentou não chorar. Sentia os braços musculados em redor de seu corpo, os lábios carnudos beijando seus cabelos. Relaxou, piscando os olhos várias vezes para impedir as lágrimas descendo por seu rosto. Olhou em volta, vendo que estavam sozinhos. Observando os flocos de neve descendo do céu, sentiu suas pálpebras se fechando aos poucos, acabando por adormecer.
OoOoO
James observou com um aperto no coração, o sono inquieto de seu namorado. Tinha sido por sua culpa que Lily tinha deixado de falar com ele. Se não tivesse transtornado o Slytherin tão profundamente, talvez eles não tivessem deixado de ser amigos. Mas ele sentia tanta raiva por Severus se dar tão bem com sua colega, era a ele que o Slytherin se deveria dirigir seu carinho.
Sempre tivera ciúmes da amizade deles. Certamente que suas reações, suas peças contra Snape tinham sido cruéis em muitos casos, as humilhações que o tinha feito sofrer, mas não sabia como chamar sua atenção. Remus tinha sido um dos primeiros percebendo sua paixão pelo Slytherin e, uma noite, quando estavam sozinhos, tentou trazê-lo à razão, que deveria tratá-lo com carinho, mas ele estava tão furioso com a falta de atenção de Severus para si, que o ignorou.
Quando sua amizade com Lily terminou, ficou satisfeito, pensando que o Slytherin iria fixar sua atenção nele, mas se enganou. Snape se isolou de todo o mundo, ficava sozinho durante as refeições, passava suas horas livres na biblioteca e se sentava no fundo da sala durante as aulas, sempre de cabeça baixa, trabalhando sozinho.
James se remoera de remorsos e decidira deixá-lo em paz em seu sexto ano, se metendo cada vez menos com ele. Tinha saudades de seus risos, mesmo só quando Severus ria para Lily, de sua expressão concentrada enquanto lia um livro debaixo de uma árvore, perto do Lago Negro. Se Lily ao menos o perdoasse, talvez Severus ficasse mais feliz...
Arregalou os olhos, tendo uma ideia. Uma ideia absurdamente louca, mas que iria fazê-la. Será que resultaria?
Olhou para o rosto adormecido de seu namorado, prometendo a si mesmo fazer de tudo o que fosse possível para que Severus conhecesse a verdadeira felicidade.
Continua...