Fazendo umas Pequenas Compras

Hermione convidou Harry a ficar para jantar. Harry se ofereceu para pagar sushi, que ela aceitou. Pegou seus pertences e foi tomar uma ducha rápida. Ao sair, já vestida com uma blusa rosa é um short azul, viu que ele ainda esperava a chegada do estafeta. Estendeu-lhe uma toalha lavada, que ele aceitou e foi tomar banho. A água já escorria quando o estafeta chegou. Harry tinha deixado uma nota em cima da mesa e Hermione decidiu dar uma gorjeta ao feliz garoto, que correu para a moto, pronto para mais uma entrega.

Seu corpo estava bastante relaxado, depois de toda aquela atividade e só desejava deitar na cama e dormir. Colocou uma toalha sobre a mesa, fez rapidamente uma limonada e estava pousando o conteúdo da entrega sobre a mesa, quando a porta do banheiro se abriu e Harry saiu, esfregando o cabelo na toalha. Entregou a toalha a Hermione, que foi deixá-la no cesto de roupa suja.

Ao regressar, viu a mesa pronta. Se sentou, se servindo. Aproveitaram aquele momento para se conhecerem melhor. Por mais bonito e talentoso que Harry pudesse ser, se apercebeu que não poderia amá-lo.

Seu coração ainda batia pelo mesmo garoto de olhos cinza e cabelo loiro, seu primeiro amor. Ainda houve uma altura em que ela o tinha procurado pelas redes sociais, mas sem sucesso.

No entanto, o jantar foi muito agradável para ambos. Conversaram sobre livros, um tema que ela amava. Tinha sido um dia muito bom. No final da refeição, se despediram, combinando se encontrar no dia seguinte na praia.

Deitada na cama, se sentiu esquisita. Nunca tinha feito nada daquilo em toda sua vida: sexo no primeiro encontro, um jantar romântico com uma de suas comidas prediletas. Que se passava com Harry era completo oposto do que se tinha passado com Viktor. Ele gostava dela, se sentia feliz. E não havia dúvida de como Hermione se sentia feliz de uma forma completamente única, se recordava da noite anterior. Como ele a beijara no pescoço, a forma como as mãos dele tocaram em seu corpo.

Harry era um amante maravilhoso, belo e delicado. Ela se sentia unida à energia jovem e marítima do corpo dele. Porém, por outro lado, Hermione sentia que, para Harry, aquela amizade colorida se tornasse quase em um namoro, ou mesmo um namoro.

E tinha receio: afinal, não podiam dar nada um ao outro, não era nada sério. Será que ele seria capaz de entender?

Bateram à porta, a tirando de seus pensamentos. Avançou e abriu, vendo Severus à sua frente, com seu ar sério e imponente, que a fazia se sentir segura.

- Hermione, desculpe incomodá-la. - Se desculpou ele - Mas eu falei há pouco com Minerva e ela me confidenciou que você se tinha machucado. Posso lhe levar até à farmácia. Há uma boa bem aqui perto.

Hermione pensou um pouco e achou melhor ir. Podia, assim, fazer umas compras para um jantar especial para Harry, o que ele, de certeza, iria gostar. E, para além do mais, Severus lhe aprecia simpático, e queria perceber um pouco mais quem ele era. Seu lado cavalheiresco continha um pouco de mistério.

- Vou consigo. - Disse ela - Vou só buscar umas coisas. Dê-me uns segundos.

Severus entrou, ficando na sala, enquanto ela pegava na bolsa. Ela viu-o observando os três livros que tinha trazido para ler nas férias. Um era um romance, o outro de mistério e o terceiro sobre crimes. Severus tinha gestos elegantes e firmes. Parecia mesmo um homem do século XIX.

Depois de fechar a porta, foram em direção ao carro de Severus. Hermione sentia um vento suave acariciando seus cabelos. Decidiu fazer perguntas , sentia-se tão bem, tão atenta, cheia de vontade de comunicar.

- Então, - Começou ela - minha tia Minerva me falou que era professor universitário...

- Sim, em Oxford. - Respondeu ele, com sua voz barotirímetro. - Dou aulas de Química. Na prática, fazemos experiências

- Que interessante, - Química era uma das áreas preferidas de Hermione - fazer essas experiências.

- Sim, é realmente muito interessante. - Concordou Severus, mudando de assunto - Gosta de ler? Vi alguns livros em sua casa.

-Imenso, sempre que posso, estou lendo um livro. - Comentou ela - Costumo dizer que não estou bem viva se não estiver com um livro a meu lado.

-Ah, então aqueles livros eram seus. - Severus sorriu e ela percebeu que, visívelmente, tenha gostado de escutar o que ela tinha mencionado. Começou fazendo questões sobre livros e chegaram à conclusão, admirados, que gostavam dos mesmos autores. Severus guiava seu carro com perícia, embora estivesse o tempo todo olhando para ela.

Hermione estava gostando da forma culta, educada e inteligente como Severus a tratava. Se sentia uma princesa. E estava feliz, pois raramente podia falar daqueles assuntos com alguém. Era de outra área, de economia, de um mundo prático e pragmático, e pouco podia falar de seus sonhos, impressões, de uma parte de sua sensibilidade. Severus estacionou o carro e saíram. Ao lado deles, estava uma pequena esplanada de um café, com mesas e cadeiras de plástico.

- O supermercado fica ali, Hermione. - Apontou para um edifício grande, com uma placa vermelha - Eu vou fazer outras compras, mas a gente pode se encontrar aqui, nessa esplanada. Se me der o gosto de tomar um café consigo.

- Com certeza. - Concordou ela. Se afastaram, cada um com seus afazeres. Hermione entrou no supermercado, fazendo uma lista mental do que iria precisar comprar. E, de repente, a ideia a ideia de comprar ingredientes para um jantar especial para Harry já não era tão atrativa. Até parecia uma bobagem. Não sabia mesmo o que fazer. Olhava para os produtos, sentindo vontade de levar os mais básicos e continuar sentada com Severus, ouvi-lo falar de assuntos que verdadeiramente lhe interessavam.

"Pelo sim, pelo não, vou fazer tudo como tinha planejado." - Pensou, decidindo o que iria levar.

Comprou alguns pacotes de arroz, massa, frutas, verduras e legumes. Um pequeno saco de batatas, uma pequena caixa de ovos e enlatados. Decidiu aproveitar e comprar produtos de higiene que não tinha trazido para a viagem e um pequeno kit de primeiros socorros. Fez as compras todas, e seguiu para a caixa. Que lhe interessava naquele momento era se sentar na companhia de Severus.

Colocou suas compras em sacos e avançou em direção ao carro, onde ele a esperava.

- Já cheguei. - Avisou, parando a seu lado. Os olhos ônix brilharam ao vê-la e ele comentou:

- Foi mais rápida do que pensei. - Comentou, abrindo a mala, vendo como ela guardava cuidadosamente as compras dentro da mala - Realmente, é mais rápida do que a maioria das mulheres com quem já convivi.

- Porque diz isso, Severus? - Hermione quis esconder o sorriso, mas se sentiu incapaz.

- É a mais bonita , mais inteligente e mais interessada nos assuntos que verdadeiramente importam do que as outras mulheres.

Hermione não soube o que dizer a seguir, nem Severus também parecia saber o que fazer. Mas, por fim, decidiram tomar um café. Se sentaram na esplanada da cafetaria se cada um decidiu o que pedir ao garçom que tinha aparecido, ao vê-los se sentarem.

Ela decidiu retomar a conversa no ponto em que tinham parado. Queria ouvi-lo, e muito, a comentar aqueles assuntos.

Gostava da voz dele, das opiniões, das mãos dele brincando com a colher de café, que o garçom tinha trazido polícia minutos depois, da forma dos lábios. Gostava tanto de estar ali com ele. Estava esquecida de tudo.

Escutou um toque de seu celular e o tirou da bolsa. Viu que era uma mensagem de Marketing, e a apagou. Olhou as horas, arregalando os olhos pelo susto. Já eram duas da tarde.

Se recordou da praia, e Harry. Que iria fazer? Pensou um pouco, decidindo ir à praia. Estava de férias e queria aproveitar.

Não era tanto por Harry, mas porque estava de férias, e tudo aquilo que estava acontecendo com Severus, todas aquelas que afinidades, lhe estava parecendo um pouco perigoso. Não sabia o que poderia acontecer a seguir.

-Severus, - Começou - estou amando estar aqui com você, mas tenho mesmo de ir à praia. Sabe como é, férias, aproveitar o sol, dar mergulhos no mar, tudo isso.

- Com certeza. - Acenou, se levantando - Eu posso levá-la, Hermione. Entendo perfeitamente.

Se dirigiram para o carro e a viagem foi agradavelmente sossegada, enquanto escutavam os novos hits de verão. Músicas mexidas e alegres, que façam a Hermione vontade de dançar.

Severus parou em frente a sua casa, desligando o motor e, com ela, toda a animação de dançar.

- Posso ajudá-la com as compras, se quiser.

- Não, obrigada. - Respondeu ela - Eu consigo levá-las.

Houve um silêncio constrangedor, e Hermione admitiu:

- Foi uma manhã muito agradável. Agradeço o tempo que passou comigo.

- O prazer foi todo meu. - Disse Severus, hesitando - Eu gostaria de lhe perguntar...

- Diga. - Incentivou ela, querendo saber, estava curiosa.

- Gostava de convidá-la para jantar. - Severus convidou - Hoje. Que me diz?

"Que hei-de fazer?" - Se perguntou. Harry ou Severus? Harry era jovem como ela, embora fossem sexualmente compatíveis, não sentia nada por ele. Era tudo físico. Com Severus, não tinha ocorrido mais nada do que conversas, mas se sentia bem a seu lado. Ele era um homem culto, maduro.

- Bom, eu já fiz as compras para o jantar....- Não sabia o que dizer. Estava surpresa com a proposta.

- Se quiser, pode ficar para amanhã. - Comentou Severus, vendo seu olhar perdido - Não se estraga nada.

E concluiu, perspicaz - Se calhar tem outros planos ..

Ele era encantador. Um cavalheiro. Como poderia ela resistir? Se só lembrava da arrogância de Viktor, como era incapaz de gestos bonitos, românticos.

Como só pensava nele, em seus gostos, em seu próprio prazer. E Severus era tão dedicado, tão educado. Parecia mesmo um galã de um filme. Ou um personagem de um livro.

- Severus, terei todo o gosto em jantar com você. - Snape deixou escapar um sorriso e combinou:

- Venho buscá-la às nove, pode ser?

- Perfeito. - Respondeu ela - Até logo.

- Até logo.

Saiu do carro, bem disposta. Mas dividida. Que diria a Harry? E o que faria com todas aquelas compras? Pensa nisso, enquanto retirava as compras do carro e entrava em casa.

Continua...