Capítulo Único

A lareira crepitava, deixando os aposentos do Diretor aquecidos. Deitado na cama, com suas costas repousadas em um fofo travesseiro, dos melhores que já tinha dormido, Severus lia a ultima edição da revista de Poções, sua leitura preferida, querendo se distrair da realidade em que se encontrava.

A luz das velas iluminava o quarto, formando sombras fantasmagóricas nas paredes cor de creme. A seu lado, um de seus maiores pecados dormia serenamente devido à poção de sono sem sonhos que tinha tomado na noite anterior, seus cabelos platinados espalhados pelo travesseiro.

Sua expressão serena contrastava com o medo que espelhava sempre que estava na presença do Lord das Trevas. Seu corpo pálido tinha umas marcas negras e umas cicatrizes esbranquiçadas, consequências das sessões de tortura do Lord. Ninguém escapava a essas sessões. Era como se o Lord os quisesse recordar quem mandava, os subjugar e humilhar. Lhes mostrar que eram simples peões.

Sabia que era perigoso haver uma relação entre eles mas, depois da morte de seu mentor e amigo - Albus - precisava de um escape emocional, senão enlouqueceria. Tal como Draco, seu jovem e belo amante. Tinha sido ele a procurá-lo, a disponibilizar seu corpo. Também queria fugir daquela realidade, nem que fosse por uns minutos.

Draco tinha idade para ser seu filho, mas ambos precisavam daquele momento. Era somente sexo sem compromisso, o prazer de cada um acima de tudo. Não havia nenhum sentimento amoroso, era tudo sobre posse, dominação. Esquecer os tempos sombrios que viviam.

Sabia que era errado desejar o corpo jovem e perfeito, mas não conseguia evitar. Precisava da companhia, de ter alguém a seu lado. Precisava do toque, de sentir emoções. Sua mente estava sempre sendo protegida, seu papel como espião não podia ser descoberto, senão a guerra estaria perdida.

Sentindo sua bexiga apertada, marcou a página e fechou a revista, a pousando em cima da mesa de cabeceira. Afastou devagar os lençóis e saiu da cama, tentando não acordar Draco, que se remexeu na cama, como se procurando sua presença.

Se dirigiu para o banheiro, sua pele nua refletindo a chama da lareira, e fechou a porta. Fez suas necessidades e decidiu tomar um banho. Entrou na banheira, onde tomou um relaxante banho. Dentro de poucas horas teria de ser o Diretor de Hogwarts, o Comensal cruel e sádico, apoiante do Lord das Trevas. Um papel difícil que tinha, todos os dias, de desempenhar. Se perguntava até quando teria de o fazer.

Seus músculos se ressentiam depois do que ele e Draco tinham feito na noite anterior. Pensando no rosto ruborizado de seu amante, enquanto lhe implorava por mais e clamando seu nome, sentiu como seu membro voltava à vida. A pressão entre suas pernas o incomodava. Pousou uma mão sob seu pênis, sentindo sua dureza e, realizando movimentos suaves de vai e vem, começou a se estimular.

Sua respiração acelerou, e aumentou os movimentos, sentindo uma pressão no baixo ventre. Mordeu o lábio, mexendo freneticamente a mão. Fechou os olhos e se libertou, o líquido esbranquiçado saindo em jatos, se misturando na água. Acalmou, aos poucos, sua respiração acelerada. Lavou os resíduos de seu prazer sob seu corpo e se ensaboou. Mais relaxado, terminou o banho, e enrolou a toalha no corpo, saindo da banheira. Secou o cabelo - que tanto tinha sido chacota entre seus colegas - quando tinha sido estudante, limpou o corpo e lavou os dentes.

Saiu do quarto, vendo Draco sentado na cama, de cabeça baixa e pernas afastadas.

- Que aconteceu? - Perguntou, se dirigindo para seu amante e se sentando a seu lado.

- Tive um pesadelo. - Respondeu Draco, erguendo o rosto e Severus observou o olhar assustado. Puxou-o para si, sentindo como ele pousava a cabeça em seu peito.

Não disseram nada por longos momentos, o crepitar da lareira quebrando o silêncio no quarto. Deixou que Draco se acalmasse um pouco, acariciando as costas com suavidade, o ajudando a relaxar.

Sentindo como a tensão desaparecia, aos poucos, do corpo de seu amante, perguntou:

- Que você sonhou? - Draco hesitou, respirando fundo. Seus pesadelos estavam cada vez mais intensos e violentos.

- Tinha de machucar uma garota Muggle, mas não consegui e o Lord me torturava. - Respondeu, passado algum tempo, não sendo mais específico. Era todas as noites o mesmo, nem as poções ajudavam Draco a ter um sono totalmente tranquilo.

Severus o entendia. Ainda tinha pesadelos de sua juventude, principalmente com as pessoas que tinham perecido às suas mãos. Draco se virou para ele, uma mão tocando em seu membro, o deixando duro com seu toque.

- Preciso de você, Severus! - Exclamou, os olhos cinza revelando seu medo, seu desespero. - Me faça seu! Me foda com força!

- Draco... - Começou, mas ele o olhou nos olhos e implorou:

- Preciso de você, Severus! Por favor! - "Me faça esquecer por mais um tempo essa horrível realidade" - Quis dizer. Snape tocou no rosto pálido, suas mãos acariciando a pele suave, mas marcada por rugas de preocupação.

- Fique de quatro. - Ordenou, com firmeza, e Draco lhe obedeceu, se colocando no meio da cama. Subiu para o colchão, se posicionando entre as pernas torneadas de seu amante.

Ignorando a pressão entre suas pernas, o preparou. Lubrificou sua entrada, colocando um dedo, o preparando. Draco se remexia, soltando pequenos gemidos e o incentivando a continuar. Inseriu um segundo dedo, sabendo que Draco estava quase pronto, pelos gemidos que soltava.

- Severus... - Ouviu o gemido de Draco e removeu os dedos, sabendo que já estava pronto e escutando seu queixume. Em resposta, deu um tapa em seu traseiro, a marca de sua mão ficando marcada na pele pálida.

Colocou seu membro na entrada lubrificada e se forçou para a frente, escutando um gemido baixo. Realizou movimentos de vai e vem, aumentando a pouco e pouco o ritmo. Draco agarrava com força os lençóis, gritos baixos e pedidos por mais escapando de seus lábios.

No quarto só se escutava o ranger da cama, o som dos corpos se chocando, gemidos roucos e o crepitar da lareira.

- Severus... - Gemeu Draco, arqueando suas costas, enquanto ejaculava nos lençóis da cama. Severus aumentou o ritmo, soltando um gemido rouco, enquanto ejaculava dentro de seu amante.

Saiu de dentro de Draco, que soltou um gemido de protesto e se atirou para o colchão. Se deitaram na cama, suados e de respirações ofegantes, mas mais relaxados. Não havia mais nada a dizer. Para escaparem de suas realidades, tinham essa relação puramente sexual. Não havia amor, nem carinho. Era somente físico.

Não sabiam que caminho aquela relação iria tomar, nem sabiam o que o futuro lhes reservava. Mas sabiam que precisavam um do outro. E se apoiariam até ao fim.

FIM