|
Tempo estimado de leitura: 5 minutos
l |
1. Oi! Essa fanfic foi escrita em homenagem a Robbie Coltrane (14.10), nosso eterno Hagrid, uma personagem que marcou toda uma geração. Mas também a Perla Negra, uma autora espanhola que marcou todo o fandom de Harry Potter, a pioneira nas fanfics. Espero que gostem. Bjs
2. "O legado dos filmes é que a geração dos meus filhos irá mostrá-los aos filhos deles. Então, poderemos vê-los daqui a 50 anos. Infelizmente, eu não estarei mais aqui. Mas Hagrid estará" - Robbie Coltrane
Harry aparatou nos portões do castelo de Hogwarts. Estava uma tarde ventosa, mas não muito desagradável. As folhas, das mais variadas cores, que indicavam a estação em que se encontrava, faziam pequenos remoinhos.
Trazia nas mãos um buquê de rosas brancas, para depositar nas campas daqueles que tinham feito parte de sua vida.
Observou os velhos portões de ferro, que o levariam para aquela que tinha considerado sua primeira casa. Seus olhos esmeralda estavam vazios, sem vida, por ter perdido mais uma pessoa importante.
Tocou com a varinha no ferro frio, que leu sua magia e, não o considerando uma ameaça, o deixou entrar. Avançou a passos lentos em direção ao cemitério do castelo, criado na altura pela diretora McGonagall, para todos aqueles que tinham dado sua vida a proteger a escola.
As folhas mortas estalavam sob seus pés, lhe recordando sua infância. Como adorava andar por cima delas quando era criança. Suspirou, pensando como o tempo avançava rápido. Ainda parecia ontem que tinha dezessete anos e que tinha levantado a varinha contra Voldemort, terminando ali seu reinado de terror.
Seu olhar passou pela cabana de madeira, abandonada pelo tempo, e seus olhos se encheram de lágrimas. Como tinha passado ali bons momentos, junto com seus amigos, bebendo chá com Hagrid, tentando descobrir os segredos do guarda chaves do castelo.
Suspirou, desejando ter aproveitado mais esses pequenos momentos. Como tinha saudades dos bolos de pedra do meio gigante, de Fang babando em suas vestes, pedindo carinho, da bondade e ingenuidade de Hagrid. Memórias que nunca mais se repetiriam.
Avançou mais um pouco, atravessando o castelo, observando os estudantes atravessando o hall, atarefados em suas vidas. Seus filhos já estariam indo para suas aulas.
Como tinha orgulho de cada um. James, uma cópia exata de seu avô, um Maroto, mas muito inteligente. Albus, um Slytherin, mas uma pessoa de bom coração. Andava sempre acompanhado por Scorpius Malfoy, o filho de seu ex-arquiinimigo. Por uns segundos, se perguntou o que teria acontecido se tivesse aceitado o aperto de mão de Draco. Teriam tido a mesma forte amizade que seus filhos? Draco se teria juntado a ele na guerra? Essas eram algumas das perguntas que lhe vinham à cabeça e que nunca teriam resposta.
Lily, sua caçula. Uma cópia exata de sua avó Lily, exceto pelos olhos, tão iguais aos de Ginny. Era corajosa, sincera em suas palavras e odiava conflitos. Mas lutava com unhas e dentes pelo que achava correto. Era sua menina.
Desviou o olhar do castelo, avançando para os portões de ferro, que indicavam o cemitério de Hogwarts. Sua aura sempre ficava pesada quando entrava ali. Era muito doloroso recordar aqueles que partiram, que não tiveram uma segunda chance na vida.
Os portões do cemitério estavam sempre abertos, para que os estudantes pudessem visitar seus ente queridos. Avançou, percebendo que estava vazio. Observou o primeiro nome na lápide, o do antigo diretor Albus Dumbledore. Depois de Lord Voldemort ter destruído sua lápide, buscando a varinha das varinhas, decidiram transferi-lo para o cemitério.
Tinha sentimentos conflituosos para com o diretor. Como pai, não queria imaginar seus filhos sofrendo os mesmos horrores que ele, nunca os colocaria naquela situação. Mas sabia que Dumbledore pensava que era o melhor para ele, não tinha mais nenhum parente próximo vivo. Sirius tinha ido para Azkaban poucos dias depois da morte de seus pais, Remus era um lobisomem, logo nunca teria sua custódia. Os restantes parentes afastados eram Comensais da Morte. Estava sozinho.
Depositou uma rosa branca, avançando para as próximas lápides, observando os nomes gravados e colocando uma rosa. Alguns não conhecia, mas havia nomes que faziam estremecer seu coração como Colin Crevery, uma criança que não devia ter entrado naquela guerra ou Lavender Brown, que não tinha aguentado o veneno da mordida de Greyback e perecido no chão frio e sangrento do castelo. Por vezes, ainda sonhava com eles.
Observou o nome de seu ex-professor de Poções, Severus Snape, gravado a letras grossas. Se perguntava como teria sido se sua mãe o tivesse perdoado. Teriam continuado amigos? O ódio que ele sentia por seu pai teria diminuído de alguma forma? Teria se tornado naquele homem frio e mal humorado, que humilhava seus estudantes? Afastou seus pensamentos, não valia a pena pensar. Pousou uma rosa, a única que se encontrava viva naquela lápide. Com a varinha, limpou as restantes.
E avançou, passando pelas lápides de Remus e Tonks, que nunca puderam ver seu filho crescer e se tornar o homem forte e trabalhador que era. Um órfão, tal como ele. Colocou duas rosas, seus olhos se enchendo de lágrimas. Não deveria ter sido ele a cuidar de Teddy, de ver seus primeiros passos, de escutar suas primeiras palavras, mas os pais dele.
Respirou fundo, controlando suas emoções. Continuou passando pelas lápides, deixando flores, até chegando à mais recente, que estava rodeada com ramos dos mais variados tamanhos e formatos.
Seu olhar estava desfocado e fechou os olhos, deixando escapar algumas lágrimas. Sua ultima perda. Mais uma pessoa que tinha partido. Hagrid.
Observou a frase, escolhida pela diretora e por Hermione, umas das pessoas mais próximas do meio gigante:
"Hogwarts não existe sem você, Hagrid"
E era verdade. Todo o mundo amava Hagrid, seu bom coração não deixava ninguém indiferente. Fang, que tinha morrido poucas horas depois que seu dono, de tristeza, jazia a seu lado.
Apenas com uma rosa branca, a colocou por cima da lápide, fazendo contraste com os volumosos ramos. Se ajoelhou na terra fria, seus olhos nunca abandonando as palavras gravadas.
- Você vai fazer muita falta, meu amigo. - Falou Harry, sentindo o vento acariciando seus cabelos. Uma de suas mãos acariciou a pedra branca da lápide, antes de se afastar. Limpou as lágrimas, se sentindo estranhamente reconfortado.
Fazia esse caminho todas as semanas, agradecendo a todos por terem lutado a seu lado e trazendo a seus filhos uma vida sem dores e perdas, um futuro sem receios, a paz que tanto desejava.
FIM