Yorokobi no Namida 2

Tempo estimado de leitura: 40 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 6

    Revelam-se as duvidas, o passado de Aya?

    Meus sonhos sempre se resumiram em eu sendo perseguida por um mexicano montado num coelho de papel (eu já parei de beber suco de uva de noite, juro), mas, dessa vez, as coisas eram mais sérias do que mexicanos. Vi uma criança de aproximadamente cinco anos, e reconheci como eu. Meus cabelos estavam curtos e presos num rabo-de-cavalo, eu estava em uma floresta, aparentemente caçando animais. Vestia roupas velhas e aparentemente um pouco rasgadas. Um garoto se aproximava por trás, eu não prestava atenção, simplesmente continuei a mexer nas plantas. Acho melhor contar tudo o que vi como se estivesse lá agora...

    - Nossa, que machucados são esses? ? ele inclinara um pouco a cabeça, fazendo com que sua franja castanho-escura caísse sobre seus olhos azuis.

    - Quem é você? ? eu disse com a voz tremula, enquanto me virava assustada.

    - O meu nome é Saiko, eu respondi sua pergunta, que tal me dizer quem te atacou agora? ? Ele disse de um modo gentil.

    - Foram só alguns animais... ? respondi abaixando um pouco a cabeça. Aquele garoto... Não podia deixá-lo descobrir que eu era uma renegada, provavelmente ele contaria aos seus pais, que chamariam os magos celestiais, e isso significaria minha morte.

    Então ele fez uma coisa completamente inesperada. Ele segurou meu pulso esquerdo e olhou fixamente para meus olhos. Depois para meu braço, onde haviam cortes com uma profundidade média, alguns ainda escorriam um pouco de sangue, e doíam muito.

    - Com animais, você quer dizer ursos? Porque só esse tipo de bicho para fazer cortes tão profundos. ? ele disse olhando meus braços. ? Ah, você é uma renegada, né?

    Estremeci. Por acaso tinha algum letreiro na minha testa escrito: ?? Ei, eu sou uma renegada!???! Tentei me soltar e correr, mas, ele segurava firmemente meu pulso, e só consegui me afastar dez centímetros dele.

    - Ei, calma! Por que está tentando fugir? ? Ah, por nada não, só estou fugindo aqui por diversão mesmo. Ele acha que se o coringa estivesse segurando uma serra elétrica e dissesse pro Batman: ??Ei, cara relaxa eu não vou fazer nada, toca aqui mano?? o Batman iria falar: ?? De boa man, hoje quer ir ali no bar e... Ei, por que está ligando a serra???. ? Eu não vou te machucar.

    Não ouvi, e continuei puxando com todas as minhas forças (sim, mesmo nessa época que eu devia ser mais ??selvagem?? minhas forças eram completamente inúteis. Eu sou tão fraca que acho que vou ter que começar a pagar alguém para abrir potes para mim.),mas, ele continuava firme.

    - Bom, acho que você não vai ouvir, então vou ter que te carregar mesmo. ? mesmo com aquela idade, ele me pegou pela cintura ergueu-me, colocando meu corpo sobre seu ombro, as pernas para frente, e a cabeça e braços para trás. Eu não corei, mas, senti que se fosse agora eu... Bom, eu chutaria a cabeça dele, mas, acho que coraria...

    - M-me largue! ? disse tentando me manter firme.

    - Só se você prometer que não vai ficar tentando fugir. ? ele disse.

    - Não, me largue...! ? eu disse já crente de que ele iria me dedurar, e a minha morte seria certa.

    - Tudo bem? A sua voz ficou mais fraca de repente... ? ele disse notando o desespero me tomando.

    Eu já me preparava para responder, quando um barulho de passos se aproximando bem perto começou. Ele me colocou atrás dele e sussurrou baixinho.

    - Não diga nada, eu não vou deixar eles te pegarem, tudo bem? - ele disse, sorrindo para mim.

    Menos de dez segundos depois, dois homens surgiram da mata, e nos fitaram. Eles usavam mascaras de madeira com buracos para os olhos e nariz, um tinha o cabelo loiro, e o outro laranja. Os dois usavam uma roupa negra longa e folgada, que mais parecia um vestido. No meio delas estava o símbolo de uma nuvem, o símbolo dos magos celestiais.

    - Garoto, recebemos denuncias de um elemento suspeito nesta floresta que pode ser um renegado, você viu alguém? ? o homem de cabelo laranja perguntou friamente.

    - Não, eu só vim aqui com a minha irmã para nadar no rio. ? ele respondeu me indicando inocente.

    - Entendo, obrigado. E é melhor vocês dois irem para casa, renegados são completamente frios e não hesitariam em matá-los. ? o homem loiro disse. Pela sua voz ele deveria ter não mais de uns vinte anos, e parecia estar tentando soar cruel como o outro cara, mas, ele estava parecendo para mim só um otário de máscara, que poderia me matar em segundos. ? Se ver alguém peça para seus pais chamarem-nos. ? ele completou, desaparecendo em meio a nuvens de fumaça.

    Assim que o outro cara desapareceu, ficamos sozinhos na floresta, e um silencio vergonhoso tomou conta do ar. Ele me protegera, aqueles magos poderiam ter matado ele em menos de segundos,mas, ele ficará na minha frente, e contou mentiras aos magos celestiais para me proteger, afinal, quem era ele?

    - Eu disse que não ia fazer nada com você. Confia em mim? ? perguntou, sem me segurar, mas, olhando fixamente para mim.

    Mexi a cabeça positivamente, e depois a abaixei. Não sabia o que estava fazendo, mas, havia concordado antes mesmo de pensar.

    - Ótimo, vem comigo. ? ele segurou minha mão, e começou a me guiar. Andamos mais ou menos 20 metros até uma casinha poder ser avistada, e em frente a ela havia uma pequena horta, que a deixava com um ar ??caseiro??. ? Olha, eu moro ali! Não precisa ficar com medo, porque meus pais não estão em casa!

    Ele me puxou para dentro da casa, por algum motivo eu continuava encolhida atrás dele. Não sei se por medo, o simplesmente pelo cheiro de chocolate que vinha do cabelo dele (me gusta), mas, continuei ali enquanto ele me mostrava o lugar. A casa não tinha muitos quartos, a sala tinha paredes brancas, havia uma pequena televisão negra posicionada perto da porta. No lado oposto da parede havia um sofá azul-marinho de quatro lugares. Ao lado do sofá havia uma cabeceira marrom-claro, onde estavam porta retratos de um casal, uma mulher de cabelos negros e olhos azuis, iguais aos de Saiko, e um homem de cabelo castanho-escuro e olhos negros. Os dois seguravam picolés nas mãos, e sorriam alegres para a foto. Enquanto entravamos na sala, queria perguntar sobe aquela foto, mas, ele apenas olhou sombriamente para o quadro. Quadros de doces e frutas estavam pendurados em alguns pontos da sala, deixando o lugar engraçado.

    - Fique aqui, eu vou buscar uma coisa e já volto O.k? ?ele disse sorrindo para mim, e me fazendo sentar no sofá. ? Ah, é qual o seu nome?

    - A-Aya... ? eu disse devagar. Estava com medo. Simplesmente fora para a casa de um estranho que conhecera na floresta, que por acaso salvara minha vida, mas, isso não é importante agora.

    Ele correu até o corredor e eu fiquei sozinha naquela sala. Meus ferimentos ardiam muito. Não foram só ursos que causaram aqueles ferimentos, quedas, pedras, plantas, espinhos, todo o tipo de coisa havia me machucado, e alguns ainda sangravam um pouco. De repente, eu me senti tonta, os machucados ardiam mais intensamente do que antes, comecei a sentir sangue cair da minha boca, e minhas forças (ta bom, chega de me trollar, né, já encheu.) evaporaram, e cai de cara no chão. Comecei a gemer, enquanto a dor dos machucados só piorava cada segundo, tive vontade de gritar,mas, senti que se fizesse isso, iria engasgar com o pouco de sangue que caia da minha boca. Em meio aos meus gemidos, ouvi passos, e em alguns segundos senti uma mão sobre minha cabeça.

    - Aya...? O que houve? Você estava realmente tão machucada? ? ele me colocou sentada no seu colo, e encostou minha cabeça nele. ? Ahh, cadê a magia de cura em pote? ? ouvi um barulho de mãos mexendo em potes, pelo visto ele tinha trazido uma mini-caixa de primeiros socorros ou algo assim, porque sem nem ao menor perceber, ele enfiou um comprimido na minha boca. ? Achei... Você está melhor...?

    - A... Acho que Si... Si... Sim... ? consegui falar, e a dor foi sumindo devagar.

    - Que bom, seu rosto está recuperando as cores... Hahaha, você está toda melada de sangue... ? Ele me acalmava. (Sim, adorei a piada, melada de sangue, que tudo, vou mandar para todos os meus amigos do facebook...)- Acho melhor você se lavar... Vamos, consegue se levantar?

    Comecei a movimentar minhas pernas, elas ainda tremiam, mas, fiquei de pé, apoiada nele. Ele me conduziu até um banheiro, daqueles onde a banheira é um quadrado ligado à parede. Eu me sentei no chão, ele já estava para sair do banheiro, quando perguntei.

    - A... Onde... Você vai...?

    - Aya... Você vai tomar banho... Seria meio estranho se eu ficasse aqui... ? ele disse sem jeito.

    - Ah é... ? Cérebro 01 ? Aya 00. Assim que ele fechou a porta, tirei a roupa, e entrei devagar na água. Os meus machucados de antes pareciam não existir mais. A ultima visão que tive antes de mudar de sonho, foi de eu estar mergulhando na água, em e sentir muito bem.

    O sonho mudou agora eu estava novamente na floresta, mas, dessa vez, correndo ao lado de Saiko.

    - Não acredito que estou ensinando você a caçar! ? Eu dava risadas. ? Mas, até que você acompanha bem... Para um menino! ? provoquei.

    - Engraçadinha... E então, que animal era esse que você disse que iríamos caçar? ? ele perguntou. Ontem havíamos combinado de pelo menos derrubar o animal, sem matá-lo, já que era uma espécie rara.

    - Um Pégasos, vamos nos separar quem achar primeiro usa o elo. ? Expliquei. Há alguns dias havíamos percebido que conseguíamos nos comunicar pelo pensamento, e desde então usávamos isso para quando nos separávamos na floresta. ? Vamos!

    Eu segui para a esquerda, atravessando alguns galhos quebrados que caiam entre duas árvores. Não havia visto o caminho que Saiko resolvera seguir, mas, não havia motivos de preocupação, afinal, ele já sabia tudo o que precisava para sobreviver ali. Pulei algumas poças de água, havia chovido durante as ultimas duas semanas em que eu passara a morar com Saiko.

    Naquele dia a floresta parecia excepcionalmente escura, e nenhum raio de sol estava visível. Logo começaria a chover, para mim, aquilo seria um fato sem importância, já que a água sempre me fizera muito bem. Decidi que por enquanto só caminharia, e fiquei nisso durante aproximadamente meia hora.

    - Que coisa... Acho que não vamos conseguir achar o Pégasos hoje... ? Reclamei. ? ??Saiko??? ? tentei chamá-lo pelo nosso elo.

    ??Eu... Não tenho certeza do que aconteceu... Acho que estou perto do lago... Não consigo me mexer direito... ?? Sim, super especifico, tinha pelo menos uns dez lagos nessa floresta, mas, havia uma pequena poça que havia se formado á alguns dias, que ele começou a chamar de ??lago??, bom é nessas horas que eu me sinto como a dona de um cachorro que se recusa a fazer xixi no jornal, mas, de qualquer jeito, segui para o local que ele dissera.

    O sonho mudou. Agora Saiko estava numa cama, e eu ao seu lado; sua cabeça estava enrolada numa faixa, e ele parecia cansado. Eu segurava um pote, onde havia um liquido que reconheci como mel, eu o dava na boca para ele.

    - Saiko... É a quinta vez que você se machuca na floresta... ? eu dizia preocupada.

    - Foram... Só... Animais... ? ele dizia fraco.

    Então o sonho (ah, sério?) mudou de novo. Mas, minha mente já devia ter se cansado de mostrar tantas lembranças, então eu só vi imagens, e as legendas surgiam em minha mente. Vi-me espiando Saiko ir à floresta; magos celestiais o atacando; uma imagem dele na cama, eu usando a água daquela cachoeira (eu não sou uma pervertida, tá?), e ir embora chorando, por descobrir que os magos celestiais estavam atacando ele o tempo todo, por minha culpa, para descobrir onde eu estava.

    Acordei com lagrimas nos olhos, aquilo era realmente verdade? Eu nunca entendi direito essa expressão, mas, acho que ??podia dormir sem essa??. Afundei as mãos no rosto. O que eu havia feito? (se alguém disse ?? você é cega? Acabou de se ver largando uma pessoa muito boa por sinal, além de cruel é burra? ?? alguém ai vai apanhar, mas, talvez seja eu...)

    -Saiko... ? Consegui dizer entre as lagrimas.

    - Chamou... Aya?


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