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Tempo estimado de leitura: 21 horas
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Olá, leitores. Como estão?
Antes de mais nada, peço desculpas pelo longo período sem novos capítulos. Esse final de ano tem sido um pouco mais puxado do que eu previ. Mas como compensação, hoje lhes trago um capítulo especial, cheio de acontecimentos... e algumas supresas. E para isso, ele será mais longo que de costume, então só comecem a ler quando tiverem um tempo livre considerável.
Muito obrigado pela atenção e boa leitura.
Divirtam-se.
Os acontecimentos a seguir ocorrem ao mesmo tempo que os capítulos anteriores.
E como a nova formação dos Lutadores da Liberdade Secretos, temos:
Vicent, como Máscara Rubra
Larry Lince, como Lucky
Big Gato, como Grande Felino
Geoffrey St. John, como Agente Ás
Elias Acorn, como Agente King
Como agentes voluntários atuando como suporte, teremos:
Who Coruja, como o comunicador
Amadeus Prower, como o estrategista
Sir Charles (tio Chuck), como piloto do X-Cruiser
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Recapitulando...
Como vimos no capítulo “Preparando terreno”, Geoffrey St. John e Who Coruja tiveram seus planos descobertos rapidamente por Elias Acorn, rei de Nova Mobotrópolis, e por Tio Chuck e Amadeus Prower. Entretanto, num acerto conjunto e numa união de forças, formaram novamente o time Lutadores da Liberdade Secretos para agirem as escondidas. Seu objetivo: saber do paradeiro da agente (e esposa de Geoffrey) Hershey Gato e, principalmente (no ponto de vista de Elias) sobre o que o Clã Nocturnes representa de ameaça para toda Mobius.
Após o planejamento na central de inteligência do Castelo Acorn, o grupo secreto partiu para Soumerca embarcados no X-Cruiser, aeronave construída por Tio Chuck e Amadeus de forma totalmente secreta em um hangar escondido no subsolo de Nova Mobotrópolis: a antiga base dos Lutadores da Liberdade Secretos. O veículo voador era invisível a qualquer radar, inclusive aos avançados sensores de Nicole e até mesmo aos apetrechos de alta tecnologia de Eggman. Sua aerodinâmica permitia ao piloto movimentos plásticos e ligeiros, sendo de fácil manuseio. Podendo acomodar até sete passageiros, a aeronave era compacta o suficiente para entrar até mesmo em uma caverna.
Sendo assim, naquele mesmo dia, o sexteto seguiu sem perderem tempo em direção ao continente verde situado ao sul de Mobius. Sobrevoando a imensa floresta na escuridão da noite, os integrantes da aeronave se mantinham em silêncio absoluto, buscando se concentrarem, já que não tinham ideia do que iriam encontrar em Mystic Ruins. Mas havia um alguém que estava estupidamente incomodado com a situação: era Geoffrey. Porque? Bem, deixemos que seus pensamentos digam isso.
— *Elias só pode estar de sacanagem com a minha cara...* – Pensou, olhando para cada um dos integrantes – *O que o Vicent está fazendo aqui, esse garoto?! Soumerca não é lugar para amadores! E Larry Lince, esse inútil onde sua única vantagem é ser azarado?! Fala sério...*
E teve um que o jaratataca ficou mesmo irritado:
— *E Big Gato... Cara, porque ele? Porque, Elias? Olha só pra ele... Grande, visível a qualquer tipo de sensor, com cara de bobo... E ele não para de ficar me olhando...*
Isso era verdade: Big olhava fixamente para Geoffrey de longe. O jaratataca também o fazia, como se estivessem travando um duelo de quem iria desistir primeiro.
Se passou dois minutos...
Três...
Quatro...
Cinco...
Geoffrey parecia explodir de irritação a qualquer instante!
— *Que gato zuado... Será que ele está respirando, essa coisa feia? Esse idiota é um gato mesmo, com eles olhões de baiacu? Cara, porque ele não para de me olhar?!*
A paciência de Geoffrey estava perto do fim. Big não pareça de encara-lo e chegou um ponto que ficou insuportável o jaratataca não se manifestar:
— Para! – Disse, olhando para Big.
— ... – O Grande Felino sequer se mexeu.
— Para de ficar olhando pra mim, seu anormal!
— ... – Big ficou do mesmo jeito.
— Gato maluco... Pisca! Pisca pra eu saber se você está vivo! Vai! Pisca!
Big não só piscou como se levantou e foi até Geoffrey, que disse:
— Não não não não! Não vem até aqui, não! Fica aí, seu maluco!
— Ahh... Você quer falar alguma coisa comigo?
— Não!
— Você tem certeza? Eu te olhei a viagem toda e você não disse nada até agora...
— Mas é por isso mesmo! Porque você estava me olhando que nem um idiota?!
— Ahh... Bem... Eu pensei que você estava querendo falar alguma coisa comigo.
— Grr... – Geoffrey estava irritado ainda – Elias, só me diz: porque?
Quebrando um pouco o clima e fazendo parte da turma que decidiu começar a conversar, Elias se levantou e disse:
— Vicent é novo na cidade. Larry Lince vive só em Nova Mobotrópolis. E Big Gato conhece Soumerca melhor do que qualquer um de nós... E eu e você somos experientes. Consegue ligar os pontos agora?
— No máximo que eu vou conseguir formar com esses pontos é um X de missão fracassada! ESTAMOS NO CONTINENTE MAIS PERIGOSO DE TODA MOBIUS E VOCÊ FORMA UM TIME SÓ COM INÚTEIS?!
Isso foi ouvido por Larry e Vicent, que diz:
— Inúteis? Aí, Geoffrey... Você não se esqueceu do que fizemos com Naugus, não é? – Disse o jovem humano.
— Nada pessoal, Vicent! Só que não tem como eu contar com gente inexperiente nessa missão arriscada! Nossa, estamos em Soumerca!
— O que tem? Eu preciso treinar...
— Treinar?! VICENT, É A VIDA DA MINHA MULHER QUE ESTÁ EM JOGO TAMBÉM!
Para tentar amenizar os ânimos, Tio Chuck, que pilotava o X-Cruiser, tomou a palavra:
— Geoffrey, acho melhor você pegar leve...
— Pegar leve?! Você está mesmo falando sério, Sir Charles?
— Estou sim... O time que temos é só pra investigação. No menor do perigo eu estarei sobrevoando com o X-Cruiser para ajudá-los. Mystic Ruins por muito tempo foi um lugar bastante tranquilo e pacato, já que as tribos dos Felidae e a Matilha impuseram o lugar como zona neutra. Lá não é um lugar de conflitos e sim de oração, preces e meditação. Então melhor diminuir a carga dramática e começar a ser mais racional.
— Ah tá... Sim... Isso... Show. Vamos todos chegar lá e encontrar paz e harmonia... Sim. Aham... SÓ QUE A MENSAGEM QUE HERSHEY DEIXOU DIZ O CONTRÁRIO! Entendam: eu estou sendo muito racional, paciente na medida do possível e bastante complacente. Mas fazer um time como esse é um tiro no pé!
Vicent entendeu novamente que Geoffrey não tinha confiança nenhuma no grupo, sendo até um pouco arrogante. Mas o jovem se manteve calmo e parecia até estar sendo empático. Tanto que foi até o jaratataca e, segurando em seu ombro, diz:
— Geoffrey, você uma vez pediu pra eu apostar em você, deixar o imponderável ditar os eventos...
— Vicent...
— Você seria capaz então de fazer isso por mim desta vez?
— É uma situação diferente, Vicent. Olhe, eu não queria envolver você nisso tudo. Cara, você sequer sabe lutar!
— É, verdade. Mas isso não foi um problema pra que eu esmurrasse a cara feia do Naugus...
— Bom argumento... Mas insuficiente.
— Como assim?
— Estamos em uma missão arriscada. Soumerca por si só já é um continente perigoso. Mystic Ruins é uma incógnita desde os tempos mais primórdios e é para lá que estamos indo nesse exato momento... Não tem como eu concordar com o time que temos, nem morto.
— Mas eu tenho meus poderes, sabia?
— Que você abertamente já disse que não sabe controlar! Assuma isso! – Disse, apontando para Vicent.
E desta vez foi Larry que se colocou a falar:
— Você falando assim com o Vince parece um mal agradecido, sabia?
— Do que você está falando, garoto? Até parece que você tem moral pra falar algo...
— Ah é? Já lutamos juntos, cara! Já mostramos o que podemos fazer! E agora somos um time outra vez!
— Haha... Legal. Vejamos... Você tem como única habilidade ser azarado. Olha só... Você é super efetivo!
— Hm?! O que quer dizer com isso?
— Eu. Você. Um time. Você igual azar. Eu “estou” várias vezes azarado. Então? Então? Entendeu a sutileza e referência?
A negatividade de Geoffrey tinha a força de desmotivação que Elias passou a ficar incomodado. Indo até seu aliado de mal humor, o Agente King deu sua opinião:
— Escute, Geoffrey: eu não vou pedir para que você concorde com tudo que eu dizer, mas há fatos que você não pode se negar a ouvir: essa é sua equipe e você vai respeitar a todos de forma igual. Caso não queira raciocinar, eu vou te dizer: Vicent, Larry e Big são os únicos disponíveis que não tem um longo convívio com os demais Lutadores da Liberdade e de outros grupos por Mobius. O objetivo é continuarmos secretos e temos isso a nosso favor. Você compreendeu agora? Ninguém sabe que estamos aqui e nosso time tem membros que dificilmente seriam reconhecidos...
— Sim, compreendi, rei! Só que para isso você sacrificou tudo que tinha de experiência!
— Você tem e eu também. E não se esqueça de Sir Charles!
— Hunf... Tudo bem, Elias... Vamos fazer do seu jeito, mas...
— Diga logo!
— ... você será o principal responsável pelo o que acontecer a partir de agora!
— GEOFFREY! GRR... – Elias ficou mesmo irritado.
— Esse é meu nome, Vossa Majestade. Estou as suas ordens... – Geoffrey debochou abertamente.
Os ânimos ficaram muito mais exaltados naquele instante e um embate possivelmente ocorreria, mas:
— Escutem todos... – Disse Tio Chuck – Chegamos. Mystic Ruins está logo abaixo de nós. Se vocês realmente se importam com o sucesso dessa missão, recomendo que parem com essa guerra ridícula de egos e comecem a cooperar um com o outro. Ninguém aqui está esperando por uma amizade ou perfeição... mas isso não quer dizer que não possam agir em conjunto por um bem maior. Lembrem-se: somos todos aliados e temos um inimigo em comum. Aliás, um inimigo que pode trazer um mal muito maior que essa disputa idiota que estão tentando fazer! Tratem de reverem seus conceitos e ajam como líderes que são!
As palavras vindas do integrante mais velho surtiram efeito imediato. Tio Chuck pôs um fim da disputa e criou um clima de “quem vai por o braço a torcer” ainda mais evidente. E enquanto Elias e Geoffrey se encaravam enraivecidos, partiu do rei de Nova Mobotrópolis a palavra:
— Uma única missão. Entraremos, coletaremos o que queremos saber e voltaremos para a cidade.
— Não sem antes eu saber do paradeiro de minha mulher... Esse é o trato, rei de Nova Mobotrópolis.
— Muito bem, agente secreto “confiável”... Façamos isso e fim de discussão!
— Entendido, alteza.
O entendimento entre as partes não parecia ter sido o fim da discussão, mas trouxe pro menos um pouco de concentração para seguirem com o plano. Mas Vicent e Larry conversavam:
— Vince, algo me diz que vamos ter muitos problemas...
— De que tipo?
— Esse cara aí me dá calafrios. St. John, pelo menos o que me disseram, não gosta de perder.
— Ninguém gosta... Mas se aprende com isso o tempo todo... O tempo todo...
— Não não... Não é isso.
— O que então?
— Escuta, você já sabe que ele não gostou da gente estar aqui, não é?
— Claro... Mas eu preciso treinar. O senhor Amadeus Prower disse que seria uma boa eu ter contato com outras regiões. E ele me disse que este lugar, Mystic Ruins, é tranquilo...
Mas Big Gato também estava na conversa e:
— Mystic Ruins é um lugar tranquilo. Eu gosto de pescar nas lagoas perto do templo junto com o Frog... Meu amigo é legal e me acompanha... e eu acho que é por isso que eu fico tranquilo por lá.
— Hã?! Mas... – Vicent ficou confuso – Porque você está nos dizendo isso, Grande Felino?
— Mystic Ruins... é um lugar tranquilo... mas perigoso.
Ele disse isso enquanto se preparava para a saída, mas não sem antes deixar o jovem humano e seu amigo lince preocupados com o que acabaram de ouvir. O tom de voz que Big usou só trouxe mais apreensão por parte da dupla. Estaria o felino dizendo isso só por ter tido uma experiência ruim no passado (vide os eventos de Sonic Adventures na HQ da Archie Comics) ou um aviso real e concreto da situação do lugar? Pois bem, essa foi sem dúvidas uma coisa que não saiu de suas cabeças naquele instante.
Com o grupo pronto, todos desceram via parapeito até próximo ao templo de Mystic Ruins, com Tio Chuck içando vôo meus alto após a aterrissagem bem sucedida do time secreto. E já sobre o solo úmido e arborizado de Soumerca, os Lutadores da Liberdade Secretos caminhavam em direção ao templo. Elias logo disse:
— Time, vamos entrar no templo... Peço que fiquem sempre juntos.
— Não sei se isso é bom ou ruim, Elias... – Disse Geoffrey, novamente debochado.
— Não conhece, Ás!
— Está certo... Mas eu fui honesto, mais uma vez.
E do rádio de todos, Who tomou a palavra:
— Agentes, a qualquer momento vocês podem me contactar. Estamos aqui, Amadeus e eu, monitorando seus passos em tempo real. O que precisarem é só pedirem.
— Eu gostei disso... – Disse Geoffrey – Quase perguntei que horas são ou a previsão do tempo...
O sarcasmo do jaratataca ex agente secreto do Reino Acorn era um ponto onde os envolvidos estavam mesmo se incomodando. Geoffrey destilava seu veneno casa vez que agia assim, mas Elias manteve sob controle, a exemplo dos outros três integrantes do time. Não era um clima agradável e esse fator psicológico pesava ainda mais sobre Agente King, que seguia a frente do bando.
Sendo assim, eles subiram as escadarias deterioradas mas sólidas do templo antigo e se dirigiram até sua entrada.
Mystic Ruins Temple | Na escuridão de Soumerca
Music: Mystic Ruins Theme
Composer: Jun Senoue — Sonic Adventures OST
Sob o peso da rica história da região, o templo estava escuro, o que ajudava a esconder mais segredos naquela terra cercada do meus puro verde. Soumerca guardava em seu solo acontecimentos naturais e místicos e esse termo era exatamente como o último viés destacado.
Adentrando com cuidado, os Lutadores da Liberdade Secretos caminhavam lentamente, olhando em volta utilizando de lanternas de seus trajes. E para ajudá-los, eis que Amadeus disse:
— Time, de acordo com os registros de Who, vocês estão prestes a chegar à câmara central. Foi a partir daí que Hershey começou a escrever sua mensagem criptografada.
— Ah sério mesmo? – Geoffrey estava mesmo sarcástico – Vai também falar sobre o clima, Amadeus? Tails deve ouvir isso todo dia...
— Ás, leve a sério a missão! E não cite outros nomes!
— Eu estou levando... mas parece que só eu estou.
Ao fundo, conversando com Larry, Vicent disse baixo:
— O Geoffrey tem mesmo essa experiência que dizem?
— Vince, ele era o agente secreto do Reino Acorn!
— Tudo bem, mas ele agir assim...
— É, eu sei... Está me irritando também...
E isso não era algo só deles: Larry olhou para Elias e percebeu que a irritação não saía de seu rosto. Pior: parecia que iria explodir a qualquer momento, mas talvez seu papel de líder o impedisse de se expressar como queria.
Passado alguns minutos, estes muito importantes para que Geoffrey finalmente se acalmasse, o grupo de lutadores chegaram até o ponto onde Amadeus citou mais cedo. O lugar, bastante escuro, tinha o ar um pouco mais úmido que antes, fora a brisa gelada que corria pelos acessos. Muito musgo e poeira podiam ser vistos pelas luzes das lanternas, única fonte de luz que tinham. A frente havia um imenso portal formado de granito sólido, que o tempo só fortificou. Diante esse cenário, Elias disse:
— Vai ser muito difícil acharmos algum meio para abrir esse portal...
Mas antes que se preocupasse mais, eis que Big, até então calado e seguindo fielmente seu time, acendeu uma tocha e fez o mesmo a outras que estavam presas as paredes, iluminando o lugar com muito mais eficácia. A escuridão em si se foi, mas o mistério e dúvida continuaram.
— Bom trabalho, Grande Felino! – Disse Elias.
— De nada, senhor rei.
— Eh... Grande Felino, me chame de King somente.
— Tudo bem, King.
— Hm... Agora que temos clareza, como vamos abrir esse portal?
Geoffrey então se aproximou da passagem e começou a vasculhar as extremidades. Logo avistou escritas antigas, onde disse:
— Há algo escrito por aqui... Grande Felino, você tem ideia do que seja?
— Eu não...
— Ah... Porque não estou surpreso com isso?
Mas havia alguém que se interessou em ler: Vicent. O jovem humano se aproximou de Geoffrey, dizendo:
— Posso tentar ler o que está escrito aí?
— Vai me dizer que você sabe o que está escrito? Com o devido respeito, Máscara Rubra: você está em um mundo diferente do seu, não sabe de nossa cultura, não tem ideia de onde está e... – Ele foi interrompido por Elias.
Segurando no ombro do jaratataca, o rei de Nova Mobotrópolis disse:
— Você vai mesmo impedir que ele tente ler?
— Não podemos perder tempo com tentativas! Temos que ser efetivos ao máximo!
Efetivo era uma palavra muito forte, mas ele estava certo: a urgência mandava que qualquer segundo era precioso. Mas víamos etapas, onde Big ajudou e desta vez era Vicent. O jovem então olhou bem para as escritas, lendo em seguida.
— Isso são hieróglifos maias! Mas como que esse lugar ainda existe?!
— Garoto, mantenha o foco! – Disse Geoffrey.
— Pode não parecer, mas eu conheço a história desse povo!
— Como é?! – Se surpreendeu Larry.
Mas Geoffrey estava com pressa.
— Máscara Rubra, nada de aula de história! Nos poupe dos flashbacks e das analogias que toda-vez-vem-e-vai. Você consegue mesmo decifrar o que está escrito?
— Mais ou menos... Está em um nível muito avançado... Eu só tenho o básico porque fiz curso de línguas mortas...
— Beleza... Então mostra que você é vivo e “tente” tentar!
— Agente Ás! – Gritou Elias – Pare com isso!
— Tudo bem, King... Máscara Rubra, dê o seu melhor, ok? – Disse Geoffrey.
Vicent se esforçou um pouco mais do que tinha de conhecimento dos hieróglifos antigos daquela civilização tão antiga e:
— “O portal dos milênios, guardados aos confins de nosso humilde templo... só poderá ser aberto ao dar-lhe alimento”... Bem, eu acho que é isso.
— Então a gente tem que dar papinha de bebê pra porta, é isso? – Geoffrey não parava de ser debochado.
— Agente Ás... – A paciência de Elias estava se esgotando – É óbvio que isso é um enigma. “Alimentar uma porta” na certa tem a ver com algum tipo de coisa que devamos fazer para que ela abra... Mas como e o quê?
E adivinhem só quem tomou a dianteira de tentar fazer algo? Big logo interveio e foi até uma fonte ao fundo do salão onde se encontravam e, surpreendendo a todos, pegou um pouco de água com suas mãos e jogou contra uma suposta fechadura...
... fazendo com que o portal se abrisse como se fosse mágica. Geoffrey, com os olhos arregalados, logo perguntou:
— Grande Felino... Mas... Ah... Mas como você entendeu que jogando água iria resolver isso?!
— Meu amigo Frog.
— Hã... Que tem ele?
— Ele gosta de se alimentar de água.
— Ok... Mas qual a relação com o enigma?
— Enigma? O portal precisava se alimentar...
— O que tem isso?
— Água é vida. Sem ela a gente fica mal... que nem o Frog sem água. O portal estava mal porque estava sem água...
— Hã?! Mas... Mas... ISSO NÃO FAZ O MENOR SENTIDO!
E Larry, como se estivesse caçoando do jaratataca, disse:
— Não reclama! Ele abriu a porta, então o mérito é dele... e do Vic... Digo, do Máscara Rubra também!
— Garoto, olha o respeito!
E liderando o time, Elias chamou:
— Ás, esqueça isso. E bom trabalho, Máscara Rubra e Grande Felino! – Disse, caminhando em seguida – Vamos, time! Hora de conseguirmos algumas respostas...
Como ordenado, sem perder mais tempo o grupo seguiu através da passagem aberta, adentrando a um corredor bastante escuro e frio. Geoffrey demonstrava em seu rosto uma apreensão ainda maior, percebida por Vicent e Larry, com Big indo a frente e Elias logo atrás. A curiosidade servia como combustível para que criassem coragem e seguissem com a busca.
Mas antes que houvesse mais detalhes do lugar, podíamos ver surgindo na sala anterior três silhuetas, denunciadas pelas tochas acesas que não faziam parte dos Lutadores da Liberdade Secretos. E eram bem familiares...
Minutos depois...
Mystic Ruins Temple | Câmara Antiga
Big parecia saber muito bem o que estava fazendo, iluminando o caminho com sua tocha e acendendo a cada uma presa as paredes do corredor entregue a penumbra, que aos poucos tinha sua escuridão desfeita. O cheiro de mofo e o ar umidificado parecia denunciar a natureza do que um dia foi o templo, alimentado por água e até mesmo louvado por isso.
“O antigo povo equidna adorava e cuidava a uma entidade do caos, mantida por água em sua estrutura e que trazia harmonia. Embora seu nome enunciasse o contrário, Caos era adotado pelos antigos e curado por uma intrépida e dedicada sacerdotisa: Tikai. Porém um dia, com a ambição dominando a mente de seu pai e seu povo, isso lhes custaram suas vidas...
... pelo poder do Caos”
— É isso que está escrito, Agente King – Disse Vicent.
Sim. O jovem humano novamente estava usando de seus conhecimentos de línguas antigas. Frente a um mural fincado em uma parede de granito, ele terminou sua leitura enquanto Elias disse:
— Embora isso ajude a sabermos que realmente estamos no lugar certo, isso em nada responde o que queremos mesmo saber... Who, está na escuta?
E enquanto o grupo estava disperso pelo salão, Who entrou em contato:
— Afirmativo, King. E antes que pergunte: vocês estão exatamente no lugar onde as coordenadas deixadas por Hershey na mensagem criptografada.
— Eu estou usando os sensores para tentar rastrear algo, mas há algum tipo de bloqueio.
— Isso era esperado. Mystic Ruins tem uma membrana muito forte de energia mística na região. Vocês terão de fazer uma varredura a missa antiga.
— Isso quer dizer procurando mesmo... Está certo. Câmbio, desligo.
E quase como por impulso, Elias disse:
— Time, estamos no lugar certo. Porém os sensores não funcionam...
— Novidade... – Disse Geoffrey – Xing ling é fogo...
— Cale-se, Ás! E time... Teremos de procurar nós mesmos. O salão tem pelo menos quarenta metros quadrados. Vamos nos dividir para agilizarmos a análise... Lutadores da Liberdade Secretos, hora de agir!
Como combinado, os cinco membros se dividiram para enfim procurar por qualquer vestígio do sinal de Hershey e por evidências da presença do clã Nocturnes.
Vicent seguiu para o sul: o jovem continuou a tentar ler hieróglifos.
Larry foi para o norte: o lince ficou responsável pela parte mais fechada do lugar.
Big foi para o noroeste: a área mais distante e úmida do templo.
Geoffrey foi para o leste: era onde ficavam os altares de oração dos antigos.
Elias foi para o oeste: a sala de cerimônias, onde o culto a Caos era uma prática comum no povo equidna antigo.
Seus esforços para encontrar alguma coisa, seja o que for, que trouxesse respostas, mesmo que tímidas, eram mesmo valorosas. O empenho era mútuo e por um breve momento se esquecia de que a minutos atrás Geoffrey quase desestabilizou o grupo. Pena primeira vez desde que chegaram a Mystic Ruins, estavam agindo como um time de fato, mas...
Minutos depois...
Se reunindo novamente no salão principal, lá estava Elias, preocupado com o grupo. Logo apareceram Larry e Vicent, para que o rei de Nova Mobotrópolis perguntasse:
— Ora... Vocês dois, encontraram algo?
— Só achei poeira, pedras, plantas, água... – Disse Larry.
— E eu só hieróglifos antigos, que não diziam muito e tal... Resumindo: inútil – Disse Vicent.
— Ah que ótimo... Eu também não encontrei nada de útil... – Elias estava desanimado.
Mas mais desanimado que Elias era Geoffrey. Retornando cabisbaixo, o jaratataca disse:
— Droga! Não tem absolutamente nada... NADA! Grr...
— Ei... Acalme-se, Ás! – Disse Elias – Ainda não terminamos.
— Sério, King... Eu adoraria que estivéssemos sendo encurralados por uma centena desses tais Nocturnes que Hershey disse do que não encontrar nada. Pelo menos saberíamos que suas informações estavam corretas.... NÃO! HERSHEY NUNCA ERRARIA!
— Claro que ela nunca erraria. Eu concordo com você...
— Finalmente, hein! Pensei que você iria me fazer ficar mais desanimado...
E fechando o grupo, eis que Big retornou. Caminhando para próximo do time calmamente, foi interpelado por Elias:
— E então, Grande Felino... Encontrou algo?
— Encontrei sim, King. Encontrei uma coisa...
— Mesmo? E onde está?
E lentamente Big levou sua mão até seu cinto e dele ele retirou uma esmeralda do caos! Nem preciso dizer que todo o time ficou surpreso e pasmo com tamanha façanha, não é?
— CARAMBOLA! – Gritou Geoffrey – MAS O QUE DIABOS UMA ESMERALDA DO CAOS ESTARIA FAZENDO AQUI?!
— MAS O QUE SIGNIFICA ISSO?! B... Quero dizer, Grande Felino... Onde você encontrou isso? – Perguntou Elias?
— Achei no mato lá onde eu estava. Numa abertura iluminada.
A preocupação tomou conta de todos, já que a relíquia era um item muito especial para que estivesse ali sem que ninguém suspeitasse de sua presença. Nesse cenário, Geoffrey deu sua opinião:
— Minha nossa... Se essa esmeralda está aqui, então como que Hershey não disse nada? Não faz sentido... Impossível que nem ela e tampouco os tais Nocturnes não a encontrarem...
— Se isso aconteceu, Ás... Então só tem uma resposta.
— E qual seria?
Big colocou mais história a trama:
— Uma vez eu estava na tribo da Matilha. A rainha Lupe me convidou pra fazer parte da festa. Ela disse que Mystic Ruins era um lugar tranquilo... mas perigoso. Ela disse isso porque o templo... é vivo.
— VIVO?! – Gritou Larry – Como assim vivo, cara?!
E Geoffrey, isso de seus conhecimentos de magia, levantou uma hipótese:
— Os poderes místicos desse lugar devem maturar os caminhos... Só pode ser isso!
— Como assim, Agente Ás? – Perguntou Vicent.
— Já ouvi relatos de anciãos e até de Naugus de que construções místicas tem propriedades voláteis. Isso significa que Mystic Ruins tem tanta energia mística que toda sua estrutura se move de forma aleatória de acordo com quem a adentra. Em outras palavras, esse lugar escolhe o que seus visitantes devem e podem encontrar!
— É claro! – Cravou Elias, olhando para Big – Por isso Grande Felino achou a esmeralda do caos de forma tão fácil!
— Mas o que ele tem a ver com isso, King? – Perguntou Vicent.
— Porque o templo o conhece e sabe que ele é um amigo! Hershey e os Nocturnes não tiveram essa chance porque Mystic Ruins escondeu e protegeu a jóia!
Mas Geoffrey levantou outro viés:
— Não tão rápido, King... Se me lembro bem, Eggman surrupiou as esmeraldas do caos para ativar a Death Egg 2.0 (Sonic HQ #224) e usá-las como combustível! Aquela coisa gigante na certa teria drenado toda a energia de cada uma delas!
E abrindo o áudio do rádio, Amadeus tomou a palavra:
— Ele não pegou todas.
— Como é? – Perguntou Geoffrey.
— Se Eggman tivesse feito isso, com total certeza a Death Egg 2.0 seria uma fortaleza invencível. Sonic, Tails e Sally nunca teriam invadido aquilo se Eggman tivesse 100% do poder das esmeraldas. E pelo reporte de Sonic e Tails após os acontecimentos da luta contra Naugus, a base está imóvel e inanimada em Tundra do Norte até hoje... e por lá ficou. Uma fortaleza enorme precisa de muito combustível. Eggman não usou totalmente da razão, podem ter certeza. Essa esmeralda está aí a muito tempo...
— Isso explica o porquê da Death Egg não ter nos robotizado quando teve a oportunidade e também a estada dessa esmeralda por aqui... – Definiu Elias – Bem, agradeço a ajuda, Amadeus.
Geoffrey então caminhou para até próximo a Big e, mostrando confiança, disse:
— Grandão, acho que te devo uma.
— Hã? Eu não sou de guardar nada pra mim.
— Não é isso. Você é o único aqui que esse lugar confia. Então vamos te seguir a partir de agora.
— Ei, porque está dizendo isso, Ás? – Perguntou Elias.
— King, se o Grandão aí achou a esmeralda, então ele também será capaz de encontrar qualquer coisa... Inclusive o que estamos procurando! Não é óbvio?
Larry entendeu bem o que Geoffrey quis dizer:
— Isso mesmo! O Grande Felino tem carta branca pra andar por aqui nesse templo! Então basta ele andar que o templo vai dar o caminho pra ele de boa!
Só que o momento de libertação e descobrimento deu lugar rapidamente a surpresa e estranheza. O porquê disso? Uma salva de palmas solo cortou todo o momento, com uma voz orgulhosa dizendo:
— Bravo... Bravo! Nossa, que investigação! Que ídolo! Bravo, hehehe...
Todos olharam curiosos para saber de quem pertencia a voz, embora alguns já desconfiassem.
— Essa voz... – Desconfiou Geoffrey – Não pode ser... Não mesmo...
Carregando sua espingarda multi uso e com seus caninos protuberantes em sua boca, sua pelugem púrpura e suas botas e luvas de cor marrom, amém de seu chapéu, já diziam por si só de quem Geoffrey pensava. Era ninguém mais, ninguém menos que:
— Nack Fuinha! – Disse Elias.
— Olha só... O mascarado da coroa me conhece! Haha... Não são tão fracassados como eu imaginava.
— O que você está fazendo aqui, seu patife?
— Sr patife, entendeu? Eu que sou a autoridade aqui, não se esqueçam! Haha... Como foi fácil segui-los... E o melhor: fizeram o trabalho mais difícil pra gente, que consideração!
— Hm?! Trabalho? E... “pra gente”?!
— Sim... Pra gente!
E quem disse que Nack estava sozinho nessa? Surgindo das sombras, eis que um urso com pelugem amarela e usando um cachecol verde e luvas, botas e gorro da cor marrom apareceu, socando no próprio punho. E juntamente, sorrindo e dançando, também surgiu um pato com penugem verde, um lenço amarrado em seu pescoço de cor vermelha, cuja cor era a mesma de seus calçados. Seus olhos azuis brilhantes se destacavam em seu rosto, onde o ser disse:
— Olha só, gente! Que belezinha... Estou fazendo parte de uma fanfic! Isso não é incrível? Vou até cantar... Ah virá virou, virá virou... O time Hooligans chegou, chegou!
— Cale-se, Bean! – Disse Nack – Está estragando o momento propício!
— Não estraga minha entrada triunfal! Pensei que nunca mais iria ver mais brilhinho...
Exatamente isso. Eram os Hooligans, em carne e osso... e bomba.
— O que imprestáveis como vocês estão fazendo aqui? – Disse Elias, retirando sua espada.
— Ih ah... Olha o cara... Mascarado ferrado, façamos assim: entreguem a esmeralda e tudo ficará bem e ninguém vai se machucar... muito – Nack parecia falar sério.
Só que alguém alí estava confuso: Vicent. Ele não os conhecia, então:
— Quem é o trio aí?
— Vic... Digo, Máscara Rubra, eles são os Hooligans. Mercenários que fazem tudo por dinheiro e estão pouco se lixando para os outros. Tudo pra eles é dinheiro! – Disse Elias.
Só que Bean ouviu isso:
— Ei, qualé! Não pensamos só em money money money moneeey! Também penso em maionese, maria mole, macarrão, macaron, “quastel de peijo”... Ih ferrei com o raçô todo, putz...
Só que Nack realmente estava falando sério. Tanto que ele pegou sua arma e apontou para o quinteto.
— E então? Como vai ser? Limpo ou sujo? Só entregarem a jóia e cada time segue seu rumo. O que me diz? É uma proposta irrecusável...
Geoffrey tomou a frente, dizendo:
— Não me faça rir, Nack! Vocês estão em desvantagem numérica, além de que estamos todos presos aqui!
— Haha... Hahahaha! Você disse isso cedo demais, punk!
— O que?!
Quase como um raio, três vultos sortidos passaram voando a toda velocidade, ao mesmo tempo que a esmeralda do caos sumiu das mãos de Big. Por muito pouco esses três não passaram despercebidos por Elias, que diz:
— O que?! Eles são... OS PÁSSAROS BABILÔNICOS?!
Montados em suas pranchas supersônicas, eram de fato Jet Gavião, de penugem verde e olhos azuis, Wave Andorinha, de cor roxa e usando estilosas roupas de cor branca e óculos laranja, e Storm Albatroz, de penugem acinzentada com detalhes em branco em seu peito. Isso sim foi mais uma surpresa para os Lutadores da Liberdade Secretos!
— MAS QUE RAIOS VOCÊS ESTÃO FAZENDO?! – Surtou Elias.
— King, isso foge totalmente do nosso controle! – Geoffrey se preparou para o combate – Hora de agirmos... NA VERDADE PASSOU DO PONTO!
O jaratataca não perdeu tempo e correu como pôde em direção onde os pássaros babilônicos sumiram de sua vista. Pensando rápido e contando com um continente pequeno, Elias disse:
— MÁSCARA RUBRA, SIGA O AGENTE ÁS!
— King?! Mas o que...
— NÃO PERGUNTE! VÁ LOGO! Temos pouco tempo!
— Tu-tudo bem!
Mas Nack não iria deixar que disse tão fácil:
— Você está bem na minha mira, cabeludo vermelho... NÃO TEM COMO EU ERRAR!
Vicent usou de suas habilidades de parkour e usou até mesmo as paredes para evitar de seu alvejado pelo fuinha. Impressionado com a agilidade do rapaz, que conseguiu ir pela passagem atrás de Geoffrey, ele disse:
— Esse cara é bem arrojado... mesmo pra um overlander...
— Deve ser o próximo protagonista do Assassin’s Creed! A Abstergo vai bolar com ele, hihi! – Disse Bean, segurando uma bomba.
Mais uma vez, a situação estava totalmente fora de controle. No Centro de Inteligência do Reino Acorn, lá estavam Who e Amadeus, que acompanhavam a tudo que estava acontecendo. Os dois não tinham ideia do que estava acontecendo.
— Isso é uma confusão sem tamanha, Who!
— Não precisa dizer outra vez! Temos que arquitetar um plano alternativo...
— NÃO TEMOS TEMPO!
— Mas temos que encontrar um! Pelo menos Geoffrey pensou rápido e seguiu os patifes dos pássaros babilônicos...
— ISSO É MUITO POUCO! GRR... – Disse Amadeus, indo até o rádio – Sir Charles, está na escuta?
— No alto e claro. E eu já estou sabendo do que está acontecendo lá... É uma situação muito desagradável!
— Coloque desagradável nisso!
— Fomos pegos de surpresa!
É. Foram mesmo!
Voltando a Mystic Ruins...
— PORQUE VOCÊS QUEREM A ESMERALDA? – Gritou Elias.
A raiva do Agente King se somava a luta que começou a ser travada entre sua equipe contra os Hooligans. Nesse meio tempo, Elias estava usando sua espada para de defender dos tiros disparados por Nack, que dizia:
— Meu atual patrão é muito exigente. Então ele contratou os dois times, sabia? E a esmeralda é o porquê de estarmos aqui... NÓS VAMOS LEVÁ-LA E GANHAR UM PAGAMENTO QUE VAI ME FAZER ME APOSENTAR! HAHAHAHAHA!
— Não poderia esperar menos de um larápio como você, Nack! - Disse, levando em seguida – *Até hoje eu não te fiz pagar por você e seus irmãos fedorentos terem sequestrado minha irmã!* (Sonic HQ #122 e 123)
— Você falando assim até parece que me conhece a muito tempo... Não importa. Eu vou acabar com você!
— Tente e falhe miseravelmente!
Enquanto os líderes de cada time lutavam, os outros integrantes fazem o mesmo: Big media forças com Bark Urso, com trocação de socos quase sem parar e com os dois sequer recuando.
Enquanto isso, Bean arremessava contra Larry suas bombas.
— Bonitinho mascarado fofinho, fica paradinho e espera minhas bombinhas te explodirem todinho!
— Tá... Isso nem serve como piada, seu maluco sem noção! – Disse, fugindo de pelo menos três bombas.
— Você falando assim mágoa, sabia? Bombas foram feitas para explodirem coisas. Se elas não explodem coisas, porque existem? Se a vida te dá limões, você faz limonada!
— Já experimentou trabalhar numa pedreira? Lá você ia ganhar mais dinheiro!
— Trabalho formal não dá XP! O macete pra ficar style é ser lokão! – Bean arremessou dessa vez dez bombas na direção de Larry.
— SEU DOIDO!
Larry, ou vulgo Lucky, só pôde se limitar a tapar seus ouvidos, já que escapar era inútil. Mas não foi preciso mais alardes: as bombas não explodiram, para a reação de Bean:
— Ueh... Faiô? Que azar...
— Meu poder é esse! – Disse Larry, batendo no próprio peito.
— Seu doido!
As coisas só pioraram.
Enquanto isso, no corredor de acesso...
Contente por ter conseguido pegar a esmeralda, Jet seguia com sua trupe de riders pelo caminho iluminado pelas tochas. Entretanto, Wave não ficou calada:
— Isso foi tão fácil que até eu fiquei com pena daqueles manés... O que me surpreendeu de verdade foi aquele fuinha ter miolos pra bolar um plano como esse...
— Se é, haha! Mas valeu a pena a parceria. Daqui algumas horas, teremos muito dinheiro pra fazermos o que quisermos em Mobius! – Disse Storm.
Mas Jet estava calado, mesmo que contente. E a andorinha perguntou:
— Que foi, Jet? Mordeu a língua?
— Hm... Eu tô de boa.
— Acabamos de garantir nosso bem estar permanente e você tá aí caladão... Fala logo o que houve!
— Roubar é uma arte que só eu sei o que representa, mas...
— Mas o que?
— Sem plateia, sem emoção... Eu não me senti desafiado dessa vez, estou muito frustrado... Foi tudo facilitado, tudo simples... Nessas horas que faz falta o Sonic, um rival a altura...
— Ah é por causa disso? Haha... Que coisa... Até no momento onde se tem sucesso você encontra algo pra se lamentar...
— Eu tenho um nome a zelar e um pouco de dificuldade faz valer a pena. Mas você está certa em dizer que garantimos com isso nossa instabilidade financeira... E isso sim é uma vitória!
O albatroz que os acompanhava impôs uma dúvida:
— Quem contratou a gente abriu mesmo o bolso. Nossa, vai ser muita grana... Muita! Hahaha!
— Até eu não acreditei quando disseram que iriam pagar o triplo caso fizéssemos a parceria com os Hooligans... – Disse Jet, manobrando sua prancha – Se não fosse pelo money pomposo, isso iria ferir meu orgulho... Mas o que está feito, está feito. Vamos pegar nossa grana e curtir a vida!
Entretanto...
— Como é?! PAREM TODOS!
Jet manobrou em cima da hora, assim como os demais pássaros babilônicos. Eles evitaram um terrível acidente pois o portal praticamente sumiu. O corredor levava a um beco sem saída, o que frustrou muito seus planos.
— Mas que droga zuada é essa?! Eu tinha certeza que tomamos o mesmo caminho que entramos aqui!
— E é o mesmo caminho, ser inteligente! – Disse Wave – Se lembra do papo dos engomados lá? O Grandão que tem passe livre por aqui...
— Ih chefe... Não vai rolar passar por aqui... – Disse Storm.
— Eu sei, cabeça oca! Vamos ter que voltar...
Mas antes disso, eis que Geoffrey os alcançou, dizendo:
— E então... Vocês tem um desafio agora. Passar por mim não será fácil... e eu não vou mesmo pegar leve com vocês! – Disse, manifestando seus poderes Ixis.
Isso realmente causou impacto aos três, pois não esperavam por tal coisa. Mas Jet deixou bem claro que não era tão ignorante assim:
— Eu me lembro disso... Foi daquela vez que lutamos sob a bandeira da Armada Battle BIRD! (Sonic Universe HQ #33 a 36) Aquele mago que apareceu e lutou contra o Lord Kukku XV usou esses poderes...
— Bem lembrado! – Disse Wave – QUEM É VOCÊ?
Geoffrey ainda escondia sua verdadeira identidade, sendo assim:
— Eu sou Agente Ás... E as cartas estão na mesa. E adivinhem só: EU VOU FAZER UM POKER COM VOCÊS!
Geoffrey iria utilizar seus poderes Ixis para recuperar de forma bem ríspida e ágil a esmeralda do caos, mas havia algo que ele não se lembrou: a tornozeleira. A distância máxima havia se esgotado e, como efeito, uma forte descarga elétrica tomou conta de seu corpo, cessando totalmente seus poderes Ixis. Indo ao chão se contorcendo, Geoffrey não podia fazer nada. Jet, percebendo o momento, diz:
— Equipe, acho que é nossa deixa! Eu não sei o que está acontecendo, mas temos uma vantagem e vamos aproveitar!
A imprevisibilidade é algo tão especial quanto o imponderável. Ambos caminham paralelamente e trazem caos a todos. Mystic Ruins era um lugar assim...
Vicent estava já se aproximando onde Geoffrey estava, justamente quando os pássaros babilônicos voltavam o caminho, mas tudo mudou em frações de segundos: logo uma compota de abriu no corredor, trazendo consigo uma forte correnteza de água, assustado a Jet que diz:
— OH NOSSA! POTÊNCIA TOTAL, EQUIPE!
Partindo a mil, eles passaram pelo humano, que só se preocupou com a segurança de Geoffrey. Sabendo que uma crise iria começar, seu nível de estresse encheu rapidamente o indicador de energia em seu braço, com uma voz feminina metálica dizendo:
— Wellcome to the Fantasy Zone!
E ele, sem pestanejar, disse com toda força:
— GET READY!
Seus cabelos mudaram para vermelho segundos antes da água tomar todo o lugar e cobrir aos dois.
Seguindo pelo corretor, os Pássaros Babilônicos estavam desesperados com a bomba d’água que os perseguiam. E não só se resumiu a eles essa reação: os Hooligans e os Lutadores da Liberdade Secretos remanescentes junto a Elias ouviram o ruído estranho e até pararam de lutar. O motivo era o mesmo, onde a corrida dos pássaros babilônicos foi em vão, tomando a todos com a água que tinha umas força descomunal.
Todos foram levados pela enxurrada...
... e talvez de forma fatal.
E em algum lugar de Mystic Ruins...
A visão embaçada lhe tirava a nitidez das imagens...
Seus ouvidos ainda não lhe permitia ouvir normalmente, onde vozes sem compreensão o deixavam confuso...
Sua respiração fraca lutava para lhe manter acordado...
E sua força era pouca...
Esse era o estado de Elias Acorn.
Mas tudo mudou após um jato de energia diretamente em seu corpo. Ele logo despertou totalmente, ao ouvir uma voz feminina dizer:
— Lastimável.
Elias estava acordado e pôde saber melhor sua situação: Big, Larry e, pasmem, Geoffrey estavam presos, assim como ele, em uma sala com vários computadores e soldados da Nocturnes Armada, inédito para o rei. Porém ele notou que suas máscaras não foram retiradas, sabendo então que sua identidade ainda era secreta. E a sua frente estava Shade, a líder que usava o elmo do exército Nocturnes em pessoa.
— Que é você? – Perguntou Elias.
— Sou Shade, Alta Comandante do Império Equidna Nocturnes. E você?
— Agente King... E o defensor desta terra que vocês ousaram invadir!
— Invadir? Caro agente, creio que você não tem mesmo noção de absolutamente nada do que está acontecendo. Nós só estamos aqui para fazermos o certo. Nós voltamos para casa... e irmos trazer paz novamente a Mobius.
— PAZ?! Você só pode estar de brincadeira comigo...
— Viemos em paz e lutamos para trazer estabilidade a nosso planeta finalmente. Muitos estão nesse exato minuto tentando nos atrapalhar, mas é questão de tempo que todos se rendam e faça parte da nossa filosofia.
— ORA, CALE-SE! Eu já sei de todos os seus planos! Tudo que você acabou de dizer foi uma tentativa inútil de mascarar seus objetivos sujos!
— Do que está falando?
— VOCÊS QUEREM GUERRA E CONTROLAR MENTALMENTE A TODOS! Se vocês quisessem mesmo a paz, sequer pensariam em auto sugerir obediência a sua filosofia!
— Hum... Creio que você teve uma impressão equivocada sobre mim e meu povo... – Disse Shade, dando as costas a Elias – Fomos banidos injustamente pelos equidnas que não compreendiam nossa filosofia e temiam erroneamente a tecnologia que desenvolvíamos...
— MENTIRAS! Eles com certeza conheciam muito bem com o que estavam lidando... Meu pai vive me dizendo histórias dos antigos! Desde as primeiras gerações da família Acorn ocorrem mazelas como as que seu clã estão fazendo nesse exato momento!
— Eloquente... como esperado – Disse, se virando para Elias.
— Maldade... como todos esperavam!
— Então o que temos aqui é uma disputa de egos. O que você vê como “maldade” eu vejo como “controle de dano” para um bem maior.
— Não me faça rir!
— Acha que não tentamos dialogar pacificamente? Veja só: estou fazendo isso nesse exato momento.
— Sim... MANTENDO A MIM E AOS MEUS ALIADOS PRESOS!
— Um mal necessário... para a segurança de todos vocês.
— Palavras que eu ouço de gente malvada todos os dias... ME POUPE DE SEU CHORO!
E cortando a conversa, eis que os Hooligans e os Pássaros Babilônicos entraram no recinto, sendo escoltados por soldados do clã Nocturnes. Jet logo disse:
— Então esse cara é um mal perdedor... como esperado.
— Hm... – Shade olhou para os times – Vocês fizeram um bom trabalho, embora perdemos um pouco de maquinário por causa da tromba d’água...
— Efeitos colaterais de um trabalho bem feito. Sabe como é, né? Eu arrebento em qualquer cenário, hehe.
E desta vez foi Nack:
— Muito bem, chefa... Nós nos unimos e conseguimos a esmeralda... Então acho que essa é a hora dom pagamento pra todo mundo ficar feliz... – Disse, olhando para os presos – Eh, quero dizer... Quase todo mundo, hahahaha!
— Nack, não devemos judiar da desgraça dos outros... – Disse Bean, sorrindo – Mas eles estão tão fofinhos presos com esses aparatos brilhosos! (✷‿✷)
Entretanto, um certo alguém estava recobrando a consciência, dizendo em seguida:
— Hershey, onde ela está... Shade?
— Hm? Você disse alguma coisa? E qual o seu nome mesmo?
— Dane-se o meu nome... Me diga o que fizeram a minha Hershey...
— Eu não sei do que está falando, inseto.
— MENTIRA! ONDE ESTÁ HERSHEY? ONDE ELA ESTÁ?
— Como você não quer dizer quem é, então você não merece sua integridade... – Disse Shade, retirando a máscara dele.
Ao fazer isso, causou uma reação imediata por parte dos Hooligans e Pássaros Babilônicos, onde Wave Andorinha disse:
— Ele... é... Geoffrey St John?! Aqui?!
— Mas que parada sinistra tá acontecendo aqui?! – Perguntou Jet.
— O agente secreto do Reino Acorn?! Aqui?! – Disse Nack.
— Será que ainda existe biscoito waiffer de queijo no mercado? Tô com uma fominha... – Disse Bean.
Mas Wave estava muito mais ligada com o que estava acontecendo de verdade. Ancorada em seus pensamentos por ter uma inteligência acima da média, ela sozinha entrou em investigação:
— *Vejamos: Geoffrey está envolvido até o pescoço com tudo que está acontecendo aqui. Além disso, tem aliados mascarados com ele e que estavam atrás da esmeralda... “Estavam atrás da esmeralda” é uma presunção minha: eles não estão interessados na esmeralda como nossa chefa. Eles na verdade estavam protegendo a esmeralda como sempre fizeram, ou seja, o objetivo era outro. O que sabemos sobre os Nocturnes? O chefe, Storm e eu só aceitamos o trabalho pelo pagamento... “O pagamento” é novamente uma presunção minha: estamos sendo enganados ou possivelmente seremos!*
E após esse breve pensamento, a andorinha perguntou:
— Hershey é uma agente secreta como ele.
— Hm?! – Indagou Shade – Conte-me mais.
— Na certa ela estava investigando vocês.
Geoffrey se irritou com a atitude de Wave:
— NÃO OUSE PROFERIR O NOME DA MINHA ESPOSA, SUA CRIMINOSA SEM ESCRÚPULOS!
— Eu tenho certeza que você está aqui para encontrá-la... Não é, Geoffrey? – Disse Wave.
— Hm... Uma agente secreta... – Disse Shade – A propósito, ela era uma gata preta, não é?
— O QUE?! – Gritou Geoffrey – VOCÊ ENTÃO SABE DE QUEM ESTOU FALANDO, SUA DESGRAÇADA!
— Talvez seja a mesma pessoa de quem estou pensando... Foi um tempo atrás. Semanas antes de aparecermos aqui em Mobius. Sim... Eu me lembro. Era uma segunda feira, um dia normal onde descobrimos várias coisas. Ela era muito perspicaz e ágil, mas tentamos mostrar a ela que não éramos inimigos. Mas como todos que habitam esse planeta, ela não compreendeu nosso ponto de vista...
— O QUE VOCÊS FIZERAM A ELA?! RESPONDA!
Mas antes que Shade fosse dizer mais coisas, Wave insistiu:
— Aí, bonita... O Nack já deu a dica: hora do pagamento.
— Eu o ouvi dizer isso, mas não disse quando e como pagaria vocês pelo serviço.
— Do que está falando, madame? – Disse Jet, mostrando irritação.
— Os esforços de vocês foram notáveis. O que fizeram chegou até a alta cúpula do nosso clã e eu estou disposta a aumentar ainda mais a nossa oferta por seus serviços.
Nack logo esboçou um sorriso ainda maior, dizendo:
— Aí sim, hein! Aí sim... Estou gostando! Vai, continua! Mas sem muito suspense...
— Eu gosto de filme de terror, sabia? – Disse Bean – Principalmente quando o monstro trucida todo mundo!
E Shade, olhando para os seis, disse:
— Diante lutadores valorosos que são, eu os convido com todas as honras para que todos ingressem com todas as pompas de grandes guerreiros para a ordem dos Nocturnes Marauders!
Enquanto os Pássaros Babilônicos ficarem em silêncio, em especial Jet, que se irritou, Nack logo se estressou:
— O QUE?! Nem morto! Olha dona, eu só aceitei tudo isso por causa do money! E você prometeu uma quantia bem graúda e simbólica para eu finalmente sair da pindaíba para o resto da minha vida! Eu não quero ser um subalterno seu e sim meu próprio patrão, entendeu?
— A gente ia abrir uma franquia da Habib’s aqui em Mobius, gatchinha! – Disse novamente Bean, sem noção – Então libera o bolso e pague o aluguel!
E essa reação também veio dos Pássaros Babilônicos:
— Madame, só passe o cheque! – Disse Storm.
— Você ouviu, Shade! Hora de você nos pagar pra metermos o pé daqui e cada um seguir seu rumo! – Disse Jet.
Wave tomou a frente, já dizendo o que tinha na cabeça:
— Você não tinha o interesse de nos pagar, não é? Vai, responda!
— Nunca imaginei que em Mobius iria encontrar seres cuja ganância serve como um combustível para a própria soberba. Eu pensei de verdade que iriam reconsiderar totalmente seus interesses em bens materiais e se importariam com o que é mais importante, que é o meio social...
— Ok ok... Você se enganou, a gente não vai mudar e nada faz sentido. Vai logo e resume o que você vai fazer logo pra gente chutar seu traseiro, como sempre acontece depois! – Disse Jet, já esperando pelo pior.
— O pagamento seria a harmonia e cooperação da imensa sociedade que iremos trazer a essa terra magnífica que se chama Mobius, mas vejo que é inútil eu esperar que vocês pensem de forma racional... Então a todos vocês, trago o mesmo fim a nossos capturados!
E, mais uma vez, Bean:
— Ih cambada... Deu ruim! Vamos ter que dar um sacode nessa cosplay de tokusatsu de baixo orçamento pra meter o pé daqui!
— É, Bean... É isso mesmo... – Disse, pegando sua arma – Momentos vem, momentos vai... e nada muda no mundo de Nack. Sempre tem um que tira o dele da mira, mas eu não retiro a minha. Então... HORA DA COLHEITA, BARK!
E como ele disse, o grande urso amarelo ajeitou suas luvas e colocou seus punhos em combate. O mesmo podia ser dito dos Pássaros Babilônicos, que sabiam que teriam de lutar para sair.
O cenário era bem adverso, com Marauders da armada Nocturnes prontos para entrarem em ação. E todos nós sabemos o quanto eles eram ágeis, habilidosos e durões. Porém Wave parecia ter adivinhado do que iria acontecer, então ela pegou um apetrecho de seu bolso e apertou um botão, liberando todos os Lutadores da Liberdade Secretos das algemas e correntes. Até mesmo Elias se surpreendeu, dizendo:
— O que significa isso?
— Só um movimento pra gente ganhar alguns porcentos de chances de sairmos inteiros daqui... E vocês também estão precisando ir a forra com esse povo equidna maldito! – Disse a andorinha.
— Wave, o que seria da gente sem seu cérebro! – Jet logo levantou a moral de sua aliada.
— É... O que seria de vocês sem mim... Haha!
Os onze se uniram em prol de se salvarem. Isso foi uma afronta ao que Shade buscava e acreditava.
— Vejam só... Vocês são a maior prova de que esse mundo precisa de uma nova ordem! Os “heróis” jogam fora sua moralidade e se juntam a seus antagonistas e os “bandidos” buscam um bem maior em estar com os protagonistas... ISSO É ALGO ABOMINÁVEL! VOCÊS NÃO TEM DIREITOS DE ESTAREM RESPIRANDO O MESMO AR DO CLÃ NOCTURNES! Pois bem... Marauders Armada... ATAQUEM SEM DÓ!
Mas antes que um ataque massivo ocorresse, vários soldados apareceram voando contra uma parede. Vários mesmo... coisa de pelo menos dez deles. Com todos olhando para a passagem de onde eles foram arremessados, eis que Vicent apareceu, com seu longo cabelo rubro e com muita ira em seu rosto. E ele, enraivecido, diz:
— Eu não sei o que está acontecendo nesse lugar, mas... EU ESTOU MUITO IRRITADO COM TODA ESSA SITUAÇÃO!
Sem pensarem, os Marauders atiraram contra o jovem, para desespero de Larry.
— VICENT, NÃO!
Mas ele não sabia que o cabeludo neutralizava poderes e, como consequência, absorvia energia. E a saraivada de tiros trouxe uma concentração absurda disso. Tanto que o jovem se lembrou do que ouviu de Merlin enquanto estava internado no hospital (capítulo “De volta a essa dimensão”):
“Você precisa expelir esse poder no mesmo instante! Como se estivesse usando! Jogue tudo para fora! Não guarde!”
E sob esse pensamento, ele concentrou seu braço, executando um soco no ar: isso causou um tiro devastador laser, onde o pode era tanto que varou por entre as paredes de granito sólidas de Mystic Ruins e até foi para fora do lugar. Todos os soldados foram ao chão em seguida, feridos com a rajada descomunal, que até surpreendeu Shade, que no mesmo instante pensou:
— *Quem é esse ser?! Tanto poder...*
Só que, como todos sabem, Mobius estava recebendo vários eventos caóticos ao mesmo tempo.
Eventos esses que traziam agonia e apreensão, sem sabermos de suas consequências.
A entrada triunfante de Vicent tinha trazido uma esperança de reação ao grupo e até mesmo o jovem humano, com toda sua cólera aflorada, parecia mais aliviado em ver seus aliados bem.
Mas um estrondo ensurdecedor supersônico foi ouvido e sentido por todos, passando por todos e seguindo para o chão. Com isso um tremor foi sentido, fazendo o lugar começar a desmoronar aos poucos.
Explosões foram ouvidas...
Muita gritaria e ecos...
O desespero tomou Mystic Ruins...
... trazendo consigo o caos!
Uma explosão mais forte ocorreu... jogando todos para longe e separando os grupos permanentemente: nas extremidades do templo, mais precisamente no subsolo, onde estavam ademais, havia uma pequena base tecnológica dos Nocturnes. E neste lugar haviam variados portais como o visto na Câmara de Resfriamento da Base Ultra Secreta do Domínio Eggman (vide capítulo “Tumba Invadida – Parte 2: Eggman's Top Secret Domain Base”), onde os Pássaros Babilônicos foram a encontro de uma delas, com Jet dizendo:
— É uma passagem... e possivelmente a única forma da gente se salvar! VAMOS!
E do outro lado, a exemplo dos pássaros, lá estavam Nack, Barn e Bean, que foram a encontro do desconhecido, para enfim se salvarem.
— DROGA! MALDITOS SEJAM OS NOCTURNES, ESSES EQUIDNAS TRAIÇOEIROS!
— É, chefe... – Disse Bean, com os ombros recolhidos – Nessas andanças na vida, pra onde ela te leva, sempre tem que rolar um pagodão:
Deixa acontecer naturalmente...
Eu não quero ver você choraaar
Deixa que o amor encontre a gente
Nosso caso vai eternizaaar!
Enfim, o inesperado, o imponderável, a aleatoriedade venceu...
O poder do caos novamente triunfou.
— Elias?! ELIAS! ACORDE! VAMOS, ACORDE!
Aos poucos o rei de Nova Mobotrópolis acordava, sendo acudido por Vicent, ainda transformado. A ambiente a sua volta era o mais caótico possível, com muito calor, fumaça e fogo, fora todo o ambiente destruído e acidentado. Mas a conversa continuou:
— Vicent... O que...
— Que bom que está bem! Temos que sair daqui agora!
Em volta lá estavam Big e Larry, que se preparavam. Havia se passado somente dois minutos após a grande explosão que separou a todos.
— Ah... Onde estão os Hooligans e os Pássaros Babilônicos?!
E Geoffrey, segurando um tablet dos Nocturnes, disse:
— Possivelmente fugiram, foram capturados, viraram farinha... Não importa...
— Temos que voltar para o X-Cruiser...
— Tudo está offline. Nenhuma comunicação. Nada... Estamos as escuras...
— Mesmo assim... Temos mesmo que sair de Mystic Ruins!
Mas Geoffrey estava totalmente ignorando o que Elias fazia, tanto que o rei perguntou:
— Você ouviu o que eu disse? Hora de recuar, Geoffrey!
— Vocês podem ir... Eu vou ficar.
— O que?!
O chão voltou a temer, assim como toda o templo. E esse tempo não parou...
— Eu só irei sair daqui quando descobrir onde está Hershey e o que fizeram com ela...
— Você está maluco?! Geoffrey, este lugar está prestes a desmoronar!
— Igual minha vida... Nenhuma novidade...
Elias foi até Geoffrey, o agarrando pelo colarinho. E irritado, ele disse:
— Escute, seu idiota: eu não estou pedindo! É uma ordem!
— Me solte, Elias... Acabou. Chega dessa parceria... Tudo deu errado desde o momento que você entrou no centro de inteligência...
— Você não pode estar falando sério...
— Eu estou...
— Não... Não está... VOCÊ NÃO ESTÁ FALANDO COM A RAZÃO!
O jaratataca, irritado mais do que costume, desferiu um soco na cara de Elias sem pensar duas vezes, que foi ao chão. Rapidamente se levantando partiu para cima de Geoffrey, desferindo um chute em sua barriga, dizendo:
— VOCÊ ACABA DE BATER EM UM REI!
— Ugh! – Geoffrey colocou uma mão na barriga – E VOCÊ ESTÁ PRESTES A SAIR NA PORRADA COM UM AGENTE TREINADO!
Eles iriam mesmo para as vias de fato, correndo um contra o outro para enfim lutarem com chamas e explosões ocorrendo em volta. Mas o imponderável não pedia licença, onde Vicent, ainda enraivecido e com seu poder ativo, os segurou pelo colarinho e os levantou, dizendo:
— PAREM COM ISSO VOCÊS DOIS!
— Não se meta, Vicent! – Disse Elias.
— Esse é um assunto que só cabe a nós, garoto! – Disse Geoffrey.
— ESTAMOS NO FIM DO MUNDO E VOCÊS SÓ SE PREOCUPAM EM LUTAR?! Sério mesmo... SÉRIO MESMO QUE O DESESPERO TOMOU A MENTE DE VOCÊS ASSIM?! Eu vim aqui justamente para poder treinar porque o Sr Amadeus Prower disse que vocês tinham experiência suficiente para me guiarem no caminho certo e me dizerem o que fazer em momentos difíceis... Ele também disse que eu estaria protegido porque estaria sob a companhia do rei e de um ex agente secreto conceituado e pronto para o que der e vier... Mas pelo visto ele estava errado.
E soltando os dois, que pareciam ter entendido o ponto onde ele queria chegar, Vicent continuou:
— Eu estou irado com essa situação... NÓS PODEMOS MESMO MORRER SE FICARMOS AQUI, SEJA PROCURANDO POR ALGUÉM QUE NÃO ESTÁ AQUI OU LUTANDO CONTRA O OUTRO QUE ESTÁ AQUI! Vocês vêem a lógica da situação? Hein? NÃO TEM! NÃO TEM DROGA NENHUMA DE NEXO FICAR AQUI!
Até então calado observando a tudo, Larry, que guardava consigo um senso de fé maior do que imaginavam:
— *Isso me lembra da vez que lutamos contra Naugus, quando eu pedi pra que ninguém se machucasse e que nada de ruim acontecesse... E vendo eles conversando e o Vicent falando, eu desejo isso mais do que antes...*
E o humano continuou:
— Eu não sei como acabei nesse mundo, mas eu sei de onde eu vim e por lá os mais experientes não são perfeitos. Eles tem problemas, tanto quanto qualquer pessoa normal. Mas se tem uma coisa que alguém mais experiente tem é capacidade e entendimento do mundo de acordo com o momento! Meus professores são testemunhas de si próprios quanto a isso e eu os admiro todo dia... EU ESTOU AQUI PORQUE VOCÊS ME TROUXERAM ESSA ADMIRAÇÃO! NÃO ME DEIXEM FRUSTRADO! – Disse, começando a chorar – Eu... Eu não quero morrer... Elias... Geoffrey... Eu não quero mesmo morrer... Eu tenho de voltar pra cidade e ver a Sra Betina e a Beatrice e podermos comer bolo de manhã... e voltar a ver meu pai...
Elias e Geoffrey logo trocaram olhares. Ver Vicent se expressar dessa forma lhes trouxe de volta um senso de responsabilidade até então esquecida. Embora a missão tenha sido um fracasso, eles estavam ali servindo de motivação para os jovens. Aos poucos os poderes de Vicent cessavam, já que ele precisou usar tudo para se manter vivo durante a enxurrada, ao mesmo tempo que Geoffrey estendeu sua mão a Elias, dizendo:
— Estou a seu serviço, rei. E peço desculpas pelo o que eu fiz... embora não mereça.
— Eu aceito suas desculpas, desde que aceite as minhas. Eu nunca mais irei me dirigir a você sob o rótulo de rei... e sim de um aliado.
— E eu sei o porquê disso... e concordo.
— Ele está certo sobre nós, Geoffrey. Falhamos... e agora pagamos por isso.
— Sim... Bem, vamos sair daqui... – Disse Geoffrey, pensando em seguida – *Até logo, Hershey... Agora eu sei que você está viva em algum lugar e eu vou te encontrar...*
Entretanto, o poder do caos era implacável.
Uma imensa explosão ocorreu, causando um tremor ainda mais intenso. Com isso o chão onde Vicent estava começou a trincar e desabar, levando o jovem junto. Como em câmera lenta, o terror nos olhos de todos dizia por si só que era impossível impedir que o jovem fossem em queda livre.
E conforme o chão se desmantelada ainda mais, era possível ver um mar de magma terrestre, que eclodiu após os eventos ocorridos no capítulo anterior. A queda de Vicent era a linha tênue da tragédia iminente e da crueldade do imponderável.
Sem pensar duas vezes, Geoffrey se jogou, para tentar alcançar Vicent e de alguma forma salva-lo. Sem cerimônias, Elias, tomado pelo desespero, apertou o botão para liberar a tornozeleira do jaratataca, o livrando do controle de seus movimentos. Naquela altura, nada disso importava mais. Larry gritava por Vicent, enquanto Big o segurava para que não caísse.
O calor infernal impediu que conseguissem ver onde os dois estavam, restando que seguissem passagem acima para tentarem fugir. Big foi de extrema ajuda, já que conduziu a todos por um caminho certeiro e seguro, na medida do possível. O templo o ajudou muito nesse momento nada agradável. Larry corria como podia, assim como Elias, que se manteve calado o tempo todo, apreensivo com a fuga... e atônito por causa dos aliados que precisou deixar para trás a fim de se salvar e a seus comandados.
Enfim chegaram a superficialmente, precisamente no topo de Mystic Ruins. Em volta um cheiro de lava derretida quase sufocante era sentido, onde conseguiram ver a X-Cruiser se aproximando e realizando uma manobra defensiva. Tio Chuck olhou para os três, sabendo que faltavam outros dois...
— Onde estão Vicent e Geoffrey?! – Perguntou ele.
O silêncio torturante de Elias se manteve, com Larry dizendo:
— Tio Chuck, vamos... Leve a gente pra casa...
— Larry... Mas...
— Só leve a gente... Por favor... – Disse o lince, com lágrimas nos olhos.
O último a subir foi Big, que trouxe consigo os armamentos de sua equipe. A X-Cruiser seguiu voando para longe, levando como tripulantes um time secreto... e destroçado.
— *Eu falhei...* — Pensou Elias.
O vôo melancólico da aeronave secreta levou nossos heróis remanescentes em direção a Nova Mobotrópolis. Porém com um gosto muito amargo de perdas...
Mas...
— Vicent, você está bem?
— Ah... Geoffrey... O que... Mas o que você...
— Eu usei meus poderes Ixis... Ou o que sobrou dele. Pelo menos algo que aquele bruxo me ensinou serviu para algo de útil...
— Aquele portal que usamos... O que é aquilo?
— Eu não sei, mas foi muito importante pra que saíssemos ilesos... Se Aurora existe mesmo, ela fez isso...
— Aurora?
— Uma deusa. Eu sou cético, mas tenho meus momentos de fé...
— O que vamos fazer?
— Acalme-se. Escapamos de um banho de lava por um triz! Poderia dizer que foi coisa do imponderável mesmo...
— Elias e os outros devem estar preocupados. O rádio não funciona, Geoffrey...
— Algo está bloqueando os sinais. Nada funciona, nem minha bússola. Estamos as cegas.
— Esse lugar... Tudo aqui é tão verde e úmido... O chão está cheio de musgo e lama...
— Estamos em uma floresta de Soumerca. Cuidado por onde anda...
— Você sabe para onde ir?
— Temos que encontrar a aldeia da Lupe. Lá estaremos seguros e ela vai nos ajudar a voltar para Nova Mobotrópolis...
— Lupe?! Mas quem é essa?
— Você sabe quem ela é. As gêmeas que você estava conversando no hospital, Leeta e Lyco, são da tribo indígena dela.
— CORRE, VICENT!
— Quem são eles, Geoffrey?! Porque estão tentando nos atingir com essas lanças?
— Droga.... DROGA! São os Felidae! Essa tripo... ELES SÃO DO TIPO ATIRAR ANTES E PERGUNTAR DEPOIS! CORRA!
Eles foram capturados.
Continua