Capítulo 8 - Um almoço com o Presidente Snow

Chegou ao restaurante Orient Palace pelo meio dia e estacionou o automôvel no parque do restaurante. Pegou em sua bolsa e saiu, guardando as chaves. Caminhou apressadamente para o restaurante e reparou que algumas pessoas já ocupavam as mesas da esplanada. Entrou pela porta de vidro e observou o local. As mesas retangulares do restaurante estavam quase todas ocupadas com executivos, que se reuniam para debater assuntos importantes. Homens de fato e gravata se sucediam, assim como mulheres elegantes que falavam alto no celular. Plantas decoravam o local lhe dando um aspeto mais natural, enquanto as paredes de cor branca davam um ar de serenidade, e os garçons caminhavam de um lado para o outro, trazendo os pedidos das pessoas. Procurou com o olhar seu chefe e quando o viu sentado no meio do restaurante, se dirigiu para a mesa onde se encontrava.

– Boa tarde. – Disse, enquanto se sentava. O Presidente Snow olhou para ela com seus olhos azuis brilhando intensamente e cumprimentou:

– Boa tarde, Katniss. Como vai?

– Vou bem, obrigada, Coriolanus. – Respondeu Katniss – E o senhor?

– Também. – Falou o Presidente – Só estamos esperando nosso cliente e já começaremos nossa reunião.

– Do que se trata?

– É do processo da venda da Capital. - A Capital era uma empresa de Marketing, que teve problemas com a justiça. Sabendo que era a oportunidade perfeita para alargar seu negócio, Snow comprou a empresa. Seu objetivo era dar a empresa a sua neta, que tinha um curso nessa área. Assim, ela não precisaria de começar uma nova empresa do zero. Katniss só se encontrava naquela reunião, para estar atenta a todos os pormenores, para que nada falhasse. Snow, mesmo com sessenta anos, ainda podia ser atraente, com seu ar intenso e calmo, mas já não era aquele jovem de olhos azuis e cabelo loiro, com ar de playboy, que tinha sido no passado. Katniss tinha uma boa relação profissional com ele. Trabalhavam juntos há mais de dez anos e sempre se tinham entendido muito bem. Eram raras as vezes que se encontravam fora do emprego, e esta era uma delas. Normalmente eles realizavam reuniões durante almoços e jantares e ele sempre a tinha tratado muito bem, como um cavalheiro. E o modo como a olhava, a deixava muitas vezes desconcertada.

– Já sei. – Se lembrou ela – Há meses que estamos tentando fechar negócio.

– E vamos conseguir. – Respondeu Snow, a olhando fixamente – É um negócio de milhões de dólares que não pode ser desperdiçado.

– Com certeza. – Falou Katniss. O garçom se aproximou com os cardápios e os entregou. Katniss observou com atenção seu cardápio e pediu:

– Quero frango xadrez (1) e sunomono (2).

– Com certeza. – Disse o garçom, anotando seu pedido. Se virou para Snow e perguntou:

– E o senhor? – Snow observou seu cardápio e respondeu, ao fechar.

– Quero Yakisoba (3) e tempurá (4).

– E para beber?

– Um champanhe francês. – Respondeu o Presidente – O mais caro que tiver.

– Com certeza. – Respondeu o garçom, enquanto anotava os pedidos. Pegou nos cardápios e se afastou. Katniss retirou uns fios de cabelo que lhe caíam pelos olhos e Snow perguntou, para colocar a conversa em dia:

– Katniss, me conte, como vai Finnick?

– Está ótimo, obrigada. – Respondeu a mulher – Está fazendo um mestrado em Gestão. Mais um ano e entra no mercado de trabalho.

– Isso é bom. – Falou Snow, vagamente desinteressado. Katniss pegou em um pedaço de pão que estava na cesta á frente dela e colocou um pouco de patê de atum. Colocou na boca, sentindo o sabor delicioso do patê e notou que estava começando a ficar com fome. O garçom, sem que ela contasse, parou á frente deles e colocou um balde com gelo e a garrafa de champanhe em cima da mesa. Se afastou e Snow comentou:

– Katniss, tenho de ser sincero, você está diferente. Mais solta, mais bonita. – A mulher já estava habituada que flertassem com ela. Tinha que responder com graciosidade. Mas a verdade é que Snow estava dizendo com convicção. Com uma convicção estranha.

– Que simpatia a sua. – Agradeceu Katniss – Obrigada

– Obrigado, porquê? – Falou o Presidente – Me diga: o que faz amanhã na hora de almoço?

– Mas… – Começou Katniss, admirada com a naturalidade dele, mas Snow a interrompeu e disse:

– Eu sei que é casada. Eu também sou, e depois? Vamos apenas almoçar como amigos.

– Obrigada… mas eu não posso aceitar… – Katniss estava surpresa com o convite. Coriolanus nem tinha arranjado qualquer pretexto de trabalho para a convidar. Estaria assim tão diferente? Tão diferente depois daquele beijo com Peeta, um simples beijo…

Ela se sentia diferente quando estava com Peeta, mais viva, uma outra mulher.

– Por favor, Katniss, vamos almoçar os dois. Eu não preciso de arranjar pretextos para almoçar consigo. Ou vai me dizer que Gale irá sentir sua falta amanhã?

Snow estava chegando ao ponto. Era assim tão óbvio para as pessoas que ela e Gale viviam cada um para seu lado?

– Não, não tem de arranjar pretextos.

– Então, que me diz?

– Eu… – Katniss não sabia o que responder. Por um lado seria bom sair mais vezes, ela quase nunca almoçava fora de casa, a não ser em trabalho mas, por outro o rosto de Peeta surgiu em seus pensamentos…

Snow olhou para a porta do restaurante e viu Plutarch Heavensbee entrando. Voltou a olhar para Katniss e concluiu:

– Amanhã, aqui, no Orient Palace, ao meio dia. Sei que já veio aqui algumas vezes, mas foi sempre em negócios. Então, porque não vimos aqui, como dois amigos, aproveitar um almoço, só por lazer. Espero por si. – Se levantou para receber o cliente e Katniss o imitou. Cumprimentou Heavensbee e se sentou, se concentrando no trabalho. Mas aquilo lhe fez muita confusão. O que estava acontecendo com ela? Ela sentia o amor dele, mas nunca conseguiria dar o próximo passo. Nunca. Nem o afastar. Katniss se sentia mais viva com Peeta a seu lado, absolutamente viva.

– E o que lhe parece a ideia do comitê conjunto, Katniss? – Perguntou Snow, a tirando de seus pensamentos.

– Muito boa. – Respondeu ela – E como a organizamos?

Se fechou no trabalho e não quis pensar em mais nada.

OoOoO

A reunião com o cliente durou mais três horas. Foram discutidas propostas e, no final, o contrato foi assinado. Snow estava satisfeito com o negócio e Katniss aliviada. Saiu do restaurante e se dirigiu para o shopping onde, finalmente iria fazer suas desejadas compras. Seu celular tocou e ela foi ver quem era. Era uma mensagem de Peeta. A abriu e leu: "Queria muito conversar com você. Por favor atenda minhas chamadas. Peeta"

Decidiu ir ver quantas chamadas tinha e percebeu, admirada que tinha dez chamadas não atendidas dele. Estava pronta para lhe ligar de volta quando percebeu que não tinha coragem para falar com ele. Seus sentimentos estavam confusos. Decidiu pensar um pouco antes lhe ligar. Entrou em várias lojas de roupa e comprou um fato cinzento, duas camisas, uma branca e uma azul bebê e algumas peças de roupa íntima. Passou por uma loja de calçado e comprou uns sapatos pretos, de salto alto, e umas sandálias brancas. Aproveitou para passar pelo supermercado, onde comprou um frango assado com batatas fritas e arroz branco. Com alguns sacos em sua mão, voltou para o automôvel e iniciou sua viagem para casa. Percebeu que o sol se estava pondo, terminando mais um dia. Seu celular tocou e ela estendeu a mão para a bolsa, para o ir buscar. Conseguiu retirar e o atendeu, colocando em alta voz:

– Alô?

– Oi, Katniss, sou eu Peeta, tudo bom?

– Tudo, e com você? – Perguntou ela.

– Também. – Respondeu ele, com voz suave – Tenho saudades de você.

Katniss sorriu e respondeu:

– Eu também tenho saudades de você. – Peeta suspirou ao ouvir sua resposta, mas logo perguntou:

– Porque você não me atendeu? Liguei umas doze vezes para você.

– Estive em uma reunião. – Respondeu Katniss. Ela queria muito falar para ele, mas parecia que a coragem lhe fugia sempre que ele lhe ligava.

– Eu entendo. – Respondeu ele – E quando nos encontramos?

Katniss pensou um pouco e disse:

– Se quiser, pode vir jantar cá a casa amanhã.

– Por um tudo bem. – Falou Peeta – Estou ansioso para encontrar você.

– Eu também. – Admitiu a mulher – Tenho de ir. Beijos.

– Beijos. – Respondeu Peeta e desligou.

Katniss estacionou o automôvel, pegou nos sacos das compras e saiu. Trancou o automôvel e procurou na bolsa as chaves de casa. Retirou para fora e abriu a porta. Entrou, se dirigiu para a cozinha e colocou os sacos em cima da mesa. Arrumou as compras e aqueceu o frango assado no micro-ondas, pois estava frio. Finnick entrou na cozinha, deu um beijo no rosto da mãe e disse:

– Boa noite, mãe.

– Boa noite, Finnick. – Respondeu Katniss – Vamos jantar?

– Sim. – Respondeu seu filho. Finnick retirou uma toalha de uma gaveta e a colocou em cima da mesa. Katniss retirou pratos e copos do armário e deu a seu filho. Finnick colocou a mesa enquanto ela retirava a comida de dentro do micro-ondas e pousou em cima da mesa. Se sentaram e começaram a jantar. O frango estava delicioso, tal como o arroz. Finnick lhe perguntou como correu a reunião e ela respondeu que tudo se tinha resolvido.

Por fim, acabaram de jantar e levantaram a mesa. Katniss colocou a roupa na máquina de lavar e lavou a loiça na pia. Limpou a cozinha e secou a loiça, a colocando dentro dos armários. Cansada, saiu da cozinha e subiu as escadas, em direção ao quarto. Se dirigiu para o banheiro, lavou os dentes e, com umas toalhitas, retirou a maquiagem que tinha no rosto. De seguida, entrou na banheira e ligou a água quente, descontraindo de imediato seus músculos cansados. Se molhou e desligou a água. A voz suave de Peeta ecoava em seus pensamentos e suspirou. Se lavou novamente e desligou a água. Se enrolou em uma toalha e saiu da banheira. Se limpou e vestiu a camisa azul de dormir. Saiu do banheiro e entrou no quarto. Afastou os lençóis e se deitou na cama. Afofou o travesseiro, encostou a cabeça e adormeceu de imediato.

Continua…