Capítulo 2 - Sonhando com Peeta

Katniss jantou, juntamente com seu filho e Peeta, um delicioso salmão com arroz branco e ervilhas, acompanhado com uma salada fresquinha de tomates. Colocou toda a loiça na máquina e subiu para o banheiro, para tomar um banho refrescante. Lavou os dentes, retirou a roupa, a colocando na cesta de roupa suja, que estava perto da porta, e entrou na banheira. Descontraiu seus músculos ao sentir a água fria caindo sobre eles e se ensaboou. Sentia um calor gostoso dentro de si. Experimentava, pela primeira vez em muitos anos, uma vontade ardente de viver. Por fim, desligou a água, se enrolou em uma toalha e saiu da banheira. Se limpou e vestiu uma camisa azul de dormir, com decote em “v” e pela altura dos joelhos. Abriu o armário e retirou uma escova dos cabelos. Penteou suavemente seus cabelos e a guardou novamente. Saiu do banheiro e entrou no quarto. Afastou os lençóis negros e se deitou na cama. Ligou a luz e confirmou as horas: eram dez e vinte da noite. Seu marido ainda não tinha chegado. Provavelmente estaria com uma amante.

Sabia que dia seguinte era exigente e ela tinha de descansar para recuperar forças para um dia cheio de reuniões e de missões importantes. Não só para estar em seu máximo no dia seguinte, mas também porque, como se sabe, a pele se ressente muito se uma mulher dorme mal. Fechou os olhos e uma imagem surgiu diante de si, a começando a perseguir. Percebeu que era Peeta, com seu corpo definido e poderoso. Via seu peito nu, avançando para ela no jardim da casa, a agarrando pelos quadris. Imaginava a boca dele percorrendo seu pescoço, a tocando com volúpia, fazendo com que ela vibrasse de calor e desejo. Seu corpo se soltava, cheio de prazer. As mãos de Peeta, delicadas e firmes, a faziam sentir como se tivesse de novo vinte anos, mas era ela mesma. Toda a força do garoto a fazia se sentir sensual, muito desejada…

– Katniss? Katniss, acorde. – Ouviu a voz de seu marido, Gale.

– Sim, sim… – Suspirou, antes de abrir os olhos e reparou no rosto cansado de seu marido. Percebeu que estava se mexendo no sonho e que o tinha agarrado, o acordando.

– Katniss? – Perguntou novamente Gale – Você está bem?

Katniss piscou os olhos, confusa e perguntou:

– Gale?

– Você está bem? – Perguntou o marido. A mulher começou a perceber a situação e, envergonhada, a tentou corrigir.

– Ai, Gale…tive um pesadelo terrível...Terrível…Por favor, me abrace… – De forma desajeitada, como se lhe fizesse um grande favor, Gale a abraçou com um gesto seco. Katniss ainda tentou adormecer, como se não tivesse acontecido nada, mas dava voltas na cama. Por fim, passado muito tempo, voltou a adormecer.

OoOoO

Katniss abriu os olhos e se espreguiçou. Olhou para suas mãos e teve a nítida sensação de que Peeta a tinha visitado novamente durante o sono e que, dessa vez, tinha ido até ao fim…

Suspirou, afastou os lençóis e se levantou. Se dirigiu para o banheiro, retirou sua camisa de dormir e tomou uma ducha de água fria, para acalmar todo o calor que sentia. Se lavou rapidamente, se enrolou na toalha e voltou para o quarto. Se dirigiu para o armário e escolheu sua roupa. Vestiu uma blusa cor de rosa e umas jeans azuis escuras. Calçou uns sapatos de salto alto, de cor preta, que lhe realçavam as pernas, e saiu do quarto. Desceu as escadas e entrou na cozinha. Como sempre estava somente seu filho, comendo o café da manhã.

– Bom dia, mãe. – Falou Finnick, enquanto se servia de café. Olhou para a mãe e comentou – A senhora está linda!

– Bom dia, meu amor. Obrigada pelo elogio. – Respondeu Katniss, se aproximando do filho e lhe dando um beijo na testa. Seu filho era extremamente amoroso com ela – Tudo bom?

– Tudo, e com a senhora?

– Também. – Respondeu Katniss.

– A senhora parece que não dormiu bem de noite. – Comentou Finnick, preocupado – Está tudo bem?

Katniss sorriu, para o acalmar e respondeu:

– Sim, está. – Se sentou na cadeira, á frente de seu filho e se serviu de uma caneca de café preto e umas bolachas integrais. Comeu, enquanto pensava no sonho com Peeta e suspirou. Finnick acabou seu café, se levantou e colocou a loiça dentro da pia. Deu um beijo no rosto da mãe e saiu da cozinha. Katniss abanou a cabeça, tentando controlar seus pensamentos e acabou o café da manhã. Colocou sua loiça também na pia e saiu da cozinha. Subiu as escadas e voltou para o quarto. Entrou no banheiro, lavou os dentes e escovou os cabelos. De seguida, retirou de dentro do armário uma bolsa como maquiagem. Pegou em base e passou levemente pelo rosto. Colocou a base de volta á bolsa e pegou em rímel, colocando nas pestanas, lhe dando mais volume. Fechou o rímel e colocou de volta na bolsa. Se olhou no espelho e, percebendo que seus lábios estavam sem cor, pegou em um batom vermelho e passou pelos lábios, a deixando sensual. Colocou o batom na bolsa e a guardou de volta no armário. Lavou as mãos e saiu do banheiro. Desceu as escadas e pegou nas chaves do automôvel, que estavam em cima da mesa, no hall de entrada, e em uma bolsa preta, que estava pendurada em um gancho. Abriu a porta da rua e a fechou, desceu as escadas e se dirigiu para o automôvel da empresa, um Opel Astra, que lhe tinham oferecido quando tinha iniciado seu cargo de diretora. Abriu a porta do automôvel e entrou, colocou a chave na ignição e o ligou. Colocou o cinto de segurança e, com a mão nas mudanças, ergueu um dedo e ligou o rádio. Ao som da música jazz, sua preferida, começou sua viagem para o emprego.

OoOoO

Katniss estava sentada em uma cadeira e observava, enfadada, a pequena pilha de processos que se encontravam em cima de sua escrivaninha. Eram, somente, três da tarde e já estava cansada. Não aguentando mais estar fechada na sala, se levantou e saiu de seu gabinete. Enquanto caminhava para a saída da empresa, observava seus colegas conversando ao telefone, dando indicações e, outros, de pé, com processos nos braços. Suspirou e o rosto de Peeta surgiu em seus pensamentos. Percebendo que a presença dele em seus sonhos a estava perturbando mais do que devia, soube que tinha que arranjar uma forma de se esquecer dele. “Tenho de ir fazer exercício” – Pensou – “Do que preciso é de me distrair.”

Saiu da empresa e olhou para o lado, para o novo ginásio, que tinha aberto no mês passado. Infelizmente, ainda não tinha tido tempo de lá entrar, mas percebeu que era um bom dia para ir ver o local. Em letras grafitais, em cima da porta, dizia:”Body&Mind – Ginásio e Academia de Dança”. Olhou para um papel que estava afixado na porta de vidro e percebeu que o horário era das nove horas da manhã, às dez da noite, todos os dias e que tinham várias atividades, como: natação, um solário, um ginásio equipado com tudo o que era necessário, massagens para todos os gêneros, tal como dança, yoga e, até, Kung Fu.

Entrou no ginásio e percebeu que era amplo e moderno. Lá dentro, se respirava um ar limpo e puro, as plantas, enormes, proporcionavam conforto e uma música de meditação budista fazia o resto: parecia mais um local de descanso e não onde as pessoas gastam calorias. Se dirigiu para a recepção, onde se encontrava uma mulher de cabelos loiros, encaracolados, com madeixas cor de rosa. A mulher sorriu e se apresentou:

– Boa tarde, sou Effie e bem-vinda ao Ginásio Body&Mind. O que deseja saber?

– Boa tarde. – Cumprimentou Katniss – Gostaria de saber o tipo de serviços tem aqui.

– Bom, pode fazer de tudo. – Respondeu Effie – Desde meditação, dança do ventre, acupunctura…

– E musculação? – Perguntou Katniss, curiosa.

– Bom, pode fazer musculação, com um circuito para tonificar os músculos, sobretudo os abdominais. É o programa número dois. Mas, para isso, precisa de um personal trainer. O horário é livre. – Avisou a mulher. Katniss pensou um pouco e lhe pareceu uma boa ideia. Assim, poderia fugir á confusão da hora de almoço, onde tinha de ter terríveis refeições de trabalho com administradores da empresa. Seria uma pausa, um tempo só para si.

– Muito bem, pode ser. Só preciso que me dê seus dados pessoais, para fazer a ficha de inscrição.

Effie fez umas perguntas, enquanto escrevia no laptop e Katniss respondeu, enquanto retirava o cartão de crédito e pagava adiantado a aula de amanhã. Por fim, Effie levantou os olhos do ecrã e disse:

– Olhe, ali está nosso personal trainer, se quiser falar com ele.

Effie levantou o braço, para chamar a atenção ao personal trainer e ergueu a voz:

– Haymitch, tem aqui uma aluna nova. – Katniss observou avançar em direção delas um homem de cabelo loiro e olhos cinzentos, muito vivos. Sua barba estava por fazer, tinha músculos salientes e braços largos. Notou que era um corpo forte e masculino. O personal trainer parou á frente dela, sorriu e cumprimentou:

– Bom dia, sou Haymitch. Como se chama?

– Katniss. – Respondeu secamente, enquanto lhe estendia a mão. Sabia, pela sua vida profissional, que quanto mais fria fosse uma mulher para um homem, no primeiro encontro, mais sensação provocava. O olhar de Haymitch a percorreu com sensualidade, mas Katniss não sentiu nada. O personal trainer a olhou nos olhos e disse:

– Estou a observando com olhos profissionais. – Katniss não respondeu. Sabia que era mentira. Trabalhava há muito tempo com homens para saber se eles diziam a verdade ou não. A observando, Haymitch franziu o sobrolho e perguntou:

– E porque vem aqui? Para fazer inveja às sexagenárias gordas e flácidas? – Katniss deu um sorriso irônico e comentou:

– Essa deve ser uma de suas frases prediletas, imagino.

– Se todas as mulheres que aqui viessem fossem como a senhora, talvez dissesse isso muitas vezes. – Falou o personal trainer, com sensualidade – Mas não é verdade. Basta entrar na sala e verá que é um caso raro.

Havia qualquer coisa de agradável e de excitante, mas também de desagradável nas palavras de Haymitch:

– Venho aqui para descontrair e mais nada. - Disse Katniss, com frieza – Preciso de fazer desporto para cortar a agitação de minha vida profissional.

– Muito bem… – Haymitch pareceu ter entendido a mensagem.

– Começo amanhã. – Informou Katniss – A gente se vê, né?

– Com certeza. – Respondeu o personal trainer, em tom profissional.

– Bom dia, então… – Falou a mulher. Haymitch mexeu a cabeça, acenando afirmativamente, e Katniss lhe voltou as costas. Estava divertida e nada preocupada. Afinal, era bom ouvir elogios fora do campo profissional. E toda a mulher gostava.

Continua…