|
Tempo estimado de leitura: 1 hora
18 |
Nota da Autora: Oi! Obrigada pelos comentários e pelos favoritos. É bom saber que gostaram. E, se preparem, haverá muitas emoções ao longo desse capítulo. Espero que gostem. Bjs
Hermione estava sentada na escrivaninha do avô, ainda comovida com a descoberta e com uma dor no peito por não o ter conhecido pessoalmente. Gostaria de conversar com ele, ouvir sua voz, suas histórias, e o abraçar com força.
Mais calma, limpou as lágrimas com suas mãos e suspirou, não acreditando na reviravolta que aquela carta tinha divulgado. Quando pensava que nada mais a surpreenderia, tinha caído sobre si essa notícia.
Estava pegando na segunda carta, quando ouviu a chave rodando na fechadura da porta de entrada. Se levantou, curiosa, pensando: “Quem será? Talvez a senhora Halina.”
– Halina! – Chamou, para alertar a senhora de que estava em casa, para que ela não se assustasse, pensando que fossem assaltantes. Os passos continuavam se ouvindo, mas ninguém respondeu. De cenho franzido, pensou: “Não deve ter escutado.”
Pegou no envelope, que só dizia: “Para Hermione” e saiu do gabinete.
– Está aqui alguém? – Perguntou, mas continuava sem ter resposta.
– Está aqui alguém? Halina! - Repetiu, ouvindo somente o som de seus saltos. Percorreu a sala e chegou à entrada da casa. Não ouvia ninguém. Franziu o sobrolho, tinha a certeza de que tinha escutado um ruído na porta. Passou pela biblioteca e viu que estava também vazia. Se dirigiu para a cozinha e entrou, percebendo que estava maravilhosamente decorada com azulejos de um tom azul pálido e de armários castanhos. Não havia ninguém. Estava se aproximando da janela, que estava trancada, quando ouviu passos atrás de si. Se virou rapidamente e deu um salto ao ver Draco à sua frente, seu rosto meio escondido pelas sombras. Suspirou, aliviada, e comentou, com um sorriso:
– Draco, é você! Que susto me você me deu! Não me ouviu chamando? – Mas Draco estava com um olhar estranho e continuava calado. Aquele meio sorriso que tinha nos lábios parecia agora de um louco. Seus instintos lhe gritavam para correr, sair dali o mais rapidamente possível mas, mesmo que quisesse, Draco estava à frente da porta e a janela só podia ser aberta com a chave que estava no gabinete, em sua bolsa. Assustada, perguntou:
– Draco, o que você tem? – Ele continuava calado, o que aumentava ainda mais seu desespero.
– Draco! – Gritou, sem saber o que fazer – O que você tem? Me responda, por favor!
Ele saiu das sombras e se aproximou dela silenciosamente, seus olhos frios e com um brilho terrível, alucinado. Seus passos eram mecânicos, como os de um robô, e tinha um braço atrás das costas. Hermione ficou parada no mesmo sítio, paralisada, suas pernas não lhe obedecendo. Seu rosto estava pálido e seus olhos arregalados. Seu coração batia freneticamente ao ver o olhar ameaçador, tresloucado, que Draco transmitia. Ele parou à frente dela, como se fosse um fantasma, e comentou com frieza:
– Nervosa, Hermione?
– Você está estranhíssimo, Draco! – Exclamou ela, sua voz saindo um pouco esganiçada – Me diga o que está acontecendo!
– Você não precisa de ficar nervosa. – Comentou ele, com aquele sorriso doentio – O que está acontecendo é simples…
Um arrepio de medo a percorreu e, automaticamente, deu um passo para trás. Ela queria arranjar uma forma de correr, mas sabia que Draco a apanharia rapidamente. Não só era mais forte que ela, como parecia que não teria nenhum problema em machucá-la.
– O que se passa, minha querida vagabunda britânica, é que você vai morrer. – Hermione tremeu e ele continuou, com voz mecânica – Vai morrer porque não devia sequer ter nascido. Você é a única barreira que me impede de ter essa casa, que me pertence, e toda essa fortuna. Você veio para Varsóvia para encontrar a morte. Adeus.
Draco levantou o braço, onde ela percebeu, horrorizada, que ele trazia uma barra de ferro. Colocou instintivamente os braços à frente de seu rosto, fechando os olhos e, nesse momento, se ouviu um tiro. Hermione gritou, apavorada, e Draco caiu no chão, berrando de dor. Ela abriu lentamente os olhos e viu ele deitado no chão, sem se conseguir levantar, com a perna ensanguentada. Com uma mão, apertava com força o sangramento, que já manchava o chão branco da cozinha. Baixou os braços e olhou para a porta. Viu Harry Potter, acompanhado por dois policiais, que avançaram até ele e o agarraram. Draco se debateu algumas vezes, querendo se libertar, mas um policial algemou suas mãos e o ergueu. Harry correu para Hermione, que tremia descontroladamente, assustada com o sucedido.
– Hermione, você está bem? Está machucada? – Perguntou ele, com voz suave, mas preocupada. Ela, com os olhos cheios de lágrimas, se agarrou a ele, sentindo seu calor. Harry a abraçou de volta, a acalentando e confortando em seus braços, sussurrando em seu ouvido palavras tranquilizadoras.
OoOoO
Já tinha passado meia hora, e os policiais já tinham levado Draco sob custódia. Hermione estava sentada no sofá da sala, bebendo uma xícara de chá de camomila feita pelo advogado. Harry estava a seu lado, com uma mão em seu ombro, esperando pacientemente que ela se acalmasse. Ela agradeceu mentalmente aquele pequeno carinho que o advogado lhe estava fazendo. Estava precisando de conforto. Percebendo que Hermione já não tremia tanto, perguntou:
– Como se sente?
– Um pouco mais calma, obrigada. – Agradeceu ela, agarrando fortemente a xícara, e tentando esquecer a todo o custo o olhar alucinado de Draco em sua direção. – Como foi isso acontecer?
– Não podia adivinhar. – Confortou Harry – Hermione fez aquilo que qualquer pessoa faria no seu lugar. Confiou na pessoa que lhe foi indicada. Ninguém podia saber que ele era um louco.
– Mas, porque você está aqui? – Perguntou ela, se virando para o advogado – Me explique como soube.
– É simples, – começou Harry – Draco conheceu Stanislaw quando era um garotinho. Stanislaw teve pena dele e o ajudou. Ele abusou sempre de sua ajuda, gastou muito dinheiro e paciência. Mas Stanislaw tinha um coração generoso e foi esquecendo tudo. Era um homem bom e sozinho e acreditava que, com o tempo, Draco iria aprender a se comportar. Quando Draco terminou o curso e voltou de Londres, parecia outra pessoa, mais responsável. Foi nessa altura que Stanislaw lhe contou que ia deixar a herança a si. Draco se mostrou compreensivo e, como advogado de Stanislaw, fez o testamento e prometeu cumprir suas ultimas vontades. Mas Stanislaw não sabia que havia uma cláusula secreta que Draco escreveu, que dizia que, se Hermione morresse, tudo ficaria para ele. Ele a atraiu, fez tudo para conseguir sua confiança para, no fim, a tentar matar.
– Que horror! – Gemeu Hermione, não conseguindo acreditar que Draco a tinha enganado, só para a matar e conseguir a fortuna. Por isso aqueles avisos que seu coração lhe mandava, aqueles instintos para que tivesse cuidado com Draco. Harry a abraçou, a reconfortando. Ela ficou em silêncio por uns minutos, e perguntou:
– E o que vai acontecer com Draco?
– Foi preso, e vai ser julgado. – Respondeu o advogado, friamente, a apertando um pouco mais em seus braços – Vai certamente parar à prisão.
O coração de Hermione bateu depressa perante essa notícia. Teve pena de Draco, só pena, pois ele tinha sido seduzido pela ganância, querendo toda a fortuna para si, mesmo tendo que assassinar para conseguir seu propósito, mas nada mais.
– E como descobriu tudo? – Perguntou, curiosa.
– Há dois dias estava arrumando os papéis de seu testamento e descobri uma informação que indicava que havia uma cláusula…. – Contou o advogado – Mas o papel não estava lá. Liguei para o cartório de Varsóvia e eles me leram. Fiquei com receio do pior e decidi vir para cá. Informei os policiais, que seguiram vocês dois. O resto já sabe. Eu acabei de chegar do aeroporto. No momento certo.
Hermione ficou em silêncio, atenta às suas palavras. Arregalou os olhos ao perceber que os policiais os tinham seguido e perguntou, temerosa:
– Há quanto tempo eles estavam me seguindo?
– Desde o restaurante Percheron. – Disse ele, para seu alívio. Ela agarrou sua mão e falou:
– Harry, como lhe posso agradecer por ter salvo minha vida?
– Não precisa. – Falou ele, pousando a mão dele em cima da sua – Fiz o que tinha de fazer.
Hermione sorriu, emocionada. Harry era um homem excepcional. Abraçada a ele, naqueles braços fortes, morenos e musculados, se sentia protegida de tudo. Se lembrou do envelope que tinha pegado. Pensou que, talvez, estivesse na cozinha. Embora não desejasse, mas sua curiosidade falava mais alto, se afastou dos braços acolhedores. Se levantou do sofá e disse:
– Tenho que ir ver uma coisa à cozinha.
– Eu vou com você. – Falou Harry, se levantando também, pronto para a acompanhar. Ela sorriu para ele e andaram calmamente pela casa até chegarem ao cômodo. Olhou atentamente para o chão e viu a carta, perto das manchas de sangue. Se aproximou e pegou no envelope, o abrindo. Percebeu que era um bilhete de Stanislaw, escrito rapidamente e com uma letra terrível. Somente estava escrito: “Hermione, tenha cuidado com Draco, porque eu não sei o que está acontecendo com ele. Penso que está tramando alguma coisa, mas não sei o que. Se proteja dele, minha neta. Um beijo de seu avô, Stanislaw.”
Hermione pousou a carta em seu peito, emocionada. Seu avô tinha previsto tudo. Sentiu uma mão de Harry em seu ombro, lhe dando conforto e sorriu, sabendo que tudo correria bem dali para a frente.
Continua…