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Nota da Autora: Oi! Obrigada pelos comentários e pelos favoritos. É bom saber que gostaram. Decidi postar esse capítulo mais cedo, pois não poderei postar segunda. Mas não se preocupem. O nono capítulo sairá terça feira. Espero que gostem de o ler. Bjs
Hermione guardou a carta na bolsa. Aquilo agora lhe pertencia. Decidiu também levar a fotografia, pois a queria mostrar a seu pai, para que ele tivesse conhecimento de toda aquela história. Ele e sua mãe tinham realizado uma viagem de férias a Washington, nos Estados Unidos, e ela ainda não lhes tinha contado onde estava. Queria que eles aproveitassem cada momento da viagem, que depois explicaria calmamente tudo o que tinha descoberto sobre sua avó. A história era tão irreal, que Hermione não sabia se seu pai iria acreditar de imediato. Já sabia o que tinha separado sua avó de Stanislaw: o amor dele por sua pátria. O país onde ele tinha nascido e passado grande parte de sua vida. Teve vontade de ver o conteúdo das gavetas da escrivaninha. Afinal, devia haver mais papéis de Stanislaw. Talvez mais cartas da avó ou mesmo cartas dele. Sentia um enorme desejo em conhecê-lo um pouco mais, agora que ele fazia parte de sua vida.
Abriu a gaveta e encontrou muitos papéis organizados, mas que diziam respeito a contas e obrigações. Retirou tudo para fora de uma vez e encontrou uma pasta fechada por elásticos de aspeto antigo, que dizia: “Privado”. Pousando os papéis no chão a seu lado, pegou na capa e pousou em cima da mesa. Abriu e, lá dentro, cuidadosamente guardadas, estavam fotografias de sua avó Elizabeth, vários maços de cartas, e dois envelopes. Sentiu seu coração batendo freneticamente ao ler, no envelope da frente, as palavras: “Para Hermione, quando chegar a Varsóvia”. Pegou nele e esqueceu o outro. Abriu cuidadosamente, embora estivesse muito curiosa, e viu dentro uma carta e uma fotografia sua em bebê com sua avó a seu lado. Ela tinha quatro anos naquela altura e ambas sorriam para a câmera. Suspirou ao sentir as lágrimas escorrendo novamente por seu rosto. Normalmente, ela não era mulher de emoções fortes, mas aqueles quinze dias estavam trazendo à tona uma mulher emocionada por uma história de um amor impossível. Se perguntou como ele teve acesso à foto. Talvez tivesse sido sua avó a lhe enviar. Mas, para isso, eles teriam de se comunicar. Tendo suas perguntas sem resposta, decidiu ler a carta:
Querida Hermione,
Quis o destino que a gente não se conhecesse, mas que você viesse até mim, como sua avó não pode. Essa casa já será sua quando aqui estiver sentada lendo essa carta, e agora já se pode conversar, mesmo sendo dessa maneira. Queria que soubesse que esteve sempre em meu pensamento, minha querida. Chegou a altura de revelar alguns segredos, para que compreenda um pouco mais minha história com sua avó.
Conheci sua avó aqui em Varsóvia em 1936, em um jantar na casa de meus pais. Depois de a gente trocar olhares durante toda a noite, eu a convidei para dançar. E dançámos uma valsa de Chopin. Tenho que confessar que foi maravilhoso tê-la em meus braços, enquanto nos olhávamos. Nenhuma palavra foi trocada em toda a dança, o que tornou tudo ainda mais mágico.
Depois fui para Londres, com sua avó e o pai dela, para me afastar da guerra. Tinha acabado de perder meus pais e só desejava me vingar dos nazis, que estavam destruindo meu país. Mas seu bisavô foi inflexível e me trouxe com eles. Vivi seis anos com sua avó e nossos corações se uniram. Na véspera da partida para a Polônia, sua avó e eu consumámos nosso amor. Eu ainda me lembro de seu vestido branco, seu cabelo castanho esvoaçando ao sabor do vento, de suas mãos presas nas minhas, dos olhos castanhos cheios de lágrimas me fitando com tristeza. A gente se amou de um modo especial. Dessa noite, a única noite de minha vida, nasceu seu pai. Não passou sequer um mês depois de eu ter saído de Londres que seu bisavô, sabendo o que tinha acontecido, a obrigou a se casar com Arthur, para que o nome de sua família não ficasse mal falado. Proibiu todo e qualquer contato entre a gente, e deve ter morrido com a sensação de que nunca se haveria de saber a verdade. Foi só há dez anos que eu recebi uma carta de sua avó, me contando tudo. Também me enviou uma fotografia sua e outra com seu pai. Fiquei transtornado de alegria.
Infelizmente, sua avó não respondeu a nenhuma carta que lhe mandei e apenas me mandou um postal, dizendo: “Por favor, não venha a Londres. Sua, Elizabeth.”
Eu acatei seu pedido. Desde aí que tive a certeza do que tinha de fazer: tinha de oferecer tudo o que era meu a você, para que pudesse ver o outro lado da questão, e perceber como eu fui feliz na Polônia, mesmo sem nunca mais ter visto o amor de minha vida. Espero que aceite tudo o que lhe deixo como um pedido de perdão e um desejo muito sincero de que seja muito feliz aqui.
Você vai encontrar, um pouco por essa casa, para que descubra com calma, mais cartas como essa. São, no total, cinquenta e uma, como os anos que estive sem sua avó. Quero que você me conheça melhor e ter certeza de que você se sente em casa.
Um beijo de seu avô,
Stanislaw”
Hermione pousou a carta e levou as mãos ao rosto, tentando assimilar suas ideias. Afinal, não era neta de Arthur Granger, mas sim de Stanislaw Koetcher. Com o coração aos pulos, percebeu que estava vivendo um romance. O romance de seus avós. O encontro entre o passado e o presente.
Continua....