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Nota da Autora: Oi! Obrigada pelos comentários e pelos favoritos. É bom saber que gostaram. Espero que gostem desse capítulo. Bjs
Hermione almoçou, seus pensamentos fixos na história impressionante que o advogado Potter lhe tinha contado. Será que sua avó teve mesmo um passado secreto? O nome Stanislaw Koetcher não lhe era desconhecido e sua mente dava voltas e voltas, tentando se recordar onde o tinha escutado até que, de repente, se lembrou.
Tinha sido sua avó que tinha comentado o nome dele quando ela era somente uma jovem adolescente, que tinha tido uma desilusão amorosa. Não se lembrava dos detalhes da conversa, mas se lembrava do tom emocionado de sua avó ao falar dele.
De tarde, voltou a arrumar a casa, deitando fora documentos que não necessitava. Quando acabou, percebeu que não valia a pena ir ao cabeleireiro, pois demoraria horas para arranjarem seu cabelo, já que ele era volumoso e frisado. Decidiu ver um filme na televisão para passar o tempo e tomou uma ducha rápida. Retirou do armário roupas íntimas brancas e uma blusa da mesma cor. Decidiu também pegar em um écharpe roxo e um casaco da mesma cor, tal como umas jeans azuis. Calçou umas botas pretas de salto e uma bolsa da mesma cor. Saiu de casa, aproveitando que não estava chovendo e entrou em seu automôvel, um BMW 116 i de cor negra. Colocou o cinto e rezou para não apanhar uma daquelas filas intermináveis, que podiam chegar a durar horas, ou acidentes pelo caminho. Conduziu atentamente pelas ruas de Londres e ignorava o GPS que, às vezes, a enviava por caminhos mais longos do que supostamente seriam.
Parou algumas vezes, perguntando aos transeuntes onde era o escritório de advocacia e eles lhe respondiam. Entrou em uma rua paralela e estacionou. Olhou para a placa do escritório, que estava ao lado da porta de vidro, e leu: “John Day – Escritório de Advogados” e, por baixo, tinha o nome dos advogados. O nome do advogado Potter era o primeiro sendo mencionado. Entrou nos modernos escritórios da empresa e percebeu que estava tudo decorado com imenso bom gosto, com um ar moderno e acolhedor. Tudo muito simples, com uma mobília branca e minimalista, e um ambiente suave. Os tons brancos e pretos diminuíam a sensação de estar em um escritório. Se sentou um pouco na sala de espera, até que a secretária do advogado a chamou, abrindo a porta do escritório de Harry Potter. Hermione entrou na sala e, ao fundo, estava um homem alto de cabelos negros e rebeldes, com uns olhos incrivelmente verdes, brilhantes como esmeraldas, por detrás de umas armações redondas, vestido com um paletó moderno negro e uma gravata da cor dos olhos, que a esperava. O advogado pediu:
– Doutora Hermione, faça o favor. – Harry Potter era a imagem perfeita de um cavalheiro: alto, de gestos elegantes e uma postura impecável. Estendeu a mão em cumprimento e ela sentiu as mãos firmes e quentes, em contraste com suas frias e delicadas. Olhou para as mãos dele e viu que não tinha nenhuma aliança de compromisso.
– Boa tarde. – Respondeu ela e aceitou o convite mudo do advogado para se sentar, agradecendo – Obrigada.
O advogado se sentou e puxou um enorme dossiê de documentação.
– Eu imagino a quantidade de dúvidas e perguntas que deve ter em sua mente nesse momento…
Hermione sorriu, concordando em silêncio, e o advogado continuou:
– A história que lhe vou contar é um pouco longa, mas há algumas partes sobre as quais não tenho nenhuma indicação. Esses pormenores, para serem esclarecidos, precisam de alguma investigação que, como pode calcular, não está ao meu alcance. Por mais interessado que esteja pelo assunto, sou um advogado e não um detetive.
– Claro… – Comentou Hermione, escutando atentamente a voz grave do advogado.
– Mas vou começar pelo princípio. A primeira coisa que aqui tenho é a carta que acompanhava o testamento. Vou passar a ler:
Informo a quem possa interessar que constituo minha única herdeira, a doutora Hermione Granger, residente em Londres, na morada tal, com o telefone tal. É em nome de sua avó Elizabeth Clarke, que lhe deixo todo meu patrimônio, em nome do passado extraordinário que uniu a gente. Porque o amor não tem barreiras e é mais forte que a morte.”
– E segue uma assinatura. – Comentou Harry, que observava a expressão perturbada de Hermione – Está tudo escrito em Inglês.
Ela ficou uns momentos em silêncio, até que revelou:
– Quando me telefonou e perguntou se conhecia o senhor Stanislaw Koetcher tive a sensação de que o nome me era familiar…Foi minha avó que me falou dele.
– Precisamente. – Comentou o advogado, guardando a carta no dossiê. – Isso condiz com a carta.
– Mas o que aconteceu entre eles? – Perguntou Hermione, ao se lembrar das palavras.
– Será que… – Mas não conclui a frase. Parecia irreal demais. Harry comentou, a afastando de seus pensamentos:
– Sobre isso não tenho ideia. Mas a carta fala de uma relação amorosa. - Hermione não conseguia acreditar. Sempre tinha conhecido sua avó casada com seu avô e apaixonada por ele. Sabia também que sua avó tinha realizado algumas viagens nos anos quarenta do século retrasado, mas não sabia de alguma maneira que se tivesse envolvido amorosamente nessa época. Então sua avó tinha um passado misterioso? Mas como haveria de saber?
– Imagino que deve estar pensando como irá descobrir essa ligação entre sua avó e o senhor Koetcher. – Harry olhava atentamente para a mulher à sua frente. Ela estava pálida e, inegavelmente, abalada com toda essa história.
– Sim… – Hermione afastou os cabelos da frente do rosto e continuou – O problema é que minha avó faleceu à quatro anos, meu avô há mais tempo, e eu não tenho nenhuma forma de saber diretamente por eles…Nem me contariam, se fossem vivos, pois nunca falaram disso… – Sua voz falhou e ela ficou olhando a parede, pensativa. Mesmo seus avós tendo falecido há muito tempo, ainda sentia muito a falta deles. Harry, percebendo seu estado, se levantou e abriu a porta, pedindo um café forte à secretária. Enquanto Hermione se recompunha, Harry recebeu uma xícara de café preto, fechou a porta e colocou em cima da mesa. Sem uma palavra, ela aceitou o café, soprando e tomando um gole. Suspirou ao sentir o líquido quente deslizando por sua garganta e agradeceu:
– Obrigada…eu normalmente não reajo assim...não sei o que me deu.
– É compreensível, doutora Granger. – Falou o advogado, para a acalmar – Toda essa história, por si só, já é incrível. E deve ser estranho saber que sua avó teve alguma pessoa antes de seu avô e que a ligação entre eles pareceu muito forte.
Hermione concordou com as palavras do doutor Potter e comentou, sentindo a calidez da xícara em suas mãos:
– Eu soube apenas que minha avó tinha viajado pela Europa nos anos quarenta, mas nunca soube exatamente fazendo o quê…
– Sobre isso eu posso dizer alguma coisa… – Começou o advogado – Na casa do senhor Koetcher há algumas fotografias de sua avó em Varsóvia, em 1936.
Hermione quase que entronou o líquido quente em suas pernas tamanho o susto. Colocou a xícara em cima da mesa, enquanto exclamava, em choque:
– 1936!? Mas minha avó teria apenas dezenove anos!
– Eu penso que deve começar a pensar que sua avó não lhe contou grande parte de sua vida. Julgo até que as datas de nascimento estarão fabricadas…
Datas de nascimento fabricadas? Ela sabia que sua avó era cautelosa com seu passado, mas nunca pensou que pudesse ter tamanho segredo. Aquilo parecia uma história de mistério, mas era a vida de sua avó.
– Terei que confirmar com meu pai, que o único filho dela. – Falou e pegou na xícara, voltando a dar um gole.
– Faça isso. – Apoiou o advogado – De qualquer modo, e se a doutora Hermione…
– Me chame Hermione, por favor. – Interrompeu ela, pedindo pela segunda vez naquele dia.
– Normalmente, não falo tão intimamente com os meus clientes, mas se a senhora quiser eu faço uma excepção. – Informou o advogado, suavemente – Hermione. Mas peço que me chame de Harry.
– Claro. Harry. – Falou ela, hesitante. O modo como seu nome tinha soado nos lábios do advogado tinha sido extremamente sensual. Seus olhares se cruzaram e sorriram. O brilho nos olhos de Harry era cintilante, mágico.
– Mas como eu dizia Hermione, – Continuou ele – de toda a forma, terá que ir à Polônia quanto antes. Nessa altura poderá procurar algumas informações. O secretário particular do senhor Koetcher poderá ajudá-la. Ele também é advogado e tem algumas informações que lhe podem ser úteis.
– Ir à Polônia? – Perguntou Hermione, surpresa, acabando de beber o café e pousando a xícara.
– Sim. – Respondeu Harry – Isto porque ainda estamos no início de nossa conversa. É minha obrigação, como advogado, ler o testamento do senhor Koetcher e a informar do que herdou.
– Quê!? – Perguntou Hermione, abismada – Primeiro, me diz que há a probabilidade de minha avó ter tido um romance secreto com o senhor Koetcher em sua juventude e agora me diz que tenho uma herança!? Você está de brincadeira comigo, né?
Harry sorriu, compreensivamente:
– Hermione acha que isso é apenas uma brincadeira? Bom, seria agradável apenas para poder estar aqui conversando com você… – Os olhos do advogado cintilaram, mas ele continuou – …e fazendo teorias policiais sobre antigos romances antigos entre sua avó e o senhor Koetcher, mas há muito mais para conversar.
Revistou o dissiê e retirou um documento, começando a ler o testamento. Até que chegou à parte do patrimônio:
– Em vez de ler, vou fazer uma descrição mais simples. O que Hermione herdará é o seguinte: um prédio urbano em Varsóvia, composto por dezoito cômodos, e todo seu recheio, duas fábricas de calçado no Norte da Polônia, dois apartamentos em Paris, uma quinta vinícola na Provença, sul de França e uma casa de férias em Veneza. – Hermione prendeu a respiração, mas o advogado continuou – Quanto a bens financeiros: quatro milhões de euros em ações em várias empresas, sobretudo bancos, e duas contas bancárias, uma na Suíça outra na Polônia, no valor de vinte e cinco milhões de euros.
Hermione não conseguia acreditar. Tudo aquilo era seu!? Harry percebeu seu espanto e perguntou, compreensivo:
– Impressionada?
– Nem…nem sei o que dizer… – Balbuciou ela, em choque, tentando assimilar as novas informações.
– Não tem de dizer nada. – Falou ele, com firmeza – Tem é que começar a pensar no que vai fazer. Tem um…império para gerir. Devo confessar que, em dividendos e lucros, receberá anualmente cerca de um milhão de euros por ano.
O choque percorreu o rosto dela, que se agarrou firmemente à mesa para não cair. Um milhão de euros era muito dinheiro! Ela podia investir em sua empresa! Podia realizar mais projetos! De repente, inesperadamente, como um milagre, uma vida nova se abria para ela. Podia passar o resto da vida se dedicando a si própria, pensando na vida…
O advogado completou:
– Ainda falta lhe dizer que o senhor Koetcher é dono de uma impressionante coleção de obras de arte, sobretudo em sua casa de Varsóvia, com quadros do século XVII até nossos dias. Em seu testamento, ele manifestou a sua vontade para que parte desses quadros fossem doados a um museu.
Hermione ficou silenciosa e o olhar de Harry a percorreu. Ela olhou para fora da janela, onde se via a movimentação da cidade e o rio Tamisa ao fundo. Sua mente estava cheia de perguntas sem resposta, algo que ela detestava: O que iria fazer? Sentia uma sensação maravilhosa de liberdade, mas também um certo receio do futuro, agora mais desconhecido e misterioso que nunca. O que implicava tudo aquilo?
– Doutor Potter, estou um pouco assustada… – Confessou e Harry sorriu, pousando sua mão na dela.
– Eu entendo. Fique descansada que eu vou tratar de tudo. – Assegurou – Como é óbvio, todos os problemas legais já estão suportados por sua herança. O senhor Koetcher deixou as quantias necessárias para isso.
– E que tenho de fazer? – Perguntou, sentindo o calor da mão do advogado contra a sua, a tranquilizando aos poucos. A segurança regressando aos poucos com aquele gesto de ternura e amizade.
– Para já, assinar este papel dizendo que tomou conhecimento e que aceita a herança. – Harry retirou as mãos e ela se sentiu vazia. Procurando no dossiê, retirou um documento e o estendeu. Hermione leu, acenando com a cabeça. Tudo o que o advogado informava estava escrito no documento e continuou escutando – Depois, vai proceder à tomada de posse de todos os bens, que deve demorar cerce de quinze dias. Em seguida, o que eu sugiro, é que tire umas férias e vá a Varsóvia ver seus bens e…e se quiser, tentar desenterrar uma história de amor do passado.
– Bom, na realidade. – Confessou Hermione, olhando para a assinatura de Koetcher. Ele tinha uma letra redonda e legível, em estilo itálico. – Eu já estou de férias.
– Por quanto tempo? – Perguntou Harry, estendendo uma caneta em sua direção.
– Por acaso, são por quinze dias! – Respondeu, pegando na caneta e assinando.
– Que coincidência espantosa. – Confessou o advogado, admirado e Hermione concordou com um movimento da cabeça. Ela entregou a caneta e o documento assinado e suas mãos se tocaram. Uma corrente elétrica passou por ambos, que se afastaram, envergonhados. Para que o clima não ficasse tenso, Hermione comentou:
– Obrigada por tudo. É mesmo para Varsóvia que vou. – Se levantou e Harry a imitou. Se dirigiram para a porta e Harry a abriu, como um perfeito cavalheiro, dizendo:
– Adeus.
– Adeus. – Respondeu ela e caminhou para a rua, sabendo que sua vida tinha dado uma reviravolta inesperada.
Continua…