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Nota da Autora: Oi! Espero que tenham gostado do capítulo anterior. Aqui está mais um. Espero que gostem desse. Bjs
James saiu da casa de Lily e se dirigiu para o carro, pensando nela. Já tinha tido muitas namoradas e saído com muitas mulheres, mas nenhuma era tão cativante quanto a pintora. Era dona de uma beleza inigualável, seus olhos eram brilhantes como esmeraldas, seus lábios carnudos e vermelhos, que lhe tinham dado vontade de beijá-la. Entrou no carro e estava ligando motor, quando seu celular tocou. Pegou nele e viu o nome de Marlene no ecrã. Intrigado, pois era raro ela lhe telefonar, atendeu. A voz chorosa da mulher ecoou do outro lado e ele ficou logo alerta:
–James, venha até aqui, por favor!– Implorou ela, com voz embargada.
– Que aconteceu com Sirius? – Perguntou, com voz preocupada.
–Ele…ele está muito mal.– Respondeu ela, sua voz entrecortada –Seu irmão, Regulus, faleceu.
– Regulus? – Perguntou James, admirado – Como?
–Não sei.– Admitiu ela, preocupada –Sirius recebeu uma ligação e começou a chorar, dizendo que ele estava morto. Saiu correndo de casa e voltou com um jornal na mão, e não me deixou ler. Por favor, James, venha até aqui.– Implorou ela, desesperada.
– Eu vou, prometo. – Falou ele, para a acalmar e ela agradeceu:
–Obrigada.
– Até já. – Falou ele e desligou o celular. Passou a mão pelo cabelo negro e ligou o carro, conduzindo a alta velocidade em direção à casa de seu amigo. Sabia que ele estava destroçado pela morte do irmão, pois era seu caçulinha, e que precisava de um ombro amigo. Para não apanhar trânsito, apanhou um atalho, que o levou para uma rua reta, com casas pintadas da mesma cor. Estava parcialmente vazia, tirando algumas pessoas que colocavam o lixo e outras que passeavam seus cachorros. Estacionou o carro à entrada da casa dele e saiu. Subiu as escadas e tocou à campainha. Marlene abriu a porta e ele viu seus olhos inchados e a dor em suas feições. Seu cabelo negro, normalmente bem penteado, estava desalinhado e ela se abraçou a ele, agradecendo baixinho:
–Obrigada por ter vindo tão depressa. Ele está na sala.
– De nada. – Respondeu ele e entrou, se dirigindo para o cômodo. Parou à porta e viu Sirius sentado no sofá, sua roupa estava desalinhada e tinha um copo de vinho quase vazio na mão. Uma garrafa vazia de vinho tinto estava deitada no chão a seu lado e Snuffles, um grande cachorro negro, seu companheiro de estimação, estava a seu lado, lambendo suas lágrimas. James se sentou no outro lado e colocou uma mão no ombro dele. Sirius se virou para ele e James percebeu sua aparência estava um caco. Seus cabelos, normalmente bem tratados, estavam desalinhados. Seus olhos cinzas, geralmente brilhantes e cheios de vida, estavam mortos e vermelhos, demonstrando uma dor que ele nunca tinha visto. Soluçando, ele se atirou a seus braços e James o amparou. Olhou para Marlene, que estava encostada na ombreira da porta, e reparou como ela chorava silenciosamente ao ver o sofrimento de seu namorado e não poder fazer nada.
– Ei companheiro, que aconteceu? – Perguntou James, sentindo como ele tremia em seus braços.
– Ele morreu. – Gemeu Sirius em seu ouvido – Ele morreu…
– Regulus morreu? – Perguntou James, em choque, se perguntando como. Conhecia o irmão dele e era tão jovem. – Como?
Sirius se afastou e tentou encher o copo, mas James pegou nele e colocou na mesinha de vidro à frente deles, onde estava um jornal e o celular do amigo. Sirius gemeu novamente e colocou as mãos no rosto, desesperado.
– Como você soube? – Insistiu James. – Como sabe que não é mentira?
– Um funcionário da empresa de meu pai me ligou. – Respondeu ele, com voz rouca – Um conhecido meu. Eu o conheço muito bem e sei que ele não me mentiria. Mas, mesmo que ele não me tivesse dito, descobriria a mesma.
Sirius esticou o braço e pegou no jornal daquele dia,The Sun. Estendeu a James, que viu uma foto de Regulus na primeira página, que parecia ter sido tirada em uma festa de beneficência, e leu:
HERDEIRO MAIS NOVO DAS EMPRESAS BLACK FALECEU
Regulus Arcturus Black, o mais jovem herdeiro da família Black e futuro sucessor à maior empresa de advocacia do país, faleceu essa manhã depois de um acidente de mota na estrada durante a madrugada, depois de ter ido a uma festa de beneficência com seus pais.
De acordo com a família, ele não tinha bebido nem uma gota de álcool e a polícia afirma essa declaração, dizendo que a mota demonstrava alguns problemas técnicos.
"A família Black está sofrendo nesse momento devastador. – Falou o porta voz da família. – "E precisam de vocês, jornalistas, respeitem a dor deles. Ainda não se sabe quem sucederá na empresa, mas pensasse que possa ser Bellatrix Black, prima de Regulus, que está prometida ao Sr. Riddle, o maior acionista da empresa.
O funeral, de acordo com o porta voz, terá inicio hoje á tarde, pelas cinco horas e só pessoas importantes e amigos da família irão comparecer.
Tinha mais algumas informações, mas James pousou o jornal. Sirius olhou para o amigo e falou, cheio de sofrimento:
– Meu próprio pai não me informou da morte de meu irmão, aquele bastardo.
– Sirius… – Começou James, angustiado, mas Sirius continuou, soluçando – E-eu o odeio tanto! Me deserdaram porque não queria continuar os negócios de família, e agora nem me dizem que meu próprio irmão, sangue do meu sangue, morreu.
– Eu lamento. – Falou James, colocando a mão no ombro dele, tentando confortá-lo. – Você vai ao funeral?
– Não. – Respondeu ele, limpando as lágrimas – Você já sabe o que irá acontecer. Não sou bem-vindo. Seria escorraçado como um vira lata. Mas irei visitá-lo um dia.
Snuffles uivou tristemente e Sirius afagou carinhosamente a cabeça do cachorro. Ele riu, um riso forçado e sem vida ao continuar:
– Parece que minha prima Bella vai adiar seu casamento com Riddle. Bem feita para aquela vadia, mereceu. Aqueles idiotas… – Gemeu e continuou a chorar. James o abraçou e prometeu:
– Não se preocupe. Tudo irá ficar bem. – Olhou para mesa e viu que estava posta, com uma panela fumegante em cima. Se virou para o amigo e pediu:
– Você tem que jantar.
– Não quero. – Respondeu ele, como uma criança briguenta.
– Tem comer, senão ficará feio e magro e deixarei de ser seu amigo. – Comentou James, em tom de brincadeira, e Sirius deu um tapa no ombro dele, dizendo:
– Você nunca faria isso. – Suas feições se contraíram e deixou escapar mais umas lágrimas, mordendo os lábios para que não saíssem soluços. James o abraçou e Marlene se aproximou de seu namorado, beijando seus cabelos. Ficaram os três calados, respeitando a dor dele.
– Vai tudo ficar bem. – Falou James, quebrando o silêncio – Eu prometo.
OoOoO
A noite chegou rapidamente para Lily. Na cozinha, preparando o solitário jantar, um arroz de frango com salada a acompanhar, escutava seus ruídos, barulhos típicos de uma mulher sozinha. Pensava em James, em seus olhos, no nariz reto, em sua boca carnuda, na forma de como ele se sentava. Tudo nele lhe parecia maravilhoso, forte e delicado.
Ela o queria, tinha de admitir. Não podia mentir para si mesma. Era a mais pura verdade. Mas também podia fazer outra coisa. Pintá-lo.
Caminhando de um lado para o outro na cozinha, pensava. Como poderia dizer a James que o queria pintar, que queria colocar seus contornos em uma , se recordou que, se o pintasse, poderia perdê-lo. Tinha sido assim com todos os homens que se tinha relacionado. Ela só tinha duas alternativas: ou pintava, e depois dormia com ele, James se tornaria um corpo idealizado e de prazer, passava do sonho para a realidade, ou ele se tornava o sonho dela, o único sonho, seu amor, e pintá-lo estava fora de cogitação. As duas coisas, não. Era muito supersticiosa quanto a isso.
Se lembrou de um livro maravilhoso, que tinha lido há uns anos atrás: O retrato de Dorian Grey, de Oscar Wilde. Ela não podia deixar que ele entrasse assim dentro dela, por seus sonhos, e depois se tornasse realidade, pela primeira vez que alguém entrasse nos dois planos da vida dela, o real e o imaginário.
Frustrada, se dirigiu para a sala, onde tinha os quadros de seus ex-companheiros. Pegou neles e os observou um por um: Kingsley Shacklebolt, seu ultimo namorado, quinze dias de paixão, sexo desenfreado, de jantares à luz das velas em restaurantes tibetanos.
Para quê?– Se perguntou– Para que ter um quadro dele, deitado, com suas pernas lembrando dois arcos de um tempo? Isso faria alguém feliz? Não.
Pegou em outro quadro: Anthony Goldestein, dez anos mais novo que ela, cheio de sonhos e de expectativas. Bailarino profissional, com músculos esguios e fortes, um sorriso angelical. Tinha nas mãos um retrato maravilhoso dele, olhando para o alto.
Para quê?– Voltou a se perguntar –para que esses quadros, esse prazer, esse corpo que tive durante dois meses, que abracei e que me agarrei nas noites frias de inverno, quando me sentia só?
Severus Snape, com dois quadros, ao fundo da sala. Aquele corpo que mais desejava, porque não tinha mais nada a que se agarrar. Era um homem frio, metódico, um empresário que, todos os dias, trabalhava desenfreadamente, sem lhe dar um pouco de atenção, para que sua empresa ganhasse cada vez mais lucros. Noites em casa, com seus corpos encaixados de uma forma profissional de sexo, metódica, demorada, tão perfeita como vazia.
Ou ainda Amos Diggory, encenador e ator, mais velho. Quarenta e seis anos, com seus gestos calmos, medidos, sua ternura, seu interesse na vida dela, que se tinha tornado cada vez maior e mais mesquinho, a quem ela se sentia presa, sufocada, que controlava cada gesto seu.
O quadro dele, sentado, meditando, com seu peito nu e um livro no colo. Seis meses de um carinho cansativo. Com dois corpos fugindo da solidão e do desconforto.
Se sentindo vazia, ligou a lareira e pegou em todos os quadros. Observando o fogo crepitante, deitou todas as telas, uma por uma, para arderem no esquecimento. Queria começar uma nova fase de sua vida.
Continua…