Capítulo 14 - Epílogo

Harry sentiu que tinha de tomar uma atitude. Respirou fundo e confessou:

– Eu também tenho que te confessar… - E contou aquela loucura no avião. Explicou que tinha sido o calor do momento, que se tinha sentido atraído por Draco, mas era ele que lhe dava outras sensações, outro afeto. Era isso que importava.

– Estou nu perante você, Tom. – Disse Harry, por fim – Não como na praia, no outro dia, mas nu em meu interior. Agora você sabe de tudo. Estamos os dois em posição igual. Agora é com você e comigo. Ou nos aceitamos e amamos, ou desaparecemos da vida um do outro.

O produtor respirou fundo, o mar se misturando, de novo, em seus olhos.

– Harry, você tem dúvidas? – Perguntou – Você acha que alguma vez alguém foi tão sincero comigo? Não estou habituado a essa sinceridade. Claro que isso me dói, mas entendo. Eu também falhei.

Suspirou e continuou:

– Mas, estou inseguro. Preciso de um tempo para pensar em tudo. Para ver como vou integrar e viver com tudo isso…

– Eu entendo, Tom. – Disse, carinhosamente, o modelo – Mas eu estou aqui.

Se despediram com um abraço e seguiram no areal em direções opostas. "Fiz o que era certo" pensou Harry para si. Caminhava pela areia branca e fina, apanhando conchas e pequenas pedras coloridas pelo caminho. Se dirigiu para as rochas, onde encontrou estrelas-do-mar, moluscos e, até um búzio vazio. Largou tudo e guardou o búzio, era especial. Não estava muito triste. Tinha sido corajoso em confessar tudo. Conseguira olhar para os acontecimentos de frente, integrar tudo em sua vida, não ter duas caras. Podia perder Tom, percebeu que era o homem de sua vida, mas também o poderia ganhar. O que importava é que, nessa nova fase de sua vida, Harry não iria se tornar um idiota ou um incapaz. E isso, era o que importava. Estava observando o búzio e não deu por uma presença perto de si.

– Harry. - Chamou Draco em seu ouvido, o fazendo levar um susto. Olhou para o lado e o viu. Reparou que ele usava umas bermudas verdes e uma camiseta cinza, da cor de seus olhos. Se perguntou: "Porque é que todo o mundo vem falar comigo como se fossem zumbis?" , enquanto cumprimentava:

– Oi, Draco.

– Queria pedir perdão, – Começou o fotógrafo – Por ter entrado no quarto. Afinal, não sabia que você estava com Tom.

– Tá bom. – Disse Harry. Guardou o búzio no bolso das jeans. Draco o olhou e Potter perguntou, se sentindo incomodado com seu olhar penetrante:

– Sim?

– Mas quero que me peça desculpas. – Falou ele, com desdém – Estou disposto a aceitar você de volta, mesmo depois desse deslize. Vem aqui…

Agarrou no braço do modelo, que conseguiu se desfazer do agarre. Observou Malfoy com desprezo, e exclamou:

– Você está parvo!?

– Você me quer. - Insistiu o fotógrafo - Eu sei que sim.

Tentou agarrá-lo, de novo, mas Harry se afastou, com repulsa. "Que hipócrita!" Pensou para si.

– Você está muito enganado a meu respeito, Draco. – Falou Harry, com raiva – Eu gosto é de Tom. Agora, me deixe em paz!

Se afastou, com um turbilhão de sentimentos em seu interior. Pensou, atrapalhado, mas com certa calma, que estava vivendo o que qualquer modelo desejaria: estava em Bora Bora, em um paraíso tropical, com dois homens lindos e maravilhosos que o desejavam, fazendo um trabalho que aprendera a amar. Que poderia querer mais?

OoOoO

Os dias passaram, sem mais novidades. Deram uns ultimos retoques na campanha publicitária, escolhendo as melhores fotografias. À noite, depois do jantar, tinha longas conversas com Pansy, que o divertiam e acalmavam:

– Ele vai voltar, Harry. – Dizia Pansy, enquanto estavam sentados na varanda do quarto, em frente ao mar, comendo sorvete de morango –Tom é um homem sério e gosta de você. Vai ver.

Suspirou e comentou:

– Eu é que estou triste. - Vendo a expressão desconcertada de Harry, continuou – Vou deixar meu Blaise.

Comeu um pouco de sorvete e perguntou:

– Será que ele cabe em uma bolsa? - Os dois riram gostosamente. Depois Draco veio lhe pedir perdão por sua estúpida reação, confessou que estava tudo bem entre eles e que só desejava sua felicidade. Sua felicidade estava quase completa, só faltava Tom…

Ligou para Ron, contando tudo o que tinha acontecido durante todo esse tempo e seu amigo tinha dito que tudo iria ficar bem. Que o destino faria o melhor por eles. Com essa alegria e a certeza de ter tido um tempo de sonho, apanhou o avião daquela terra mágica, vendo os hotéis, os coqueiros e as praias de um azul maravilhoso e cintilante. Harry sabia que em Bora Bora tinha iniciado uma nova fase de sua vida e estava feliz – mesmo que, a seu lado, Tom não dissesse nada e apenas sorrisse com aquele sorriso mágico.

A chegada a Londres foi triunfal. Harry tinha seus pais – um casal amoroso de cabelos grisalhos e expressões orgulhosas - e os Weasleys o esperando no aeroporto. Se abraçaram, cheios de saudades. O modelo estava maravilhoso, com um bronzeado de manter inveja, muito bem vestido com as roupas dadas pela produção. Riddle, ao vê-lo antes de sair do aeroporto, lhe tinha sorrido. Mas nada mais tinha acontecido. Em casa dos Potters, Harry tinha sido agraciado com uma festa surpresa. Comeram e conversaram até altas horas da noite, Ron lhe contando tudo o que tinha acontecido enquanto estivera fora do país.

No dia seguinte, sozinhos em sua casa, revelou a Ron o que sentia por Tom e que sofria por eles não estarem juntos. Seu amigo, em tom sábio, disse que tinha sido melhor assim e tinha certeza de que Tom iria voltar. Dois dias depois, tinha sido chamado para ir, naquela tarde, à empresa. O diretor estava em seu gabinete, o esperando, com um conjunto de fotografias e Harry viu-as. Conversaram sobre alguns detalhes, sendo elogiado pelo excelente desempenho, e foi convidado a fazer parte da agência. Aceitou a oferta e assinou o contrato. Ao sair do gabinete, recebeu uma mensagem de Tom, que dizia:

"Hoje vou ver você e minha vida recomeçará."

Encontrou Tom, o homem de sua vida, à entrada da agência, com um ramo de flores e um anel. Lhe deu um abraço apertado e Harry estremeceu ao sentir o perfume forte do produtor. Se afastaram e se olharam por longos momentos.

– Eu te quero como você é, - Confessou Tom - o resto não interessa mais. Você quer casar comigo?

Harry sorriu e o beijou em resposta. Aquele abraço que Tom lhe dera, ainda hoje, o sente em seus ombros. Um ano depois, regressaram a Bora Bora, e se casaram em uma jangada, à beira mar, rodeada de flores, velas e odor salgado do mar. Sempre que se recordava de seu relacionamento com Tom, Harry sentia que abraçava, para toda a eternidade a felicidade, a fama e o amor.

FIM