Capítulo 13 - A Confissão

A noite foi passada em uma profundidade incalculável de sensações e muito prazer. Os amantes queriam se entregar cada vez mais e oferecer a seu parceiro mais prazer, mais êxtase. A certa altura, quando não lhes era fisicamente possível oferecer mais, se deitaram despidos por cima dos lençóis da cama do produtor e conversaram sobre a possibilidade de terem um relacionamento. Tom lhe confessou que, ainda em Londres, ele lhe despertara fascínio, e quando o vira nu, não soubera como reagir. Harry confessou que seu interesse era mais recente, mas que também se sentira estranho quando o vira com aquela sunga justa, embora não tivesse percebido na altura. Soltaram ambos uma solene gargalhada e se abraçaram demoradamente, procurando conservar aquela felicidade entre os respetivos corpos.

Entretanto, escutaram vozes no lado de fora, e uma delas reconheceram como sendo a de Draco. Harry estremeceu com a ideia do fotógrafo saber daquela maneira que não havia hipóteses entre eles e que o modelo se tinha entregado completamente a seu chefe. Era inevitável. Malfoy iria chegar e flagrá-los. Que iria Tom fazer?

– Você ouviu a porta, Tom? – Perguntou, puxando os lençóis mais para cima, com o coração batendo rápido em seu peito.

– Sim. - Respondeu ele – Espere um pouco.

Se ergueu da cama e gritou para fora:

– Draco?

– Sim? – Perguntou o fotógrafo, enquanto colocava a chave na fechadura.

– Não entre. - Pediu o produtor - Não estou sozinho.

– Ah, com quem…? – Comentou Malfoy, curioso – Posso entrar? Olhe, vou entrar.

– Espere. – Falou Tom, tentando dissuadir o colega, mas Draco continuou, rodando a chave:

– Eu vou entrar. Até posso fazer companhia...

Harry puxou os lençóis contra si, vendo a maçaneta rodando em câmera lenta. O fotógrafo abriu a porta e parou de repente, ao vê-los. As feições de seu rosto se transformaram, o choque exprimido nelas e exclamou, com raiva:

– Harry? Você!? - O modelo não sabia o que fazer, ficou sem palavras. O fotógrafo fechou a porta com um estrondo, irritado. Sentindo a vergonha o cobrindo como um manto, se levantou de um salto da cama. Pegou em suas roupas e começou se vestindo com rapidez. Tom também se levantou, mostrando seu corpo escultural e o tentou impedir:

– Harry, espere. Por favor.

– Não, Tom. - Respondeu Potter, se calçando - Não acredito no que fiz. Eu dormi com você! Onde estava com a cabeça?

Olhou para o produtor, que continuava despido e desviou o olhar, as lembranças do que tinha acontecido naquela cama povoando sua mente. Riddle o olhou friamente e perguntou, com frieza na voz:

– Está arrependido do que aconteceu entre a gente? - Harry se dirigiu para a porta e a abriu, sem o olhar.

– Não. - Admitiu – Só preciso de ficar sozinho.

E fechou a porta, caminhando sem rumo.

OoOoO

Harry estava sentado na areia, em frente do mar. Seu semblante estava triste e se sentia confuso com tudo o que tinha acontecido. Se perguntava: "Porquê? Porque é que minha vida tem sempre de ser assim? Porque é que, cada vez que chego a conhecer a felicidade, me dão um bilhete rápido de regresso à solidão?"

Draco tinha feito aquela cena lamentável e Harry, envergonhado, se tinha vestido sem dizer nada a Tom. Simplesmente lhe tinha dito que queria ficar sozinho. Tom iria acabar por saber que ele e Draco tinham transado no avião e o medo o contagiou. Que Tom iria pensar dele? Que era um vagabundo que se entregava a qualquer um?"

Uma lembrança veio rapidamente à mente do modelo, que ficou com dúvidas: Porque é que Draco disse que iria entrar, mesmo sabendo que estava lá mais alguém? Será que…Tom e Draco transavam? Partilhavam pessoas? Sua mente ficou confusa. Era impossível para ele pensar nisso. Será que Tom seria capaz de ter um caso com Draco? Ele e Tom pareciam somente colegas, nada mais.

Tocou no cabelo molhado. Tinha dado uns mergulhos para esfriar a cabeça e devia estar há mais de uma hora na praia, que se encontrava cm algumas pessoas aproveitando o sossego da manhã. Ouviu passos atrás de si e se virou, vendo Riddle se sentando a seu lado. O produtor estava com um semblante carregado, e perguntou a Harry:

– Posso ficar sentado a seu lado ou você quer continuar sozinho?

– Pode ficar, Tom. – Respondeu o modelo e produtor se sentou a seu lado.

– Você está machucado comigo? - Indagou.

– Eu? – Perguntou Harry, olhando confuso para ele – Porquê?

– Você tem razões para isso. - Harry virou o rosto e olhou para o mar. Tom iria falar sobre o que tinha acontecido. Mas ele sabia que, no fundo, o produtor era um homem correto. E não tinha nada a perder na vida. Se realmente gostasse dele, iria querer lhe explicar tudo.

– Peço perdão pelo que aconteceu. - Admitiu Tom - A culpa foi minha.

Harry franziu o sobrolho, confuso, mas nada disse. O produtor continuou – Foram muitos anos disso.

– Muitos anos de quê? – Perguntou o modelo, olhando para ele.

– De convivência com Draco nesse meio. - Respondeu - Acontecem muitas coisas, que não deveriam acontecer e se tornam um hábito.

Harry estava cada vez mais confuso.

– Não estou entendendo. - Confessou.

– Do que se passou. – Referiu Riddle – Do engano que levou Draco a entrar no quarto….

O produtor hesitou e Harry, querendo saber, insistiu:

– Mas que engano foi esse, Tom? É isso que não estou entendendo.

Riddle olhou para o mar revolto e respirou fundo, Harry estava insistindo para saber a verdade.

– Você sabe… – Hesitou – É frequente no nosso meio fazermos sexo uns com os outros.

– Você e Draco? – Perguntou Harry, se levantado da areia. Percebeu que Pansy não fazia parte daquilo, ela tinha outros gostos – Afinal, o que eu pensei era verdade.

– Que pensou? – Perguntou Tom, se levantado e o encarando. O modelo hesitou, antes de responder:

– Que vocês transavam e que partilhavam pessoas. - O produtor acenou com a cabeça, dizendo de seguida:

– Você tem razão, Harry. - Ficaram os dois em silêncio até que Riddle se ajoelhou a seus pés. Ficou chocado com sua vulnerabilidade, e ele continuou:

– E Draco pensou que era isso que se estava passando no quarto. Há meses que não acontecia, mas como Draco estava bêbado, pensou que iríamos fazê-lo mais uma vez. Me perdoe. – Pediu o produtor, vendo que Harry não lhe respondia, continuou:

– Eu gosto muito de você, gosto mesmo muito. E essas aventuras fazem parte do passado, acabou. Nunca pensei que iria encontrar alguém tão incrível como você. E você apareceu… - Fechou os olhos e suplicou:

– Me entenda, por favor. Não quero perder você agora. Não consigo ficar longe de você.

O modelo o observou. Ele estava ali, se entregando, confessando tudo. Estava sendo sincero, verdadeiro em suas palavras. Estava sofrendo com tudo o que tinha ocorrido. E Harry também tinha falhado. Hesitou, e se perguntou: Será que serei capaz de confessar o que fiz com Draco?

O mar se espelhava nos olhos úmidos de Tom. O som das ondas batendo nas rochas ecoava em seus ouvidos, lhe lembrando como era estar nos braços do produtor, de sentir seu calor, o toque sensual de suas mãos, e se perguntou: E agora?

Continua...