31 de outubro de 1981 - Jily (completa)

Tempo estimado de leitura: 15 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 2

    Capítulo 2 - Lily Potter

    Heterossexualidade

    Nota da Autora: Oi! Obrigada por terem comentado o capitulo anterior. Espero que gostem deste. Me digam o que acharam nas reviews. Bjs emoticon

    Olhei para o chão da cozinha e suspirei, aliviada. Finalmente tinha terminado de lavar a loiça, de dar comida ao gato e de limpar a sujidade que James e Harry fizeram. Quando vi o chão sujo, fiquei furiosa, mas ao ver as expressões de felicidade de meu filho e de meu marido, que andava sempre taciturno, não consegui ficar zangada por mais tempo. Desamarrei os cabelos e deixei que eles caissem suavemente por meu rosto. Fiquei em silêncio, escutando as risadas de Harry. Um sentimento de ternura me atingiu. Quando descobrira que estava grávida de Harry, temi por mim, por ele e por James. Tinha receio que a gente morresse e que Harry ficasse sozinho. Mas sabia, na altura, que podia contar com Marlene, Sirius, Dorcas e Remus para tomarem conta dele. Tinha certeza que ele não ficaria desamparado. Agora não tenho tanta certeza, pois Dorcas e Lene morreram, Sirius era demasiado irresponsável para tomar conta de um bebê e Remus tinha seu problema mensal.

    Tinha medo que Harry fosse para minha irmã Petúnia que, de certeza, o maltrataria, por ódio a mim. Eu não tinha culpa de ter nascido bruxa, de ter frequentado Hogwarts, e ela não. Mas Petúnia não entendia. Ela pensava que eu era a sortuda, a queridinha de todos. Mas não era verdade. Se fosse, não estaria presa nessa casa, temendo pela vida de meu marido e de meu filho. Estaria lá fora, ajudando a Ordem da Fênix a dificultar a vida de Voldemort e de seus Comensais. Suspirei, me sentindo cansada. Pensar em minha irmã me machucava. Coloquei a varinha em cima da mesa. Só iria colocar Harry no berço, não iria precisar dela. Toquei em meu ventre, embora ainda não conseguisse senti-lo, sabia que havia outra vida dentro de mim. Ainda não tivemos tempo para descobrir o sexo da criança, mas só sua presença tinha alegrado um pouco nossa vida, antes de cairmos novamente nos momentos tortuosos que estávamos passando. Ia ser bom para Harry ter um irmãozinho ou uma irmãzinha, alguém com quem brincar. Tinha pedido a James para que Severus fosse o padrinho de nosso bebê. Ele não queria, mas ao saber por Dumbledore que Severus estava colocando sua vida em perigo para ajudar nossa causa, o fez mudar de ideias. Meu maior desejo era o de reatar minha amizade com Severus, mesmo sabendo que ele tinha me chamado aquele nome horrível. Mas sabia que ele estava arrependido. Ainda não tinhamos contado a ninguém que estava grávida. Tinha havido tanta movimentação na Ordem, que as únicas pessoas que nos tinham visitado tinham sido Sirius e Peter. Não enviávamos cartas para ninguém, pois tinhamos receio de que fossem interceptadas por algum seguidor de Voldemort e descobrissem onde nos escondíamos.

    Me dirigi para a sala e abri a porta. Vi James se virando, olhando sobressaltado em minha direção, mas logo relaxou. Era horrível, a gente não podia fazer um minimo de barulho, que logo ficávamos alerta. Mesmo sabendo que estávamos seguros, nossos instintos nos alertavam para o perigo. Sorri, para ambos, em uma tentativa de acalmar James.

    - Está na hora de dormir, meu amor. – Disse, erguendo os braços para Harry, não deixando de sorrir para ele. James se levantou e me estendeu Harry, que soltou um gritinho de revolta. Soube que ele queria brincar mais, mas estava ficando tarde e, mesmo não parecendo, ele estava cansado. Harry adorava quando pai fazia fumaças coloridas com ele. Poderia ficar horas observando James fazendo animais e outras formas. Sua forma preferida era da Snitch e a da vassoura. Já me mentalizei que teria mais um apanhador em casa. Estava no sangue. Agarrei Harry, sentindo seu cheiro de bebê e beijei sua bochecha rosada. Apertei-o um pouco contra mim, sentindo o calor de seu corpo e começei a cantar uma canção de ninar em seu ouvido. De imediato, ele se acalmou ao som de minha voz e meu olhar se cruzou com James. Seus olhos, antes tão cheios de vida, estava opacos. Vi sua expressão cálida, mas preocupada. Estar escondido o estava matando aos poucos. Mas aguentaríamos, por Harry. Nosso filho não iria cair nas garras dele. A gente não permitiria. Demos um pequeno sorriso, como um incentivo para aguentarmos mais um pouco. Harry bocejou em resposta, seus brilhantes olhos verdes se fechando aos poucos, e saímos da sala. Olhei para meu filho, enquanto subia as escadas. Harry era tão pequenino, tão indefeso, que era horrível pensar que Voldemort o quisesse matar. O que um bebê poderia fazer contra o bruxo das trevas mais temido? A profecia, que Dumbledore nos tinha contado, não era específica. Falava somente de uma criança nascida dos que o desafiaram três vezes. Só houveram quatro pessoas que o desafiaram tantas vezes: eu, James, Frank e Alice e que nascia ao terminar o sétimo mês. Curiosamente, Neville e Harry, nasceram no final do mês, com um dia de diferença. E também refere que tem um poder que Voldemort desconhece. Que poder? Neville e Harry são dois bebês, que mal sabem andar e falar. Mas a parte que me apavora é quando a profecia diz que " nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver… " Qual fosse a criança da profecia, ela teria de morrer para Voldemort sobreviver. Inconscientemente, apertei Harry contra meu peito, em uma tentativa de me acalmar. Percebi seus olhos fixos em mim, sua boca aberta, em olhando atentamente. Fiquei com a sensação de que seria uma noite daquelas, em que ele demoraria para adormecer. Mas, felizmente, quando ele adormecia, só acordava de manhã. Estava quase chegando ao topo, quando ouvi um estrondo e senti uma onda de calor atrás de mim. Só tive tempo de colocar Harry á frente de meu corpo e de o proteger, com um sentimento aterrador dentro de mim. Voldemort tinha descoberto nosso esconderijo. Ouvi passos apressados de James e a voz dele gritando, em desespero:

    - Lily pegue Harry e corra! É ele! Eu o atraso! – Apertei Harry contra mim, uma sensação sufocante de medo atingindo meu corpo. Voldemort estava ali e queria meu bebê. Olhei para baixo e vi os olhos de Harry, iguais aos meus, me olhando com curiosidade. Sua mãozinha agarrava fortemente o tecido de minha camisola e eu soube que não conseguiria viver sem ele. Harry era meu filho, uma parte de mim, e eu daria minha vida por ele. Sempre. A voz de Voldemort, fria e cortante, ecoou no andar debaixo:

    - Avada Kedavra! - Não contive um grito de desespero ao escutar um baque surdo no chão. O choque me percorreu. Embora não quisesse acreditar, sabia que James estava morto. Ele tinha morrido para nos proteger. Para proteger Harry. Nesse momento, percebi que Peter nos tinha traído e me perguntei porquê. Ele era amigo de James, sempre estiveram juntos em tudo, e ele o tinha traído. Não consegui entender. Mas não tinha tempo para descobrir. Minhas pernas não queriam se mexer, mas eu forcei-as a me obedecer e corri para o quarto de Harry. Ouvi passos atrás de mim e me virei, o horror me percorrendo ao olhar o rosto ofídico de Voldemort. Instintivamente, fechei a porta e encostei uma cadeira, em uma tentativa vã de o barrar. Olhei em volta e vi que não tinha saída. A janela do quarto estava trancada e não dava tempo para a abrir. Com medo do que poderia acontecer a Harry, o coloquei no berço. Me abaixei e, olhando em seus olhos, sussurrei:

    -Harry, mamãe te ama. Papai te ama. Fique a salvo, seja forte. - Harry sorria para mim, não imaginado o perigo que corria. A porta do quarto explodiu e só tive tempo de colocar meu corpo á frente dele, para que os estilhaços não o atingissem. Me virei, olhando diretamente para o rosto de Voldemort e ergui os braços, esperando ser escolhida, em vez dele. Lágrimas caiam de meus olhos sem que pudesse evitar implorei em desespero:

    - O Harry não, o Harry não, por favor, o Harry não!

    - Afaste-se, sua tola... afaste-se agora... - Disse Voldemort, mas não me afastei e continuei:

    - O Harry não, por favor não, me leve, me mate no lugar dele...

    - Este é meu ultimo aviso... - Ameaçou Voldemort, mas eu não liguei. Eu só queria que Harry sobrevivesse:

    - O Harry não! Por favor... tenha piedade... tenha piedade...Harry não! Harry não! Por favor...farei qualqur coisa...

    -Afaste-se...afaste-se, garota... - Mandou, antes de apontar a varinha para meu peito, gargalhando, e senti as mãos de Harry tocaram em minhas costas. Soube que valeria a pena dar minha vida por ele. Só desejei vê-lo crescer, se tornar um homem, mas sabia que não iria acontecer. Memórias percorreram minha mente, como um filme a preto e branco. Me vi dançando com James, perto de um chafariz, em um dia fresco de outono, enquanto Sirius nos tirava uma fotografia. Tinha sido tirada durante nosso segundo ano de namoro, umas semanas mais tarde, James me tinha pedido em casamento. A cena mudou e me vi, embora cansada do parto, com um sorriso no rosto, embalando Harry, enquanto James estava sentado ao nosso lado e chorava de felicidade. Me vi com Severus, os dois sentados debaixo de uma árvore e conversando sobre Hogwarts. As memórias eram rápidas, mas percebia o que mostravam. Vi Petúnia e eu, em crianças, brincando no parque. A cena mudou e vi minha mãe me dando forças e meu pai me confortando quando lhes contei que estava grávida no meio de uma guerra e como eles me tranquilizaram. Eu era tão jovem e iria ser mãe. Mas ter Harry comigo, sorrindo para mim, enquanto balbuciava as palavras " mamãe" e "papai" me fazia ver que tinha valido a pena.

    - Avada Kedavra! - Ouvi a voz impiedosa de Voldemort proferir e vi um raio verde vindo em minha direção. Uma forte dor atigiu meu peito, enquanto gritava o nome de Harry. Não senti mais nada.

    Assim terminou a vida de James e Lily Potter, duas pessoas que lutaram por um mundo melhor, livre do mal e que morreram ás mãos de um feiticeiro das Trevas, tentando proteger aquele que amavam.

    FIM


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