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Tempo estimado de leitura: 6 minutos
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Nota da Autora:
1) The Hunger Games e seus personagens não me pertencem. E sim a Suzanne Collins. Essa fanfic não tem nenhum fim lucrativo, é pura diversão.
2) Minha primeira fic com esse casal. Espero que gostem. Bjs: D
Uma boa leitura a todos ^^
Estava uma bela manhã de primavera. O Distrito doze estava em paz, algo que não tinha acontecido durante muito tempo. As poucas pessoas que tinham sobrevivido aos tempos sombrios, liderados pelo Presidente Snow, caminhavam livremente pelas ruas.
Katniss, no entanto, estava em casa. Se encontrava em frente a um enorme espelho antiquado de sua mãe - que tinha saído do Distrito doze para se curar da dor da perda de Prim - se observando minuciosamente. Despida da cintura para cima, tocava em seus seios e sua barriga.
Percebeu que sua barriga tinha um pequeno inchaço e seus seios pareciam mais sensíveis, mais cheios. Já tinha alguns sintomas, desde enjoos pela manhã. Tinha ido, uns dias antes, ao Distrito Quatro, e conversado com uma curandeira, que lhe tinha dito que, muito provavelmente, estaria grávida.
Katniss não queria acreditar. Nunca tinha querido filhos, eles sofreriam tanto como ela tinha sofrido. A curandeira lhe tinha dito para esperar mais uns dias, para ver se sua menstruação descia. Podia ser um atraso.
Tinha contado mentalmente e percebeu que sua menstruação não aparecia há mais de dois meses, o que não era normal, já que vinha sempre certinha.
Sentia uma vontade interminável de comer os doces que seu marido, Peeta, lhe fazia e, por vezes, se cansava mais facilmente a fazer uma certa atividade e vomitava quando sentia odores muito fortes.
Batia tudo certo. Respirou fundo, dando um sorriso imperceptível, tendo a certeza. Estava grávida. Estava esperando um filho com Peeta.
Nunca desejara ter filhos, devido aos jogos. Não queria que seus filhos passassem por tudo o que ela tinha passado. A dor de perder alguém importante, ser obrigada a crescer rapidamente, ser a chefe da família, quem trazia a comida para casa.
Mesmo depois da rebelião e da queda de Snow, não se sentia preparada. Os pesadelos ainda a atormentavam todas as noites e ela acordava aos gritos, com seu coração batendo descontroladamente, se sentindo impotente, enquanto via Cinna sendo espancado e Prim sendo morta.
Mas, quando Peeta a abraçava e lhe sussurrava palavras carinhosas ao ouvido, se acalmava e se recordava que Snow estava morto, que os jogos não existiam e que Panem estava em paz.
Peeta sempre desejou ter um filho, já lhe tinha confidenciado algumas vezes. Alguém para cuidar, para o ensinar, para amar. Seu desejo tinha crescido mais devido aquela entrevista, durante o Massacre Quaternário, em que tinha anunciado para toda Panem e gravidez fictícia de Katniss, e lhe suplicou tanto, mas ela não se sentia preparada e recusava. E ele deixou de pedir, talvez para não a pressionar. Mas sabia que ele ainda desejava muito e decidiu realizar seu desejo.
Se afastou do espelho e se dirigiu para o pequeno armário, que se encontrava no fundo do quarto e retirou um vestido. Era muito simples, de cor azul, lhe ficando pelos joelhos, e com um decote redondo. Tocou no tecido, sentindo sua textura.
Há muito tempo que não andava com um. Se vestiu, enquanto a porta da rua se abria e a voz de Peeta ecoava pela casa.
- Katniss, cheguei. - Respirou fundo, e arrumou nervosamente o vestido com as mãos. Saiu do quarto e desceu as escadas. Se dirigiu para a cozinha, mas parou debaixo da ombreira da porta, vendo seu marido lavando as mãos. Umas mãos fortes, que levantavam qualquer peso. Mas delicadas, enquanto a tocava. Sentiu seu rosto esquentar com os pensamentos.
Tocou no rosto rosado, enquanto observava o saco com pão quente que ele tinha feito especialmente para ela. Todos os dias havia pão fresco naquela casa.
Suspirou, tentando conter seu nervosismo, e entrou, cumprimentando:
- Oi, Peeta.
- Katniss. - Falou Peeta, enquanto fechava a torneira e secava suas mãos - Irei preparar uma salada fresquinha para a gente comer no almoço.
- Você já colheu as laranjas? - Comentou Katniss - Já estão maduras.
Katniss e Peeta, depois de regressarem ao Distrito doze, decidiram cultivar uma horta. Com a ajuda de alguns amigos de outros Distritos, que lhes enviaram sementes e fertilizante, conseguiram realizar esse pequeno sonho.
- Sim. - Respondeu Peeta, que colocava os pratos e talheres em cima da mesa. Katniss queria ajudar, mas estava muito nervosa. Suas mãos tremiam descontroladamente e as agarrou com força, perguntando:
- Que é o almoço? - Quando se juntaram, tinham decidido que dividiriam todas as tarefas, incluindo as refeições. Peeta não era um excelente cozinheiro, mas se esforçava e estava ficando cada vez melhor.
- Arroz de coelho. - Respondeu Peeta, enquanto arrumava o saco dos pães dentro do armário.
- Aquele que cacei ontem? - Perguntou, tentando não soar nervosa. Tinha se esforçado demasiado para apanhá-lo, mas o coelho era muito grande e gorducho. Daria uma excelente refeição.
- Sim. - Confirmou Peeta. Pegou em uma bela e fresca alface e a descascou, lavando folha a folha. De seguida, lavou o tomate, o cortou e temperou a salada com um pouco de sal, vinagre e azeite.
Mexeu com duas colheres e levou o prato para a mesa. Se virou para o fogão e começou preparando o almoço. Katniss olhou com desejo para a salada, tal fresquinha, de cores vivas, em cima da mesa.
Lentamente, aproximou o prato de si, pegou em uma rodela de tomate e levou à boca, gemendo de seguida. Que delicioso.
Peeta desviou o olhar da panela e, vendo sua mulher saboreando animadamente uma rodela de tomate, franziu o sobrolho, comentando:
- Katniss, você tem andado esquisita ultimamente. - Katniss parou de comer e o observou, receosa. Era hora da verdade. - Está tudo bem?
Ela hesitou, não sabendo como lhe contar. Peeta afastou uma cadeira e se sentou a seu lado. Agarrou delicadamente nas mãos de Katniss, que sentiu seus olhos se enchendo de lágrimas com o gesto de apoio, e lhe perguntou:
- Que você tem? - Katniss desviou o olhar, sentindo as lágrimas caindo copiosamente por seu rosto e pensou mentalmente: "malditos hormônios."
Peeta puxou o rosto dela para si e limpou suas lágrimas.
- Que aconteceu? - Perguntou, preocupado. - Fale para mim.
Katniss olhou nos olhos azuis de seu marido e sussurrou:
- Estou grávida. - A expressão preocupada de Peeta se transformou em choque e, de seguida, deu um grande sorriso. Com cuidado, a abraçou, dizendo:
- Que bom! Vamos ter um filho, Katniss! Nossa família está, finalmente, completa.
E falou de uma criança, uma menina igual a ela, mas com seus olhos. Divagou também sobre um menino que teria a coragem e a força dela. Mas, no entanto, ela não se sentia totalmente feliz. Não sabia se seria uma boa mãe, se saberia cuidar de seu filho, se o faria feliz.
Tinha receio de perder, tal como tinha perdido Prim, Finnick, Rue e Cinna. Não queria perder mais ninguém. Doía muito perder as pessoas que amava e ela não queria passar por tudo novamente.
- Eu te amo. - Declarou Peeta, em seu ouvido, a tirando de seus pensamentos, e a fazendo estremecer.
- Eu também te amo. - Respondeu Katniss, enquanto olhava para os olhos azuis de seu marido, que brilhavam de emoção.
- Vamos ser bons pais, Katniss. - Continuou Peeta, com a voz embargada de emoção - Eu prometo.
Ela não pode deixar de sorrir com o otimismo de Peeta. Era tudo o que desejava nesse momento: proteger seu bebê de todos os perigos e ser uma boa mãe.
Sabia que erraria, que não seria uma mãe perfeita, mas tentaria. Sentia que, sem os Jogos, o futuro seria mais ou promissor.
Não teria que observar, indefesa, seus filhos indo para a colheita, rezando para que eles não fossem escolhidos. Estava tudo bem.
FIM