Capítulo Único

James aparatou silenciosamente na sala da Mansão Potter e retirou seu sobretudo, o atirando para o sofá. Suspirou, se sentindo esgotado. Tinha tido uma madrugada e uma manhã complicada, em perseguição de um bruxo que, por diversão, tinha enfeitiçado umas xícaras de chá, e elas se colavam aos lábios dos Muggles. Os Aurors foram obrigados a obliviatar cada um deles, para que se esquecessem do sucedido e apanhar o bruxo, que estava sempre um passo à frente deles, mas conseguiram encurralá-lo em Londres, perto do Caldeirão Furado. De tarde, tinha ido para Edimburgo, lutar contra Voldemort e seus seguidores, que tinham assassinado uma família de Muggles. Conseguiram prender dois Comensais, mas eles se suicidaram antes mesmo de os interrogarem, para não revelar nenhuma informação sobre seu Lord.

Percebeu, desconfiado, que a casa estava silenciosa demais, o que não era normal, pois Lily já deveria estar, pois seu turno já tinha terminado. Preocupado, perguntou:

– Lily, querida. Você está em casa? – A voz suave de sua mulher veio do andar de cima, ligeiramente abafada.

– No quarto, James. – O Maroto saiu da sala, subiu as escadas e entrou no quarto deles. Lily estava sentada na borda da cama, acariciando o gato preto, que estava em cima de suas pernas e ronronava, deliciado. A ruiva olhou para o marido e falou:

– James, temos de falar. – O Maroto sentiu sua respiração falhar por uns momentos e tencionou seus músculos. Automaticamente, começou e rever os dias anteriores, tentando perceber se tinha feito alguma borrada. Não se lembrando de nada, olhou para a expressão pálida e séria de sua mulher, engoliu em seco e perguntou:

– Sim, querida. Que aconteceu? – Lily colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e respirou fundo. James fitou a mulher, percebendo que o assunto era sério, pois ela raramente reagia daquele jeito e ela falou:

– Eu hoje de manhã fui a St. Mungus e tenho algo para contar a você. – O Maroto ficou preocupado. Sua mulher, desde há umas semanas que andava mal disposta, com enjoos, vômitos e até já tinha desmaiado no Ministério. Ele tivera de insistir para que ela fosse ao hospital para fazer uns exames e ver se estava doente.

– Que se passa, ruivinha? – Perguntou, sentindo um aperto no peito – Você está bem?

Ao ver a preocupação de seu marido, Lily sorriu docemente. Ele se preocupava muito com ela e cuidava dela, mesmo quando não precisava. Chamou James com um gesto da mão e o Maroto se aproximou da ruiva, sem deixar de a olhar. O gato olhou para o casal, se ergueu e se espreguiçou, enquanto bocejava. Miou e saltou para o chão, balançando a cauda, sem que nenhum dos dois tivesse reparado. Lily apontou para seu lado da cama e pediu:

– Senta aqui, James. Tenho uma notícia importante para dar a você. – O Maroto se sentou ao lado de sua mulher, agarrou delicadamente suas mãos e as beijou docemente. Olhou para o rosto pontilhado de sardas e vendo sua lividez, perguntou, seu rosto ficando cada vez mais pálido:

­ – Ruivinha, você está doente? – Sua voz soava fraca em seus ouvidos – Por favor, seja sincera comigo e não me esconda nada.

Lily riu com o pedido do marido e exclamou:

– Por Merlin, James. Claro que não! – James sentiu um alívio instantâneo ante essas palavras – O que eu tenho é muito mais simples que uma doença.

Se sentindo um pouco mais calmo, acariciou os cabelos ruivos da mulher, que fechou os olhos ao se sentir mimada. Abrindo seus brilhantes olhos verdes perguntou, hesitante, enquanto olhava diretamente para os olhos castanho esverdeados, que a olhavam com adoração:

– James, querido, você…você já pensou em ter filhos? É que nós nunca tivemos essa conversa…

– Claro que sim! – Interrompeu o Maroto, com um sorriso nos lábios, o olhar vago em pensamentos – Eu amava ter um mini Prongs e uma mini ruivinha correndo pela casa, me chamando de papai e ….

Parou de falar e fitou a mulher, desconfiado. Lily o encarava com uma expressão ansiosa, enquanto mordia seu lábio inferior, e perguntou:

– Porquê, Lily? – Uma ideia lhe surgiu e perguntou, sentindo seu coração batendo mais rapidamente contra seu peito – Você…você está…grávida?

Lily sorriu com timidez e afirmou com a cabeça. James, se sentindo emocionado, abraçou delicadamente sua mulher e a beijou apaixonadamente nos lábios, distribuindo de seguida pequenos beijos por seu rosto. Sentia que seu coração estava prestes a explodir de felicidade. Ela acariciou o rosto de seu marido, se sentindo mais calma. Ela não sabia se seu marido queria, ou não, ter um filho. Eles eram tão jovens e estavam no meio de uma guerra. Mas vendo a felicidade de James, se esqueceu, por uns momentos, de suas preocupações. Era um momento memorável para ela.

Se separaram e a ruiva retirou um papel da gaveta do criado mudo, mostrando a seu marido. Ele sorriu ao pegar no conteúdo, era uma ecografia. Fitou, confuso, a ecografia e, de seguida, sua mulher e comentou:

– Eu não sei ver se é menino ou menina. – Lily se aproximou de seu ouvido e sussurrou, com a voz emocionada:

– É um menino, James. Nosso filho. – James sentiu os pelos de sua nuca se eriçarem perante a revelação e fitou a ruiva, comovido. Hesitante, tocou na barriga dela, onde se estava produzindo um novo ser e sorriu, comovido. Lily estava grávida de um menino, fruto do amor deles. Observou sua mulher por uns momentos e deu uma gargalhada de felicidade, exclamando de seguida:

– Um mini Prongs! Por Merlin, não acredito! – Desejando sentir seu filho se mexendo, levantou ligeiramente a blusa da mulher, onde já se notava uma pequena saliência. Se aproximou da barriga e falou, baixinho:

– Oi, mini Prongs, daqui é seu papai. – Lily riu com o apelido e o Maroto continuou – Eu ainda não conheço você, mas te amo muito. Estou ansioso para conhecer você.

– James. – Falou Lily, enquanto acariciava os cabelos rebeldes do marido – Faltam mais de sete meses para o bebê nascer.

– Infelizmente. – Desabafou o Maroto, se afastando da barriga da ruiva e olhando para a mulher – Quero tanto conhecer meu filho.

Lily sorriu, entendendo sua urgência. Ela também estava ansiosa para ter seu filho em seus braços, sentir seu calor junto do dela, tocar em suas pequenas mãozinhas, e respondeu carinhosamente:

– Eu também, James. Eu também. – James acariciou o rosto dela, pensando em tudo o que iria fazer com seu filho. Desejou ardentemente que ele tivesse os olhos de sua amada. Lily observava as feições relaxadas de seu marido. O trabalho como Auror o estava desgastando muito, e ele estava sempre sério, preocupado. Viu seus olhos se arregalarem, antes de exclamar:

– Tenho de contar aos Marotos! – Se levantou, mas Lily agarrou sua mão e perguntou, sedutoramente:

– Você não quer contar depois? – O Maroto olhou para o ventre de sua mulher, onde estava seu filho, e perguntou, preocupado:

– Fazer amor não machuca o bebê?

– Claro que não! – Assegurou a ruiva – Não se preocupe.

– Você tem certeza? – Insistiu e Lily revirou os olhos, respondendo rispidamente:

– Claro que sim, Potter. - James sorriu de lado ao ver sua mulher utilizar seu apelido. Era sinal de que estava ficando brava. Deu um beijo rápido nos lábios da ruiva e ela se deitou na cama, o puxando para si. James colocou as mãos nos quadris dela e comentou:

– Vamos comemorar a admissão de um novo membro na família Potter com estilo. – Lily riu em resposta e disse:

– Com muito estilo mesmo. – James se aproximou dos lábios de Lily e a beijou com paixão, sentindo os dedos da ruiva se emaranhando em seus cabelos. Sentiu que, finalmente, era um homem realizado. Se afastaram e, olhando para os olhos esmeralda, percebeu que faria de tudo para ver sua família feliz e bem.

FIM