|
Tempo estimado de leitura: 10 minutos
l |
Nota da Autora: Essa é uma fanfic não slash. Harry e Snape tem uma conversa onde Snape revela a verdade e Harry fica conhecendo um pouco mais seu Professor.
Uma boa leitura a todos ^^
Estava uma tarde fria de outono e o céu, aos poucos, estava escurecendo, mostrando que iria chover. Harry estava passeando, sozinho, perto da Floresta Proibida. O vento acariciava seus belos cabelos rebeldes, os despenteando ainda mais. Estava em seu sexto ano e, mesmo sendo muito jovem, já tinha visto mais coisas que bruxos experientes.
Tinha as mãos nos bolsos e olhava para o chão. Seu semblante estava triste. O moreno pensava em todas as pessoas que tinham morrido por sua causa: seus pais, Cedric, Sirius… e se perguntava quantos mais morreriam para o tentar salvar. Lágrimas caíam constantemente por seu rosto, sem que pudesse evitar.
Ele sabia que o poder de Voldemort crescia cada dia que passava, mas também sabia que não podia desistir. Seu destino era lutar contra ele e o derrotar, ou morrer a tentar.
Se sentiu vigiado e olhou por cima do ombro, vendo Snape vindo na sua direção. Suspirou, retirou as mãos dos bolsos e limpou as lágrimas que estavam em seu rosto. Sabia que o professor o iria importunar e se preparou mentalmente para a batalha de palavras que viria.
Quando o professor Snape se aproximou dele, lhe questionou com frieza:
– Potter, o que está fazendo aqui? - Harry olhou para os olhos negros e frios do professor e respondeu, com uma expressão de visível cansaço:
– Estou só passeando, professor. – E perguntou desafiadoramente – Porquê? É proibido?
Snape estreitou ameaçadoramente seus olhos e Harry percebeu que ele tinha ficado com raiva por seu gesto de rebeldia. Cruzou os braços ao mesmo tempo que o ouvia exclamar:
– Veja como fala comigo, Potter! Cinco pontos a menos para os Gryffindor.
Harry nada respondeu. Simplesmente o fitou com desprezo. Descruzou os braços e virou costas ao professor. Se preparava para ir embora, quando ouviu Snape sussurrar:
– Igualzinho ao Potter...e a Lily. – Estacou de imediato ao ouvir as palavras do professor e se virou lentamente. Olhou, curioso, para Snape e perguntou:
– O que é que o senhor disse?
– O que é que eu disse? - Questionou Snape rapidamente, com uma expressão de receio no rosto, que o garoto nunca tinha visto. Harry o fitou e ficou admirado. Semicerrou os olhos, desconfiado e reparou que o professor estremeceu.
Ficaram os dois se observando por longos minutos, sem dizerem nada. Snape não sabia o que fazer. Estava á frente de Potter e desejava contar tudo para ele, mas não podia. Como o olharia no rosto depois dele saber sobre ele e Lily? Não podia.
Fitou os olhos de Harry e sorriu involuntariamente, pensando na ruiva, sua melhor amiga e confidente. Aquela que o tinha apoiado em todos os momentos e que, por idiotice dele, tinha rompido a amizade que possuíram durante muitos anos. O Gryffindor fitou o professor, espantado e pensou: "Snape está doente? Ele está sorrindo para mim..."
Snape, ao reparar que observava Potter fixamente e que sorria para ele, fechou a cara e pensou: "Eu só posso estar doente. Sorri para Potter..."
O garoto, que estava parado no mesmo sítio, repetiu a pergunta:
– O que é que o senhor disse?
– Nada, Potter. – Respondeu Snape, com frieza, querendo que ele o deixasse sozinho com seus pensamentos. Virou as costas ao garoto, esperando que ele se fosse embora, mas Harry agarrou o braço do professor e o obrigou a se virar.
– Potter! – Exclamou Snape, sentindo seu braço sendo agarrado pelo aluno – O que pensa que… – mas foi interrompido por Harry, que fitava o professor ansiosamente.
– Professor, por favor. – Implorou o Gryffindor. Nunca pensou em implorar para seu detestável Mestre de Poções, mas ele queria saber o que Snape lhe ocultava – O que está me escondendo? Me conte a verdade, por favor.
– Você é igualzinho ao seu pai, Potter! – Exclamou Snape, furioso, se desvencilhando dele. – Medíocre, arrogante, impertinente…
Harry agarrou Snape violentamente pela gola das vestes e seus óculos caíram, com a violência do ato. O garoto detestava que falassem mal do pai dele. Mesmo sem óculos, conseguia ver o rosto de seu professor, ligeiramente enevoado. Se observavam com ódio e Snape disse, calmamente:
– E igualzinho a Lily. – Suspirou, cansado, e Harry o fitou com desconfiança e incredulidade. O professor soube que era a hora da verdade e revelou:
– Eu e sua mãe fomos os melhores amigos de infância. Fazíamos tudo juntos, mas o arrogante do seu pai estragou nossa amizade.
Snape reparou no olhar admirado de seu aluno e exclamou, com certa raiva na voz:
– Se você acha que fui indigno de sua amizade, me diga agora! - Harry se recuperou do choque e gaguejou:
– N-não é isso, simplesmente nunca pensei que o senhor e minha mãe tinham sido amigos. Nunca ninguém me tinha contado.
– Nem era para você saber. – Disse Snape, olhando atentamente para ele, o avaliando – Black nunca se iria interessar se você soubesse ou não e Dumbledore… Dumbledore me prometeu.
– Porquê? – Questionou Harry, sem compreender. Se sentia confuso com o homem á sua frente. Tinha descoberto que ele e sua mãe tinham sido amigos, algo que nunca tinha desconfiado. – Porque nunca me contou?
– Porque você é filho do Potter. – Disse Snape com simplicidade. Harry esperou que seu professor continuasse. Snape respirou fundo e admitiu:
– E nem sei porque estou contando isto agora. Agora você deve estar me repudiando.
– Mas, na penseira, o senhor chamou minha mãe de sangue… – Começou Harry, mas Snape o interrompeu, furioso.
– Como você se sentiria se estivesse sendo humilhado em frente de toda Hogwarts? – Harry baixou o olhar e Snape olhou para a floresta proibida. Harry pensando em tudo o que seu professor lhe dizia e Snape se perguntando se deveria estar contando tudo. Passado algum tempo, Harry olhou para o rosto pálido de seu professor e questionou:
– E Voldemort sabe? - Snape olhou para suas mãos, o rosto retorcido pela dor e falou roucamente:
– Eu implorei ao Lord das Trevas poupar sua mãe, mas… – Sua voz falhou e lágrimas caíam pelo rosto de Harry, sem que ele as pudesse controlar. Para que o professor não visse, se baixou e apanhou os óculos, aproveitando para limpar seu rosto com a manga da camiseta. Voltou a se levantar e perguntou, ansioso para saber mais:
– E depois? – Snape olhou para um ponto atrás de Harry e continuou:
– Infelizmente, percebi tarde demais que o Lord das Trevas não realizaria meu pedido. Movido pela culpa da morte de sua mãe, falei com Dumbledore e ele aceitou que eu desse aulas em Hogwarts e que te protegesse.
Se fitaram por momentos e Snape disse, com uma expressão de pura tristeza e mágoa no rosto. – Fui um cobarde, você pode admitir.
– Não. – Sussurrou Harry, admirado com a coragem do professor – Admitir os próprios erros é um dom muito precioso.
Snape o observou atentamente e comentou:
– Você está ficando muito parecido com Dumbledore. – Harry, inicialmente, fitou seu professor com espanto. Ele nunca o tinha elogiado e não estava á espera. Mas, de seguida, sorriu com orgulho e questionou:
– Como conheceu minha mãe? – Snape suspirou e seu olhar se perdeu, enquanto contava:
– Eu a conheci em um parquinho perto de minha casa. Sua mãe era bela, talentosa, gentil, a única pessoa que realmente se interessou por mim e que foi meu amigo. Falávamos de Hogwarts, de magia e de tudo o que o mundo mágico tinha a oferecer de bom. Quando fizemos onze anos, embarcamos no Expresso de Hogwarts e fomos juntos para escola. Eu tinha certeza que aqueles olhos verdes eram a prova de que Lily dividiria os próximos sete anos comigo. Que ela seria, tal como eu, uma Slytherin poderosa e brilhante. Ela também pensava que ficaríamos na mesma casa. Quando a seleção aconteceu, o Chapéu Seletor nos separou. Mesmo assim, continuamos amigos. Meus companheiros desprezavam os outros estudantes e eu, para me sentir aceite, como todos os jovens inseguros, me deixei levar, desprezando a amizade da única pessoa que se importou comigo além de Dumbledore. Sem saber que o que fazia, apenas a empurrava cada vez mais para os braços de James Potter e para o destino horrível que eu traria para sua vida. Se meu orgulho não fosse tão grande, eu a teria mantido perto de mim. Quando vi Lily aceitar Potter em meu sétimo ano, pensei que o mundo poderia acabar ali mesmo. Odiei seu pai com todas as forças. Apaguei da memória a lembrança que provava o quanto eu a havia menosprezado nos últimos tempos e tentei fazer com que ela me aceitasse, mas não consegui. Deixei Hogwarts e me juntei aos Comensais da Morte. Tinha percebido que minha amizade com Lily tinha terminado sem questionamentos e desejava vingança. Simplesmente, sentia raiva de mim e ódio por seu pai, que foi um dos responsáveis pelo término de minha amizade com Lily. Um dia ouvi uma profecia e quando o Lord das Trevas pensou que era Lily, fui falar com Dumbledore e ele vos protegeu, mas não totalmente. Dumbledore me pediu que te protegesse e aqui estou, protegendo o filho do meu inimigo e da mulher que eu amei toda a minha vida.
Snape se calou percebendo que falara demais, o rosto contendo um ténue rubor. Harry fitou o homem á sua frente por longos momentos, com os olhos brilhantes e disse, compreendendo as palavras do professor:
– O senhor amava minha mãe. – Snape empalideceu em resposta e ambos sentiram que a chuva estava ficando mais fraca, mas ignoraram. O Gryffindor fechou os olhos e pensou durante muito tempo, tentando assimilar o que seu professor tinha confessado. Passado algum tempo, abriu os olhos e fitou o homem á sua frente. Ele parecia estar sendo sincero, mas precisava de uma prova.
– Como poderei acreditar que… – Começou, mas foi interrompido por Snape, que retirou a varinha de suas vestes, a ergueu e pronunciou, com voz rouca:
– Expectro Patronum. – Um cervo prateado, com a sua bela cabeça altiva, com olhos rasgados e longas pestanas, surgiu de sua varinha e olhou para ele. Harry fitou o cervo, admirado, mas nada disse. A confirmação estava ali, á sua frente. Snape o observou ironicamente e perguntou:
– Já acredita em mim, Potter? – O cervo se aproximou de Harry e ele, não tendo consciência de seus atos, levantou lentamente seu braço, com receio que ele desaparecesse, mas isso não aconteceu. Ao tocá-lo, sentiu um calor gostoso e sorriu. O cervo fechou seus olhos ao sentir o carinho de Harry e o moreno sentiu uma ligação especial com ele. Era a primeira vez que tocava em um Patronus e a sensação era indescritível. Se afastaram e se olharam nos olhos. O cervo piscou seus belos olhos e se desvaneceu. Ainda com a mão no ar, fitou seu professor, que o observava com uma expressão indecifrável. Quando olhou os olhos negros de Snape, percebeu que era mesmo verdade. Pousou o braço, sentido falta daquele calor, e disse:
– Eu acredito em você. – Snape acenou afirmativamente com a cabeça, se sentindo mais leve, e Harry perguntou:
– E agora? – Snape guardou a varinha dentro de suas vestes, enquanto respondia:
– Agora vamos fingir que nunca tivemos essa conversa e continuaremos com nossas vidas, pois se alguém souber, correremos perigo.
– Mas só por me ter contado a verdade, não significa que sejamos amigos, pois não, professor Snape? – Questionou Harry, confuso. Snape o olhou nos olhos e respondeu:
– Não, mas ao menos você entenderá alguns dos meus atos. – E deu costas ao garoto, se dirigindo calmamente para o castelo.
"Sim, professor" – Pensou Harry, olhando ele se afastando – "Agora conheço mais um pouco sobre o senhor. E até nos poderemos dar melhor."
E se dirigiu também para Hogwarts, reparando que a chuva tinha, finalmente, terminado.
Fim