Anuon dará mais informantes a Ethan e um novo Anis aparecerá.
Ethan e Kaede, ao retornarem, encontram Ryoga, que estava ajudando as pessoas feridas para perto de uma ambulância. Praticamente foi se montado na rua um verdadeiro pronto-socorro completo. Haviam vários feridos, até alguns casos graves. Policiais interrogavam as vítimas, querendo saber o que havia ocorrido. Ethan e os outros logo deixaram o local, temendo serem chamados pela polícia.
Já dentro de um ônibus, voltavam apreensivos para o bairro onde moravam. E na condução, já longe dali, Ryoga diz:
— Cara, o que foi aquilo?
— Son nos atacou... - Disse Ethan, ainda preocupado.
— SON?! Caraca...
— Seria prudente de sua parte não chamar a atenção, Ryoga! Fale baixo! - Disse Kaede.
— Desculpa, tia. Mas e agora?
— Podem atacar de novo. A cidade a noite já não é um lugar seguro... - Disse Ethan.
— A polícia já deve estar sabendo disso e pode tomar providências, mas... Até mesmo eles correm perigo. Não sabem com o que estão lidando - Disse Kaede, mexendo em seu celular, ainda sem sinal.
— Sim. E até mesmo nós podemos não ser fortes o bastante para derrotá-los.
— Ethan, o que fez contra Son foi muito idiota. Porque não usou os ensinamentos do Maratsu-Kyoken como devia?
— Eu sei, mas... Entenda: mesmo assim penso que foi sorte ele ter ido embora. Viu os poderes dele?
— Se me lembro, Anuon nos contou que pode controlar o fogo e qualquer coisa relacionada.
— Acho que é mais poderoso do que aparenta.
Ryoga, preocupado com o teor da conversa, diz:
— Tá galera mas o que faremos?
— No momento nada. Deixemos as coisas esfriarem e depois tomaremos providências - Disse Kaede, isso s razão.
— Eu irei falar com Anuon. Ela saberá que fazer - Ethan teve uma ideia.
— Sim, faça isso. Como já estaremos em nossas casas, podíamos fazer conferência via computador. Precisamos mesmo traçar uma estratégia pra não sempre pegos de surpresa.
Mas Ryoga, mostrando ainda mais preocupação, diz:
— E porque não podemos falar com ela nós todos?
— Já você que horas são? Pense... nós, na casa de Ethan, subindo com pressa, indo para seu quarto... vai dar muito na cara. Os pais de Ethan logo suspeitarão que algo de errado está acontecendo - Indagou Kaede.
— Tô ligado... é mesmo.
Minutos depois...
A distância entre a cidade e o bairro dos jovens não era muita. Desembarcando do coletivo, Ethan e os outros se despedem e correm para suas casas. Assim que chegou até a sua, Ethan entrou tranquilamente. Seus pais, com a televisão ligada noticiando sobre o ocorrido no centro da cidade, estavam preocupados. Logo sua mãe diz:
— Ethan, ainda você estava todo esse tempo? Eu e seu pai tentamos te ligar e...
— Desculpa, mãe. Eu estava no centro da cidade e o sinal caiu e...
— SEU IRRESPONSÀVEL! JÁ NÃO TE FALEI PRA FICAR LONGE DE PROBLEMAS?
— Mas como eu iria saber que isso iria acontecer?! Já estava na cidade e...
— NÃO FAÇA MAIS ISSO! NUNCA MAIS!
— Tudo bem, mãe...
Seu pai, pensativo, diz:
— Garoto, que bom que está bem. Ficamos preocupados.
— Desculpa. Mas eu fiquei num lugar seguro.
— Hm... Ethan, esse caso da cidade... Queremos que você volte pra casa todos os dias após as aulas.
— Hã? Mas...
— Tem algo de anormal nisso. Animais atacando no centro da cidade, sem motivo... Não vou estranhar se a escola não abrir amanhã... Me prometa que vê vai voltar sem ficar de bobeira na rua.
— Tudo bem. Eu prometo! *Eu não deveria ter feito isso* - Bem, posso subir para meu quarto?
—Sim, mas antes... Banho! - Disse sua mãe.
— Mas mãe...
— Vamos, para o banheiro.
Ethan rapidamente foi para o banheiro, tomando seu banho. Sua mãe, assim que havia saído do banheiro, o observa e dá um pequeno sorriso. Logo ele sobe as escadas e entra em seu quarto. Anuon estava na janela, olhando para as estrelas. Ela, aí vê-lo, diz:
— Ethan?! Você está bem?
— Estou. Mas o...
— Você está ferido? Te aconteceu algo? Melhor comer alguma coisa e... Ah... Quero dizer... Fico feliz que você... Eh... Bem...
— Tá... Ok... Eu não vou esquecer que você mostrou estar preocupada comigo, sua fofinha.
— Hã?! Não não! Eu só... Só foi um surto... Eu não... Ah... - Tentou dizer, envergonhada.
Mas logo o jovem mudou de semblante, dizendo:
— Anuon, venha. Precisamos conversar.
— O que foi, humano?
— Soube o que houve na cidade?
— Sim. Não tinha como não saber. Seus genitores estavam desesperados e...
— Son atacou, Anuon.
— O que? Son, o corvo?
— Sim... E nós lutamos contra ele.
— VOCÊS SÃO LOUCOS! Não tem noção de como esse Anis age!
— Fique calma, Anuon. Estou bem e os outros também.
— Ele poderia facilmente ter os pulverizado! De longe ele é o Anis com maior poder destrutivo...
— Vários animais atacaram pessoas na cidade Causaram um baita prejuízo no centro também...
— Sim. Son deve ter usado o elo com eles.
— Elo?
— Sim. Alguns Anis tem o poder de vinculo com outros animais. Era um experimento chamado Ressoar.
— Como assim?
— Animais que funcionam com o vínculo de ressonantes. Só Son tem isso.
— Anuon, o que sabe mais de Son? Onde mora, com quem anda...
— Son, assim que formou a Tríade, passou a vagar por aí como um andarilho. Isso foi que me disse Piece 1.
— Mas Anuon, quando lutamos com ele, reparei que não estava usando esse tal de ressoar aí.
— Pouco sei sobre ele, Ethan. Somente sei que houve divergências com Piece 1 sobre quem comandaria os Anis. Resolveram se separar para evitar conflitos.
— Mas lembro-me que havia dito também que eles tinham a mesma idéia de matar os humanos, não é?
— Sim, mas ambos iriam se encontrar um dia, para colocarem suas diferenças em choque...
— Então Piece 1 deve estar tão confiante de que irá conseguir seus objetivos que Son começou a se movimentar contra isso! Há então mesmo uma troca de gentilezas entre eles.
— É bem capaz de estarem travando uma guerra entre si para ver quem irá comandar todos os Anis.
— A história está mais séria do que pensava! E antes eles eram amigos...
— Lembro também que haviam feito um voto. Ao líder que morrer, terá todas as honras e seus aliados iriam integrar o grupo do outro. Neste dia, os Anis iriam começar o genocídio completo da raça humana.
Ethan, ao ouvir o que Anuon acabou de dizer, quase surtou:
— AGORA QUE ME DIZ ISSO? Caraca... Anuon, isso aí...
— Havia esqueciso disso. Com tudo que está acontecendo, acabei me recordando de muitas coisas... Essa foi uma delas.
— Não tem mais nada que lembrou?
—No momento não... Mas poderá reavivar minha memória os acontecimentos futuros...
— E onde está Fhor? Sua presença agora seria importante.
— Ele foi investigar os aliados de do Humano chamado Kenta.
— Porque os capangas de Kenta? Por que não o próprio?
— Ethan, logo se vê que nada entende de furtividade. Kenta deve estar sendo vigiado por Spin a todo instante. Fhor, pelo fato de não poder voar, estaria em desvantagem. Sua presença logo iria ser notada. Lupa tem um bom faro e poderia encontrá-lo sem problemas.
— Tem razão. Bem, nada a fazer no momento, como Kaede disse...
— Esqueça por enquanto e durma, Ethan.
— É mesmo... Bem, Amanhã tem escola. Ainda bem que é sexta-feira.
— Ótimo... Então, Boa noite - Disse Anuon, se afastando da cama.
— Anuon, vem... Vem dormir.
— Não, Ethan. Está bom assim...
— Poxa, vou ficar triste com você.
— Tss... Humanos... Tudo bem, dê-me espaço... Disse a felina, se acomodando na cama, ao lado do travesseiro de Ethan.
E todos dormem. A noite transcorreu, mas ainda não havia terminado o dia de eventos na cidade.
Enquanto isso...
Sob o luar daquela noite agradável, Fhor estava espionando os capangas de Kenta no galpão. Os seguia, tentando descobrir algo que viesse ajudar. Se esgueirando calmamente, observando cada movimento e ouvindo cada conversa, o felino com poderes elétricos os observava, com eles caminhando em um beco escuro, parando em frente a uma porta. Fhor ficou em silêncio absoluto, pois começaram a conversar.
— Pegaram a faca, Risoh?
— Pegamos sim, Tsu. Tava lá dentro.
— Kenta quer que a gente não deixe ninguém ficar de bobeira no nosso ponto. É pra abalar geral! - Disse Sano.
— Só é, cara! Se algum vacilão passar aqui, pau nele - Disse Tsu.
— E porque ela tá querendo que a gente faça isso? - Disse Risoh
— Ele recebeu uma ajuda de um informante que ele confia. Disse pra não deixar ninguém dar uma de valente aqui. Vacilão tem que ir pra vala!
— E se aparecer algum por aqui, já é! - Disse Sano.
Fhor, ao ouvi-los, pensou:
— *Estes humanos são sujos. Parecem alienados, fora de si. Mas são leais a esse tal Kenta. O que Spin está tramando?*
Eles nada fazem além de ficarem conversando sobre o que fizeram no dia, que era de fazer pequenos furtos a estudantes a depredações diversas, ação que se estendeu por um bom tempo.
Passou-se algumas horas e Fhor estava quase dessistindo, quando aparecem alguém pelas ruas. Era uma garota, segurando uma benjala. Caminhando de forma elegante, isso chamou a atenção dos jovens, que foram ao encontro dela. Tsu, o mais atrevido, diz:
— Olha só o que o vento trouxe... Uma flor perdida aqui, hehehe...
E a garota, sem entender, e sequer olhar para onde estava, diz:
— Oi... poderia me dizer onde fica a casa de um rapaz chamado Kenta?
— Hahaha! Kenta é um cara de sorte. Um broto desse procurando por ele...
— Poderiam me ajudar? Eu sou cega... e eu não conheço esse lugar.
— Melhor ainda. Assim você não verá o que faremos com você.
— O que?
E começam a judiar da garota. Era muito bonita, por sinal. Apesar de seus olhos não terem cor, seu rosto continha traços perfeitos. Seu cabelo era comprido, de cor loira. Estava usando um vestido longo de cor amarela, com sapatos pretos. Fhor já não estava se segurando, quando ouviu uma voz grave:
— Deixem-a, humanos. Darei 5 segundos para que sumam daqui.
— Quem foi o vagabundo que disse isso? - Perguntou Tsu.
E saindo da penumbra lentamente, um lobo aparece. Sua pelugem era tão densa que chegava a brilhar sob a luz da lua. Tsu, assustado, diz:
— Um cachoro?
— Moonsand, é você? - Disse a garota.
— Sim, Diana. Estou aqui para lhe guiar.
Fhor quase não se conteve, pensando em seguida:
— *Moonsand?! Mas quem é ele? Eu nunca vi esse Anis antes...*
E Risoh, a exemplo de seus outros amigos, diz:
— O cão falou! Caraca, que p*rra é essa?
Se virando para os humanos, Moonsand diz:
— Não irei dizer novamente... Saiam agora.
Mesmo diante do absurdo de estarem vendo um lobo falante, os três correram em direção a ele, com Risoh dizendo:
— UMA OVA! VAMOS ACABAR COM VOCÊ!
Correram feitos loucos, segurando facas. Moonsand nada faz, somente observando sua aproximação. E demostração calma, ele diz:
— Que Riviera seja testemunha do que eu tentei evitar... Vocês fizeram sua escolha. Que assim seja.
E uma imensa onda de areia é formada em sua frente, indo em direção aos arruaceiros. No mesmo instante, ficam horrorizados com o ocorrido e tentaram recuar. Mas era tarde. A onda os atinge, fazendo com que seus corpos sofressem as mais terríveis contusões assim que tocam o solo. Mesmo caídos, são atingidos novamente, sendo arremessados contra uma parede, onde se chocam. Ao fim dos ataques, instantaneamente Tsu e Risoh já estavam mortos, com fraturas expostas em seus dorsos e suas entranhas a mostra. Sano, com sangramento em seu rosto e com as duas pernas fraturadas e um braço quebrado, agonizava de dor. Seus gritos foram abafados por uma quantidade de areia considerável que foi colocada com o propósito de silencia-lo. Moonsand, mostrando a mesma calma, diz:
— Esta gentil humana nada fez a vocês e a trataram como uma qualquer. Mesmo cega, judiaram dela. Isso é imperdoável... Talvez dissessem em sua defesa que foi um Acidente... Acham mesmo que esse seria um argumento válido? Desgraçados...
E Moonsang, manifestando novamente seus poderes de controlar terra, diz:
— Diana é minha protegida. E minha sinceridade para com meus protegidos já valem mais do que qualquer imagem.
E sentindo a aproximação de Diana, diz:
— Humano, terá alguns momentos de vida. Aproveite-os porque assim que ir com Diana, você irá morrer.
E ao passos que sua suposta protegida, o lobo enche pela boca de Sano com areia, preenchendo totalmente o interior de seu corpo. Poucos segundos depois e o jovem já havia sido morto por asfixia. Com a jovem ao lado de Moonsand, Diana diz:
— Moonsand, vamos. Onde estão aqueles rapazes?
— Foram embora, Diana. Eu os assustei para sua segurança. Não irão lhe fazer mal.
— Ainda bem. Vamos então...
E acompanhando Diana, o lobo levantou uma de suas patas e ouve-se ao fundo um estrondo. Aguardando por uma oportunidade mais segura, Fhor estava confuso e ao mesmo tempo surpreso com a aparição de Moonsand. Ele mesmo disse:
— Mas quem é esse Anis? Nunca o havia visto.
Sem perder tempo e bastante curioso, os seguem, tendo todo o cuidado de não ser encontrado. Porém, para surpresa de Fhor, Moonsand diz:
— Desde o início eu já sabia de sua presença, seja lá quem for. Apareça imediatamente.
— *Me encontrou! Droga!* Mas que droga!* - Pensou Fhor, frustrado
E quando Fhor iria se revelar, ouve-se uma outra voz na escuridão. Logo uma bela mulher com asas negras surge, dizendo:
— Ótimo faro o seu, sabia?
— Quem é você?
— Encantada em conhecer um lobo como você. Me chamo Spin... e quero mesmo acabar com você.
Continua.