E hoje Ethan e seus amigos terão muitos surpresas.
Diante o dilema que tinham e a iminência de um novo confronto com a loba Anis, os jovens amigos passam pelos portões da escola. Tudo parecia normal, com os alunos conversando em grupos. Ethan, Ryoga e Kaede continuaram prosseguindo por entre eles sem nenhum problema. Nada havia mudado, contando só o fato de saberem que Lupa poderia parecer a qualquer momento. Logo o alarme toca, fazendo com que os alunos deixassem o pátio aos pombos e pássaros. Já na sala de aula, a professora explica o que foi feito na escola. Disse que não havia do que se preocupar, pois fizeram um bom trabalho de reforma de algumas salas e pavilhões. Trocando mensagens em seu celular, Ethan conversa com Kaede, que estava em uma outra sala.
"Kaede, tudo bem até agora..."
"Fique tranquilo, Ethan. Tudo está bem"
"Sei..."
E logo que Ethan vira suas atenções para o quadro, um vulto é visto pela janela do corredor. Ele esfregou os olhos, parecendo não acreditar no que viu. Continuou a observar o vulto, este indo em direção a porta, que é aberta em seguida. Abrindo-se lentamente, deixando a todos curiosos a quem estará entrando. Logo aparece a frente de todos uma bela garota, de cabelos asinzentados e olhos cor de mel. Sim, era Lupa, tão bela quanto antes e seu olhar calmo só a deixava mais misteriosa e causava admiração dos garotos e garotas da sala.
Ela pede licença a professora e se senta ao lado de Ethan, o mesmo lugar de antes. O jovem começa a suar, não sabendo o que fazer. Ryoga, ao fundo, somente observa a cena. Kaede, que estava na outra sala, também fica temerosa, já que Ryoga lhe enviou uma mensagem dizendo o que estava acontecendo. Logo a professora diz:
— Lupa... a quanto tempo. Porque sumiu da escola?
— Tive que visitar meu pai... pois ele mora longe... Peço perdão pelo inconveniente.
— Tudo bem, você é boa aluna. Sei que recuperará a matéria perdida.
— Sim... Recuperarei tudo - Disse, olhando para Ethan.
Após a afronta, o andamento da aula seguiu normal, com os alunos fazendo os exercícios tranquilamente. Lupa se empenhava em fazê-los, não pressionando Ethan em nenhuma oportunidade. Tudo parecia normal, pelo menos para a turma. Logo o alarme soou, anunciando o intervalo. Os alunos se apressaram, incluindo Ethan e Ryoga, seguindo diretamente para o refeitório. Somente Lupa fica, sendo a última a sair.
No refeitório...
Com os dois amigos sentados comendo um sanduíche casa um: Ryoga diz:
— A loba voltou mesmo! O que faremos?
— Devemos manter a calma. Ela ainda não fez nada. Acho que seria prudente esperar para ver o que ela pensa em fazer.
— Nem sei o que dizer... Cara, tô tenso demais com isso... - Disse Ryoga, olhando Ethan se alterar - Cara, o que houve? Porque está suando desta forma?
— Não sei... Ela ainda mexe muito comigo...
— Mas ela mal olhou pra você, cara! Tu tá maluco?
— Não é isso, Ryoga... É que... que... Ah, esquece!
E caminhando ao lado da mesa estava Kaede, que havia ouvido a conversa, dizendo:
— Ethan, não olhe para ela. Fique na sua e não faça nada. Não sabemos o que quer fazer mas sabemos do que é capaz!
—Sim, eu sei.
Mas Ryoga não poderia ficar sem dizer nada:
— E acabou de falar a valentona da escola! Agora tudo está salvos graças a Kaede Rayka!
Kaede imediatamente segura Ryoga pela gravata, dizendo:
— Ryoga, nunca volte a me chamar assim, ouviu?
— Calma... Peraí, dona...
— Estou falando sério. Se voltar a me chamar assim, juro que irei lhe machucar de verdade!
Os olhos de kaede penetravam em Ryoga, que sentiu de que não estava brincado.
— Tudo bem, kaede! Me desculpe pela brincadeira. Não irei fazer mais...
— Acho bom...
— Kaede, pare com isso. Alguém pode ver... - Disse Ethan, se preocupando.
E ela larga Ryoga, que ficou ofegante com a intimidação de Kaede. O rosto da jovem parecia distante, com um olhar triste, o que fez com que Ethan reparasse e diz:
— Kaede, não se torture com isso. Não é sua culpa.
— Do que está falando?
— O que o Ryoga disse. "Rayka".
— São assuntos meus. Não se meta!
— Tudo bem, Kaede... Só não envolva o Ryoga nisso. Ele não tem culpa de nada.
Ela notou então que Ethan ficou magoado com sua resposta. Chegando perto dele, diz:
— Me desculpe, Ethan. Não queria magoá-lo. Só que tudo que aconteceu ainda é muito recente.
— Tudo bem. Esqueça e vamos. O sinal já vai bater.
— Vamos, então...
— E eu? Não chama? Ô panelinha do casalzinho aí, hein!
E voltam para suas salas...
Na sala de Ethan e Ryoga, a professora propôe um trabalho, dizendo:
— Alunos, fiquem em dupla e façam um trabalho sobre síntese protéica.
Com todos os alunos formando duplas, Ethan tenta achar um companheiro para fazer, mas nota que o único que sobrou foi... Lupa. E ela se senta a seu lado, desta vez mais perto. Ethan nem a olha direito. Mas a professoa repara e diz:
— Ethan, o que houve?
— Na-nada, professora... *Qual é a da senhora?*
— Então porque parece que está ignorando sua parceira de trabalho?
— Que isso, professora. É que eu... eu... estava pensando... em... em... uma idéia para o trabalho. *Cara, essa professora está mesmo me deixando em maus bocados*
— Então faça logo, pois já estão adiantados os outros alunos.
— Tudo bem! *Chata pra caramba!*
Ethan, pela primeira vez desde que Lupa foi embora, olha seu rosto. Ao mesmo tempo que sente medo por sua presença, se encanta com sua beleza, como se fosse a primeira vez. Ele, pensando alti, diz:
— É linda mesmo...
— Está dizendo isso pra mim... Ethan? Foi isso que disse?- Disse Lupa, o olhando nos olhos.
— Não... É que... Eu queria dizer que é pinho o gesso que colocaram no teto! Ugh... - Disse bastante envergonhado.
— Tudo bem com você... Ethan?
— Tu-tudo! Está tudo bem...
— Vamos fazer o trabalho... então...
— Vamos...
Contrariando as espectativas de Ethan, Lupa se comportou bem. Verificaram todos os tópicos do exercício aplicado em seguida e levaram a sério o trabalho, por ironia do destino. E enfim chega o fim da aula. Todos entregam seus trabalhos a professora, que diz:
— Façam os exercícios do livro, página 145, números 4 até 13 para me entregarem na próxima aula.
Todos os alunos respondem em concordância e entendimento do trabalho escolar e logo o sinal toca, demonstração o final do dia de aula. Ethan e Ryoga saem com rapidez da escola, se encontrando no pátio com Kaede que, olhando para Ethan, diz:
— Muito bem, Ethan... O que ela falou?
— Hã? Quem?
— A Lupa. Ora, seria mais quem? Vai logo, diz!
— Nada demais. Somente fizemos os exercícios e nada mais
— Nada mais? Tá estranho isso. Ela deve estar tramando algo.
— Pode ser, mas... Parece diferente agora.
Mas até mesmo Ryoga se surpreendeu com isso e, em grau de comparação, diz:
— Eu também estou diferente. Não é, Kaede?
—Sim, está menos chato.
— Valeu! Faço o que posso. Tá vendo, Ethan? Agora vamos nessa...
Como sempre fizeram ao sair da escola juntos, os jovens continuaram conversando sobre a volta a escola e o reaparecimento de Lupa. Não demora muito e chegam ao ponto onde todos se separam para ir para suas casas. Kaede então diz:
— Bem, estou indo nessa. Até amanhã, Ethan. Cuidado com a noite.
— É! Fica tudo escuro! Hehehe... Até! - Disse Ryoga, caminhando.
— Tudo bem, galera. Até amanhã. Se algo acontecer, eu aviso a vocês - Disse Ethan, descendo a rua.
Ao fim das despedidas, o jovem caminhava para a sua casa quando uma sombra é percebida. Uma silhueta bem familiar: era Lupa, o seguindo. Mesmo continuando seu caminhar, Ethan sabia que um confronto era iminente e estava longe de casa ainda. Temendo um possível ataque, ele se vira e diz:
— Já quer briga, Lupa? Dessa vez tudo vai ser diferente!
Porém, por estranheza, Lupa simplesmente continuou seu caminho, deixando Ethan a só. A olhava, sem entender ao certo o que ocorrera. Com Lupa já um pouco ditante dele, ele a chama.
— Lupa, o que houve?
A jovem Anis se virou e, olhando pra ele, diz
— Ethan... o que houve?
— Eu fiz a pergunta primeiro!
— E eu a respondi... O que houve?
— Sabe muito bem... Você está pensando em nós esquecemos de tudo que aconteceu?
— O que?
—O que? Você ainda pergunta? Quase matou a mim e Kaede e faz que não se lembra?
Quando Ethan disse suas palavras, Lupa o abraçou forte. Com o jovem tentando soltar-se dela sem sucesso, diz
— Lupa, me solte. Acho que não há...
— Ethan... por favor... deixe-me ficar assim... só isso para me confortar.
— Mas Lupa... O que houve?
— Solidão... sentia muito... Queria sentir companhia de alguém que gostasse...
— Mas Lupa... e seu pai? E porque eu deveria aceitar esse abraço depois de tudo que você vez?!
— Meu pai... Sim, meu pai... ele tem aversão a você, sabemos...
— Então me solte... Agora!
— Não...
— Me solte, Lupa! Não me obrigue a...
— Não...
—Lupa! Me solte!
— NÃO! - Gritou a Anis.
E o abraça mais forte, fazendo com que Ethan até parasse de pedir que o soltasse. Ele, preocupado e assustado, diz:
— Porque, Lupa?
— Eu... eu não aguentava mais... Ethan... seu cheiro... sua pele... sua voz...
— Lupa... porque?
— Sei que fiz coisas horríveis... até sinto vergonha...
— Mas Lupa, o que...
— Não diga nada, Ethan... sei o que vai dizer... e doerá muito ouvir isso de você...
— Sabe, não é? Porque, Lupa?
— Pedi a meu pai que me deixasse vir... sentir o que senti antes... viver com humanos... viver com você...
— Mas o que fez...
— Ethan... deixe-me reparar o que fiz... Me dê uma chance... apenas...
— Lupa, sabe que já me traiu uma vez e que seu pai quer acabar com os humanos. Minha idéias nada mudaram deste então. Você tentou machucar a Kaede! Como posso confiar em você?!
— Ethan... por favor...
E olhando para o céu, responde:
— Tudo bem, Lupa. Não sou como seu pai, que quer vingança. Mas isso que está fazendo não é - Tentou dizer Ethan.
— Eu adoro você... Ethan...
E Lupa o solta. Ethan parecia estar feliz em saber que a loba estava disposta a mudar. A olhando com temeridade, se virou e seguiu seu caminho. Porém, Lupa o seguiu, chamando-o:
— Ethan!
— O que...
E de uma forma inesperada, Lupa novamente voltou a beijar apaixonadamente Ethan.
Continua.