Os Cinco Selos

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    Capítulos:

    Capítulo 211

    O Portador da Luz

    Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Yoooooooooo!

    Quanto tempo, meus lindos!

    Eu me tornei aqueles quem eu mais temia, os escritor que entra em HIATO. Pelo menos o autor de HxH e Berserk avisam quando irão entrar em hiato, e eu nem isso fiz!

    Mil perdões.

    Entrei naquela fase chata de adulto, onde se tem tanta coisa a se fazer, tantos caminhos a se seguir, que você acaba entrando em um bloqueio mental desgraçado que duram meses!

    Se até mesmo o grande deus-mestre Tolkien pausou suas incríveis*In histórias por um tempo, quem dirá eu!

    Queria aqui fazer um adendo: no dia 9 março de 2016 eu postava meu primeiro capítulo! Então, já fazem 5 anos que venho trabalhando nesse mundinho. Quem diria, hein?! 5 anos, e ainda tenho tanta coisa a escrever. Tanta coisa para mudar. O meu eu de 16 anos nunca imaginaria que faria algo tão divertido!

    O ponto é: se tem algo a escrever, escreva. Mesmo que julgue que você é incapaz, que é algo muito complexo, muito esquisito, muito blá.... Só escreva. O tio aqui, após tanto tempo escrevendo (e ainda é pouco), teve a certeza de que nenhum autor levou seu mundo a perfeição de uma vez.

    Muito obrigado por ler até aqui!

    Nunca antes uma aula chata de ensino médio, onde abri o caderno e comecei a imaginar, me compensou tanto.

    Enquanto seguia a pequena esfera de luz em direção ao Dedo, Aiken deixava rastros de sangue e corpos por onde passava. Por todo canto em que caminhava, encontrava diferentes tipos de demônios que logo partiam para o ataque, e, por vezes, os sons do embate atraiam cada vez mais atenção. De fato, existiam alguns que eram poderosos, mas não ao ponto de trazer qualquer dificuldade para a sentença do nephilim. Não importava o quão o poderoso era a criatura que encontrava, todos morriam com, no máximo, dois golpes de suas impetuosas lâminas — o que não era surpresa.

    Por diferentes lugares ele passou, e todos eram basicamente iguais: desérticos, podres, muitas rochas, com rios de sangue aqui e de lava acolá. Não havia encontrado espécie alguma além de demônios e nem qualquer tipo de flora, a não ser árvores ressecadas e espécies de flores murchas. O calor intenso ainda continuava queimando e ressecando sua pele, deixando-o incomodado. Aquele lugar era um saco, e Aiken desejava sair dali quanto antes. Portanto, seguiu a passos rápidos, ora correndo, parando apenas para massacrar aqueles que adentravam em seu caminho.

    Ora, após muita labuta, o Selo havia finalmente chegado no castelo. Ele estava localizado em cima de uma alta elevação rochosa solitária, situada em meio ao rio de sangue, que borbulhava devido à alta temperatura. Atrás, haviam montanhas agrupadas por onde o líquido carmesim escorria pelos seus sulcos e assomavam na imensidão do rio. O castelo se erguia preeminente, com suas construções parecendo amontoar-se uma sobre a outra. Em suas paredes enegrecidas e desgastas, haviam algumas esculturas grotescas, por onde transbordavam sangue que recaia lá embaixo. Não haviam muros, pois qualquer um poderia adentrar no paço do poderoso Dedo Be'vros, principalmente se sua intenção fosse matá-lo. Enquanto passava pela ponte não natural que intercalava até a porta da fortaleza, o nephilim fintava o rio abaixo de si e observava diversas criaturas remexendo-se de um lado para o outro, imergindo e emergindo.

    Ao ficar de frente para a porta, ela começou a abrir lentamente. Uma espécie de névoa rosada exalou pela fresta, cercando o nephilim. Ele adentrou e surpreendeu-se pelo que viu: as paredes eram arquitetadas de maneira majestosa e o chão de pedra era liso e polido. Haviam lustres com velas no teto, um longo tapete vermelho no chão e ornamentos luxuosos espalhados pelo corredor. Não só isto, como também alguns homens e mulheres, todos de beleza acentuada, com pouca vestimenta ou complementa desprovidas delas.

    Desconfiado, Aiken desceu sua mão direta sobre o punho de sua espada, e, praticamente ao mesmo tempo, outra mão repousou sobre a mesma. Era uma mulher de cabelos cacheados e ruivos e de olhos castanhos claros. Com sua beleza branca, aproximou-se do Selo apertando seus fartos seios desnudos contra sua armadura.

    — Oh, nobre guerreiro, parece ter seguido um longo e tortuoso caminho até chegar aqui — ela disse, suavemente.

    — Quem é você? Afaste-se, ou...

    Aiken pensou em sacar sua lâmina, mas uma segunda mulher abraçou seu braço direito com força. Esta também detinha olhos castanho e cabelo cacheado, mas este era negro. Com sua beleza marrom e acentuada, também apertou suas partes contra o nephilim.

    — Você parece tão cansado, meu lindinho. Deveria tirar sua armadura para nós — esta disse, com a voz mais manhosa.

    — Eu... não posso. Melhor não.

    Uma terceira mulher, tão bela quanto as outras duas, se aproximou pela sua frente aninhando-se em seu peito.

    — Deve estar tão exausto com esta pesada armadura...

    — Eu...

    Aiken engoliu em seco. A cada instante sentia seus pensamentos flutuando em sua mente, cada vez mais confusos e distantes. Piscou muitas vezes para tentar manter o foco, mas nada adiantou. Ele viu a névoa cercando-o, como se dançasse em sua volta. O frescor dela ondulava no ar até suas narinas, e, quando aspirava, uma sensação de anestesia pulsava pelo seu corpo. O Selo balançou a cabeça e deu passo para trás para tentar se afastar, porém esbarrou em uma quarta mulher que o abraçou pelas costas. O toque dela havia sido diferente. Quando a mulher o tocou, sentiu o calor do corpo dela em sua pele.

    — Assim é bem melhor, não? — soou ela, parecendo muito distante.

    Quando o nephilim olhou para si, percebeu estar sem sua armadura. "Quando eu a recolhi?", pensou.

    Sentiu mais toques quentes contra sua pele, que o apertavam e acariciavam de maneira sugestiva. Sentia a névoa cada vez mais ao seu redor, aspirando-a a cada instante.

    Seus pensamentos começaram a flutuar e flutuar...

    Quando percebeu, estava sendo puxado pelas mulheres pelos corredores do castelo. Elas cochichavam e davam risadinhas enquanto isso, ocasionalmente dando algumas olhadelas para ele. Homens e mulheres espalhados pelos corredores também faziam o mesmo, sempre com um olhar sugestivo.

    Seus pensamentos ondularam e ondularam... como uma névoa pairando no ar.

    As mulheres lavaram-no para uma sala, tão luxuosa quanto o restante do castelo até então. Lá, havia muitos homens e mulheres, ambos os gêneros da mais pura beleza. Todos provavam da carne de cada um. Os sons dos gemidos e arfares eram altos. Aiken aspirou e, em meio a névoa, veio o intenso odor de luxúria. Ele ficou um tempo parado, tentando processar tudo o que acontecia, contudo não conseguia nem com muito esforço.

    Os sons e o cheiro faziam sua mente se embaralhar, assim flutuando cada vez mais e mais.

    Aiken fora jogado em cima de um monte de almofadas. Sobre ele, a mulher de cabelos ruivos e encaracolados se postou, com um sorriso em seus lábios. Ela se inclinou, roçando seus lábios em seu peito e dando-lhe suaves beijos.

    Quando ela se ergueu, Aiken reparou que agora era a mulher de pele marrom e cabelos negros sobre si. Esta também tinha um lindo sorriso sugestivo nos lábios, e inclinou-se para lhe dar mordidas no torso — estas tão forte que fizeram o nephilim cerrar os dentes de dor. Era como se dentes afiados houvessem penetrado em sua pele, querendo arrancar pedaço de sua carne.

    No momento em que Aiken pensou em contestar, a de cabelo cacheado havia sumido. Agora, sobre ele, estava uma de longos cabelos castanhos e olhos verdes. Sentiu uma sensação estranha, como se aquele rosto com o sorriso malicioso fosse familiar. Ela deslizou as mãos suavemente pelo seu peito, enquanto Aiken não conseguia desviar o olhar do rosto. Sentia uma sensação estranha pulsar pelo seu corpo, que ia muito além de cobiça, mas não conseguia compreender no momento. Então, as unhas se cravaram em sua pele, e o Selo sentiu uma dor tão lasciva que fechou os olhos...

    E sua mente vagou e vagou...

    Ao abrir os olhos, ele encarou um rosto no qual conhecia muito bem e não via há bastante tempo: Lua, a mulher Mephista na qual havia se apaixonado quando viajou para outra linha temporal. Vê-la encheu o peito do nephilim de um calor sem igual. Observando o sorriso malicioso, os olhos azuis e os cabelos louros, ele soube muito bem o que fazer: levou a mão direita até bochecha dela, obrigando-a a fixar completamente sua atenção a ele. De maneira suave e bem discreta, desceu sua mão livre até sua espada, colocou-a para fora e a penetrou, surpreendendo a Lua.

    Ela gemeu e arregalou os olhos. Aiken, sem pensar duas vezes, penetrou-a ainda mais fundo, o máximo que conseguia. Lua arregalou ainda mais os olhos em uma expressão de dor e, no momento em que ia gemer, Aiken tapou sua boca e apertou com força.

    — De tantas faces de mulheres que nunca iria lembrar, você escolheu justamente a que nunca irei esquecer.

    Por entre seus dedos, o sangue fluiu e cotejou.

    Desfazendo-se como fumaça, a beleza da Lua se esvaiu, dando lugar a aparência horrenda de um demônio asqueroso. Com violência, o Selo arremessou a criatura para o lado, deslizando para fora da katana roxa e chocando-se contra a parede.

    A sala, antes dotada de incrível luxúria, demostrava ser sombria, com as paredes enegrecidas pela podridão e fétida por conta dos fungos. Todos os humanos, que detinham aparência de tirar o fôlego, eram demônios horrendos e medonhos. No centro, havia uma espécie de totem, por onde a névoa rosada emanava — e o Selo desconfiava ser por conta disso que havia alucinado.

    Em um salto, Fome se pôs de pé. As criaturas sombrias viraram seus olhares para ele, sibilando. Então, o Selo começou seu trabalho: a lâmina roxa silvou no ar, decapitando dois demônios próximos. No instante seguinte, os demônios rosnaram e saltaram sobre ele.

    A batalha fora intensa. O nephilim moveu sua lâmina de um lado para o outro, com a maestria que só ele detinha. As criaturas perdiam suas cabeças e membros a cada golpe, assim como seus órgãos escorriam pelo chão no momento em que sua carne era dilacerada. Não só isto era de uma destreza invejável, mas sua movimentação também: a fluidez em que alternava entre corrida, saltos, esquivas e rodopios o deixava intangível. Os demônios tentaram desesperadamente o ferir, mas tudo o que conseguiam era cair.

    Ora, o fim se deu quando Fome era o único de pé naquela sala, com os demônios já mortos recaídos ao chão. Seu corpo estava completamente ensanguentado, porém a maior parte não era dele, pois os únicos ferimentos que detinha fora feito pela demônio quando mordeu e arranhou sua pele. Olhando para si, relembrou de que estava pelado.

    — Bem, não é a primeira vez que luto levando ventos nas bolas, nem a segunda, mas a sensação ainda é libertadora — ele disse.

    A marca nas costas de sua mão encandeceu e sua armadura começou a ser forjada em seu corpo.

    Ele se aproximou do totem no centro da sala que emanava a névoa magica. Imaginando que aquilo era o responsável pelas suas alucinações, destruí-o.

    ***

    Voltando para os corredores, Aiken constatou aquilo que já imaginava: não havia luxo algum. As paredes eram simples amontoados de pedras sujas. Os humanos que havia visto eram demônios de aparência asquerosa, que rapidamente eram subjugados.

    Sem a névoa confundir sua cabeça, fora fácil seguir o caminho pelo labirinto de corredores para encontrar o Dedo, pois a presença sombria dele era intensa.

    Dessa forma o Selo conseguiu chegar na sala do trono. Era um espaço oval muito amplo, porém completamente vazio, a não ser por tochas que ardiam intensamente e o próprio trono. O chão, paredes e teto eram manchados de sangue seco e haviam ossadas espalhadas pelo local. "Aqui não é uma sala do trono, é simplesmente um campo de batalha", pensou o Selo.

    Sentado no trono de pedra, é claro, estava o poderoso Dedo. Era alto, com cinco metros de altura, e detinha quatro braços, um par sobreposto ao outro. Sua pele era negra, densa como a escuridão, mas a maior parte estava coberto pelo manto cinzento que trajava. Sua face só era provida de três grandes olhos vermelhamos, que eram espalhados e piscavam de forma assimétrica. Em sua mão esquerda superior, ele segurava um cajado forjado em falso-vidro, enquanto na inferior segurava uma espécie de lanterna com uma luz que cintilava intensamente. Seus membros direitos só estavam repousados sobre o braço do trono, ao lado de gigante espada de falso-vidro.

    — Você deve ser os Be'vros, certo? — indagou Aiken apontando para o demônio. — Então, me explica que merda era aquela lá trás? Demônios praticando atos sexuais com outros demônios! Pensei que só Mikaela tinha um anseio desses! E, porra, só o capitão tem coragem para isso, não eu! Então... que merda era aquela?!

    — Estes assuntos não lhe cabem, nephilim — respondeu o Dedo.

    Aiken arregalou os olhos prateados e ficou boquiaberto em uma expressão exagerada de surpresa.

    — Cacete! Você fala mesmo sem boca! Quanto te vi, pensei que Azason tinha zoado com minha cara ao dizer que você conseguia falar, me segurei para não entrar rindo. Realmente Lúcifer fez um bom trabalho.

    — Azason? Então aquela criatura minúscula está orquestrando contra nós?

    — Sabe que eu também pensei a mesma coisa? Digo, de que ele está orquestrando contra nós, Selos, também. Que tal nos aliarmos para esbagaçar aquela criatura minúscula na porrada?

    Silêncio como resposta.

    — Não?

    — Se Azason lhe contou sobre mim, sabe que só há um caminho a se seguir aqui — esclareceu o Dedo.

    — Ah, Be'vros... meus irmãos iriam adorar você. Prefere partir para briga logo do que conversar um pouquinho. Mas eu sou diferente. Por exemplo, tenho curiosidade sobre este lugar. — Aiken apontou para trás com seu polegar. — Tudo o que sei é que aqueles totens produzem a névoa que desperta o desejo carnal nas almas corrompidas dentro destes demônios com mente fraca. Dai, drenam energia dele de alguma forma para alimentar algo. — Ele inclinou para frente e semicerrou os olhos, focando na lanterna. — Ora, talvez para alimentar este artefato esquisito?

    — Basta.

    Be'vros ergueu o cajado, fazendo-o pulsar magia. Dez cristais multifacetados e transparentes surgiram no ar, enchendo-se de energia e disparando feixes de luz em direção ao Selo. Aiken se colocou a correr, desviando dos projéteis aos saltos, deslizes, rodopios e ziguezagueando. Os cristais se moviam pelo salão de um lado para o outro, reposicionando-se e atirando projéteis a todo instante em tentativas de acertar, e quando erravam os feixes queimavam e arrancavam lascas do solo.

    — Que deprimente! — dizia o Selo, sem parar de se mover. — Começou a me atacar e nem mesmo se ergueu do trono!

    — E não irei me erguer para qualquer um.

    Subitamente, Fome parou e sacou suas katanas negras. Os feixes traçaram o caminho em sua direção, e, no momento certo, começou a mover seus braços de forma frenética. Os projéteis passaram a atingir as lâminas e foram refletidos um a um em direção aos respectivos cristais mágicos, que se estilhaçavam em fragmentos multicoloridos ao serem atingidos. O último feixe começou a deslizar de forma abrasiva pelo aço, enquanto o nephilim girava seu corpo pelo próprio eixo, dessa forma alterando o curso em direção ao Dedo, que foi obrigado a inclinar sua cabeça para desviar. Portanto, por muito pouco o feixe não atingiu o demônio, assim explodindo na parede atrás de si.

    — Pareço ser qualquer um para você, demônio? — questionou Fome apontando para criatura sua espada, que ainda ressoava e exalava vapor.

    As escleras ficaram negras e as íris prateadas cintilaram intensamente. Quando as chamas envolveram seu corpo, o Selo investiu em uma corrida e saltou em direção ao demônio preparado para atacar com suas espadas. Com o cintilar de seu cajado, Be'vros projetou uma barreira magica translúcida, que bloqueou completamente o golpe do nephilim. Contudo, Aiken fez suas chamas deixarem seus golpes mais pesados e continuou desferindo-os de maneira incessante. A cada impacto, a barreira tremia e ameaçava vacilar, até por fim a fissuras começarem a surgir, alastrando-se cada vez mais pela sua extensão. Sabendo que não aguentaria por muito mais tempo, o Dedo brandiu seu cajado contra a barreira, assim atingindo o nephilim com a densa massa, projetando-o para o outro lado do salão — mas o causou nenhum dano considerável.

    A lanterna que Be'vros segurava pulsou um brilho intenso pelo seu corpo, repassando em direção ao cajado que se erguia em direção ao teto. Três esferas de grande diâmetro foram invocadas, radiando uma luz amarela, e sua pressão e densidade eram elevadas o suficiente para fazer as paredes tremerem e o ar circular violentamente por entre elas. Com o abaixar do cajado, as aglomerações massivas de energia passaram a descer pesadamente em direção ao Selo.

    — Despertar: Deus da Fome.

    As chamas prateadas arderam intensamente pelo salão em uma explosão súbita. Em seguida, dois finos lampejos percorreram no ar pelo recinto, passando em meio as esferas magicas. Ora, quando elas se fragmentaram, gerou uma poderosa explosão devastadora de claridade intensa. Para se proteger dos fragmentos e de um possível ataque do nephilim, Be'vros invocou um domo mágico em sua volta.

    O fim do alvoroço demostrou que o teto também havia sido cortado pelas lâminas do nephilim e os destroços obliterados pela explosão das esferas. As paredes e o chão estavam fissurados, como se ameaçassem a ruir. O demônio se manteve seguro dentro de sua proteção, enquanto o Selo nada fez. Fome se mantinha parado, com sua armadura prateada cintilando intensamente, pois parecia que suas chamas haviam se fundido a ela. Ademais, as chamas também formavam um manto ondulante ao seu redor e uma máscara em sua face.

    — Creio que nossa batalha iria destruir meu castelo, e não desejo isto. Vamos para um lugar mais apropriado — determinou o Dedo.

    O cintilar de sua lanterna pulsou pelo seu corpo novamente e Be'vros bateu com o cajado no chão.

    ***

    Em um piscar de olhos, Aiken fora levado para outro lugar além do castelo.

    A dimensão era desprovida de relevos, seguindo completamente plana pelo horizonte até onde seus olhos eram capazes de alcançar. O céu sobre si, era muito mais negro e profundo do que o habitual, com diversas estrelas e três grandes luas, ambas igualmente vermelho-sangue. A luz avermelhada emitida por pelas constelações iluminava o lugar, refletindo diretamente na água sobre seus pés. Ele alternou entre um pé e outro sapateando na água, e se espantou com a capacidade de ela ser líquida e sólida simultaneamente, dando-lhe um chão — pelo menos, era isso o que parecia.

    — Outra dimensão? — questionou Aiken para si.

    O Dedo não quis saber sobre discussão. Seu cajado emanou um poderoso cintilar, que repassou para sua gigante espada de falso-vidro. A lâmina transparente absorveu toda aquela energia, entorpecendo-se com ela e ficando tomada por um cintilar azul-prateado. Ao cortar o ar duas vezes com sua espada, a energia fora disparada massivamente, fazendo a água se agitar. Concentrando suas chamas prateadas nas suas espadas, Fome fez os mesmos movimentos que seu adversário, assim disparando seus cortes flamejantes. Dessa forma, as duas forças se confrontaram, anulando-as sob uma poderosa explosão azul-prateada.

    Irrompendo em meio ao cintilar, feixes de luz zuniram em direção a nephilim, que rapidamente passou a refleti-los. O demônio criou uma barreira mágica para se proteger dos feixes que se voltaram contra a ele, enquanto isso fez os cristais multifacetados se transforarem em estacas finas.

    Fome arregalou os olhos quando a grande e fina estacada de cristal passou zunindo a centímetros. Com pressa, passou a se mover rapidamente para desviar de todas as estacas que vieram em seguida. Quando a última delas afundou na água muito perto de si, o Selo não hesitou em investir contra o Dedo.

    Be'vros observou seu inimigo vindo ao seu encontro, com as katanas pulsando chamas prateadas. Ao bater seu cajado contra, seu domo se estilhaçou como vidro, e seus cacos flutuaram no ar. Com o cintilar da lanterna repassado para o cajado, os estilhaços começaram a girar em alto velocidade e foram disparados contra o nephilim.

    Praguejando mentalmente, Aiken não parou e nem recuou. Seus braços se moveram habilmente, brandindo contra os estilhaços que estivessem em sua frente. Contudo, ainda assim alguns batiam contra sua armadura, porém nem mesmo arranhava.

    Quando o nephilim havia chegado perto demais, o Dedo fez o cintilar de sua lanterna imbuir sua grande e pesada lâmina. No instante seguinte, a espada desceu rasgando o ar em direção ao Selo. Aiken fez suas chamas arderem com ainda mais intensidade e saltou em direção ao golpe inimigo, cruzando sua katanas negras. O encontro resultou em um poderoso e intenso brilho, fazendo a água sob eles ondularem com intensidade. Ora, a força que o nephilim aplicou fora tão poderosa que começava a se sobrepor a daquele demônio, mesmo estando no ar.

    Claro, o deus da Fome teria conseguido rechaçar a espada do inimigo e desferir um golpe em seguida, se não fosse pelo cajado envolvido em magia que o atingiu antes que isso fosse possível.

    Agora, ele viajava no ar, rodopiando enquanto deixava um rastro de magia. Poderia ter sido um golpe desastroso para seu corpo magro, contudo a incrível armadura forjada pela vida havia absolvido a maior parte do impacto.  Seu corpo se chocou contra a água, que naquele instante parecia ser mais dura do que rocha. Após rolar por algumas vezes, ficou de quatro e cuspiu sangue — sentiu a dor se alastrar suavemente pelo interior de seu corpo.

    Não havia tempo para recuperar o fôlego, pois o demônio já estava preparando seu próximo movimento, e este seria ainda menos amigável. Sobre o cajado que emanava um brilho intenso, três imponentes esferas se faziam. Eram tão densas que a água ondulava dos pés do demônio até aos do nephilim.

    Lutando contra si para não entrar em fúria, Fome tentava controlar sua respiração enquanto se reerguia. Seus olhos prateados cintilaram intensamente, encarando a maldita lanterna que o Dedo segurava. E então, como um sussurro, as palavras ditas por Azason vieram em sua mente... “E então o imperador deu-lhe a luz... E com ela, o demônio finalmente pensou... Falou... E manipulou até mesmo a magia...”.

    A raiva se apartou do nephilim, sendo substituída por uma risada sombria.

    — Ah, pode ter certeza que irei apagar esta luz, demônio — sussurrou.

    Continua <3 ;)


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