Reencontro - Parte 2

- Muito bem. Judgement Chain… - Ele balançou a mão, fazendo uma das correntes se fixar no coração do jovem, após isso ele se sentou e suspirou – Sabia que não podia prorrogar minha vida mais tempo. Mas é bom ter um lugar para morrer. - Olhou para o garoto e suspirou – Mumba mandou uma mensagem. Ele dominou o Nen em tempo recorde, é um Emissor. Ele está estudando medicina com o Leorio. E disse que gostaria de encontrar com vocês, daqui a dois meses, na Torre Celestial.

- Torre Celestial… Os caras da Cidade do Meteoro diziam que poderiam ganhar dinheiro e glória lá. Ok. - As correntes ao redor do garoto se soltaram. Ele olhou para Kurapika, já sem vida e abaixo o olhar, colocando a mão no peito- Ela não sumiu. Eu sinto a restrição… Isso é possível? Nen pode continuar ativo mesmo depois da morte?

- Não só pode, como fica mais forte. - Disse Enma- A Torre Celestial heim? Faz quase uma década que não vou pra lá…

- Ele disse ”vocês” e não “você”. Quer dizer que essa mensagem era pra mais de uma pessoa, certo?

    Neeko foi até as barracas e pegou uma das pás, começando a cavar um buraco fundo o bastante para enterrar o corpo de Kurapika. O colocou então em sua sepultura e o cobriu com terra, colocando uma pedra enorme em cima.

- Descanse em paz. Obrigado pela chance. - Ele fez uma breve reverencia e começou a arrumar as coisas. -

- Pra onde você vai? - Perguntou Enma -

- Cidade do Meteoro. - Disse o garoto, coçando o cabelo -

- Por que? Ainda nem acabamos o treinamento! - Gritou Enma. O olhar da garota era choroso – Vai mesmo partir?

- Patrishia, cuide do treino dos dois. - Ele colocou a mochila nas costas – Eu já tenho seus telefones, nós trocamos mensagens. E não fiquem tristes, amigos de verdade ainda são amigos, mesmo estando separados. Nos encontramos em dois meses, na Torre Celestial. - Ele sorriu e seguiu seu caminho, sem olhar pra trás. Corria velozmente-

    Em menos de dez horas ele encontrou uma grande cidade. Lá, checou sua conta bancária e viu que não tinha dinheiro para o que planejava. Ele precisava de contatos, checou a lista do celular e viu o número de Rei. Ligou para ela então, logo sendo atendido.

- Rei?

- Diga Neeko. Ligou em boa hora, eu vou fazer o exame do copo d’agua. - Ela colocou no Viva Voz e olhou para Gon, depois para o copo de água -

- Aposto 50 Mil Jenny que você é uma Materializadora. - Disse o garoto -

- Espero que não… - Ela usou seu Ren no copo d’água e aguardou. Um pequeno pó se formou no fundo dele – Maldição! - Ela pegou o celular – Ganhou. Vou transferir pra sua conta. Mas diga, como vai seu treinamento?

- Eu já terminei. Estou indo agora pra Cidade do Meteoro e queria que você viesse comigo.

- Cidade do Meteoro? Pra que?

- Tenho uma pista da minha mãe. Ontem, em um sonho, vi ela caminhando pelo lixo. Ela me disse que me esperaria próximo do “Lugar Onde o Tempo Não Corre”, na “Encosta do Dia Apagado”. Isso te lembra algo?

- Será… Que sua mãe pode ter pistas do que estou buscando? - Ela olhou para o Gon-

- É uma boa possibilidade. Depois que debandaram, muitas formigas foram em busca do que fazer. Alguns se tornaram reis de seus próprios bandos. Outros foram a lugares jamais vistos. - Ele pegou o celular e falou – Garoto, que cor é o seu sangue?

- Roxo. - Respondeu – Acho que você já percebeu o que eu sou de verdade… É, fazer o que…

- Quando eu era criança, também tinha uma missão. Eu tinha que encontra Ging Freecs, um Caçador famoso, mas que diziam ser impossível de encontrar. Eu entendo qual é a sua vontade. Como Zodíaco, eu tenho vários contatos que podem te ajudar. Você quer?

- Não. Se vou achar minha mãe, tem que ser por mim mesmo. Do contrário, não serei digno de olhar pra ela… Mas gostaria da companhia da Rei, ela pode achar uma pista sobre o dia perdido.

- Tudo bem, eu vou! Tudo bem pra você, Mestre?

- Acho que sim. - Ele falou com uma voz séria – Cuide bem dela. E aproveite a companhia! - Ele sorriu e colocou a mão no ombro de Rei e sussurou – Lembre-se que ele é mais novo.

- O que diabos você pensa que vou fazer com ele?!

- Você de inocente só tem… Nada -Ele mostrou a língua e saiu do quarto, jogando o celular pra ela -

    Ela pegou o celular e colocou no ouvido.

- Dê as instruções.

    Ele começou a falar. Pra ser sinceros, conversaram por quase duas horas, falando sobre vários assuntos. Rei estava ocupada acompanhando Gon em missões e conseguiu até treinar um pouco. Ela jurava que podia vencer qualquer um numa queda de braço. Neeko falou que passou esses dias treinando junto dos novos amigos. Falou tudo que tinha acontecido, o que deixou a garota preocupada.

- Rapaz… Isso tá parecendo filme de terror… Tem uma corrente no seu coração?

- Sim. Por isso eu queria sua ajuda nessa missão. Naquele exame eu consegui me conter por que você estava lá.

- Eu sou seu ponto fraco né? Hummm… Uma garota pode se acostumar com isso. - Ela começou a rir -

- Não entendi.

- Deixa pra lá. Mas e então, essa sua habilidade do olho… Me interessa a do Olho Direito da Verdade. Você pode conseguir respostas de qualquer um?

- Dependendo de quanta aura eu foque no meu olho, usando Gyo.

- Que poder forte! Mas um pouco inútil pra quem tem uma mente tão infantil… - Suspirou -

- E você? Já pensou no que vai fazer com sua aura de Materializadora?

- Claro. - Ela respirou fundo – Condição e Condição, arriscando minha vida.

- É como eu pensei. E ai, o que vai ser?

- Não digo. Nunca se revela o seu “Nen” para as pessoas.

- Ok… Eu devia esperar isso de você. - Suspirou – Certo, nos encontramos no local combinado. Até mais.

    Ele desligou e procurou um lugar seguro pra se abrigar e lá esperou pacientemente por dois dias, até que Rei chegou, assim que ele a viu, deu um sorrio e colocou a mão no cabelo dela, bagunçando.

- Eu devia isso pra você. Bom trabalho me encontrando.

- Eu só precisei usar o “En” e expandir ele uns cem metros. - Disse ela, fazendo um pequeno “biquinho”-

- C-Cem metros?! Eu mal consigo uns cinco…

- Foi por isso que eu demorei tanto pra aprender o “Hatsu”, eu queria dominar todos os princípios antes dele. Gon disse que estamos vivendo em uma “geração de monstros”. - Rei observou o garoto de cima abaixo – Pro lugar aonde vamos, acho que isso está bom. E ai, tem ideia de por onde começar?

- Existe um antigo ninho de Formiga Chimera na Cidade do Meteoro, pensei em começarmos por lá.

- Então vamos. Só por precaução, use o “In”, esconda sua aura.

- Err… O que é “In”? - A expressão confusa do garoto expressava seus sentimentos – Patrishia só me ensinou… “En, Ko, Shu, Gyo, Ryu”… Bem, se  for falar a verdade, ela não ensinou nada praticamente. Ela só deu as dicas, testes pra que eu pudesse aprender sozinho.

- Hahaha! - Rei riu até ficar sem ar e depois de se recuperar ela falou – Você deu azar, ela é do “Antigo Shingen-Ryu”, como a Biscuit Krueger, a mestra do meu mestre. Eles são “caçadores de talentos” e só treinam o que eles chamam de “Pedras Brutas”!

- “Antigo… Shingen-Ryu”? O que é isso? E o que quer dizer com “Pedras Brutas”?

- “Antigo Shingen-Ryu” era uma pratica entre os antigos usuários de “Nen” que ditava que eles só deveriam ensinar pessoas que tivessem talento natural, da maneira mais difícil possível, pra que cada experiencia dela a moldasse, como uma pedra preciosa que precisa ser lapidada. Pra Patrishia, você é uma Pedra que ela está lapidando, pra que possa mostrar seu brilho total. -Ele demonstrou um pouco de irritação, que Rei percebeu – Não foi isso que você pensou. Ela não está te ensinando só por interesse, ela realmente deve gostar muito de você. Mas isso só quer dizer que você tem um talento de “Um em Dez Milhões”.

- Então eles ensinam com experiencia, não com treinamento. Isso é legal… Me deixa empolgado!

- … Neeko, lute comigo. - Disse Rei de supetão, tomando posição de combate -

- O que?! Ta doida? Eu disse, ainda não consigo controlar. Seria perigoso e nós dois poderiamos acabar mortos! Toda vida- Foi interrompido com um tapa da garota-

- É preciosa. Mas assim, você me insulta, como se estivesse dizendo que eu sou mais fraca que você. Ainda não dominei meu “Hatsu” completamente, mas eu posso te parar. Confie mais nos seus amigos, Neeko! Amigos são pra horas boas e ruins.

- Confiar… - Ele suspirou e se colocou em posição de combate – Vem com tudo!

- É assim que eu gosto!