Journey to Unknown

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    18
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    Capítulo 8

    "Enma"

    Álcool, Adultério, Bissexualidade, Drogas, Estupro, Heterossexualidade, Homossexualidade, Incesto, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Spoiler, Suicídio, Violência

    - O que eles estão fazendo?

    - Treino de imagem. Makio e Enma estão lutando em suas mentes. É bem efetivo para fortalecer o Nen, mas não fortalece o corpo.

        Makio saiu do transe assustado e suspirou.

    - Perdi de novo...- Disse ele, olhando para Neeko – Hey, bem vindo a equipe!

    - Tsc… Você é fraco. - Enma se levantou e foi para os fundos -

    - Relaxa, ela é assim mesmo. - Disse Makio -

    - Enma está irritada por que acho que ela não está pronta pra fazer o Exame Hunter. - Suspirou – Ela pode ser uma assassina talentosa, mas ainda tem a mente de uma criança.

    - Assassina… De boa, eu já matei pessoas também – Disse Neeko, sentando-se no chão. - E ai, vai me ensinar o “Nen”?

    - Eu já te mostrei os “Quatro Principios Básicos de Nen”, certo? O quanto sabe de cada um.

    - Dominei o “Ten” e o “Zetsu” eu já sabia, consigo usar ele até dormindo.  Quanto ao Ren… Eu acho que consigo usar.

    - Acha. Tente, me mostre seu “Ren”.

        Ele se levantou e respirou fundo, buscando em sua mente imagens de seu passado. Seus olhos ficaram sombrios e então ele aumentou sua aura, aumentou tanto que as paredes e o chão do dirigível trincaram e o metal dele entortou. Parou então e respirou fundo novamente.

    - Esse é meu “Ren”. E ai, tá certo?

        Ela olhou, impressionada, seu sorriso era largo.

    - Magnífico. Não vejo um “Ren” forte assim desde… Bem, acho que nunca vi um Ren tão forte assim em alguém que nem conhece o “Hatsu”. Então, vamos passar pro treinamento do seu individual. - Ela pegou uma caneta e desenhou em um papel um hexágono – Esse é o hexágono do Nen. Basicamente, existe Seis “classes” de Nen. Cada pessoa, desde o nascimento, possui uma classe única e cresce dentro dela.  Vejamos… A primeira classe é a do Reforço. - Ela escreveu em cima do hexágono – É a minha classe. Pessoas do Reforço podem elevar suas qualidades naturais ao máximo. Sua força, velocidade, regeneração, sentidos. A esquerda, vem a Emissão. Essa categoria se encaixa em usuários que conseguem projetar sua aura.

    - No caso, um Reforçador é forte em Combate Corpo-a-corpo e um Emissor em combate a longa Distancia. Saquei… - Ele olhava, curioso -

    - Exato. A esquerda da Emissão está a Manipulação. Essa classe permite que o usuário controle coisas, como pessoas, objetos, animais, e os deixem mais poderosos. A sua amiga Rika é dessa classe. E agora voltamos pro Reforço. A direita dele está a Transformação. É a habilidade de transformar sua alma em alguma coisa, como eletricidade.

    - Seria uma classe difícil de lidar… Uhum! - Ele ficou pensativo, mas voltou a prestar atenção. -

    - A Direita da Transformação está a Materialização. Ela é a capacidade de transformar sua aura em uma coisa tangível, como uma espada, uma corrente ou até mesmo dinheiro.

    - É bem útil. Mas divido que se consiga fazer algo indestrutível. Talvez… Condição e Condição? Mas isso adicionaria um risco enorme…

    - Conhece até o Condição e Condição? Provavelmente a sua amiga Rika usa uma, não? Elas só podem ser usadas com certa facilidade por usuários da Manipulação e da Materialização. As outras classes até poderiam usar, mas isso destruiria elas. Vamos supor que esteja em uma luta de vida ou morte. Pode se usar…  - Ela ficou pensativa – Pense, se não há uma saída, você vai morrer com certeza. Poderia usar sua vida em condição para conseguir um poder esmagador. Mas depois sua morte seria lenta e dolorosa…

    - Isso é realmente perigoso… - Ele olhou para as cinco classes, pensativo – E se você tiver um poder que não se encaixa em nenhuma outra classe. Algo único?

    - Então você seria da ultima classe, Especialização. Essa classe não se encaixa em nenhuma das outras.

    - Uhum… - Ele se levantou- E como descubro minha classe?

    - Com o teste da água, claro. - Disse Enma, trazendo um copo cheio com uma folha dentro -

    - Ah, oi, Enma. Obrigada por trazer a água. - Disse Patrishia com um sorriso – Pode mostrar como funciona?

        Ela colocou o copo em cima de uma mesa e sentou-se. Estava concentrada. Colocou as mãos ao lado dos copos e usou o Ren nas mãos, qual foi sua surpresa quando nada aconteceu.

    - Err… Isso tá certo? - Indagou Neeko -

    - Prove a água. - Disse ela, se levantando e saindo do local -

    - Provar… Ok. - Ele colocou o dedo na água e o levou à boca – Tem gosto de algo doce… Mas não é mel. Talvez… Seiva de arvore?

    - Exato. O Nen dela mudou o sabor da água para Seiva de Maple, o doce preferido dela. Isso quer dizer que ela é da Transformação.

    - E o Makio?

    - Ele é um Emissor. Bem, eu vou explicar direito… Como a Enma mostrou, você deve usar seu Ren na água. Se o nível da água mudar, você é do Reforço. Se o gosto mudar, Transformação. Se algo se formar na água, Materializador. Se a água mudar de cor, Emissão. Se a folha se mexer, um Controlador. E pra terminar, se acontecer algo estranho com a folha, você é um especialista. - Ela sorriu e apontou pro copo – Vá em frente.

    - Ok!

        Ele colocou as mãos ao redor do copo e respirou fundo. Tinha que controlar melhor seu Ren pra não causar mais danos à nave, embora não tivesse total controle disso. Usou então a aura como se recordava, mas algo estranho aconteceu. O copo simplesmente explodiu, espalhando a água por e os cacos em todas as direções. Ninguém se machucou, mas ficaram confusos. O rosto de Patrishia era soturno.

    - O que isso significa, Mestra? É a primeira vez que algo assim acontece…? - Perguntou Makio, enquanto começava a limpar os cacos -

    - Eu acho que a folha entrou em combustão tão rápido que ele criou uma pequena explosão.

    - Se a folha queimou… Ele é um especialista? - Indagou Makio – Cara, isso vai ser complicado.

    - Complicado por que? - Falou se levantando e olhando para as próprias garras – Então eu sou um especialista…

    - Por que os poderes dos especialistas não podem ser “treinados”, eles simplesmente aparecem.

    - Eu acho… Que os meus já apareceram. - Disse o garoto, pensativo. - São dois…

    - Dois? -Makio e Patrishia se sentaram de frente para ele. Ela tomou a dianteira – Acha que suas qualidades naturais são isso?

    - Sim. Mas preciso de um nome maneiro… Vamos ver… - Ele pensou até sair fumaça de sua cabeça – Já sei. Vou chamar de Olho Direito da Verdade e Olho Esquerdo da Fúria.

    - Explique.

    - Bem… O meu Olho de Gato, consegue ver as emoções, memórias e intenções de qualquer pessoa que eu vejo. Desde que aprendi Nen até agora, essa habilidade tem crescido exponencialmente… E o meu olho Esquerdo… Nele eu guardo más lembranças. Lembranças e memórias de coisas que me trazem fúria. Com essa fúria eu consigo aumentar a minha quantidade de aura a um ponto de perder o próprio controle da razão. É como uma fúria animal que aumenta a cada segundo. - Ele colocou a mão no peito, respirando pesado – Quando essa fúria desperta… Eu sinto meu corpo arder, como se o sangue correndo nas minhas veias fosse feito de fogo. Foi graças a ela que eu consegui resistir ao ataque do velhote…

    - Uma fúria em chamas e uma habilidade de ler o oponente… Que habilidades incríveis. São incríveis demais! - Ela falou animada – Se puder domar essa fúria, conseguirá um poder acima dos limites!

    - Eu queria ser um reforçador, como você… - Ele parecia desapontado – Bem, como vamos treinar meu Nen?

    - Você praticamente aprendeu sozinho todos os quatro princípios básicos, então vamos partir pros avançados. A parti de hoje, Enma, você e Makio vão treinar juntos. Por enquanto descansem.

        Eles foram para os quartos no fundo da aeronave, Enma esperava lá em silêncio. Ele fitou ela fixamente, com o olho direito olhava as emoções dela.

    - Ei… - Makio se aproximou e sussurrou no ouvido do garoto – Não tente ler ela. Se ela descobrir, te mata.

    - Sussurrar não adianta, Makio. - Disse a garota – Eu tenho uma audição avançada. Então o pirralho ai consegue ler emoções? Que tente me ler. Só vai perceber coisas ruins. - Ela desviou o olhar para fora, pela janela do dirigível. - Eu sou uma Assassina. Não tenho sentimentos.

    - Não é assim. - Disse Neeko – Sua aura e suas lembranças são… Tristes. - Ele se levantou e foi até a garota, fazendo uma coisa impensável. Ele abraçou a garota, a apertando -

    - O que…?! - Ela tentou se afastar, mas ele a segurava firme. - Você não pode…!

    - Demonstrar carinho por uma assassina? - Ele a soltou – Eu já matei pessoas também. Talvez nem tantas quanto você. Mas eu sei a sensação… - Sorriu e se afastou – Se algum dia quiser conversar, nós somos iguais. - Ele se jogou em uma cama e se cobriu com uma coberta. A garota trêmula tencionou os músculos das mãos, fazendo as unhas crescerem como garras. Ela estava pronta pra mata-lo, mas não conseguiu. Frustrada, ela foi para o banheiro. -

    - É minha chance… - Disse Makio, tentando se aproximar da porta do banheiro – Será que ela faz barulho…? - Ele estava vermelho e sorridente -

        Neeko ignorou e relaxou. Ele dormiu um sono profundo, sem preocupações pela primeira vez na sua vida. Acordou no meio da madrugada, estava com fome. Foi até a cozinha e lá estava Enma, tomando um refrigerante. Estava trajando só as roupas intimas e estava tão calma que nem havia prestado atenção no garoto, ou talvez tivesse... Ele notou que ela tinha algo no ouvido, pensou ter ouvido musica sair daquelas coisas estranhas. “Não vou incomoda-la” pensou e se virou pra sair, quando ouviu a voz dela.

    - Eu tenho medo. Eu não gosto de matar. Eu… Quero olhar pra trás e esquecer tudo que já fiz. Fugi de casa e procurei um Hunter forte pra me proteger… Por que eu estava com medo. - Ela estava trêmula. Tentou disfarçar, mas não conseguiu. Ela olhava pra garrafa de refrigerante e chorava como uma criança. - Onde eu fui criada a vida era um inferno. Eu odiava treinar até quase morrer… Eu odiava ter que matar pra sobreviver… Eu… Eu me odeio por ter feito todas aquelas coisas! Eu que deveria ter morrido, não eles! Mas eu estava com medo!

        O garoto se aproximou e e abraçou novamente, bagunçando o cabelo dela. Ele sorriu de leve e ela se aconchegou, enxugando as lágrimas na camiseta do garoto.

    - Você tem jeito com as pessoas… - Sussurou ela baixinho – É como ela…

    - Fala da Patrishia? - Ele a soltou e pegou o refrigerante dela, tomando um gole – Ela foi a primeira pessoa que me tratou como humano. Se não fosse por ela… Talvez eu ainda estivesse fugindo, com medo também. Ela me salvou.

    - Acho que todos nós fomos salvos por ela… - Ela abriu a geladeira e pegou outra garrafa de refrigerante, abrindo e começando a tomar. - Eu, você, Makio…

    - Aliás, como o Makio entrou nisso?

    - Makio ficou órfão há anos atrás, no incidente com as Formigas Chimeras. Ele nunca chegou a conhecer seus pais, Patrishia o levou para longe de Goteau do Norte, onde o evento ocorreu, e criou ele como um filho. Ela tinha só tinha 15 anos na época. Soube que naquela época ela já era uma Caçadora Profissional.

    - Entendo. Ele não parece ser uma pessoa triste. Só talvez um aficcionado por fêmeas de corpo bonito. - Ele começou a rir e tomou o resto do refrigerante -

    - Temos uma palavra pra isso no mundo humano. A palavra é pervertido. - Ela deu outra golada no refrigerante – Aliás, você acha que sou… Bonita? - Olhou de canto pra ele -

    - Você é uma fêmea. Sinceramente, eu não sei os conceitos de beleza dos humanos. Mas seu corpo é bem esculpido e forte. Isso me impressiona bastante.- Ele deu de ombros e procurou nos armários algo pra comer. Tirou de lá um saco de nachos super apimentados – Isso tem cheiro bom…

    - Obrigada, eu acho. Bem, não tinha o que esperar de um Garoto-Chimera… Ei, não coma isso?

    - Todos sabem que eu sou meio Chimera? - Ele colocou um punhado de nachos na boca e falou com ela cheia – Porque?

    - Três, dois, um…

    - QUENTE!!!! MEU DEUS, SOCORRO! - Ele gritou, abanando a mão na frente da boca. Procurou algo pra beber e achou a torneira,colocando a cabeça e a boca embaixo d’água -

    - É a comida preferida da Patrishia, Nachos cobertos com Pimenta Red Dragon, a mais forte do mundo. - Ela começou a rir e pegou uma caixa de leite na geladeira – Bebe isso.

        Ele bebeu, estava desesperado. Depois de uns 20 minutos bebendo todos os líquidos possíveis, ele se acalmou pois a ardencia começou a diminuir. Sentou-se então no balcão da cozinha.

    - Pelos deuses, ela come isso normalmente?

    - Praticamente o tempo todo...-Ela se aproximou o garoto e beijou sua bochecha de leve, saindo da cozinha- Boa noite, Garoto-Chimera.

    - Hum? O que é isso? - Ele passou os dedos na bochecha, parecia confuso. Mas sentiu uma aura forte atrás dele -

    - Oras seu filho de uma…! - Era Makio, ele segurava uma faca na mão. - Ela te deu um beijo?! SABE A QUANTOS ANOS EU QUERO UM BEIJO DELA?! EU VOU TE MATAR!

        Ele não sabia o que era beijo, mas sabia que era algo errado, correu, mas Makio pulou em cima dele eles começaram a rolar no chão da cozinha. Terminaram a “briga” com Makio todo arranhado e Neeko com um olho roxo, ambos deitados, olhando pro teto.

    - Cara… Isso foi errado. - Disse Makio. - Desculpa…

    - De boa… Não deixe a Patrishia saber disso…

    - Pode deixar…

        Eles ficaram lá, parados até o sol nascer. Se levantaram então e foram se trocar, sem falar nada. Se arrumaram e foram até a porta do dirigível, eles haviam chegado há um grande canyon onde um rio passava pelo meio de tudo. Desceram de lá. Patrishia tomou a dianteira.

    - Lugar lindo né? É aqui que vamos treinar.

    - Wow… - Disse Neeko, seus olhos brilhavam – Vamos começar agora mesmo!

    - Primeiro vamos montar acampamento. Me sigam.

        Eles desceram canyon abaixo até chegarem na beira do rio, lá montaram acampamento. Patrishia chegou até os três e começou a falar.

    - A partir de hoje vocês vão treinar principios avançados do Nen. O primeiro principio que precisam dominar vai ser alcançado com muito esforço. - Ela apontou para a rocha sólida da montanha que dividia o Canyon – Nós viemos pra cá por um motivo! Do outro lado dessa montanha está um povo indígena chamado Shiandora. Eles tem que atravessar a montanha todos os dias para buscar água nesse rio. Nosso trabalho vai ser cavar um túnel pra água passar até a aldeia. Então, vocês vão cavar em linha reta usando isso. - Ela pegou uma pá nas coisas que trouxeram – Podem começar.

    - Ta de brincadeira…?

    - Ela nunca brinca. Deve ser pra aumentar nossa força física… - Falou Enma, pegando uma das pás – Vamos.

    - Fala sério…

        Apesar de terem reclamado, os garotos seguiram Enma até o outro lado do rio e começaram a cavar. A rocha era dura como ferro, o que tornava difícil penetrar ela com aquela simples pá. Makio xingava a toda hora. Enma tinha a força de um elefante, então com um pouco de dificuldade ela conseguia cavar. Neeko por sua vez, ficava batendo a pá contra as rochas, tentando fazer ela quebrar. Passaram dois dias cavando, só parando pra comer. Na noite do segundo dia, eles deitaram pra descansar. Estavam exaustos.

    - Usem Zetsu pra recuperar mais rápido – Sugeriu Neeko. Ele entrava em estado de Zetsu sem nem pensar pra isso acontecer. - Eu não sinto mais meus braços…

    - Mas devemos ter cavado uns 10 km, né? - Perguntou Makio, enquanto ofegava – To tão cansado que nem consigo me mexer…

    - Dez km? Não cavamos nem 100 metros. Essa rocha é dura demais, mesmo com a minha força a maldita pá não entra!

    - Não seria mais fácil explodir ela usando “Ko”? - Disse Makio, mas rapidamente colocou as mãos na boca, como se tivesse contado um segredo de vida ou morte -

    - “Ko”?- Enma se levantou com dificuldade e pegou Makio pelo colarinho – Eu sabia, Patrishia está te ensinando em segredo não é?! O que é “Ko”?!

    - Sério que esse cara tem truques na manga…? Bléh, to cansado demais pra fazer algo…

    - N-Não! Ela não me treinou! Eu por acaso ouvi ela falando sobre essa técnica um dia, e perguntei pra ela. Ela me mostrou e eu tentei replicar! Mas foi só isso, eu juro!

    - É bom que seja, se não, você tá ferrado na minha mão. Vamos. Nos ensine esse tal de “Ko”.

    - Não seria melhor deixar isso pra amanhã. - Apontou pra Neeko que já havia dormido – Veja, nenhum de nós aguenta fazer mais nada hoje. Eu prometo que ensino amanhã!

    - Ok.


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