Galera, essa fanfic aqui ta sendo postada em outro site, mas vou postar todos os capitulos aqui essa semana toda, cerca de 3 capitulos por dia. Lembrando que ainda ta em lançamento e que eu sou só um autor colaborador o/
Espero que gostem e comentem!
Na densa floresta, ele aguardava silenciosamente, em cima de uma arvore. Em suas calejadas havia apenas sua arma principal, um cano de ferro enferrujado e amassado, o qual fez companhia para ele durante toda sua vida. Achou no meio do lixo, do local de onde havia vindo, a Cidade do Meteoro, um local onde todos descartam tudo, inclusive pessoas. Ele era uma dessas pessoas descartadas. Seu olho direito era vermelho e tinha uma pupila fina como a de um gato, metade do seu cabelo era branco e metade preto. Suas unhas eram afiadas como facas.
Em seu silêncio, sentia todas as vibrações do ar ao seu redor. Estava caçando, qualquer coisa que matasse sua fome. Ao longe, com seu “olho de gato” ele podia ver algo se mover velozmente, talvez algum animal selvagem, não importava. Ele tensionou os músculos da perna e então saltou, fazendo a distância entre ele e sua presa sumir em milésimos de segundo, qual foi sua surpresa quando caça se mostrou inútil.
A mulher em sua frente segurava sua arma com uma força que nenhum outro animal tinha mostrado antes, uma força capaz de quebrar o metal enferrujado do cano em pedaços.
- É só uma criança... Ei, não deve andar por aqui. Você não sabe que esse é um lugar restrito? - Disse a mulher. Seu tom de voz era ligeiramente grosso, ainda uma bela voz feminina, mas de um tom agradável e suave -
- Ótimo… Uma fêmea. - Ele suspirou e tentou puxar o cano de volta, mas ela de maneira instintiva o segurava com tanta força que era impossível mexe-lo – Dá pra soltar?
- Desculpe… -Ela soltou a arma do garoto, que havia ficado com a marcados dedos gravada no metal torcido – As vezes eu não consigo controlar minha força… É um mal hábito hahahaha! - Ela ajeitou o cabelo que atrapalhava sua visão e olhou para o rosto do garoto – Você não é humano, é?
- Sou! - Gritou enquanto repousava o pedaço de ferro no ombro – Mas você não é comida, então me deixa em paz. - Disse, se virando e começando a andar -
- Está com fome? - Disse ela em tom gentil. Ajoelhou-se e tirou a mochila das costas, tirando duas latas de sopa – Podemos esquentá-las e comer juntos.
Ele parou por uns segundos, ainda de costas pra garota. De fato, não comia tinha alguns dias. As latas não pareciam apetitosas, porém ele não estava em condições de negar. Deixou o cano em meio às arvores e se sentou entre as raízes.
- Me dá logo isso.
- Aqui! - Falou em um sorriso e jogou a lata para o garoto – O que você faz aqui? Não sabe que esse lugar é perigoso? É perigoso até pra mim, e olha que eu sou uma Caçadora Profissional.
- Procurando minha mãe. - Seu olhar estava gélido. Ele abriu a latinha de sopa e cheirou, tentando sentir cheiro de veneno, mas não o encontrando, começou a tomar a sopa no bico da lata -
- Você mora por aqui? Mas é uma área restrita pra humanos. Quarentena nível 4, nem animais selvagens podem entrar nesse lugar. Aqui tem Formigas Chimera, você não sabe disso?
- Formigas nunca me fizeram mal. - Falou o garoto, enquanto lambia os restos de sopa da lata, a jogando de lado. Ele então suspirou e olhou para a garota, finalmente reparando em sua aparência. Seus cabelos e olhos eram castanhos, sua pele era bem branca, com algumas leves sardas no rosto. Era bem mais alta que ele. O garoto em seus plenos 13 anos mal chegava a 1,45 m de altura, enquanto a mulher passava facilmente dos 1,70. Ele parou de reparar ela quando percebeu que o fitava, parecendo curiosa – O que foi, nunca viu?
- Pra ser sincera, não de perto. Esse olho e esse cabelo estranho, é a primeira vez que vejo. É SUPER LEGAL! - Disse ela, empolgada, enquanto tirava um caderno de esboços da mochila – Você é mesmo humano?
- Já disse que sou, caralho, fêmeas só sabem encher a gente de perguntas!
- Uh, que boca suja… - Suspirou e deixou o caderno de lado – Meu nome é Patrishia, e o seu?
- Não tenho.
- Como assim não tem? Que estranho… - Ela guardou o caderno e a sopa na mochila – Sabe ao menos sua idade? De onde veio?
- Treze. Cidade do Meteoro… - Ele pegou o cano e colocou no ombro – Agora me deixa em paz. - Falou, enquanto começava a caminhar -
- E-ei! Cidade do Meteoro?! Isso é um absurdo, é longe demais daqui! Você veio até aqui sozinho, andando?!
- Sim.
Ela puxou um cartão do bolso, aparentemente sua licença hunter.
- Eu sou uma Caçadora Profissional. Peço que você me acompanhe.
- E se eu não quiser? -Ele parou e olhou de canto para a garota-
- Eu vou ter que te obrigar. - No momento que ela disse isso, algo aconteceu. O garoto sentiu uma pressão tremenda sobre ele, algo que o fez ficar sem ar. Seu corpo tremia, como se estivesse sendo esmagado por uma correnteza de água gélida. Como uma reação automática, ele deu um salto para trás, pousando em cima de uma arvore - Não tente se mexer.
- O que diabos…?! - Gritou o garoto, enquanto cravava suas unhas no galho – Eu já senti isso antes…
- Já teve contato com Nen antes? - Indagou a garota, se acalmando. A pressão logo se tornou algo mais brando – Quem é você exatamente?
- Quem eu sou? Quem eu sou?! - Ele desceu da arvore e pegou o cano – Eu sou aquele que perdeu tudo.
- Se perdeu tudo, ainda dá pra recuperar… - Ela sorriu e se aproximou – Acho que começamos da maneira errada. Vamos tentar de novo ok? Meu nome é Patrishia e sou usuária de Nen do Reforço. Sou uma caçadora de criaturas mágicas, e no momento, estou estudando as Formigas Chimera. Desde o surto dessas criaturas há 14 anos atrás, eu tenho estado em estado de alerta para novas. Eu tenho estudado essas criaturas a procura de uma nova ameaça.
- Formigas são realmente tão assustadoras? - Falou o garoto, abaixando a mão até o chão. Uma formiga azul veio até sua mão, subindo – Viu? Elas não fazem mal.
- Incrível… Isso é sem duvidas uma Formiga Chimera. Ela deveria estar te atacando, mas é quase como se fosse adestrada…
- … - Ele sorriu e deixou a formiga no chão – Vai embora… - Ergueu o olhar para a garota – Eu não tenho nome. Não nasci na Cidade do Meteoro, mas fui descartado pra morrer lá, tem 12 anos. Eu procuro a minha mãe, quero saber o real motivo de eu ter nascido. Agora me deixa em paz.
- Garoto… Você é forte. Conseguir cruzar o continente sozinho prova isso. Mas sua jornada é uma coisa difícil de se fazer sozinho. - Ela suspirou – Quero fazer uma aposta. - Ela deixou a mochila no chão e colocou a mão no bolso, tirando de lá um sininho de gato – Esse sino é da minha gatinha. Eu carrego comigo pra me lembrar dela. Bem… - Ela amarrou o fio do sino em seu cabelo – Se conseguir tocar no sino, eu te ajudo a encontrar a sua mãe e te ensino tudo que sei. Mas se não conseguir, eu te mato aqui.
- É tudo ou nada, certo? - O garoto girou o cano em sua frente – Se eu não passar no teste, serei apenas mais um fardo no mundo… Não terei direito de encarara minha mãe. Vem com tudo, fêmea maldita!
No instante em que ele falou, o ar tremeu e a garota sumiu. Ele olhou em volta, mas não conseguia vê-la, sabia que ela estava lá pelo cheiro. Foi quando ele percebeu que ela estava saltando de um lado pro outro. Apesar de não ver, ele sentia a vibração do ar ao seu redor. Ele ia atacar, quando sentiu uma dor inacreditável em seu braço. Ao olhar pra ele, viu que estava quebrado. “Como?” ele pensou, mas não teve tempo pra reagir a isso. Ele só tensionou os músculos da perna e pulou o mais alto que pode e olhando pra baixo ele conseguiu entender.
- Ela está usando ar arvores como pontos de apoio. Existem 10 arvores ao meu redor, então ela tem ao menos noventa rotas diferentes. Eu não consigo ver, mas consigo sentir. Talvez… - Enquanto caía, ele fechou os olhos a sensação lhe era normal, agradável, ele sentia claramente o ar vibrar ao seu redor. No momento em que seus pés tocaram o chão, ele deu impulso e pulou na rota da primeira arvore. - Se não consigo ver… Eu só preciso dar de frente!
Após alguns segundos, ele finalmente conseguiu encontrar a rota certa, ele deu de frente com a garota que sorria de uma maneira “demoniaca”, como se não fosse se importar de rasgar todo o corpo do jovem com as próprias mãos, mas ele não desistiu. Girou cano em sua frente para tentar parar um dos socos da mulher, qual foi sua surpresa quando sua arma partiu no meio. Ele tentou segurar o soco e teria conseguido se ao menos tivesse mais força pra reagir. O soco foi direto no rosto, o que o fez desmaiar instantaneamente, porém mesmo inconsciente suas garras seguravam a mão da garota com força o bastante para quebrar seus ossos.
Acordou algum tempo depois, perto de uma fogueira, com algumas latas de sopa esquentando no fogo. Colocou a mão no rosto e mexeu a mandíbula, antes de desmaiar ele havia sentido que ela se quebrou, mas aparentemente estava intacta. Até mesmo a dor em seu dente havia passado.
- Não entendo. Não disse que iria me matar? - Perguntou, enquanto checava o braço. Conseguia mexê-lo normalmente – Estava quebrado. Fêmea, você é uma bruxa?
- Não. - Disse ela, enquanto pegava a lata de sopa e soprava de leve, a levando até a boca – Uma vida preciosa não pode ser jogada fora com uma simples aposta, toda vida tem igual valor. - Ela então deixou a lata de lado e colocou sua mão no fogo. O garoto olhou incrédulo para a mão a se queimar, mas ficou mais impressionado que as queimaduras aumentavam, mas se curavam em seguida. Ela tirou a mão das chamas e apagou o fogo do braço, que em questão de segundos estava curado novamente – Eu consigo me curar, assim como curar as pessoas ao meu redor. Esse é o meu “Anjo Oprimido”, minha habilidade de Nen.
- Você fala tanto desse tal Nen. Que tipo de bruxaria é essa?
- Você deve ter sentido isso antes. A sensação da sua pele ficando “gosmenta”. Isso é “Ten”. - Ela voltou a tomar a sopa –
- Explique direito sua bruxa velha!
Ela suspirou e pegou o caderno na mochila, tirando uma caneta do bolso e começando a escrever.
- Nen é a arte de controlar a energia vital do ser vivo. Todo ser, não importando qual, possui uma energia dentro de si, que é sua própria vida. Nen é um modo de controlar todo esse poder de uma maneira efetiva. “Ten” é a habilidade de colocar a aura pra fora do corpo e criar uma barreira de proteção com ela. Essa técnica diminui o envelhecimento. “Zetsu” é a segunda técnica, ela prende a aura dentro do corpo, de um jeito que você fica praticamente indetectável. É efetiva para recuperar de um cansaço extremo. A terceira técnica se chama “Ren”, é a habilidade fortalecer sua aura, liberando ela em grande quantidade. Essa é uma habilidade perigosa, se usada da maneira errada, pode matar uma pessoa destroçada. E a ultima técnica básica, “Hatsu”, é a técnica de manifestar sua aura peculiar, cada um manifesta de um jeito. A minha Aura se manifesta de forma que protege e cura a mim e todos ao meu redor… É assim desde que eu aprendi a usar Nen.
- Esse negócio é confuso demais!
- É por isso que eu vou te ensinar. É claro, se você passar pelo teste dos testes. Garoto, esse mundo é incrivelmente vasto, você não vai conseguir achar sua mãe só procurando como uma pessoa simples. Você tem que ser um Caçador Profissional.
- Caçador Profissional? - O garoto voltou o olhar para o céu, uma bela noite estrelada – Se vou conseguir achar minha mãe…
- Caçadores de verdade conseguem tudo! - Ela se levantou e espreguiçou – Faça o exame Hunter. Mas primeiro, você tem que sair da Zona de Quarentena. Eu te escolto. Vamos, antes que outro caçador encontre você, Neeko.
- Neeko? - O garoto se levantou e jogou terra no fogo, para apaga-lo -
- É por causa do seu olho. - Ela me deu um sorriso e começou a andar-
Enquanto andavam, ela explica sobre seu trabalho. O sorriso em seu rosto era confortante para o garoto, embora ele tentasse mostrar o oposto. Falou sobre as Quimeras, como elas mudaram o mundo há um tempo atrás. Falou como ela estava empolgada com boatos sobre uma nova espécie que mudaria o conceito de humanidade e disse que estava com um grupo de caçadores que tinham a mesma ideia que ela. De fato, eras uma “fêmea deveras interessante” aos olhos daquela criança. Eles caminharam o dia e a noite toda até chegarem a um gigantesco muro de aço puro. O muro era tão grande que não dava pra ver sequer o céu ao horizonte dele.