Namidairo

Namidairo

Encolhida dentro do grande armário de madeira, ela olhava pelas frestas do mesmo, aterrada com a cena que via. O garoto, que tal como ela deveria ter uns 8 anos, deitado de bruços na cama, gritava de dor e implorava ao homem que o rasgava brutalmente, que parasse. O homem, que devia ter uns 35 anos, parecia não ouvir os gritos e súplicas do menino, continuando com o que fazia, aumentava a velocidade e a força enquanto batia na criança, parecia divertir-se com a dor do mesmo. Enquanto o rasgava, gritava com ele dizendo que ninguém o amava e que ele não prestava, que nunca teria ninguém na sua vida e que se queria ser alguém deveria esquecer a dor e as restantes emoções. Diziam que os sentimentos eram para os fracos e que ele nada conseguiria com eles.

Acordou sobressaltada com as lembranças do que tinha visto naquele dia. A crueldade para com o menino, aquele anjo que nada tinha feito de mal. Tudo aquilo a deixava angustiada, odiava-se a si mesma por não ter conseguido proteger o menino, por ter quebrado a promessa que fizera aquele anjo.

Levantou-se estava na hora de acabar com aquilo iria ter com o seu anjo e resolveria tudo, tinha de lhe mostrar que ela ainda o amava e que nunca o esquecera. Vestiu-se, uma camisa azul-marinha com um vestido preto por cima, um laço preto simples na gola do vestido. Apanhou o cabelo branco em dois totós também pretos, as luvas pretas cobriam-lhe as mãos. Aquela roupa realçava-lhe os magníficos olhos vermelhos, invulgares mas ao mesmo tempo exóticos Era uma rapariga baixa, 1,53 m, magra e elegante, simpática e amorosa com os amigos, mas tinha os seus momentos de sadismo.

Saiu do quarto passando pela cozinha apenas para se despedir dos pais e pegar o seu pequeno almoço, hoje era o ultimo dia de aula e amanha partiria para a Coreia do Sul. Ainda teve tempo de ouvir o pai a ralhar-lhe por causa de estar atrasada e a mãe por ela estar com tanta pressa que nem sequer comia direito, pegou a mochila e a guitarra e saiu de casa.

A caminho da escola passou pela casa da Maria para a ir buscar. Maria já a esperava á porta de casa.

_ Sofia chegaste, já estamos atrasadas.- Maria era uma rapariga loira com os lindos olhos azuis, estatura média, 1,57 m, e elegante,era simpática, extrovertida e engraçada. Frequentava a mesma turma de humanidades que Sofia, tinham se tornado amigas no inicio do ano passado quando ambas eram calouras, como tinham gostos parecidos começaram a andar juntas e Sofia convidou-a para se juntar a sua banda.

_ Desculpa, dormi mal. Então preparada para o ultimo dia de aulas?

_ Sim, mas estou nervosa com a atuação, não sei se estou preparada para atuar na frente de tanta gente.

_ Não te stresses, és uma excelente guitarrista, cantam bem e és a melhor de todas nós em línguas, vai correr tudo bem.

_ Não exageres, tu és melhor que eu nas línguas e ...

_ Acabas essa frase e eu bato-te. Vamos só dizer que somos as duas boas no que fazemos e que vamos arrasar a casa.

_ Ok, mas agora vamos, já estamos atrasadas.

Saíram em direção á escola, ainda tiveram que correr para chegarem dentro dos 5 minutos de tolerância, mas conseguiram chegar antes da professora de Latim fazer a chamada.

A aula foi extremamente secante, era o último dia de aulas e ninguém queria estar fechado numa sala. Quando tocou Sofia e Maria foram ter com os outros dois elementos da banda, Rita e Joana. Rita era morena de olhos castanhos, da mesma estatura que Maria, a mais tímida das quatro, apaixona-se muito facilmente. Joana era a melhor amiga de Sofia desde a pré-primaria, uma desportista, adora basquete,cabelo preto e olhos castanhos escuros, baixa, 1,55 m, a mais forte do grupo, carinhosa e amorosa.

_ Então ensaiamos hoje?

_ Claro Rita. Joana, diz-me conseguiste acabar a musica?

_ Sim Sofia, tá feita. Foi mais fácil do que eu pensei. Acabaste a letra?

_ Sim.

_Mas do que é que vocês estão ai a falar?

_Eu e Sofia temos estado a trabalhar numa musica para a nossa estreia na Coreia do Sul.

_ E não diziam nada? Maria acho que elas nos querem fora da banda.

_ Concordo Rita, vamos embora.

_ Não sejam parvas. Nós só estamos a espera de ter tudo feito, era uma surpresa.

_ Bem, não temos mais aulas até a tarde, vamos ensaiar?

_ Sim, eu quero ouvir essa musica.

Composição da banda:

Sofia: Líder, Vocalista, 1ª Guitarra

Maria: Vocal, 2ªGuitarra

Rita: Subvocal, Baixo

Joana: Subvocal, Bateria

Dentro do pavilhão:

_ADOREI. Sofia a letra é maravilhosa.

_Obrigado, mas agora vamos continuar com o ensaio. Namidairo, Joana dá o sinal.

_ ONE, TWO. ONE, TWO, TREE, FOUR.

E começaram a tocar, cada uma concentrada nos seu objectivos pessoais, Rita e Joana queriam mostrar que ao contrário da Ming Ming, podiam ser membros de uma banda com sucesso e boas bladers, Maria queria mostrar o seu talento na Ásia. E Sofia queria encontrar o seu anjo, e conquistar o mundo da musica e do beyblading.

Namidairo

(Cor das Lágrimas)

Kirawareteiru you na ki ga shiteta kaerimichi

(Tive a impressão de que você não gostava mais de mim, )

Miageta heya no akari ima donna kimochi de iru no darou

(Na volta para casa olhei para a luz do quarto, como será que você está se sentindo agora?)

KENKA ni nareba sugu ayamaru

(Quando brigamos, você sempre se desculpa )

Yowakute anata WA ZURUI HITO

(Fraco, você é um 'trapaceiro')

A voz de Sofia tornou-se mais firme e começou a refrão

Namidairo koe ga kikoenai yoru wa

(Cor das lágrimas, nas noites que não ouço sua voz )

Komarasete shimau hodo wagamama ni naritai

(Quero ser egoísta ao ponto de te deixar confuso )

Daijoubu sou itte mita kedo

(Disse que estava tudo bem )

Sonna hazu nai desho

(mas não tem como...)

Mizu tamari ni utsuru kanashii kao minareteiru

(Estou acostumada a ver a face triste que reflete na poça de água )

MURI iwanai tsumori wakatteru kara kurushiku naru no

(Impossível, não pretendo dizer, eu já sei, é por isso que sofro)

Yasashiku sareru to naketekuru

(Você é mesmo um trapaceiro)

Yappari anata WA ZURUI HITO

(É só você ser gentil que começo a chorar )

As lágrimas estavam presas nos seus olhos mas a sua voz escondia isso, era firme.

Namidairo koe ga kikoenai yoru wa

(Cor das lágrimas, nas noites que não ouço sua voz )

Komarasete shimau hodo wagamama ni naritai

(Quero ser egoísta ao ponto de te deixar confuso )

Daijoubu sou itte mita kedo

(Disse que estava tudo bem )

Sonna hazu nai desho

(mas não tem como...)

Anata no mae ja uso tsuki yo

(Na sua frente sou mentirosa )

Kizuite hoshii to omotteiru no

(Quero que você perceba )

Sonna ni tsuyoi wake ja nai kara ne

(Eu não sou tão forte assim )

ATASHI

(eu)

Namida kobosanai kimeteita no ni

(Já havia decidido não derramar uma lágrima )

Komarasete shimau yo ne? Wagamama ni narenai

(Mas isso te deixaria confuso né? Não consigo ser egoísta )

Daijoubu? Nante mata kiku kedo

(Tudo bem? Pergunto novamente )

Sonna hazu nai desho

(Mas não tem como)

Continua...